♡ Capítulo 31: "Dizem que o número sete é o número da magia."
Depois de algum tempo Helena passou a ser bastante agradável, conversamos sobre absolutamente tudo. Assim como eu, Helena também é uma pessoa muito viajada, tinha ido para vários lugares.
Não sei dizer ao certo quanto tempo estivemos voando. O avião pousou no Aeroporto Internacional John Paul II , na cidade de Cracóvia, o clima aqui está terrível. Ao por meus pés na plataforma de metal para o desembarque, eu sinto o frio da noite cortar o meu rosto. Puxo a gola do meu casaco na altura do meu pescoço, na esperança de me defender um pouco mais do frio. Da turma de Saint Andrews eu sou o primeiro a descer do avião, por isso me adianto e ligo para o nosso guia de turismo. Uma coisa é viajar em duas pessoas, outra é ter quarenta pessoas em sua responsabilidade, não dá pra ir de táxi até o hotel.
Alguns dias atrás, eu já havia conversado com o diretor da Saint Andrews, pedindo que ele deixasse tudo certo com alguma empresa de viagem, sobre nos deixar um ônibus disponível, tanto para nos locomover até o hotel, quanto para a viagem de oitenta quilômetros até Auschwitz. Eu não queria ter que me preocupar em organizar tudo isso quando estivessémos aqui, justamente por saber que estaríamos todos cansados demais para qualquer coisa.
O agente responsável por nossa viagem havia me dito ao telefone que um dos seus funcionários já está nos esperando ao lado de fora do aeroporto com um ônibus e assim como combinado, o mesmo ficará em nossa disposição até o fim da excursão.
— Vamos fazer duas filas para pegarmos nossas bagagens. Com calma e sem pressa. — Diz Margareth, assim que todos desembarcaram.
Pego minha única mala na esteira e espero todos ficarem prontos. Eu estou tão cansado, não consegui pregar os olhos durante o voo, na verdade, não senti essa necessidade. A conversa com a Helena tinha me tirado o receio da viagem e o sono, mas agora a exaustão me tomava por completo.
Um bocejo escapa por minha boca.
— Vejo que alguém quando chegar no hotel irá dormir feito um anjo. — Zomba Margareth, já com sua mala em mãos.
— Sim, eu preciso mesmo descansar. — Falo, olhando ao redor. Os alunos ainda estão pegando suas bagagens, é um aglomerado de pessoas em fila. Pude ver Zoey, seu cabelo está um pouco bagunçado, ela deve ter conseguido dormir durante o voo, sorrio satisfeito.
— Aquela mulher não te deixou dormir, não é? — Consigo notar o ciúme no tom de voz de Margareth.
— Quem? — Provoco-a. — A Helena foi agradável.
Volto minha atenção para a garota de cabelos castanhos, Zoey apanha a mochila da esteira e por um momento eu quase acredito que há algo que sempre a avisa quando meus olhos estão analisando-a, a minha garota levanta o olhar em minha direção e me dá um meio sorriso, envergonhado faço o mesmo gesto e desvio o olhar para Margareth.
— Espero que o canalha do senhor Blancher tenha escolhido pelo menos um hotel descente para todos nós. — Diz a minha companheira de trabalho, na tentativa de mudar de assunto.
— Essa viagem não é nenhum pouco barata, em alguma coisa ele irá tentar economizar. Não é bom criar tentas expectativas, Marg. — A chamo pelo apelido que muitos usam na sala dos professores. A loira sorri e não entendo o motivo, até que ela abre a boca.
— Primeira vez que me chama de Marg e olha que trabalhamos juntos desde sempre.
— É o seu apelido, não é? — Dou de ombros. Retirando da mulher qualquer traço de esperança que ela pudesse ter criado.
Caminhamos todos para fora do aeroporto, indo em direção ao ônibus. É um ônibus comum de viagem, suas cores são azul e vermelho, em preto está escrito o nome da agência de viagem "Grodesk Viagens". Cumprimento o guia de viagem que está parado em frente ao transporte.
— Me chamo Keanu Davies. — Me apresento, estendendo minha mão para o homem de cabelos loiros.
— Olá, meu nome é Kristoffer. Estou a disposição de vocês por esses três dias. — O jovem aperta a minha mão.
— Você sabe chegar até Auschwitz? — Interroga Margareth, surgindo atrás de mim.
— Sim, todos nós sabemos. — Responde Kristoffer, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. É lógico que alguém que mora na Polônia e que conhece a sua história saberá chegar ao maior Campo de Concentração Nazista que já existiu.
Kristoffer abre a porta do ônibus. Margareth entra na frente e eu abro passagem para que os alunos, em fila Indiana, fossem subindo para dentro do transporte coletivo. Quando Zoey passa por mim, seu perfume floral invade o meu nariz, não pude deixar de expressar um sorriso. Assim que a fila de alunos chega ao fim, eu faço o mesmo que eles e adentro o ônibus
— Você sabe em que hotel iremos ficar? — Pergunto, ao parar ao lado de Kristoffer, afinal eu não faço ideia.
Isso ficou por conta do senhor Blancher.
— No Hotel Colombus. É simples, mas bem aconchegante. Vocês vão gostar. — Me assegura Kristoffer. Peço para ele esperar um pouco antes de dar a partida.
— Escutem todos! — Exclamo em alto e em bom som para que todos possam me ouvir. — Como o aeroporto estava com uma lotação considerável, eu preciso fazer uma contagem de alunos para me certificar que não deixamos ninguém para trás.
Caminho pelo corredor de assentos, contando de dois em dois. Passo meus olhos por onde Zoey está sentada ao lado de Mirna, as duas estão sempre juntas desde que Zoey chegou na Saint Andrews. A cena que vejo, me faz sentir inveja da garota ao seu lado, Zoey dormia delicadamente sobre o ombro da amiga. Por um momento, desejei que fosse eu ali, envolvendo Zoey em meus braços, acariciando seus cabelos de seda. Coço a garganta e continuo a contagem.
— Está tudo certo, Kristoffer! Podemos seguir. — Me sento no único assento disponível ali. Coloco minha mala entre as pernas e fecho meus olhos. Todos estão seguros, minha Zoey está segura e dormindo serena, eu posso descansar um pouco até chegarmos no hotel.
Como Kristoffer tinha garantido, o hotel é simples mas é muito confortável. Ele parece um hotel tradicional, por fora sua estrutura é parecida com as casas antigas da Polônia, de tijolos, por dentro, a recepção traz um ar de tradicionalidade, a decoração passa a sensação de que fomos sido transportados para 1934. Faço o check-in e pego as chaves de todos os quartos alugados. Eram vinte e duas chaves, os alunos dormiriam em duplas, Margareth e eu ficaríamos em quartos separados.
— Quero que formem duplas do mesmo sexo. — Falo, ao me reunir com os alunos. Todos estão com um semblante de cansados. — Vocês dividirão os quartos. Os horários são o seguinte, como chegamos tarde da noite, o jantar já foi servido. — Ouço todos reclamarem. — Silêncio! Eu vou conversar com o gerente do hotel e ver se é possível que um lanche seja entregue mais tarde para vocês no quarto. Amanhã, o café começa às oito horas e termina às nove, se ficarem demais na cama, ficarão sem nada. Meio dia é o almoço, ele segue até às uma da tarde. Depois disso, estamos livres para nossa expedição para Auschwitz. E antes que reclamem, é o cronograma do hotel, não o meu. Não esqueçam esses horários, por favor. — Finalizo entregando uma parte das chaves para a Margareth.
Sobra apenas duas chaves em minha mão, todos os alunos já se retiraram para os seus aposentos. Eu estou exausto e ansioso para fazer o mesmo.
— Essa são as nossas chaves. — Falo para Margareth. — Quarto 07 ou o quarto 09. Qual prefere? — Balanço as duas chaves no ar.
— 07. Adoro esse número. — Margareth responde sorrindo e pegando a chave da minha mão. Arqueio a sobrancelha curioso.
— Algum motivo especial para preferir o número sete? — Marg e eu estamos subindo a escada, em direção aos nossos quartos.
— Dizem que o número sete é o número da magia. E eu gosto de pensar que é. — Estamos no corredor e sem notarmos, paramos bem em frente ao quarto 07. Lanço uma risada fraca e coço minha barba, aponto para a porta atrás de Margareth.
— Está entregue. — Falo, passando a mão na nuca.
— Viu, magia. — Rimos juntos. — Obrigada, Keanu.
— Disponha. Ate amanhã. — Me despeço e sigo sozinho até o quarto 09.
Estou cansado, não penso em mais nada além de um banho e uma cama quente.
O quarto é simples, as paredes são da cor creme. Há uma cama de casal com roupas de cama marrom, ao lado dela, há um criado mudo com um vaso de flor em cima e o clássico chocolate em cima do travesseiro. Também tem um pequeno armário para colocar as roupas e uma pequena porta marrom, que eu acredito que seja o banheiro. Jogo a mala em cima da cama e de lá tiro uma calça moletom cinza e uma camisa branca, junto com meus itens de higiene, coloco a toalha de banho nos ombros e caminho em direção a janela.
As luzes dos postes iluminam a rua, dá para ver os pequenos flocos de neves caindo ao chão. A noite com certeza vai ser bem fria e tende continuar amanhã. Nossa visita a Auschwitz será de bastante neve.
— Deveria ter trazido mais casacos de inverno. — Falo sozinho, indo em direção ao banheiro, desejando o calor da água quente.
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