♡ Capítulo 25: "A gente não pode fazer isso."
Se passaram três dias desde que anunciei que Zoey seria minha estagiária. Três dias que eu estou elaborando cartas de apresentação para os demais alunos. É chato me esforçar a lembrar de todos os meus alunos.
Hoje será o dia em que levarei Zoey comigo para uma experiência de campo, não tem como a garota adquirir conhecimento se não for na prática. Essa é a função do estágio, tornar o aluno mais preparado, dar à eles uma experiência real do que os espera depois de formados, claro, se forem realmente seguir a profissão.
Para não enlouquecer e nem cometer alguma atrocidade, combino com Zoey de que ela irá estagiar comigo apenas duas vezes por semana. Não quero correr o risco de passar tempo demais com ela e também não quero sobrecarregar a garota, ainda mais que a mesma trabalha.
Havia ligado mais cedo para um amigo meu, Roger Flercks, o homem trabalha como consultor de empresas e sempre precisa lidar com relatórios, análises de dados e contratos. Ele concordou com a ideia de levar Zoey para o observar e quem sabe, obter informações e escrever os relatórios para ele, claro que Roger é quem vai ensinar isso para a garota. O meu papel, como professor é apresentar a teoria e observar as falhas no sistema em geral.
Ao terminar os meus compromissos na universidade, caminho direto para saída. Zoey está me esperando em frete a Saint Andrews, assim como o combinado. A garota ainda está usando o uniforme da faculdade, o que me deixa intrigado.
— Você ficou aqui até agora? — Pergunto ao chegar perto dela. A garota balança negativamente a cabeça, suspiro aliviado apanhando as chaves do carro.
— Não, eu fui para a casa e voltei. Não é o mesmo uniforme que usei mais cedo. — Zoey abaixa a cabeça, olhando para a suas vestes. — Eu acho mais apropriado em ir para a pesquisa de campo usando o uniforme.
— Isso torna as coisas mais formal, oficial. — Concordo, destravando o carro. — Você se importa se formos de carro? —Pergunto, apreensivo.
Lembro da última vez em que ela esteve presente comigo no carro, seu uniforme molhado e transparente. Engulo em seco.
— Não me importo. — Zoey dá a volta e se senta no banco do passageiro.
O clima entre nós é agradável. Ninguém parece se lembrar do que aconteceu semanas atrás, eu não tocaria no assunto e espero também por não repeti-lo.
O silêncio dentro do automóvel é confortável. Zoey está com os olhos fechados, parece estar bem cansada, não quero atrapalhar o seu pequeno momento de descanso. Desvio o olhar da mulher ao meu lado e volto a prestar atenção na estrada, até que sua voz doce soa em meus ouvidos.
— Estou tão exausta, espero que não pegue pesado comigo. — Sinto seu olhar em mim, mas não tiro os olhos da estrada.
— Não prometo nada. — Respondo, dando um leve sorriso. — Não sou eu quem vai lhe ensinar hoje. Só estarei lá caso precise de ajuda.
Zoey suspira.
— Quem vai me ensinar?
— Roger, um amigo de longa data. — Digo, parando em frente ao local marcado. — Chegamos. Está pronta?
— Mais ou menos. — A garota suspira fundo, seus olhos carregam bastante apreensão. — Espero não desapontar você.
Você nunca me desaponta, Zoey.
Penso comigo mesmo.
Sou o primeiro a sair do carro e a olho pela janela, a incentivando a fazer o mesmo. Caminhamos para dentro do escritório.
— Sejam bem vindos! Quanto tempo, meu amigo Keanu. — Roger nos cumprimenta, eu aperto a sua mão, sorrindo calorosamente.
— Roger é muito bom vê-lo. — Digo. Olho para a Zoey, ela está com um leve rubor nas bochechas, encolhida ao meu lado. Eu sabia sobre a sua timidez, mas não pensei que fosse nesse nível.
— Essa é a brilhante Zoey Lancaster. — Falo, apresentando os dois. Flercks aperta a mão da garota.
Roger é bem gentil ao apresentar todo o lugar para a Zoey, incluindo sua sala, local onde ficaríamos. O homem deu detalhes de como preencher um relatório e mais.
— Quero que finja que não estou aqui. — Falo para garota em minha frente. — Imagine que já se formou e que está trabalhando, apanhe todos os detalhes que puder. No final de nossas horas te pedirei um relatório de tudo o que aprendeu por aqui
A menina apenas afirma com a cabeça.
— Ele é bem exigente, não é? — Roger caçoa.
— Bastante. — Zoey sorri. Meu rosto se contraí. Sou exigente porque acredito na capacidade que eles têm, se não acreditasse deixaria os meus alunos ao vento. — Mas ele só quer que sejamos bons profissionais. — A garota me defende. Ela está me defendendo da gozação de Roger. Lanço um sorriso mínimo para Zoey.
Tudo está correndo muito bem, a menina mulher está tão bonita concentrada nos papéis e no computador. Zoey parece uma verdadeira gestora, formada há anos. Por um momento consigo vislumbrar perfeitamente o futuro brilhante que ela terá.
— Preciso ir ao banheiro. — Anuncia Roger. Zoey e eu apenas assentimos. Continuo sentando em meu lugar, observando-a. Zoey me olha e suspira caminhando em minha direção. O momento chegou, ela está com alguma dúvida.
Seu perfume é bom de sentir, o cabelo de seda caí de lado quando ela se inclina para me mostrar o papel. A garota me olha atentamente enquanto explico o que precisa ser feito. Seus olhos são tão lindos, um castanho quase preto e o outro, um azul tão intenso, um azul da cor do mar.
Eu quero beija-la.
Eu quero que ela queira me beijar.
Como se Zoey lesse meus pensamentos, sua boca avança para a minha, me envolvendo em um beijo calmo.
Tudo em mim está elétrico.
Toco novamente em seu cabelo, é maravilhoso a sensação dele em meus dedos, levo minha mão para sua nuca e a puxo para mim, aprofundo o nosso beijo, a garota geme baixo por entre os lábios. Agarro firme em sua cintura, colando ainda mais o seu corpo pequeno ao meu. Zoey puxa levemente o meu cabelo e sinto uma chama acender dentro de mim.
Eu quero mais.
Preciso de mais.
Uma força maior me traz de volta.
Estamos no escritório de Roger, ele pode voltar a qualquer momento.
Ela é minha aluna.
Isso é extremamente errado.
— A gente não pode fazer isso. — Falo. Me afastando do corpo quente de Zoey. — Você não deveria ter feito isso.
— Então por quê retribuiu o beijo?! — A menina fala alto, se as paredes não fossem bem reforçadas tenho certeza que muitos nos ouviriam.
Eu fico sem resposta.
Não tenho como responder aquilo sem admitir meus sentimentos confusos por ela.
— Zoey, isso não pode mais acontecer. — Falo sério, encarando os seus profundos olhos. Eu tento soar confiante e decidido.
O seu olhar é um misto de confusão, emoção e posso jurar que estou vendo um lampejar de ódio e tristeza por estar sendo rejeitada.
— Eu sei! — A garota explode. — Eu não sei o que passou pela minha cabeça, me desculpa, professor. — Ela está tão séria quanto eu, a palavra professor parece chegar como um punhal em meu peito. — Isso não vai mais se repetir.
Mal sabe ela o quanto eu queria que isso acontecesse novamente.
Porém não podemos.
Eu não posso ceder.
Jamais poderemos ceder.
Após esse episódio, nós tentamos seguir tudo o mais normal quanto se era possível.
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