Enquanto junto as coisas do piquenique, minha mente me tortura. Como eu pude ter feito aquilo?

Ela é algo inalcançável para mim.

Pelo menos uma coisa parece clara após tudo isso: Zoey realmente age como se fosse Marie. Eu preciso ir mais a fundo, pesquisar, quem sabe o que posso descobrir.

O que eu não posso aceitar é me descontrolar perto dela novamente.

Preciso encontra-la e pedir desculpas, dizer que nada disso irá se repetir. Pedir para ela me denunciar, isso é o certo a ser feito.

Eu abusei dela. Ela é minha aluna, talvez tivesse sido esposa no passado, mas agora, Zoey é apenas minha aluna, eu não deveria tê-la beijado.

Eu posso ser mais estúpido.

O caminho para a casa é cheio de conflitos internos, meus pensamentos me punem. A tarde estava sendo maravilhosa, por que eu tive que estragar tudo? Eu deveria ter me controlado um pouco mais.

Tomei um banho e cai de cara em pesquisas.

Todas as pesquisas que fiz, chegavam sempre no mesmo lugar: as características.

O que me intrigou mais é que existem relatos de pessoas que lembravam, que tinham flash back de suas vidas passadas, o que entendi ser bem raro.

Geralmente acontece quando a morte foi repentina e cedo demais. Marie foi assassinada muito jovem e de maneira repentina. Zoey havia dito que tinha sonhado com o brasão de Saint Andrews. Marie e eu passamos várias horas do nosso dia, anos, na mesma universidade.

Será que Zoey tem breves flashes das lembranças de Marie?

E se teve, hoje ela reproduziu o mesmo acontecimento.

Foi como ver a Mari novamente, do mesmo jeitinho.

Talvez eu deva ir atrás de um especialista, levar Zoey também, mas é possível que ela não acredite nessas coisas.

É claro que não acreditaria, ela me chamaria de louco e fugiria de mim.

Rio de mim mesmo com esse pensamento. Já consigo ouvir sua voz me chamando de louco e pedindo para que eu mantivesse distancia dela. Eu vou entender perfeitamente se ela fizesse isso, eu queria ter feito o mesmo com Katherine.

Encerro as pesquisas e tento descansar um pouco, minha cabeça está pesada. Relaxo na cama e fecho meus olhos, esperando o sono, mas o que veio eram aqueles olhos castanhos e azuis e o sorriso arrebatador.

O que me apanhou é a cena do beijo e de como nos encaixamos perfeitamente.

A chegada da Zoey em minha vida fez meu coração ganhar vida, e ela quebrou em mim, toda e qualquer certeza absoluta que um dia eu tive.

E com a visão da mulher linda que ela é, adormeço.

Entro no mundo dos sonhos.

Lá está ela, de vestido branco e batom vermelho. Sorrindo como se eu fosse a pessoa preferida dela no universo. Marie tinha o dom de me fazer sentir bem, como se eu fosse a pessoa mais excepcional. Ela via sempre a melhor parte em mim, mesmo quando eu não conseguia enxergar isso.

Corro em direção ao seu espírito, a abraçando. As lágrimas queriam cair, mas eu me fiz de forte um pouco mais.

—Eu sinto tanto a sua falta Marie, tanto. — Digo, sentindo o cheiro de seu perfume, afundando meu rosto em seu pescoço.

—Eu sei, querido. — Sua voz, voz de anjo, me drogava.

— Eu quero você comigo, têm sido anos tão complicados. Nossa casa não tem mais seu cheiro. É como se você nunca esteve lá. Nossa cama é tão fria. — As lágrimas começaram a cair, conforme eu ia desabando. — A dor é constante Marie.

— Querido, eu estou mais perto do que você imagina. — Sua voz saiu como um sussurro, suas mãos acariciam meu cabelo. — Eu pertenço em ti, nada mudou. Eternamente sua.

Me afasto, segurando suas mãos.

— Como? — Pergunto, soltando uma de suas mãos e limpando as lagrimas que insistiam em cair. Quem me visse assim, diria que sou uma criança chorona.

Marie sorriu. Tão absurdamente linda.

— O verdadeiro amor, ele pode acontecer mais uma vez. — E assim, ela se foi.

— Marie! — Acordo gritando.

Resquícios de lágrimas estão pelos meus olhos, limpo-os, me dando conta que estou acordado. 

Sem Marie.

 Estou sozinho nessa cama de casal fria.

Era apenas um sonho.

Caio em lágrimas novamente. Me sinto fraco.

Tudo o que quero é minha esposa de volta.