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♡ Capítulo 13: "Treze de novembro de 1996"


Eu não consegui dormir a noite. Tudo o que Katy falou zumbia em minha mente: Vida após morte, almas que se encontram após vida.

Nada disso fazia sentido para mim.

Eu estou pronto, já a caminho da universidade.

Não paro na sala dos professores, eu não tenho cabeça para aquele turbilhão de vozes, já basta as vozes na minha mente.

O sinal toca, o anjo de cabelos castanhos entra na sala, sorrindo para suas colegas. Seu olhar se cruzou ao meu e me vi sem reação novamente.

Marie, é você que voltou para mim?

— Esperem um pouco, pessoal. — Sem mais palavras, saio da sala com um único destino: A secretaria.

Não acredito que estou dando atenção para as insanidades da Katherine.

Olá, Roselyn. — Falo calmamente. Ainda não acreditando no que estou prestes a fazer.

— Bom dia, Keanu. O que precisa? — Rô me cumprimenta com um sorriso.

— Preciso dos arquivos da senhorita Lancaster. A transferida de Oxford.

Demorou alguns minutos e logo Roselyn retorna com a pasta contendo todas as informações sobre Zoey.

Minhas mãos trêmulas, me falta o ar. Quem me visse nesse momento diria que estou prestes a desmaiar e talvez esteja mesmo. Meus olhos passam rapidamente por toda a extensão da ficha: Treze de novembro de 1996.

Não sinto meu coração pulsar. Dia da morte da Marie. Dia do nascimento de Zoey.

Tudo escurece...

Abro meus olhos e me deparo deitado na ala hospitalar da universidade.

— Cara! Que bom que acordou. Você quase matou a Roselyn de susto. — Mason está ao meu lado do leito.

— Não tomei café hoje. — Minto. Não quero transparecer o que acabo de descobrir. O chão havia sumido de meus pés.

Me levanto ainda um pouco atordoado.

— E meus alunos? — Pergunto, quando na verdade só me importo com uma.

— Edgar está com eles, você foi dispensado por hoje.

Ótimo, mais tempo com os meus pensamentos torturantes.

— Ok. Obrigado, Mason. — Agradeço ao irritante do meu colega.

Estou obcecado com as minhas descobertas, não quero ir pra casa descansar. Caminho para a biblioteca de St.Andrews. Quero saber mais sobre reencarnação, ou seja lá o que isso for.

Eu pedi tanto para que Marie voltasse e agora que a possibilidade parece bem real, eu me nego a acreditar.

Ao chegar na biblioteca, ando entre as prateleiras que indicam religião. Apanho um livro que parece falar sobre o assunto.

Folheio as páginas, ainda pensando como tudo aquilo pode estar acontecendo.

"Nem sempre as almas que se encontram são para ficar juntos." É o que dizia o livro que estou lendo.

"Almas gêmeas podem se encontrar, mas talvez não aconteça de ficarem juntos nessa nova vida."

Qual o sentido de voltar então?! Isso tudo é mais confuso que o Cristianismo. Maria, uma mulher virgem que foi escolhida para gerar o filho de Deus.

Estou pirando completamente. Fecho o livro e devolvo ao lugar que o peguei. Sigo analisando os outros títulos, mas um barulho me tira a atenção.

Barulho de beijo e alguns murmúrios de prazer. Movido pela curiosidade, vou andando até onde os sons eram mais altos. A cena que vejo faz meu maxilar trincar.

Aquele garoto, que eu não me importava o suficiente para lembrar o nome, estava com sua língua na boca de Zoey, na sala de leitura em um sofá empoeirado.

Meu sangue ferve. As mãos do garoto passeiam por toda a extensão do corpo dela, fazendo o caminho que eu mesmo fazia em meus sonhos.

Eu não sei se a raiva é por eles estarem quebrando uma regra da universidade, ou se era inveja do garoto que podia tê-la, por pura teimosia e pelo meu bem estar, quero acreditar que seja a primeira opção.

Decidido a acabar com aquilo, ando em direção aos dois, que parecem não notar minha presença e por impulso, agarro o rapaz pelo colarinho do uniforme.

Ambos se assustam pelo meu gesto repentino e por terem sido pegos.

Olho para o garoto e o solto.

— Qual seu nome? — Pergunto ao menino que tinha os olhos em desespero.

— Lian Han. — O garoto tremia, provavelmente nunca me vira tão irritado. Meu olhar deve estar aterrorizante.

Desvio meu olhar para a garota encolhida no sofá. Sua camisa de botão estava um pouco aberta, pude vislumbrar um pouco da peça intima que usava, cor vermelha. Engulo em seco e volto a encarar o garoto em minha frente.

— Hoje vocês ficarão em detenção. Quem sabe ajudando a senhora Lee a reorganizar os livros, já que gostam tanto da biblioteca. — Minhas palavras saíram duras. Até eu senti um calafrio após pronuncia-las.

Os dois não discutiram, afinal, foram pegos em flagrante. Se fosse qualquer outro professor, seriam expulsos. Eles não poderiam reclamar.

Após anunciar a sentencia dos dois, o rapaz, Han, saiu correndo. Me deixando sozinho com Zoey.

A garota abotoava lentamente a blusa social do uniforme da universidade, e eu não consigo parar de a observar fazer isso. Ela levantou o olhar após terminar de fechar todos os pequenos botões, eu desvio o olhar e me encaminho até a porta de saída.

— Senhor Davies. — Ouço-a me chamar. — Está bravo? — Seu tom de voz é de preocupação com nuances de medo. Me viro novamente para olha-la.

Fico em silêncio por um momento, a encarando. Os lábios estavam avermelhados, assim como suas bochechas. Passo a língua em meus lábios e subo meu olhar para os dela. Ah, esses olhos...

— Apenas decepcionado. — Digo com sinceridade e com a voz calma. — Decepcionado porque pensei que você fosse mais inteligente que isso...

Durante os corredores da St.Andrews, nos professores ouvidos bastante boatos sobre nossos alunos. Lian Han é famoso entre nós. Nunca dei muita importância para esses assuntos, mas agora, ele havia tocado nela.

Olho uma ultima vez para seu rosto, decorando mais alguns detalhes e saio.

Ao final da tarde, guio os dois para a senhora Lee.

— Boa tarde, querida Lee. — Lhe dei o mais charmoso dos sorrisos.

— Olá, professor Davies. Algum livro especial hoje? — Diz, dividindo os olhares entre mim, Zoey e Lian.

— Hoje não, senhora Lee, mas trouxe para você estes dois jovens que me parecem bem dispostos a ajudar a senhora a arrumar alguns livros.

— Com certeza, estamos gratos em ajudar. — Responde Zoey, tentando menos tímida possível.

Deixo eles com a senhora li e continuo vagando por entre os corredores de St.Andrews, não quero voltar para casa.

Em minha cabeça ainda pairam muita coisa.

Me sinto a pouco de enlouquecer.

Me direciono até a sala dos professores, eu preciso pensar.

"Treze de novembro de 1996." "Eles acreditam que possa ser a Marie." "Os mesmos olhos."

Marie realmente está de volta? 


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