Capítulo 3
Qualquer dúvida que o menino de cabelo azul pudesse ter, sobre eu ser namorada do Zimmerman, naquele momento já teria sido eliminada. Não pelo beijo de minutos atrás, mas justamente pela falta de outros logo em seguida.
Ao invés de preferir ir para algum lugar mais isolado, onde pudéssemos ficar mais à vontade um com o outro, Thiago permaneceu exatamente onde estávamos, entusiasmado com a conversa de todas aquelas pessoas. Era como se tivéssemos a vida toda para ficarmos juntos, e por isso o mais importante ali era socializar com os amigos.
O comportamento dele não fazia eu me sentir dispensada, muito pelo contrário — ele sentado atrás de mim, com os braços ao redor do meu corpo, sua mão ajeitando meu cabelo que insistia em voltar para frente, o rosto dele encostado no meu ao ouvir as histórias que contavam — fazia eu sentir que existia muito mais entre a gente do que apenas um beijo.
Tenho certeza que Amanda deveria estar fazendo um esforço imenso para não surtar aos nos ver tão próximos, mas agia como se não estivesse acontecendo nada de especial. E o pessoal da banda, que aos poucos foram se juntando a nós, também não fizeram nenhuma piadinha, o que tornava tudo aquilo ainda mais surreal.
Thiago mudou ligeiramente de posição e cochichou no meu ouvido:
— Esse negócio de sentar no chão pode até ser divertido, mas não é dos mais confortáveis.
Talvez eu estivesse distraída demais com a presença dele para ter percebido antes, mas os ossinhos do pé, que estava cruzado por baixo da perna, já estavam ficando doloridos, e minha bunda parecia estar quadrada.
— Precisamos arrumar uma daquelas — respondi mostrando as almofadas que alguns convidados usavam para se sentar ou deitar sobre as mantas.
Ele vasculhou a sala com olhar atento.
— Vem, achei o lugar perfeito — disse se levantando e me puxando pela mão em direção ao pufe que ficava do outro lado da sala. A peça amarela era grande suficiente para acomodar nós dois, mas mole demais para mantermos uma distância segura um do outro.
Começamos lado a lado, mas não demorou nada para que logo estivéssemos afundados no estofado disforme, numa confusão de pernas e braços enquanto nos beijávamos. E mesmo com as minhas mãos devidamente controladas, presas em seu pescoço, eu era capaz de sentir todo o seu corpo, e o quanto ele estava animado com todo esse contato.
— Vão para um quarto — ouvi alguém dizer no mesmo instante que senti um impacto sobre nossas cabeças. Thiago se afastou de mim rápido suficiente para ver quem havia lhe dado o tapa.
— Vá à merda! — ele xingou o baterista, que passava atrás do pufe com um sorrisinho malicioso, e sem ter se importado com o comentário voltou a me beijar. Mas eu me importei, e não pude continuar.
— Acho que ele tem razão.
— Devemos ir para o quarto? — perguntou surpreso, com certo humor na voz.
— Não — respondi rindo, meio constrangida, meio achando graça do jeito dele —, eu quis dizer que talvez estivéssemos mesmo exagerando um pouco.
— Então vamos tentar de novo — disse aproximando o rosto novamente do meu — de um jeito mais comportado. — Deu um beijo no cantinho da minha boca e outro nos meus lábios.
Aquilo era irresistível, sua boca macia e úmida tornava qualquer beijo inocente num ato pervertido. Tentei me manter ao lado dele, mas o pufe insistia em nos ver colados.
— Isso não vai dar certo. É impossível ser decente em cima dessa coisa.
— Falei que esse era o lugar perfeito? — falou passando o nariz na minha orelha.
Ele não estava colaborando. Levantei meu tronco e me ajeitei para sentar a alguns centímetros de distância dele.
— Não consigo ficar à vontade sabendo que tem alguém olhando.
— Temos a opção do quarto — arqueou as sobrancelhas, me desafiando.
— Engraçadinho.
Ele riu, como se aquela sugestão fosse só uma brincadeira.
Não tentamos nos beijar de novo, ficamos um tempo de mãos dadas, conversando um de frente para o outro. Mas apesar da conversa interessante não tinha nada que eu quisesse mais do que continuar o que tínhamos parado.
— O que foi? — ele perguntou, percebendo meu jeito distante.
— É que antes do teu amigo aparecer tava tão.... — parei, arrependida de estar sendo tão sincera, mas já tinha ficado bem claro o que eu iria dizer.
— Ninguém dá ouvidos para as bobagens que o Vina fala, você deveria fazer o mesmo.
— Mas ele não tá errado, estamos no meio de um monte de gente.
Essa foi a deixa para que ele ficasse em pé, e segurando minha mão me fizesse segui-lo até o quarto.
— Aqui não tem ninguém olhando — falou no meu ouvido, assim que fechou a porta atrás de mim, deslizando sua boca da minha orelha até meus lábios.
Me entreguei àquele beijo sem qualquer pudor, estar sozinha com ele tornava cada toque ainda mais intenso.
Sem deixar de nos beijar, fomos até a cama de solteiro com alguns passos meio descoordenados e tentamos nos deitar com certo cuidado, mas o móvel era baixo demais, e ele acabou desabando sobre mim. Thiago riu, se apoiando nos antebraços para não me machucar.
— Isso tá começando a ficar perigoso — falou, me olhando de um jeito travesso.
— Confio em você para me proteger — e voltei a beijá-lo.
As mãos, antes contidas, desceram pela lateral do meu corpo, até seus dedos alcançarem minha coxa, abaixo do comprimento do short. Apertou minha perna com vontade e uma onda de calor percorreu todo meu corpo.
Elevei ligeiramente meu quadril, me colando a ele por completo. Eu já não conseguia mais pensar em nada.
Passei a mão por baixo de sua camiseta, e a sua pele nua sob meus dedos atiçou ainda mais meu desejo.
Eu queria mais. Queria ele por inteiro, e não me importava se fosse só por um instante.
Tirei sua camiseta e me deliciei em ver como seu corpo esguio exibia braços e abdômen bem definidos. Sem resistir, passei a mão pelos contornos dos seus músculos, ficando cada vez mais excitada.
Por cima da blusa, ele levou a mão até meu seio, pressionando com os dedos o mamilo entumecido. Sua boca sobre a minha era faminta, e tudo que eu precisava era que ela explorasse meu corpo com toda essa fúria.
Tirei minha blusa, e com beijos úmidos ele desceu dos meus lábios até o meu ombro, ao mesmo tempo que suas mãos ágeis tiraram meu sutiã. Minha respiração estava ofegante, e o movimento do meu peito parecia implorar por sua boca ali.
Sem precisar de palavras, nossos corpos se entendiam, e sem hesitar seus lábios se encaixaram em meu seio. Com olhos fechados me perdi completamente, mergulhada em um turbilhão de sensações ardentes, nas quais eu só queria mais me afundar.
Ainda de short seus dedos alcançaram a parte úmida entre minhas pernas, e quando entraram em mim me levaram a loucura, me fazendo gemer sem que eu tivesse controle sobre isso.
Me sentindo prestes a explodir abri os olhos e puxei sua mão para fora do short.
— Vem, eu quero você dentro de mim.
— Eu também quero — respondeu com um sorriso presunçoso e, enquanto me olhava, lambeu os dois dedos com que tinha me torturado —, mas vamos ter que deixar essa parte para outro dia.
Que porra era aquela? Ele tinha namorada? Ele não transava no primeiro encontro?
— Isso não faz sentido — falei indignada balançando a cabeça —, depois de tudo que a gente fez... — sem terminar a frase me virei de lado para não precisar encará-lo.
Ele deitou ao meu lado e me abraçou por trás. Seu corpo em contato com o meu acabou revelando o quanto ele ainda me queria.
— Eu não tenho camisinha — explicou com carinho, falando perto do meu ouvido. — Você tem? — perguntou animado, deixando transparecer sua expectativa.
— Não — lamentei, me virando pra ele — Mas eu tomo remédio — respondi confiante de que tínhamos uma solução.
"Você é uma perdição, Louise", foi o que ele disse antes de voltar a me beijar e se livrar das peças de roupa que ainda restavam.
***
Quando acabou eu estava radiante. Foi perfeito! E agora, a única coisa que eu queria era continuar ali, deitada ao lado dele por mais um tempo. Mas imaginar que as pessoas poderiam estar comentando nossa ausência me incomodou um pouco.
— Melhor voltarmos para a sala — falei enquanto vestia minha roupa.
Parecendo destruído ele se levantou da cama e colocou a camiseta e a calça que estavam no chão.
Naquela hora, minha única preocupação era se o líquido viscoso que estava dentro de mim pudesse escorrer e sujar minha roupa.
— Preciso ir ao banheiro.
Ele me mostrou onde ficava.
— Te espero na sala — falou sorrindo, e me deu um beijo rápido.
Tinha acabado de entrar no banheiro, alguém bateu na porta.
— Lou — era Amanda chamando do lado de fora —, precisamos ir.
Pelo tom da voz percebi que algo muito sério tinha acontecido. Me apressei o máximo que pude, e ao sair dei de cara com minha amiga desesperada, me puxando pelo braço para fora do apartamento.
Só consegui me despedir de Thiago porque ele nos alcançou antes de chegarmos a porta de saída. Me segurando por um braço, enquanto eu era puxada pelo outro, conseguiu me dar um selinho desajeitado antes que Amanda me arrastasse de vez para o corredor.
— A gente se vê, na Ilha do Mel.
Ouvi ele dizer, pouco antes da porta se fechar entre nós.
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