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Overwriting vs. Infodumping: a arte de não exagerar nas palavras

VOCÊ SABE QUE ESCREVER UM LIVRO É UMA EXPERIÊNCIA INTENSA. E ela se torna ainda mais marcante porque costumamos colocar no papel, no texto, muitos sentimentos profundos, um jorro emocional que apenas a arte proporciona. Assim, fica quase impossível resistir à vontade de mergulhar em cada detalhe do mundo, dos personagens e da trama. Isso é compreensível. Porém, às vezes, essa paixão pela criação nos leva a um caminho perigoso: o excesso. Aqui, dois "vilões" surgem no processo criativo — o overwriting (que já abordei no capítulo anterior) e o infodumping. Embora pareçam semelhantes, eles agem de formas diferentes dentro da narrativa.

Entender essa distinção pode ser a chave para uma escrita mais fluida e envolvente.

O que é Overwriting?

Costumo dizer que o overwriting é aquele "vício narrativo" que se estende ao longo de todo o livro. É como um manto de palavras que cobre cada cena com uma camada extra de descrições, pensamentos e divagações que, na prática, não adicionam valor à história. Em vez de ir direto ao ponto, o texto se alonga desnecessariamente, a pessoa faz voltas e voltas, rodeia, "viaja na maionese", antes de dizer o cerne da narrativa.

Você reconhece o overwriting quando:


* O leitor sente que o autor está "enchendo linguiça" sem avançar a trama;

* Há descrições exaustivas de cada mínimo detalhe do cenário, roupas, sentimentos, corpos e rostos;

* Diálogos prolixos que poderiam ser resolvidos com metade das palavras — ou às vezes sem as palavras;

* Personagens que refletem demais sobre questões irrelevantes para o enredo, fazendo divagações sem sentido.


Por exemplo...


"A brisa matinal, carregada de fragrâncias do orvalho que repousava delicadamente sobre cada folha com nervuras parecidas com um leque, dançava em redemoinhos suaves ao redor do vestido de seda azul-claro, que, com seus bordados dourados e detalhes em cetim avermelhado, refletia a luz do sol nascente em um espetáculo quase celestial, enquanto os olhos verdes profundos de Marina se fixavam na xícara de chá, que esfriava lentamente sobre a mesa de madeira antiga, marcada por anos de uso contínuo."


Como poderia ser mais direto?


"A brisa daquela manhã tocava o vestido de Marina. O vento fazia o tecido azulado balançar e os detalhes dourados pareciam dançar regidos pela melancolia daquele dia. A garota olhou para baixo e viu seus olhos verdes refletidos no chá, ciente de que a melancolia não estava apenas no entorno, mas também naquele líquido que esfriava tão rápido como o seu coração."


Você percebe a diferença? Enquanto esse segundo texto vai direto ao ponto e alinhava a ambientação para suprir a personalidade dessa personagem, o primeiro exemplo se alonga em descrições que não nos trazem nada. Sim, eu sei que muitos podem dizer que o primeiro é "lindo" e "uau, que escrita maravilhosa". Vou te dizer a real: isso é uma armadilha.

O mais comum é que a pessoa que ama descrições exageradas seja alguém que tem dificuldades em fazer uma narrativa pujante que traga personagens bem estruturados. Então, para compensar, a pessoa "enche linguiça".

Você é escritor/escritora ou açougueiro/açougueira?

O que é Infodumping?

Diferente do overwriting, o infodumping acontece de forma mais localizada, pontual. É aquele momento em que o autor despeja uma enxurrada de informações, muitas vezes desnecessárias, de uma só vez. É comum encontrar o infodumping em partes específicas do livro, como durante a introdução de novos personagens, cenários ou regras do universo criado.

Algo que eu sempre explico é que a pessoa pode até não ter a mania de escrever de modo exagerado (overwriting), porém, aqui e ali durante a narrativa essa pessoa "se empolga" e "vomita" informações. É como se overwriting fizesse parte do DNA daquela pessoa (ela se acostumou a escrever desse jeito em todos os lugares) enquanto o infodumping vem em momentos espaçados, mas a pessoa não o usa a todo momento.

Você reconhece o infodumping quando:


* Encontra blocos gigantes de texto que explicam a história do mundo ou a genealogia de um personagem, em detalhes demais;

* Você sente que parou de acompanhar a história e entrou em uma espécie de "aula de história ou de geografia" sobre o universo fictício;

* Percebe explicações que poderiam ser inseridas de forma gradual, pelo olhar dos personagens, que foram jogadas todas de uma vez.


Por exemplo...


"O Reino de Eldoria, fundado há 600 anos pelo rei Eldor I, era conhecido por suas vastas plantações de trigo que alimentavam não apenas as cidades vizinhas, mas também os reinos ao sul. O reino tinha uma extensão de quase 4 mil quilômetros quadrados, com uma economia baseada na agricultura porque era cortado por dois rios (o Ianus e o Terinus) e tinha um clima ameno que durava por quase oito meses. As montanhas de Eldoria formavam uma cadeia que retia a umidade e trazia possibilidades de plantio. O solo era fértil, formado por uma terra preta naturalmente adubada e com lençóis freáticos que garantiam o crescimento das plantações. Era um reino rico e que havia estabelecido uma rede comercial que prosperava há séculos, influenciando as alianças e, eventualmente, desencadeando a Guerra das Três Coroas."


Uma versão suavizada seria...


"Eldoria era um reino com uma geografia considerada privilegiada. Rios, águas subterrâneas e uma terra fértil impulsionaram a prosperidade do lugar. E foi por causa disso que o reino conseguiu cultivar o raro trigo dourado, cultura que moldou sua história, mas também trouxe muito sangue e muita dor."


No primeiro exemplo, a sensação é que a narrativa parou para o narrador dar uma aula de geografia sobre Eldoria. No segundo exemplo, o que fiz foi retirar esses excessos e aprimorar. Aí alguém pode dizer "Ah, mas faltam detalhes sobre o reino..." Não, não, não. Os detalhes adicionais podem surgir gradualmente, conforme o leitor avança na narrativa, aos poucos, como se o protagonista dessa história fosse um guia turístico desse reino e estendesse a mão para que nós, leitores, vejamos as nuances com ele.

A pessoa que quer a descrição imediata, não raro, é alguém ansioso, ansiosa, que é incapaz de produzir uma narrativa suave.

Eu já disse um milhão de vezes: escrita não combina com pressa. Tenha calma. Deixe fluir.

A diferença fundamental

Overwriting é um padrão narrativo que se arrasta ao longo do livro, cobrindo capítulos inteiros com palavras em excesso. Já o infodumping acontece de forma pontual, geralmente durante introduções ou explicações específicas.

Uma curiosidade é que um escritor pode evitar o overwriting e ainda assim cometer infodumping em algumas partes cruciais da obra. Isso ocorre porque, mesmo com uma narrativa ágil, há momentos em que a ansiedade de "explicar tudo" vence. Controle a ansiedade.

E um detalhe adicional para você perceber: o overwriting nem sempre acontece apenas com excesso descritivo, com cenas cheias de adjetivos e advérbios. O overwriting pode ser, por exemplo, um personagem devaneando por quatro, cinco, seis parágrafos sobre a vida dele sem que isso impulsione a história. O infodumping, geralmente, é mais descritivo em minúcias.

Para você entender melhor, imagine uma cena onde o personagem é um policial e está prestes a abater um bandido. Imaginou? Beleza.

Enquanto segura a arma, esse policial começa a pensar na vida, na esposa, nos filhos, na lista do supermercado, lembranças sobre uma diarreia que teve na escola, a vez que caiu no meio do shopping, o sabonete incrível que ganhou de presente de aniversário e, finalmente, no treinamento policial... Isso é o overwriting.

Outro cenário é, enquanto esse policial segura a arma, ele começa a descrever cada parte da rua, cada carro, pessoa que passa, semáforo, roupas, céu, pássaros. Então, ele foca na arma, descrevendo peso, calibre, material de que é feita, como ele coloca as balas e o modo como cada um dos projéteis será disparado até, finalmente, agir... Isso é o infodumping.

O cenário ideal seria esse policial apontar a arma, fazer uma observação rápida sobre o cenário e os perigos de atingir algum inocente, ter uma lembrança em relação à esposa e aos filhos e como eles ficarão caso ele morra (algo que enriquece a personalidade paternal desse policial). Finalmente, enquanto sente o peso da arma e lembra do que aprendeu na Corporação, ele dispara. Cena encerrada.

Lembre-se: dê fluidez para o texto.

Como evitar Overwriting e Infodumping?

1. Mostre, não conte: sim, lá vou eu de novo com essa dica. Mas fazer o quê se ela é um básico da escrita criativa? Ao invés de dizer que o protagonista está triste, mostre suas ações, traga elementos do cenário que comprovem esse sentimento. Lembra acima da cena da garota vendo a melancolia do olhar no reflexo do chá? é isso. A descrição dos pequenos gestos e reações diz mais do que um parágrafo inteiro sobre sentimentos. Em vez de "Lucas estava ansioso e inquieto.", experimente algo como "Lucas tamborilava os dedos na mesa, desviando o olhar sempre que alguém o encarava."

2. O protagonista como guia turístico: ao apresentar o universo do livro, deixe que o protagonista revele o ambiente aos poucos, como se conduzisse o leitor por uma jornada. Isso impede a sobrecarga de informações de uma só vez. Ao invés de descrever uma cratera na porta da casa da protagonista, faça com que essa personagem "interaja" com esse problema dessa forma: "Camila pegou a bolsa e saiu à toda. O relógio apontava o atraso já indicado pelo chefe que acabara de ligar. Trancou o portão e deu um passo quando o pé escorregou na cratera. Ela caiu numa poça de lama. Seu dia só estava começando."

3. Controle a ansiedade criativa: muitas vezes, o infodumping especificamente nasce da ansiedade de querer contar tudo na pressa, com medo de que os leitores reclamem e não leiam mais o livro. Respire fundo, confie no ritmo da história e ligue o foda-se. Não, você não leu errado: ligue o foda-se. Se a informação é relevante, ela encontrará seu lugar na narrativa, sem pressa. E se o público reclama que as coisas "demoram a acontecer", avalie se na verdade você não está cercada, está cercado de pessoas ansiosas que já estão no ciclo vicioso alimentado por escritores e escritoras tão ansiosas quanto esses leitores. Fuja desse ciclo. Uma coisa que aprendi é que tendemos a atrair o público condizente com o nível de respeito (ou de desleixo) que temos pelos nossos textos. Faça "textos ansiosos" e, simbolicamente, você dirá para o teu público que essa é a tua realidade de sempre recorrer ao infodumping e desespero. Cuidado.

4. Divida as informações: se precisar incluir uma explicação importante, divida-a em pequenas partes espalhadas pelo capítulo. Um leitor absorve melhor detalhes quando eles vêm em doses menores, entrelaçados com a ação, fundidas à personalidade dos personagens. Cada parágrafo, cada capítulo deve impulsionar tua protagonista, teu protagonismo ao amadurecimento que veremos no final daquele livro. Se você "despeja" tudo só de uma vez, a tendência é que você empobreça tua narrativa e acabe com uma trama vazia, sem conteúdo. Sabe aqueles livros que parecem trazer tudo nos quatro primeiros capítulos e aí a história fica morna, chata, dando voltas? Um dos motivos pode ser o excesso de informações. Dilua esses detalhes, vá com calma.

5. Pergunte-se: isso é necessário agora? Ao revisar o texto, questione se cada descrição, ou bloco de informação, é essencial naquele momento. Se não for, considere cortá-lo ou movê-lo para outro ponto do livro. Uma forma de fazer isso é escrever todo o primeiro rascunho e deixar esse texto descansar (algo que chamo de "tempo de maturação"). Particularmente, eu passo semanas longe do texto para que eu me desapaixone, desapegue desse texto. Então, quando faço a reescrita, posso cortar o que deve ser cortado e tenho condições de responder a essa pergunta sobre a necessidade de alguma parte do texto. Sério, é mágico. Experimente.

***

Obrigado por ler até o final. Espero que tenha ajudado. Abaixo, deixo o vídeo onde falo sobre o tema e trago mais exemplos e dicas. Assista, leia, releia e me conta nos comentários se você já caiu na armadilha do overwriting ou do infodumping. Vamos conversar sobre isso e tentar melhorar. Abraços! ;-)

https://youtu.be/_bHFYp8Qmis

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