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10 dicas para escrever na 1ª pessoa

HÁ UMA PERCEPÇÃO QUASE GENERALIZADA DE QUE ESCREVER NA PRIMEIRA PESSOA É MAIS INTUITIVO, MAIS FÁCIL. O motivo para isso é muito simples: estamos acostumados a contar histórias do nosso ponto de vista no dia a dia, portanto, a escrita na primeira pessoa se torna quase natural, confessional, mais intimista. No entanto, isso não significa que essa técnica narrativa não tenha seus desafios e armadilhas próprias. Pelo contrário, precisamos de atenção e estudo para executar essa prática da melhor forma. Quando bem arquitetada, a primeira pessoa pode trazer um diferencial poderoso para a sua história, criando uma experiência imersiva e intensa para o leitor.

Isso sem contar que você ganha a oportunidade de explorar nuances dos teus personagens que, talvez, não conseguisse na escrita em terceira pessoa.

Hoje, vamos explorar juntos 10 dicas básicas para você experimentar essa técnica e dar mais autenticidade ao seu narrador.


1. Defina a voz do narrador

Na minha opinião fecal, um dos grandes diferenciais da narrativa em primeira pessoa é a voz do personagem. Ele não é um narrador neutro, afastado, que precisa de rodeios para contar algo sobre o protagonista. Pelo contrário, ele tem personalidade e isso deve aparecer na forma como ele conta a história. Sendo assim, pergunte-se coisas como...


Ele é sarcástico ou sério?

Usa gírias? Fala de forma rebuscada?

Como ele interpreta o mundo ao redor?

Como os pontos fracos dele interferem na forma de contar a história?

Ele tem percepções sobre a vida dos demais personagens, ou é um narrador voltado apenas para si?


Note que a voz do narrador precisa ser única, coerente com sua história de vida. Se o teu protagonista é um garoto de 15 anos do interior, é pouco provável que ele narre as coisas como um professor universitário. Do mesmo modo, uma protagonista que é uma dama do século XVII não vai falar como alguém de 2025, né?

Usando esse exemplo, pensemos em um garoto adolescente. Vamos definir esse personagem como alguém sagaz, skatista, que enxerga o mundo sempre pelo viés da brincadeira, tentando ver o lado bom de todas as situações. Ficaria algo como...


[...] Beleza, aquele foi um soco que mexeu no fundo do meu ser. Nem mesmo quando eu venci o campeonato de manobras do bairro eu fiquei tão desnorteado. O filho da puta conseguiu me jogar no chão como se eu fosse nada mais que um saco de batatas. E não batata inglesa, grandona, não. Um saco daquelas batatas pequenininhas que você precisa de umas 1000 para pesar 500 gramas. Certa vez, me disseram que minha maior vantagem no skate é que sou um "filé de borboleta", levíssimo. Pois bem, o Marcão deixou esse filé bem-passado no asfalto quente, bem na cara do colégio inteiro. É foda! [...]


Em apenas um parágrafo eu te entreguei a personalidade do nosso protagonista, o jeito como ele fala, apresentei o personagem oponente da história e já defini elementos característicos da fala dele (palavrões, uso de gírias e metáforas urbanas). Pense em fazer isso.


2. Crie um narrador com defeitos

Sério, pouquíssimas pessoas gostam de personagens perfeitinhos. Sabe aquela protagonista de novela que é a "donzela recatada, polida, sofredora, inerte"? Pelo amor de Deus, que coisa chata! Se personagens assim já são chatos na terceira pessoa, onde você tem certo distanciamento, calcule para narradores em primeira pessoa? Haja paciência!

Um protagonista, uma protagonista que só acerta, que nunca duvida de si e sempre toma as melhores decisões se torna cansativo. É um personagem desumanizado, sem camadas, sem nuances, que não provoca empatia. Como você vai se identificar com alguém que não erra?

Por favor, dê ao teu personagem um conjunto de falhas, inseguranças, manias, vícios, dúvidas. Talvez ele se ache mais esperto do que realmente é? Quem sabe tenha uma visão distorcida da realidade? Será que não tem resquícios de preconceito? Esses detalhes vão torná-lo mais humano e interessante.

Pense no nosso skatista do exemplo acima. Talvez ele tenha sido criado em uma família disfuncional, viva nas ruas como válvula de escape e acabou por absorver discursos que carregam traços da realidade dura que ele enfrenta.


[...] Quando aquele rolha de poço inventou de subir no skate, eu gargalhei. Cara, eu quase me mijei de rir ao ver aquela baleia tentando um 360º. "Vai lá, Orca! Nada pra gente!", eu berrei e a galera me fez companhia na zueira. Não vou mentir: a gente se divertiu pra caralho naqueles dois minutos. É, a gente se divertiu. Até que o balofo ficou puto, tirou um revólver da bunda e começou o maior show de explosões de cabeça que eu já vi na vida. [...]


Você percebe como a personalidade do nosso skatista mais uma vez salta aos olhos? Ele tem camadas e há um traço de dor na fala dele quando descreve a parte final.


3. Explore as limitações da primeira pessoa

Diferente da terceira pessoa, onde, a depender da variante de narrador, ele pode saber de tudo o que acontece (narrador onisciente, por exemplo), na primeira pessoa o protagonista, a protagonista só tem acesso ao que vê, ouve, sente e pensa. Ponto. Ele não pode saber o que outro personagem está pensando, a menos que isso seja dito, ou demonstrado.

Preste atenção a isso.

O nosso skatista (vamos chamá-lo de... Dreads). Então, eu não posso fazer com que de repente, durante o tiroteio da cena anterior, o Dreads de repente fale algo como...


[...] Aquele cara estava com vontade de matar cada um de nós porque se sentia abalado pelo que havíamos acabado de dizer. Ele pensou primeiro em atirar em mim, mas notou que seria mais significativo que eu ficasse por último para presenciar a morte dos meus amigos. [...]


Não! Como assim "ele pensou"? O Dreads não sabe o que o atirador está pensando!

Você deve aproveitar a limitação da primeira pessoa para criar mistério. O protagonista pode interpretar mal uma situação, confiar em quem não devia, esconder algo de si (e do leitor). São milhares de variações.

Reescrevendo o trecho acima, o ideal seria...


[...] Aquele cara parecia realmente faminto por matar cada um de nós. Eu vi isso no olhar dele, esbugalhado feito os olhos de um camaleão. Beleza, beleza, ele devia estar fulo de raiva por causa da nossa zoeira, eu admiti isso para o delegado horas depois. Mas o que eu não disse foi que vi e senti que o rolha de poço desgraçado fez questão de primeiro atirar nos meus amigos, meio como se quisesse me fazer sofrer. [...]


4. Não conte, mostre!

A primeira pessoa tem o risco de se tornar excessivamente expositiva porque o narrador pode simplesmente contar tudo o que está sentindo. E vamos ter sensatez: aqui no Wattpad é o que você mais vê. São livros em primeira pessoa em que o escritor, a escritora, apenas conta, conta, conta e conta, sem mostrar nada.

Essa regra do "mostrar, não contar" (um clássico do Stephen King) é a base de sustentação para evitar isso. Quer um exemplo?


CONTANDO: [...] Eu estava nervoso e assustado com o que estava prestes a acontecer quando a polícia chegasse. Um cara preto com uma arma na mão, cercado por vários garotos brancos. Você acha que os botas pretas iam pensar o quê? [...]

MOSTRANDO: [...] Eu sentia meu coração bater como se eu tivesse acabado de fazer um 720º de costas no corrimão da escadaria. Olhei para a arma nas minhas mãos e dela para o massacre ao meu redor. "Que merda do diabo!", tremi quando notei que eu era um cara preto, segurando uma arma e cercado por cadáveres de vários meninos brancos. Tentei largar o revólver, mas meus dedos estavam travados. Minhas pernas fraquejaram quando imaginei o que aconteceria quando os bota pretas chegassem. [...]


Percebe como a segunda versão faz o leitor sentir o nervosismo em vez de apenas informá-lo sobre esse nervosismo? Uma dica que eu sempre dou nesses casos é substituir alguns adjetivos, advérbios e respectivas locuções por narrações. Então, ao invés de dizer que uma flor é "bonita", troque o adjetivo por "a flor fazia meu coração pulsar diante da beleza que se destacava no jardim".

Claro que não precisa fazer isso a todo momento, por ficar cansativo. Porém, aqui e ali, dá outro sabor a qualquer narrativa.


5. Brinque com a perspectiva

Um dos truques mais interessantes da primeira pessoa é que o narrador não precisa ser confiável. Ele pode mentir, omitir, ou interpretar os fatos de maneira errada e meio que "puxar o público" para embarcar nesse erro. O massa é que você cria uma narrativa onde os leitores vivenciam as descobertas junto com o personagem, no decorrer da leitura.

Isso cria uma camada extra de profundidade na história, já que o público ficará na ansiedade por saber, afinal, qual novidade aquele protagonista nos reserva.

Exemplos clássicos de narradores com perspectivas distorcidas incluem:


Um personagem paranoico que vê ameaças onde não existem.

Um narrador que acha que é um herói, mas na verdade está destruindo tudo ao seu redor.

Alguém que omite informações do leitor por vergonha, ou medo.

Personagem com lapso de memória que recupera essas lembranças ao longo da narrativa.


Vamos supor que nosso personagem, o Dreads, ficou tão chocado com o que aconteceu, que a mente dele meio que apagou o porquê de ele ter terminado o tiroteio segurando a arma do assassino.


[...] Era a quarta ou quinta vez que o doutor delegado perguntava o motivo de eu estar com a maldita arma. Quase questionei se ele não estaria com Alzheimer. Controlei minha língua e tentei raciocinar.

Será que o senhor não entende que eu não faço ideia?

Ele tomou fôlego, bateu com a caneta na mesa e se espreguiçou.

Olha aqui, seu moleque, eu vou te colocar junto com os presos pra eles te darem um trato e ver se tua cabeça começa a funcionar.

Foi nessa hora que me bateu o desespero.

— Mas eu não lembro! Uma hora o filho da puta tirou a arma e começou a atirar. Na outra, eu tava lá, de pé no meio... No meio daquilo. Eu não lembro!

— Tá bom. — O delegado estalou os lábios e suspirou. Olhou para o lado, onde um policial acompanhava o depoimento, e apontou para mim. — Pode levar, Leão. O moleque vai ficar uns dias conosco.

Foi quando eu comecei a gritar. [...]


Há uma dúvida aqui, você nota? O Dreads de fato não lembra? Ou ele está escondendo isso até de nós, o público? A primeira pessoa possibilita momentos assim, mais intimistas e imersos na mente confusa de um personagem.

Pare com a mania de ser "babá" do teu público, querendo explicar tudo, e comece a brincar com o texto.


6. Use diálogos internos

O narrador pode falar diretamente com o leitor, refletir sobre suas decisões, ou até mesmo entrar em contradição consigo. Isso cria um efeito mais pessoal e envolvente. Você brinca com a narrativa como se estivesse em uma estrada cheia de túneis: ao ar livre seria a observação externa do personagem (estrada) e, de tempos em tempos, ele entra nos diálogos internos (túneis).

Por exemplo:


[...] Eu devia ter ficado quieto. Mas, claro, eu sou um desgraçado incapaz de fazer isso. "Relaxa, meu velho, vai dar tudo certo", foi o que eu disse pro líder da cela. Porra, que idiotice! Eu não tinha a menor ideia do que fazer, ainda mais sabendo que aquele preso não tinha ido com a minha cara. Ele olhou para mim, esticou as pernas e soltou uma baforada daquele cigarro vagabundo com cheiro podre. A fumaça fez meus outros vinte companheiros de sela tossir. [...]


Esse tipo de diálogo interno deixa a leitura mais fluida e natural. Perceba que primeiro nos estamos focados na percepção interna do Dreads, para depois, na frase final desse trecho, o skatista voltar a perceber o entorno.


7. Equilibre emoção e ação

Um problema da narrativa em primeira pessoa é que ela pode se tornar muito introspectiva se o narrador ficar apenas refletindo sobre os acontecimentos, tendo devaneios, fazendo conjecturas e suposições. É importante equilibrar os momentos de pensamento com cenas de ação e interação com outros personagens.

Se um personagem está fugindo, ele não pode passar parágrafos refletindo sobre o significado da vida, por exemplo. Você deve mostrar essa fuga, afinal, é o que o público espera. Se alguém o confronta, mostre sua reação antes de despejar cinquenta parágrafos de um monólogo interno sobre o horror da violência.

Você precisa dar ritmo para a tua narrativa. Você faz isso com alternância entre ação e emoção, algo que confira dinamismo ao texto.


[...] Eles amarraram meus braços para trás e abaixaram minha bermuda. Vi um deles pegar o ferro retorcido que ficava escondido atrás da latrina. Comecei a hiperventilar enquanto os desgraçados sorriam de mim. O objeto tinha sido moldado até formar a letra "M", inicial da facção. Ele esquentou aquela coisa em uma vela e, quando o metal ficou avermelhado, veio na direção da minha nádega direita. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo, parecia um pesadelo. Porém, a dor que senti quando aquilo me queimou foi a prova de que não, eu não estava sonhando. Minha bunda virou Carteira de Identidade. [...]


8. Dê vida aos 5 sentidos

Essa é uma dica geral, que vale para qualquer tipo de narração. Aqui na primeira pessoa, porém, ela fica ainda mais evidente porque esse tipo de narrativa permite uma imersão quase que completa nos sentidos do narrador. Assim, você precisa usar isso para transportar o leitor para dentro da cena usando todos os sentidos que temos..


Visão: o que o personagem está vendo ao redor

Audição: sons distantes, vozes abafadas, um silêncio pesado, conversas

Olfato: o cheiro da chuva, café, o perfume de alguém, os odores da cidade

Tato: a aspereza de uma superfície, o calor de um toque, a dor sentida pelo Dreads

Paladar: o gosto metálico do sangue, o amargor do chá, a comida esquisita do presídio


[...] O cheiro da minha carne chamuscada recendeu pela cela. Depois de terem me marcado como se eu fosse uma cabeça de boi, eles me empurraram de volta para aquele chão úmido. Ainda de bermuda arriada, um deles deu um tapa na minha bunda, bem na queimadura. A dor foi tamanha que minha mente apagou por alguns segundos. Só tive tempo de escutar a frase:

— Agora, ninguém pode negar que o moleque é mesmo um queima rosca!

Os outros gargalharam como se estivessem em um show de humor.

Eu era a piada do dia. [...]


Quanto mais sensorial for a narrativa, mais realista será a experiência para o leitor. Faça isso e você proporcionará a sensação de uma narrativa 3D, com várias possibilidades, rica em detalhes, mas sem ser maçante.


9. Evite repetir "EU" o tempo todo

Uma das armadilhas da primeira pessoa é a repetição excessiva do pronome "eu". Isso pode deixar o texto monótono, mecânico, cansativo. Infelizmente, é o que mais vemos no Wattpad, já que muitos escritores, muitas escritoras, simplesmente não admitem os próprios erros e rejeitam qualquer tentativa de ajuda.

Não seja esse tipo de pessoa, por favor.


TEXTO REPETITIVO: [...] Eu entrei na sala do delegado. Eu vi a luz apagada. Eu caminhei devagar. Toquei a mesa. Eu senti algo estranho. [...]

TEXTO MAIS FLUIDO: [...] Entrei na sala do delegado, apesar da luz apagada. Passo a passo como se algum policial estivesse na escuridão pronto para me dar um tiro, caminhei até a mesa. Ao tocá-la, senti algo estranho. [...]


Pequenos ajustes fazem toda a diferença na fluidez da leitura. Aposte nisso.


10. Crie proximidade com o público

A narrativa em primeira pessoa consegue criar uma experiência mais íntima. E sim, eu sei que isso é óbvio. Porém, quero que você note que o leitor não está apenas acompanhando a história ele está dentro da mente do personagem e você deve aproveitar isso para gerar empatia.

Deixe o narrador falar de maneira natural, com seus pensamentos, inseguranças e emoções cruas. Isso faz com que o leitor se conecte de forma mais profunda com a história. Além disso, aproveite a oportunidade para fazer as chamadas "quebras da quarta parede", que é quando o personagem se dirige diretamente ao público.

Claro que você deve fazer isso de forma moderada para não cansar os leitores. Por isso, perceba como está a narrativa, como está o rimo, e use esse recurso para brincar com o público.

Imagine que o Dreads se encontra na hora do banho no presídio. Eu vou "puxar" o público para o sentimento do personagem fazendo da seguinte maneira...


[...] Você já sentiu uma vergonha tão grande que teve vontade de sair correndo? Ou já teve o terrível pesadelo de estar sem roupa no meio de uma multidão? Pois é, ali, naquela realidade, eu me vi junto a outros 40 detentos em chuveiros coletivos, com uma letra "M" gravada na bunda. O que seria de mim? [...]


Repito: faça isso com moderação. Mas, já que aqui no Wattpad nós temos a vantagem de receber comentários a cada parágrafo, experimente essa quebra da quarta parede e veja como o público reage.

Se alguém responder aos questionamentos do personagem, significa que o recurso funcionou.

***


Espero que as dicas tenham sido úteis. Escrever na primeira pessoa é, acima de tudo, um exercício de imersão. Quando essa técnica é bem-feita, você tem a chance de transformar o leitor em uma espécie de "confidente do protagonista", algo que deixa a história mais envolvente e intensa.

Abaixo, está o vídeo que serviu como base para este capítulo. Ponha as dicas em prática, pergunte se tiver alguma dúvida (espero que eu possa responder!), deixe seu voto e até o próximo capítulo.

Muito obrigado pela leitura.

https://youtu.be/Y5VLDet2uj8


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