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O pai do garoto sem olhos


Corremos o mais rápido que foi possível, tanto que fui obrigado a deixar para trás o bornal com os mantimentos, afinal o quê importava naquele momento era sobreviver, o resto, veríamos depois. A criança era rápida e seria questão de tempo até nos alcançar, eu olhava a todo tempo para trás, a fim de checar a distância, e sempre que encarava aqueles olhos estremecia as pernas, e quase diminuía o ritmo da caminhada. Contudo devo dizer que a falta de olhos era o que me amedrontava, afinal aquele vazio que chorava lágrimas mais negras que tom de minha pele, era de fato algo medonho.

Natasha era mais rápida que eu, e para piorar, minha perna ferida me deixava mais lento. Sentia a dor aumentar a cada passo, meu coração acelerado doía como se eu estivesse sendo alvejado por flechas de dentro para fora. Aos poucos fui perdendo o folego, minha visão foi ficando cada vez mais turva, e senti grande dificuldade em manter os olhos abertos, por fim me veio o inevitável, desfaleci e fui de rosto ao chão.

— Arthur! — pude ouvir os gritos de Natasha.

Supus que ela faria o quê disse na cabana, cuidar da própria sobrevivência, entretanto, fui surpreendido. A quela mulher voltou, mas devo deixar claro que eu não a vi voltar, lembro-me vagamente de ser virado de bruços pelo garoto sem olhos. Ainda estava meio zonzo, porém, recordo-me bem daqueles buracos vazios me encarando, sei que é estranho, na verdade é algo impossível de descrever, a sensação de ser observado por um ser que nem olhos tinha.

— Você se virou muito bem por aqui todos estes anos, não esperava menos de um homem selvagem, egoísta e inescrupuloso como você! — disse o garoto entre gritos e gargalhadas.

E foi naquele momento que Natasha voltou para me socorrer, como disse, não a vi voltar, mas vi quando o garoto sem olhos foi atingido por uma paulada. Após isso, ela me ajudou a levantar, e colocando me braços sobre o próprio ombro, levou-me dali.

Ainda estava zonzo, caminhava apenas por extinto, mas aos poucos fui recobrando a consciência e ouvindo com mais nitidez os gritos da minha salvadora.

— Acorda caramba, estamos quase lá! — ela dizia — O filho da puta está vindo — referiu-se ao garoto, o qual chorava como quando o encontramos, a meu ver, mesmo sendo demoníaco, ainda era uma criança.

— Vocês não vão conseguir escapar, meu pai não descerá apenas pela fogueira — gritou o garoto —, ele vem pelo cheiro de humano queimado!

Naquele momento despertei por completo, não pela fala e gargalhada do garoto, mas pelo estrondo vindo do céu. O buraco se fez nas nuvens e as patas apareceram, logo o imenso monstro desceu por completo num voo calmo e lento.

— Como assim? — gritou o garoto.

Tive vontade de parar e explicar para ele o quê Natasha e eu tínhamos feito, mas me contive. Entretanto, caro leitor, direi a você e peço que não espere nenhuma engenhosidade, pois foi algo simples, diria que algo obvio. Quando Natasha e eu fomos ajeitar a fogueira, além de lenhas e folhas secas, colocamos também a carcaça dos dois guardas que matamos dias antes. Não sabíamos se funcionaria, afinal só sobraram ossos e pele seca, mas para nossa sorte aquilo foi o suficiente para modificar o cheiro da fumaça e atrair a criatura que nos libertaria daquele pesadelo.

— Deu certo, vamos sair daqui! — Natasha se alegrou.

O problema foi que estávamos um pouco distante da barreira – que já havia se desfeito – e sabia que o garoto ainda viria atrás nós, porém, me mantive esperançoso e continuei caminhando junto a Natasha.

— Sabem o quê eu acho engraçado? — a voz do garoto, aos poucos ficou mais grave — Senhorita Natasha, percebeu o quanto você mudou, acabou de salvar um humano desprezível que não merecia metade de sua piedade.

Ela nada disse, se manteve focada na saída, estava feliz por estar tão perto de sair daquele lugar.

— Ele te contou a história da enteada e da esposa?

Naquele momento arregalei os olhos, temi ao notar que ele sabia sobre mim, e mais, temi por não ter contado toda a verdade a Natasha, e julguei que aquele momento não era o ideal para que aquele ser medonho regurgitasse minhas falhas do passado, temi que Natasha pudesse me deixar para trás.

— Aposto que ele contou alguma coisa na noite em que se deitaram — o ser gargalhou, olhei para trás e não havia mais criança, e sim um ser um pouco maior que eu, provido de um par de asas, e pele escamosa, contudo o olhar vazia chorando lágrimas negras ainda era o mesmo.

— Não olha pra ele, continua andando — orientou-me Natasha.

— Já te adianto senhorita Natasha que ele deve ter lhe contado algumas mentiras, ou meias verdades — a criatura continuou —, duvido que ele tenha contado que matou a própria esposa para ficar com a filha dela, garota a qual ele seduziu desde quando era uma jovenzinha, o quê de onde vocês vieram é algo abominável.

Natasha parecia não se importar muito para o que ele dizia no início, mas aos poucos pude notar certa diferença na respiração e nos passos, novamente temi ser deixado para trás, a poucos metros da ribanceira que nos levaria colina abaixo, rumo a liberdade.

— A propósito caro Arthur, devo dizer que naquele dia trouxe vocês dois para cá, entretanto, a doce Valentina foi deixada no vilarejo após termos identificado que a garota era uma vítima na história.

Ouvir aquilo me feriu, mas acho que feriu ainda mais a doce Natasha que cessou o caminhar.

— Infelizmente, depois de tudo que ela viu e ouviu sobre este lugar e sobre minha espécie, não poderia levá-la de volta para a terra, afinal somos monitorados pelos governos do planeta de vocês, e levá-la de volta seria nosso fim — o ser explicou, caminhava lentamente e despreocupado atrás de nós. — Vejo que está mudando de ideia senhorita Natasha, pois bem, faço contigo um acordo, deixe esse patife e podes ir, após vê-la salvando um estrume como esse, percebo que não merece mais ficar neste lugar.

Natasha nem sequer olhou-me antes de me soltar, o quê era compreensível depois de tudo que o ser asqueroso disse sobre mim, e mais ainda, depois que fiquei em silêncio diante da pegunta dela.

— Ele está dizendo a verdade Arthur? Você seduziu uma garotinha, e matou a mãe dela para ficar com ela?

Com minha falta de respostas, Natasha me soltou, e pôs-se a caminhar sozinha. Naquele momento me vi perdido, uma sensação horrível me acometeu e um frio intenso me fez tremer, obviamente ali seria o meu fim, se eu não fosse exatamente um homem selvagem, egoísta e inescrupuloso que o ser disse que eu era.

Catei do chão uma pedra e acertei com força a cabeça de Natasha, ao chão, golpeei-a mais duas vezes na fronte, e corri com dificuldade para os limites de onde havia a barreira, lembro-me de ouvir gritos e gargalhadas mais intensas vinda do ser de olhos vazios.

— Oh pobre Natasha, por que não correu para a liberdade garota estupida?! – gritou o ser — Nos veremos outra vez Arthur, e eu devorarei você!

Ao sair dos limites da floresta, rolei barranco a baixo, naquele momento não entendi o porquê a criatura sem olhos não me perseguiu, contudo tive a resposta mais tarde. Recordo-me de ter feito como Natasha havia me instruído e me escondi nos arbustos próximo ao portal de entrada do tal vilarejo.

Confesso que chorei amargurado por ter feito o que fiz, em nenhum momento, desde que conheci aquele mulher, pensei em matá-la, e quanto a isso, estou sendo sincero e verdadeiro, mas presei pela minha segurança ali, como qualquer outro ser eu queria e quero viver, independente do ato covarde que me possibilite continuar vivo.

Demorou um pouco, mas o tal comerciante acompanhado de uma garota apontou na estrada, o velho guiava uma carroça, e a garota segurava um lampião. Eram semelhantes, mas nitidamente não eram humanos. Os olhos eram diferentes, a meu ver, semelhantes aos de alguns répteis, a pele avermelhada com manchas escuras também denunciava a diferença de espécie.

— Ei, socorro!

Coloquei-me a frente da carroça, e pedi por ajuda, na esperança de que falassem minha língua, e por sorte o velho falava um pouco, mas em tudo que eu falava, ele encarava a filha como se ela fosse uma intérprete. Ela nada dizia, somente gesticulava com a cabeça, cabeça essa totalmente coberta por algum tipo de lenço colorido, nos olhos trazia um óculos do tipo piloto de avião da Segunda Guerra Mundial.

Com dificuldades o velho me perguntou de onde eu era, e contei breve mente minha história, e para minha surpresa ele sorriu com os dentes pontiagudos e amarelados.

— Suba humano — disse ele, a voa do velho era estranha, um tanto rouca com um chiado como o sibilar das cobras —, quem mora na terra é humano certo?

Perguntou com dificuldades, na verdade toda a fala do velho reptil saia demorada e com falhas, mas conseguia entendê-lo. Respondi à pergunta e subi na parte de trás da carroça, enfim estava livre do inferno, e livre estou até hoje.

Naquela mesma noite o velho réptil me contou um pouco sobre aquele planeta. Falou sobre a existência de várias florestas como aquela de onde escapei, me disse que a fera gigantesca tem muitos filhos, e cada filho comanda uma floresta a fim de alimentar o pai. Houve um tempo em que criminosos e malfeitores do próprio planeta eram jogados na floresta para servirem de alimentos, mas após algumas mudanças e revoluções os grandes magos que se comunicavam com os filhos da fera os convenceram de buscar alimento outro lugar, e a terra foi escolhida, isso porque segundo o velho, no passado alguns humanos já vagaram por aquele planeta e as histórias dizem que não foram nada cordiais.

O velho disse ainda, que alguns humanos vivem neste planeta e que moram em vilas distantes da população local para evitar conflitos, e alguns desses humanos trabalham como guardas nas florestas malditas em troca de moeda local ou artefatos valiosos, depende sempre da patente.

Claro que com algum tempo de cidadania neste lugar, decidi conhecer as tais colônias de humanos e fui bem recebido. Fui até convidado para me juntar a eles, morar por ali e trabalhar em uma das grandes florestas capturando pessoas e colocando-as na fogueira para o Carniceiro Sem Olhos – era assim que eles chamavam o garoto sem olhos que quase impediu minha fuga.

Confesso que por um milésimo de segundo fiquei tentado com a ideia de voltar a floresta com autoridade, mas logo percebi que estaria sendo um tolo. Considerei então seguir minha vida no vilarejo onde fui acolhido, e onde mais tarde recebi a filha do velho reptil como noiva – agora, minha esposa que se ajeita no banheiro, para nossa enfim consumação.

Se você caro leitor, é residente deste planeta onde estou não tem perguntas para mim, mas se por um acaso esses escritos chegarem até a terra – o quê eu acho difícil – aí sim, meus conterrâneos terráqueos terão muitas perguntas, e de cara lhes adianto que, nós humanos, somos semelhantes a eles em anatomia – principalmente na anatomia íntima, digo isso, pois nesses um ano morando aqui, frequentei tudo quanto é tipo de lugar, de bares e restaurantes a prostíbulos, e me deleitei com as nativas, estava certo de que não teria problema algum com minha esposa.

E falando um pouco sobre ela, digo que nunca vi o rosto – essa noite será a primeira vez que verei. Valênia era o nome da filha do velho, teve apenas um namorado antes de mim, mas o pobrezinho faleceu dias antes do casamento, isso, disseram que ocorreu um ano antes de minha chegada. Valência era uma garota tímida no falar, geralmente sussurrava, contudo, era tão depravada quanto eu, lembro-me de minha primeira investida deslizando minha mão por debaixo do vestido bege. Primeiro houve a repreensão comum, mas logo ela cedeu e permitiu-me tocá-la, ah, como estou ansioso para ver, cheirar e beijar a flor desta ninfeta, que se estivéssemos na terra – no Brasil – ela teria uns 16 anos, que bom que não estou no Brasil, estou livre de tal legislação.

Entretanto, preciso ressaltar que a ideia do casamento foi do próprio pai da garota, dizendo que ela estava triste por estar envelhecendo, e disse-me que me casar com uma nativa me ajudaria a melhorar minha posição naquela sociedade, o quê de fato ocorreu.

Trabalhei como comerciante e aprendi muito sobre este lugar, a cultura, os costumes e leis, e neste momento estou feliz por estar vivo, por ter passado pelos terrores que passei, entre trancos e barrancos, tomando difíceis decisões cá estou eu no meu quarto, esperando minha esposa sair do banheiro para enfim poder ver a face de minha companheira e consumar de vez nossa união, isso porque há um bando de desocupados lá fora esperando esse momento, é como se este lugar vivesse na mesma selvageria e estupidez da Europa medieval.

Por esse motivo, encerrei por aqui este relato, estou ouvindo Valência destrancar a porta, parece que enfim chegou a hora da minha diversão, àqueles que leram isso, fico grato pelo seu tempo e peço que tenha a mente aberta, posso parecer um vilão sem coração por ter deixado Natasha para trás, ou talvez um predador sexual por ter me relacionado com minha enteada, contudo, digo que sou apenas um cara, como a maioria dos caras que você conhece e convive, a diferença que por meio dessa carta, desse desabafo, você sabe sobre mim, enquanto seu irmão, cunhado, concunhado, tio, amigo e por aí vai, finge ser um santo, puro e imaculado. Por isso volto a dizer, não me julgue, faça isso aos que estão em sua volta, verás que estás cercado de vilões camuflados.

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