#07- Eu Estou Aqui
Desde o dia que Elizabeth começou a ver Leonardo, o garoto sempre faz visitas para não chamar tanta atenção na rua. Sempre que a garota não tinha o que fazer subia para o quarto esperando que Leonardo estivesse à espera dela.
_ Até agora não acredito que você não é uma ilusão, é surpreendente isso. _ diz a garota sorrindo.
_ Eu te entendo, no seu lugar nem sei se conseguiria acreditar.
_ Sabe Leo, quando me protegeu daquela bala no shopping eu sabia que era você, mas o Willy disse que não era mais para tocar no assunto, que eu parecia uma lunática inventando coisas.
_ Eu nem posso falar nada, como eu te disse não sei se eu acreditaria.
_ Será que ele pensa que eu só quero atenção?
_ Você? A garota mais popular da escola?
_ Não é para tanto.
Os dois se olham e Elizabeth parecia estar um pouco curiosa, como se quisesse perguntar algo e não soubesse como. Leonardo prossegue a conversa:
_ Sabe, eu já visitei o Willy algumas vezes. Eu posso dizer que ele não caiu à ficha totalmente. Logicamente quer esquecer tudo, mas vive olhando fotos nossas, textos, várias coisas, principalmente da nossa infância.
Elizabeth mudou o rosto e parecia estar triste com o que acabava de ouvir. Willy estava fingindo todo o tempo que estava bem, mas provavelmente estava igual ou pior que a garota.
_ Você estava no seu velório, certo?
_ Sim!
_ Como foi Leo? Se ver no caixão, ver todos chorando ao redor, todas as pessoas indo e vindo para te ver uma última vez.
_ Doloroso, uma sensação simplesmente horrível. Para ser sincero não consegui ficar lá por muito tempo.
_ Desculpa. _ diz Elizabeth sentando ao lado do garoto.
_ Está tudo bem.
_ Talvez o Willy só esteja com um pouco de raiva de mim pelo seu sacrifício.
_ E se precisasse do meu sacrifício mil vezes, com certeza me sacrificaria.
Elizabeth fica surpresa, mas não conseguiu tirar o sorriso que estava estampado em seu rosto, Leonardo começa a corar e muda de assunto rapidamente.
_ É... eu... é que eu creio que é melhor eu ir embora.
_ Mas já?
_ Você tem aula amanhã, tem que descansar e eu te importunei o fim de semana inteiro.
_ Eu não me importo, é bom conversar com você.
_ Digo o mesmo, você faz minha morte ser mais agradável.
Leonardo vai embora deixando Elizabeth um pouco confusa com suas últimas palavras, mas ainda com um sorriso no rosto. No dia seguinte Elizabeth se encontra com Margarida na entrada da escola.
_ Ficou o fim de semana todo sumida, o que estava aprontando, parece ter aproveitado bem.
_ Eu estava em casa, foi muito bom sim se quer saber.
_ Não me fala que ainda está ficando em casa pelo que aconteceu com o Leo? Deveria sair com a gente.
_ Não Margarida, até por que sei que ele está bem.
Elizabeth dá um sorriso e vai andando pelo corredor, Margarida faz uma cara confusa, mas segue a amiga.
_ Eliza, quando disse que sabe que ele está bem você quis dizer que...
_ Passei o fim de semana inteiro com ele. Foi uma ótima experiência.
_ Você foi a um centro espírita? Não acredito nisso! Você está ficando louca Eliza?
_ Você está me escutando? Eu disse que não sai de casa Margarida.
_ Sei que é difícil para você Eliza, mas deve estar sentindo culpa pelo que aconteceu. O Leo está morto, no máximo que você teve foi um sonho.
_ Não foi um sonho Margarida! Ele estava comigo.
_ Perdão Eliza, mas creio que seja melhor procurar um profissional, você não parece estar bem.
_ Ainda persiste nesse assunto? _ diz Willy passando pelas duas. _ Assim só vai parecer uma lunática paranoica, cai a ficha garota.
_ Desculpa, mas vou ter que concordar com o Willy agora Eliza. Você está me deixando preocupada.
_ Por que ninguém acredita em mim? Eu estava com ele, com certeza era ele.
Elizabeth começa a lacrimejar, mas Willy vai até a garota e a encara de perto. Várias pessoas começam a olhar para o trio formando um círculo em volta dos três.
_ Por que não me mostra ele, ele virá a aula hoje com certeza, mas, eu não entendo, por que ele faltou tanto esse tempo, pode me explicar? _ diz Willy com rosto muito bravo.
_ Willy, é melhor nos acalmarmos.
_ Eu estou calmo Margarida. Só quero entender o porquê meu melhor amigo não está vindo na escola, ou nem conversa comigo.
_ Ele não está vivo, mas também não está morto. _ diz Elizabeth tremula.
_ E como isso pode acontecer? Ele virou um fantasma ou algum tipo de zumbi? Ou algum ghoul daqueles anime que vocês tanto gostam? Já sei, você juntou as esferas do dragão.
Mesmo com a piada de Willy ninguém se atrevia a rir, todos olhavam fixamente para os três como se fosse a final de alguma competição.
_ Eu não sei Willy. _ diz Elizabeth desviando o olhar.
Willy chega ainda mais perto da garota encarando-a com firmeza.
_ Ele sempre foi meu melhor amigo, sempre estávamos juntos, então por que ele não aparece para mim? Por que justo eu não posso ver ele?
_ Talvez por que você não acredita. _ diz a garota olhando para o chão.
_ Está brincando comigo? É claro que não acredito, eu vi ele no caixão, eu vi ele sendo enterrado, eu consegui cair a ficha.
_ ENTÃO POR QUE FICA OLHANDO AS FOTOS DELE TODOS OS DIAS!
_ O que! Como sabe disso? _ pergunta o garoto confuso.
Elizabeth sai correndo tremula. Willy fica paralisado com as palavras da garota, quando tenta segui-la Júlio o segura fazendo sinal negativo com a cabeça. Todos que observavam a discussão começam a sair pelos corredores cochichando pelos cantos sobre o ocorrido.
_ Espero que esteja satisfeito. _ diz Margarida indo atrás da amiga.
Elizabeth chega atrasada para aula e durante todas as aulas um grande silêncio fica destacado na classe. No fim da aula Elizabeth é a primeira a sair, enquanto Willy não tem pressa nenhuma sendo o último a sair da sala ainda pensando na conversa no pátio da escola.
Leonardo andava com seus amigos quando vê Willy andando a distância. Willy ainda estava pensativo sobre tudo que aconteceu naquela manhã, continuava andando sem prestar atenção ao seu redor.
_ Do que ela sabe? Como ela pode saber sobre o que eu faço? Será que o Leo está aqui? Não! Essa garota está delirando, ela viu ele no caixão e eu também estava lá, então por que ela não consegue acreditar?
Willy continua andando preso nos pensamentos e um carro vem em alta velocidade em direção ao garoto. Leonardo vê o carro e começa a correr em direção ao garoto.
_ Willy olha para trás, olha esse carro! _ grita Leonardo em vão.
Willy continua andando, mas escuta o barulho do carro vindo em sua direção. Ao virar o garoto fica paralisado com grande sentimento de morte. Willy se encolhe e fecha os olhos para não ver o impacto, mas antes do carro chegar a Willy, Leonardo se põe entre os dois usando força para tentar parar o veículo.
Willy abre os olhos e consegue ver a imagem do amigo segurando o carro. Leo consegue desviar um pouco para que o carro não acerte Willy. O garoto fica em choque e acaba desmaiando vendo a imagem do amigo que já estava morto.
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