Aaron encarava meu corpo e sabia que meu desejo era correspondido. Cada movimento do seu corpo parecia ser em câmera lenta, seus passos firmes até mim deixavam-me extasiada, o cheiro que seu corpo exalava era convidativo, cada centímetro dele era maravilhoso e extremamente atrativo.
- Shaiya, não tente esconder o que sente por mim. - Ele sussurrou próximo ao meu ouvido, senti meu corpo inteiro arrepiar-se.
Suas mãos seguraram meu corpo fortemente pela cintura e agora estávamos olhando nos olhos um do outro, novamente sua imensidão azul encarava-me e fazia o chão sob meus pés desaparecer, meus lábios clamavam pelo seu beijo e meu corpo clamava pelo seu toque. Quando senti que não suportaria mais olha-lo, Aaron envolveu meu corpo com seus braços e seus lábios encontraram os meus, uma de suas mãos foi até meu cabelo e acariciou-o, nossos lábios se completavam e explodiam em uma mistura de paixão e desejo. Nunca havia sentido algo tão forte.
Senti meu corpo cair sobre o colchão e Aaron estava sobre mim, seus lábios exploravam o meu pescoço e arrepios contínuos espalhavam-se pelo meu corpo, sabia o que estava por vir. Parte de minha mente desejava aquilo, porém outra parte sabia o quanto era errado. Enquanto tentava decidir entre o desejo e a razão, Aaron acariciava meu corpo e contemplava-me, olhei em seus olhos azuis esverdeados que me encaravam com profundidade.
- Estou apaixonado por você. - Sua voz ecoa em minha mente, não havia como negar meu sentimentos por Aaron. Eu sentia algo tão forte e intenso, mas não sabia como nomear.
- Eu também estou completamente apaixonada por você! - Admiti em voz alta, a sensação de liberdade era enorme e naquele momento o desejei mais do que antes. - Não me importo se vamos morrer amanhã, ou na próxima semana, a única coisa que me importa é que eu estou com você aqui e agora, e isso é tudo que eu mais quero. - O sorriso invadiu o rosto de Aaron, um dos sorrisos mais lindos que já havia visto na vida.
Puxei-o para mais perto de mim até que não havia nenhum centímetro entre nós, inspirava seu cheiro e deleitava-me daquela sensação. Nossos lábios se encontraram e em um movimento rápido Aaron colocou-me sobre ele, suas mãos seguravam minha cintura e desciam lentamente até as minhas pernas, seus dedos quentes entraram em contato com minha pele e levantaram alguns centímetros do meu vestido, seus dedos acariciavam todo lugar em que tocavam e meu corpo já não estava sob meu controle. Seus beijos em meu rosto eram gentis, e quando senti seus lábios entrarem em contato com a pele exposta do meu tronco meu corpo arrepiou-se como nunca, um suspiro alto escapou dos meus lábios e minhas mãos agarraram seus ombros. As mãos de Aaron seguraram minhas pernas, fazendo com que elas ficassem ao lado do seu corpo, ele afastou-se por alguns instantes e tirou sua camisa de mangas, minhas mãos tocaram seu tronco nu e senti todo o calor do seu corpo, meu rosto enrubesceu e a mão de Aaron acariciou-o.
- Tão linda. - Ele sussurrou. - E minha.
Aaron beijou-me mais uma vez e dessa vez puxou-me de modo que eu ficasse na altura dele, suas mãos foram ágeis e levantaram ainda mais o meu vestido, o seu toque era suave apesar de suas mãos serem calejadas.
Meu coração batia forte a cada movimento dele e todos os meus sentidos estavam sensíveis, tinha receio de toca-lo, porém ansiava por aquilo, a vergonha era uma grande barreira para ser rompida. Seus gestos delicados conquistavam-me cada vez mais, e após longos minutos de grande tentação, entreguei-me a ele, o prazer extinguia toda razão e a palavra pecado nem mesmo surgia em minha mente.
Nossos corpos eram peças feitas uma para a outra, nenhuma sensação comparava-se a sensação de tê-lo para mim. Aquela era a certeza de que pertencíamos um ao outro, apesar das diferenças, apesar das dificuldades. Conseguimos encontrar algo valioso em meio ao caos, encontramos um ao outro e nada poderia acabar com o que denominávamos "nós".
•••

Acordei mais tarde do que o normal, olhei o relógio no criado mudo e os ponteiros marcavam 9:37, Aaron não estava ao meu lado. Meu corpo estava levemente dolorido, mas nada comparável as dores que já havia sentido.
Levantei-me e caminhei pelo corredor, a porta à direita estava aberta, com receio abri a porta e Aaron estava escovando os dentes e sorriu ao me olhar, não contive meu sorriso ao ver seu rosto sujo com creme dental.
- Bom dia. - Beijei sua bochecha. Aaron lavou o rosto e secou-o em seguida.
- Bom dia, meu amor. - Ele retribuiu meu beijo, porém em meus lábios. - Não demore demais, estarei esperando. - Assenti com um movimento de cabeça, um sorriso insistiu em permanecer em meu rosto enquanto escovava os dentes e lavava meu rosto.
Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa diferente, a sensação era revigorante. Desci as escadas e encontrei Aaron vasculhando os armários da cozinha.
- Parece que vou ter que ir ao mercado. - Aaron disse ao ver-me. - Não queria deixa-la sozinha, porém precisamos comer.
- Sabe que eu sei me virar sozinha. - Disse em tom risonho. Mas estava falando sério.
- Sei muito bem disso, mas prefiro não pôr a prova. - Aaron encarou-me profundamente, como sempre fazia, aquele olhar parecia escavar minha alma. Cada segundo que passava ao lado de Aaron sentia-me mais à vontade e feliz, uma felicidade que jamais imaginara sentir depois de tudo o que acontecera. Deixei de lado meus pensamentos e concentrei-me no rosto belo do homem a minha frente, nunca havia realmente refletido sobre o quanto Aaron era bonito. Seu rosto tinha um aspecto másculo, porém era singelo, seus lábios eram minha única perdição, tão delineados e chamativos. E o que mais amava em seu rosto eram seus olhos, sempre analíticos e profundos. Uma imensidão de águas cristalinas.
- Já lhe disse que se perde rapidamente em seus pensamentos? - Aaron despertou-me do meu pequeno transe. - Mas fica linda quando olha-me desta maneira. - Disse com um pequeno sorriso em seus lábios.
- Que maneira? - Tentei disfarçar minha face avermelhada. Mordi o lábio inferior.
- Como se eu fosse uma pintura e não uma pessoa. - Senti meu rosto em chamas e Aaron sorria sem parar.
- Acho que está na hora de você ir. ─ Disse em tom de brincadeira, Aaron gargalhou e deu-me um beijo na testa. Cada gesto e momento ali era magnifico.

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Quando Aaron já estava fora de casa, decidi que era a hora de entrar em ação, fui até o nosso compartimento secreto e levei comigo vassouras, esfregões, baldes com água e sabão. Varri todo o local e esfreguei cada milímetro, no final o suor escorria pela minha testa e os músculos dos meus braços estavam doloridos, mas aquele lugar estava limpíssimo e era o que importava. Quando dei-me por satisfeita subi as escadas e fechei a passagem para o porão secreto, alguns minutos depois Aaron entrou pela porta da frente segurando várias sacolas, rapidamente fui ajuda-lo e colocamos tudo sobre a mesa, a hora do café da manhã já havia passado, então após guardarmos os alimentos separei o necessário para fazer um almoço para nós dois.
Enquanto cortava legumes e temperos senti os braços de Aaron ao redor da minha cintura e seus lábios em meu pescoço.
─ Você não imagina o quanto estou feliz por estar aqui com você. ─ Ele sussurrou em meu ouvido, senti os pelos da minha nuca se eriçarem.
─ Você não imagina o quanto eu estou feliz por estar viva, e por estar com você. Você me dá esperanças! ─ Disse com os meus olhos já úmidos, não queria chorar, mas estava tão grata por estar viva. Meu desejo mais profundo era que minha família também estivesse comigo, mas talvez não teríamos conseguido fugir, algo poderia ter dado errado durante o caminho. Como sempre dizem "Deus escreve certo por meio de linhas tortas.". Estava viva, estava segura, e Aaron estava comigo.