Capitulo 6 - AUSTIN pt.2
Paramos em um bar a alguns quilômetros do vilarejo, não comemos nada desde manhã, e essa confusão toda deixou todos nós com fome. O lugar está cheio, a maioria são trabalhadores bêbados que riem e falam alto. Ao entrarmos o lugar se silencia, todos os olhares estão em nós, os homens começam a sussurrar entre eles. Estamos sujos de sangue seco, as roupas de Charlott estão furadas por causa dos tiros, mas o que chama mais atenção é o fato de chegarmos de carro ao bar. Ninguém tinha carros além dos que trabalham para o rei.
Enquanto a mulher trás os pães e os sucos que pedimos, um barulho mais parecido com um ruído sai de dentro da bolsa do Carlo. "Comandante, na escuta?, um grupo de garotos, com algum tipo de habilidades acabaram de atacar os soldados, roubaram um de nossos carros e destruíram os outros. Coloquem todos os homens atrás deles". Só pode ser o aparelho que roubei do soldado enquanto ele pedia reforços. Todos os olhares agora perplexos, recaem novamente sobre nós. Procurando quem estava falando daquela forma.
- Bruxaria. Peguem eles - Grita um dos homens ao se levantar de sua mesa segurando uma caneca de cerveja em uma das mãos, e outra mão saca um punhal.
Outros homens fazem o mesmo. Eles se levantam mas hesitam em vir nos atacar. Permanecemos sentados terminado a tão esperada refeição.
- Vão seus ratos, peguem eles - Pela forma que o homem bêbado fala, deve ser o líder do bando.
Os homens se olham esperando quem dará o primeiro passo. O que está sentado na mesa ao nosso lado saca uma faca e tenta nos pegar de surpresa. Charlott se levanta e rapidamente segura o braço dele e o desarma, fazendo sua arma ir ao chão, ele tenta se abaixar rapidamente, mas Charlott é mais rápida e apanha a faca com uma mão, enquanto a outra mão está batendo a cabeça do homem na mesa. Ele cai inconsciente, Charlott pega a faca e arremessa, certeira na caneca de cerveja do líder do bando.
- Mais alguém com problemas conosco?, não. Porque posso fazer isso o dia todo.
Os homens lentamente se sentam em seus lugares se olhando de forma vergonhosa.
- Vamos embora - Charlott fala enquanto pega os pães que sobraram e enfia nos bolsos.
Saímos do bar e entramos no carro, não trocando uma palavra, mas todos estavam com um largo sorriso no rosto.
O caminho até o encontro das quatros linhas leva aproximadamente dois dias, isso se não nos perdemos. Olhamos diversas vezes para o mapa, traçando uma rotas e discutindo alternativas.
Decidimos seguir pelo deserto, longe das cidades, para evitarmos problemas. O dia já está acabando, dando lugar a escuridão da noite. Ao nosso redor as paisagens se resumem em estrada e areia. A escuridão que se aproxima indica que a noite está chegando. Luna e Charlott estão nos bancos de trás, quase dormindo.
- Cara, então quer dizer que esse papo de que vamos invadir o castelo do rei é real?achei que estava brincando com minha cara. Aliás o que são vocês? Alguém me explica o que está acontecendo?!- Carlo finalmente quebra o silêncio.
Ninguém o responde a princípio.
- Você cresceu no mesmo vilarejo que nós, conhece as histórias, sobre Bruxas, sobre submundanos, Caçadores de bruxas. Pois bem, são tudo verdade. Sou uma bruxa, uma das poucas que ainda andam por aí. - Luna responde.
- Então existem mais de vocês por aí? - Pergunta Carlo.
- Provavelmente. A muitas décadas atrás após o reis da época oferecer poder e riqueza aos caçadores, o seu feiticeiro criou um feitiço que os deixavam totalmente submissos a servirem ao rei, os tornando o que conhecemos hoje como "Caçadores de bruxas". Mas a 19 anos atrás esse feitiço foi quebrado e alguns deles se apaixonaram por mulheres comuns e foram viver suas vidas, isso antes de serem caçados e mortos. E como fruto dessas relações nasceram os chamados mestiços. - Luna responde, empolgada em contar a história que ouvia a vida toda.
- Eles foram caçados por quem? E por que? - Carlo parece ter um milhão de perguntas.
- Nem todos os Cavaleiros estão mortos, mesmo após a quebra do feitiço, o atual rei ofereceu toda a riqueza que pudessem ter, e em troca pediu a cabeça dos caçadores que não se curvaram, e também que trouxessem todas as bruxas com vida para serem prisioneira. - Luna responde.
- Porque eles querem as bruxas presas e não mortas, queimadas, como em todos os outros lugares? - Pergunta Carlo
- Para roubar suas magias e impedi-las de invocarem o banimento durante a invasão dos submundanos ao nosso mundo..... Daqui a algum dias pelas minhas contas.- Luna responde.
- Tá, acho que entendi. Tô confuso cara, são tantas perguntas, nem sei por onde começar.
- Comece prestando atenção no que está fazendo e se preocupe em ficar fora de confusão. Se as coisas saírem do controle, só corra, ok? - Falo para Carlo em tom de alerta.
Não queria ter envolvido Carlo nessa aventura suicida. Meu único amigo, o garoto mais inteligente da escola. Talvez tenhamos nos tornado amigos em alguma das vezes que livre sua cara de levar umas pancadas.
Focos de luzes iluminam o horizonte, antes tomado pela escuridão da noite. Estamos chegando a uma cidade, talvez a primeira cidade depois do extremo sul. Carlo e as garotas estão deslumbrados, parece que estamos em outro mundo, as luzes, os carros, as casas modernas, as roupas. Tudo muito diferente de San Marye, se é alguém conhece esse lugar.
Deixamos o carro a alguns metros da entrada da cidade, e tentamos nos misturar sem chamar a atenção. Uma placa com o nome " Maltrez" indica o nome da cidade em que estamos. As ruas estão bem movimentadas a pesar de tarde da noite, as lojas recebem clientes a todo momento. Uma das loja me chama a atenção, armas para todos os lados, de todos os tipo. "Saia daqui garoto, aqui não tem nada que seja de seu interesse, saia saia"., sou jogado para fora da loja pelo que parece ser o dono. Não reajo, não quero chamar a atenção apenas me levanto do chão e tiro o pó do meu uniforme.
Do lado de fora Carlo e Charlott estão parados em um vitrine, vendo imagens que vem e vão de dentro de uma caixa, um televisor como estava escrito no anúncio. Luna está um pouco mais atrás, perto de uma tenda de tecidos surrado. A tenda pertence a um homem velho e barbudo, aparentemente vendedor de poções e remédios naturais. O homem segura o braço de Luna de forma grosseira. Seu olho está fixo no rosto dela, parece espantado. "Uma bruxa, ela é uma bruxa, peguem ela, tragam minha recompensa, tragam meu dinheiro, peguei uma bruxa". Luna se assusta e balança o braço tentando se desvencilhar, mas em vão, o homem é mais forte do que aparenta ser.
Rapidamente a multidão se fecha em torno dos dois. Soldados com uniformes muito familiares estão vindo de todos os lados. E seguram Luna pelo braço. Charlott olha para mim e faz sinais indicando que não sabe o que fazer. "Ela não pode mentir, fomos pregos".
- Solte minha irmã seu velho louco, bruxa deveria ser sua mãe - disse Charlott empurrando o homem para longe. Os soldados retribuem o empurrão e jogam Charlott no chão.
- Segurem ela. conheço esse sotaque. você fede aos estranhos das cidades do Sul. E vocês são crianças? O que fazem aqui? - Um dos soldados pergunta. Ele está montado em um cavalo branco e seu uniforme é um tanto nobre comparado aos dos demais soldados, ele aponta uma escopeta na direção da cabeça de Luna.
- Não gostamos de carniças do Sul, só trazem azar e pragas por onde passam. - diz o soldado.
Um outro abre espaço pela multidão, está segurando Carlo e o empurra para perto das garotas.
- Eu o vi chegar junto a essas imundas. - diz o soldado.
A multidão se agita, se empurrão, algumas pessoas arremessam frutas e pedras em nossa direção. "Ladrões, queimem esses imundos" vociferam. Pelo visto não somos bem vindos por aqui. Precisamos fugir.
Meu olhar se encontra com o de Luna e faço um sinal, indicando que precisamos agir. Ela olha fixamente para para o cavalo em que está o soldado e sussurra algo que mal consigo acompanhar. O cavalo sai em disparada para o meio da multidão que abre caminho. Charlott se solta do primeiro soldado e derruba outros dois que estão mais próximos. Carlo é o primeiro a correr, Luna e Charlott estão logo atrás. Corremos para a entrada da cidade e entramos no carro. Procuro minha bolsa. A primeira coisa que vejo é meu taco de basebol, mas o deixo de lado e pego meu rifle.
Carlo dirige para o deserto. Estamos um pouco ocupados para seguir o mapa no momento. Me desloco para janela com o rifle na mão tentando efetuar alguns disparos, não vejo soldados, não estamos sendo perseguidos, pelo menos não pelos soldados de sempre. Três homens de uniformes pretos e máscaras prateada com apenas com o broche de ouro preso na altura do peito. Eles correm em nossa direção em uma velocidade humanamente impossível. Um deles desaparece e surge bem a nossa frente.
Carlo vira o carro o mais rápido que consegue fazendo o perder o controle. O carro fica atolado na areia, não tem para onde correr. Os dois homens se aproximam cada vez mais rápido, um deles já está lá passando as unhas pela lateral do carro fazendo um barulho perturbador.
Saímos pelo lado oposto do homem de preto, já estão todos aqui, de frente para nós. Com os olhos negros e a pele branca.
- Sinto o cheiro podre de bruxa a quilômetros de distância. - diz o homem com a voz grave e rouca. Ele analisa nosso uniforme surrado e remendado no peito, onde deveria estar o símbolo dos Caçadores e volta o olhar para meu rosto. Um sorriso assustador, como se aquele sujeito fosse vazio por dentro, tivesse perdido sua alma.
- Nós entregue a garota e deixaremos vocês irem- Ele continua a falar.
- Não pretendo lhe entregar ninguém, mas pode vir tentar pegar, caso queira. - responde Charlott.
Uma dessas criaturas estranhas aponta um rifle para a cabeça da Charlott e dispara, em seguida ele abre um sorriso e se vira para nós.
- Mas alguém aqui acha que estou brincando?! - A criatura continua.
Permanecemos todos em silêncio. Olho para o lado onde está a mochila com meu taco.
- Faça isso de novo e eu quebro sua cara. - Charlott fala enquanto se levanta lentamente tirando a bala do ferimento da cabeça.
O homem aponta novamente a arma para ela, e antes que pudesse disparar o proximo tiro Luna movimenta o braço, desenhando um arco no ar. A areia do deserto acompanha seus movimentos, como se formasse uma navalha de areia, e ela arranca o braço do atirador.
Fecho os olhos "Booh pega eles". Apanho meu taco. Acerto a cabeça do homem agora sem um braço, fazendo apenas recuar alguns passos para trás. Os outros dois homens também atacam. Um deles lança fogo pelas mãos, mas Luna levanta a areia formando um escudo. Mal espero a poeira abaixar avanço em direção a eles, Charlott vem logo atrás.
Tento acerta o mais próximo a mim de surpresa, mas ele desvia, segura meu braço e me arremessa pra cima de Charlott que também cai sobre a areia. Meu taco rola para perto do carro, Carlo aproveitando a distração da batalha se rasteja pela areia até lá e se esconde dentro do carro.
Enquanto nos levantamos do chão outra bola de fogo é lançada em nossa direção, Luna tenta novamente erguer o escudo de areia, mas é rompido e por pouco não nos atinge então ela coloca a mão sobre a areia e a transforma em movediça engolindo o lança chamas bem de vagar, cessando a chuva de bolas de fogo. O outro soldado com habilidade de teletransporte surge bem em minha frente e me segura pelo pescoço, sua outra mão segura um punhal, e ataca em direção ao meu peito, mas é bloqueado pela sua sombra, antes exposta na areia do deserto, e agora ganha vida e segura seu braço. Ele tenta se soltar, mas é tarde de mais. Sua sombra já o dominou, penetrando seu interior através das narinas entrando em sua boca, parasitando e o destrói de dentro para fora. Um a menos.
Olho para o lado, o homem sem um braço faz disparos em direção de Luna e Charlott, elas desviam, Luna deixa de se concentrar na areia, e o soldado lança chamas está livre. Os dois homens avançam em direção elas.
Uma bola de fogo é lançada. Luna está com uma aparência exausta, tenta erguer novamente o escudo de areia, mas é tarde de mais o fogo avança rápido. Charlott corre e se opõe entre o fogo e Luna, ela fecha os olhos esperando receber o impacto, mas ele não vem. Luna está com a mão estendida e atrai o fogo até ela, e então o fogo é absorvido pelas suas mãos, e some. Ela se levanta. Este mão e começa a manipular a própria bola de fogo, e entao arremessa. O homem sem braço é engolido pelo fogo, e desaparece. O lança chamas é jogado para perto do nosso carro, mas se levanta rápido e estende suas mãos esperando para contra atacar.
Luna está desacordada, foi vencida pela exaustão, Charlott se põe como escudo entre nós e o fogo. Antes que as chamas saíssem das mãos do soldado ele cai, de joelhos, suas mãos se apagaram, e então ele deita sobre a areia. Carlo está atrás dele segurando o taco manchado de sangue. Ele o derrubou.
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