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Nove

Oi amores, depois de MUIIITO tempo, tive inspiração para esse cap e ele está tão soft :(

Verifiquem o Link externo para referência da aparência Yoongi a partir de agora (é uma montagem, mas eu não consigo parar de olhar)

_____

1.

Beijar um garoto, sendo ele seu melhor amigo de infância, traz consequência vergonhosas para o ego de um adolescente.

Não queria ter que colocar dessa forma, mas é o seguinte: eu não nasci para me apaixonar. Suspirar e querer ter a mão de alguém na minha e essas merdas estúpidas; isso é irritante. Fere minha masculinidade, ainda que eu claramente seja gay e esteja cem por cento bem com isso, ainda sou um garoto. De dezessete anos de idade. Tem alguma noção do peso disso para a coletividade púbere? E não posso jogar fora anos e anos de uma personalidade crua cuidadosamente construída só porque Park Jimin me faz ter vontade de ronronar quando me olha.

E é por isso que, na manhã de segunda-feira, pego o barbeador velho no banheiro e raspo as laterais da cabeça. Os tufos loiro platinados sujam a pia enquanto escuto as reclamações de harabeoji vindo da cozinha, porque raspar os cabelos é um ato de revolta juvenil que ele não pode compreender ou aceitar. É coisa de drogados, satanistas ou seguidores de Ozzy Osbourne, e já não basta as suas roupas rasgadas e esses piercings na orelha.

Harabeoji não sabe como falar piercing em coreano, nem em português, então ele vem até o banheiro e cutuca minha costela com a bengala, apontando um dedo enrugado para minha orelha antes e dar um peteleco nela. Eu me encolho, tentando não rir, porque de repente a harabeoji com raiva não me incomoda mais. Ele é pequeno e frágil e sua carranca macia se franze toda quando ele briga em coreano, mas algo nele me lembra um ursinho de pelúcia amassado.

Além disso, o puxão de orelha serve para me lembrar de checar suas meias e vejo que, hoje, elas estão combinando, azul com azul.

"Aigoo", reclamo, afastando sua mão com um abano, voz mais grave do que pretendo porque acabei de acordar, e é assim que termino de limar as últimas mechas laterais do lado esquerdo da cabeça, limpo tudo e me visto para a escola.

São Paulo é alcalina às sete horas da manhã. Céu opaco e pessoas ranhentas vagando pelas estações de metrô. Eu escolho andar mais um pouco e entrar na estação seguinte à de costume; tem uma cafeteria lá embaixo, parece uma boa ideia sentir cheiro de café recém passado.

Na escola, pego o lugar perto da janela, mais no final da fileira, jogo a mochila em cima da mesa e largo o traseiro no assento. Jimin ainda não chegou; ninguém chegou. Ouço o silêncio modorrento de uma segunda-feira, olhos ardendo de sono e cansaço.

Puxo os fones de ouvido e vasculho minhas playlists, demorando um pouco mais ao decidir se devo ou não ouvir a que compartilho com Jimin. Ela é boa, mas me faz pensar nele demais e entrar em estado de alfa. Ontem a noite, juro por Deus que passei mais de uma hora escutando nossa playlist, olhos fechados e mão no peito, o coração acelerando a ponto de me assustar, e admito que incluí algumas coisas que não podem ser diretamente classificadas como rock, a não ser que possamos abrir essa exceção para Tori Kelly.

Ultimamente, meu corpo tem tido reações bizarras a certas lembranças, formigamentos no baixo ventre, pulsações na boca, como quando Jimin a pressiona em beijos macios, minhas mãos estão cada vez mais sensíveis e carregadas de sensações. Tão cheias e tão vazias.

A sala enche e a aula começa e não sei como isso aconteceu, desde que estive em outro mundo, um mundo quente e inominável onde existem apenas Park Jimin e eu. Biologia. Questões de vestibular. Chinchillas e cromossomos. Meu celular vibra no bolso da calça. É uma mensagem de Jimin. Ele está sentado do outro lado da sala hoje, por ter chegado atrasado, cabelos escuros de cetim negro sob um gorro marrom e óculos quadrados. Ele usa um moletom preto aberto na frente sobre uma camisa vermelha xadrez, e tudo nele inspira conforto. Se eu pudesse descrever Jimin com um cheiro, seria o de manteiga derretida na frigideira, nas primeiras horas do dia, ou o perfume doce do sol morno da primavera.

Talvez eu deva raspar minha cabeça inteira.

(Chimmy)

Qual é a do boné?

(Você)

Nada.

(Chimmy)

Vc raspou o cabelo???????

É isso mesmo que tô vendo??????

(Você)

Grande coisa.

(Chimmy)

Tire essa merda agora, eu preciso ver isso

Mordo as bochechas para não sorrir. Então tiro o boné e passo a mão discretamente pelas mechas que restaram no alto, puxando-as para trás e expondo as laterais raspadas, então coloco o boné outra vez. Lanço um olhar rápido para Jimin; ele está de boca aberta, olhos brilhando e bochechas levemente coradas. Ele pisca e começa a digitar.

(Chimmy)

Não sei como dizer isso de outra forma

Kralho

Kralho, kralho

*figurinha*

(Você)

...

Espero ele escrever algo que faça sentido, uma vez que não considero figurinhas uma forma de comunicação inteligível, mas Jimin larga o celular com um suspiro profundo, balança a cabeça como que para afastar pensamentos e volta a atenção para a aula.

Demora pelo menos dois anos bissextos para que a manhã finalmente termine e eu e Jimin estejamos andando pela rua em direção à estação do metrô. Não sabemos bem como fazer isso, ocupar o tempo juntos, como adolescentes que estão ficando fazem, então jogamos conversa fora até chegar nas escadas que descem para o metrô e paramos olhando um para o outro, olhos apertados contra o sol do meio-dia.

Não temos dinheiro para almoçarmos na rua e, teoricamente, eu deveria ir para a padaria ajudar Angela e harabeoji, mas então Jimin diz:

"Quero te mostrar uma coisa", ele soa inseguro e com medo, olhos fugindo dos meus. "Mas não quero que fique com raiva de mim."

Dou de ombros, calado. Min Yoongi, exímio em comunicação figurada.

"Um dia desses aí eu estava andando de bicicleta pelo nosso antigo bairro...", Jimin enfia as mãos nos bolsos e fita o chão, a língua umedecendo os lábios adoráveis. "E sei lá, passei na frente do seu antigo apartamento."

"E daí?", minha garganta fecha. É uma reação involuntária, não posso controlar, assim como não controlo a vontade de vomitar quando escuto alguém tocando piano.

"Está vazio."

"Não, não está. Eu já passei lá uma vez, tem gente morando."

"Bom, não moram mais", Jimin ergue a mão e me puxa para perto pela frente da minha camisa e por um instante acho que ele vai me beijar, mas está apenas me tirando do meio do caminho das pessoas que descem apressadas para o metrô. "E eu... eu perguntei na portaria e disseram que está para alugar faz meses, mas ninguém aparece e a chave está lá, abandonada na portaria. Nem o vendedor aparece para ver o apartamento."

"E daí, Jimin?"

Ele cora. Coloca a mão no bolso do jeans e abre os dedos diante de mim, uma chave carcomida e solitária na palma da mão pequena, presa sob seu polegar.

"Ah, porra, você não fez isso."

"Eu entrei lá, Min. Está tão diferente, eu não sei o que aconteceu, porque está abandonado, mas eu quero que você veja, por favor."

"Jimin, eu tenho pesadelos com a merda desse lugar até hoje!", minha voz sai rouca e horrivelmente quebrada. "Devolva essa chave, caralho!"

"Não pode fugir disso para sempre", Jimin murmura, tão, tão suavemente, quase posso sentir o afeto dele me atingindo, embora ele nem esteja me tocando. "Yoongi, lembra quando sentamos na praça depois do velório e eu chorei, e você não?"

Quero recuar, mas a mão de Jimin que não segura a chave ainda mantém o aperto firme na frente da minha camisa.

"Não vai adiantar..."

"Você já chorou?"

"Jimin, pare..."

"Yoongi, alguma vez você chorou depois que ela se foi? Por qualquer coisa, qualquer uma?"

Engulo em seco. O nó em minha garganta se fecha cada vez mais e ele sabe, nós sabemos que não. Nunca chorei. É um defeito meu, talvez meus canais lacrimais tenham se fechado para sempre pelo desuso.

"Eu posso chorar por você", ele diz docemente num sussurro que é como um segredo nosso. A cidade gira, pneus derrapam no asfalto e gritam, mas somos só eu e Jimin agora, e todo o desespero mudo do meu coração. "Posso chorar por você para o resto da vida, Yoon, mas isso não vai aliviar a sua dor. Por favor, venha comigo. Se for demais, vamos embora e está tudo bem, eu prometo."

Jimin é um filho da puta. Ele me encara com grandes olhos pidões.

Jimin é um filho da puta capaz de brincar de dobraduras de aviãozinho com minha alma partida e fazê-la voar através do ar até embicar em cocô seco de cachorro.

2.

É como se nunca tivesse acontecido. O incêndio, as chamas, as paredes negras e a decadência das infiltrações. Quem quer que tenha ficado com o apartamento, fez obras. As paredes agora são de um branco puro, esquadrias novas com vidros limpos filtram a luz do dia, que passa por eles e reflete na tinta branca como num santuário. As trepadeiras que revestem o prédio pelo lado de fora entraram e migram por dentro do apartamento em veias verde vivo.

"Parece que faz tempo desde que alguém esteve aqui", Jimin diz, andando pela sala. O piso está coberto de poeira e ela brilha na luz do sol, um tapete dourado. Minúsculas particulas dançam no ar, ao redor de Jimin, numa chuva cintilante.

"Não devíamos estar aqui."

Jimin sorri, o dente da frente ligeiramente torno e as bochechas apertando os olhos por trás dos óculos. Ele não precisa deles agora, só nas aulas, mas esqueceu de tirá-los, o que é um detalhe adorável.

"Estamos só visitando o apartamento. Ei, olha só, esse era o seu quarto, não era?"

Ele aponta para a porta conectada à pequena sala e entra. Eu o sigo, sem saber como me sinto. É estranho. Familiar, mas tão diferente. Não é como se eu tivesse morado aqui um dia, com minha omma e harabeoji, é um outro lugar. Um outro mundo, um outro espaço de tempo.

O apartamento inteiro não tem nada além de poeira e trepadeiras crescendo desordenadamente. No chão da cozinha, panfletos espalhados, enfiados apressadamente pela fresta da porta. O ruído da cidade mal pode ser ouvido aqui dentro, é tão quieto e silencioso que nossos passos ecoam alto conforme andamos pelo apartamento. Mas não há muito o que explorar num espaço de menos de cinquenta metros quadrados, e eu e Jimin nos encontramos novamente no meio da sala, onde o antigo piano costumava ficar. Não consigo abrir a boca ou pensar em nada engraçado ou ácido para dizer, meu peito está inchado e minha respiração engatada nos pulmões, mas Jimin não cobra nada. Ele apenas me puxa para si e encosta a testa no meu ombro e ficamos quietos, poeira brilhante caindo sobre nossos ombros.

3.

Voltamos no apartamento vazio depois da aula; Jimin leva nosso almoço, sobras do jantar na casa dele, e comemos sentados de pernas cruzadas no chão sujo da sala, nossas mãos ásperas de poeira. Ninguém aparece para reivindicar nosso refúgio. O porteiro, pobre alma, é tão indefeso ao charme de Jimin quanto todos os outros seres humanos da Terra e não é difícil que a chave do apartamento acabe ficando com a gente. Segundo ele, faz quase um ano que o proprietário não aparece. Ele era idoso, o porteiro diz, e o mais provável é que tenha falecido e não tenha parentes ou sequer tenha feito um inventário.

Na segunda semana de invasão deliberada, Jimin aparece na escola com uma sacola cujo conteúdo ele se recusa a mostrar para mim, mas, assim que chegamos no apartamento, ele a abre e tira de dentro uma coleção de mini terrários de vidro. Ele sorri amplamente enquanto os pendura perto da janela da sala. Estou deitado no chão com as mãos cruzadas atrás da cabeça à guisa de travesseiro, observando-o se mover. É um fetiche. Olhar Jimin se movendo... Ele se estica o máximo que pode para fixar as correntes dos terrários nos pregos da esquadria, o moletom subindo e deixando de fora uma faixa macia de pele clara e a curva bonita de seu traseiro.

Suspiro. Jimin termina de pendurar os terrários e nós dois olhamos para eles.

Minha risada incrédula ecoa pelo apartamento como um latido.

"Tire essas porcarias daí, Jimin. Esse lugar não é nosso."

"Nem de ninguém", ele faz pouco caso. A mãe dele teve alta e tudo que Jimin sabe fazer é sorrir e amolecer meu juízo, então eu deixo estar. Não é grande coisa, de qualquer forma.

Ele deita no chão ao meu lado, nossas barrigas cheias de lasanha e refrigerante, e olhamos para os arco-iris que se formam nas paredes quando a luz do sol passa pelo vidro dos terrários. As pequenas plantas dentro deles são pontos verdes girando suavemente no ar sobre nossas cabeças.

"Você se inscreveu?", Jimin pergunta de repente. Os dedos dele tocam minha cintura num ritmo que aos poucos me dá sono, mas o sono vai embora assim que percebo que ele está falando da seleção para a Escola de Música de Londres.

"Sim."

"Então você precisa treinar."

"As pessoas que se inscreveram pra essa seleção treinam desde que nasceram."

"Igual a você."

Reviro os olhos.

"Sabe o que quero dizer. Não existe possibilidade de passar nem para a segunda fase."

"Tem um piano no Luxorine", Jimin teimosamente me ignora. "Você pode começar aos poucos."

Luxorine. Como posso dizer a ele que simplesmente servir mesas a duzentos metros daquele piano me faz suar frio? Como explicar que são reações físicas que não posso controlar, por mais racional que eu tente ser?

"Não consigo", digo apenas. Jimin se move ao meu lado, apoaindo-se em um cotovelo. Ele está sem óculos hoje, sem gorro, e seu rosto está bem perto do meu, limpo, olhos inteligentes e gentis. A gola da camiseta preta dele desliza para o lado, porque Jimin tem ombros estreitos, a pele do pescoço e das clavículas parece fresca e macia na claridade, poros marcados e penugem aveludada.

"Tudo bem", ele diz. "Está tudo bem, Yoon. Você tem tempo, temos tempo, vamos encontrar um jeito."

"Não tenho tempo, não existe um jeito. A primeira seleção é daqui a um mês. Nunca vou conseguir treinar algo decente para apresentar até lá se nem ao menos consigo chegar perto de um piano."

"Não precisamos falar sobre pianos."

Jimin roça os nós dos dedos pela minha orelha, capturando os piercings e depois o lóbulo. Sua respiração aquece minha bochecha, ele está tão perto. Ao contrário do que quero, não nos beijamos toda hora. Há um certo prazer em saber que ele está ali, disponível para mim, e que posso fazer o que quiser e Jimin deixará, e isso é o bastante que meu ar falte e meu peito aperte como se houvesse um pássaro agitando-se dentro dele, mas beijá-lo, tocá-lo como desejo, nos levará para outro nível. E é isso que ainda não sei se podemos.

Existe uma diferença grande entre ter homônios te empurrando com toda força para o sexo e colocar o sexo em prática. É fácil fazer sexo hoje em dia. Mas é difícil quando significa tanto. Não quero me machucar ou machucá-lo. Isso que temos é frágil, uma pétala flutuando sobre o concreto quente.

"Sabe o que falta aqui?", ele encosta a ponta do nariz no meu pescoço. Fecho os olhos, engolindo em seco. Jimin é tão bom em me guiar para onde quer que ele queira. "Um colchão."

4.

Não temos como levar um colchão para o apartamento sem chamar muita atenção, mas quase engasgo quando chegamos lá um dia e encontro edredons espalhados pela sala. E o apartamento magicamente limpo.

"Jimin", gaguejo, assustado. Ele se ajoelha e começa a abrir a mochila para tirar nossas marmitas.

"Não é grande coisa. Eu vim ontem aqui, de noite, e limpei tudo. Sério, minha renite estava atacando com toda aquela poeira", ele soa tão despreocupado, fazendo com que tudo isso pareça certo. Dois garotos tendo encontros ilícitos numa propriedade privada, claramente uma invasão... Ainda posso sentir o cheiro dos waffles com caramelo que trouxemos ontem. Aos poucos, o apartamento se torna nosso. Há sinais nossos por toda parte, os terrários, nosso perfume, nossas pegadas riscando o chão, nossas vozes e risadas presas entre as paredes e agora os edredons.

Mas não sou forte o bastante para negar isso, dar as costas à felicidade de Jimin quando estamos aqui, ao modo como meu corpo inteiro treme de satisfação quando estamos sozinhos, longe de tudo, deitados um ao lado do outro e nos tocando devagar. Não tenho forças para lutar contra essa alegria besta. É como olhar para uma cereja vermelha e perfeita, pronta para você, somente para você, e não desejá-la na boca.

Sei que algo vai acontecer hoje, porque Jimin trouxe escovas de dente. Nós fazemos a higiene oral no banheiro, enxugando a boca em nossas camisetas, e então deitamos de barriga satisfeita nos edredons que cheiram a amaciante.

Temos mais ou menos uma hora até que eu precise ir para a padaria e, depois, para o Luxorine. O tempo está fresco, apesar do sol; sempre parece haver muito sol quando estamos aqui, porque a brancura impecável das paredes amplia a claridade e os terrários são como holofotes sobre nossos rostos, mas mesmo assim fechamos os olhos e relaxamos. Jimin ajeita-se; do meu lado, como de costume, mas com a cabeça descansando no meu braço. Sinto sua respiração quente fazer cócegas suaves na pele interna do meu bíceps e o peso de sua perna querendo esgueirar-se por cima da minha.

"Seu cheiro é bom", ele diz, a voz rouca. Abro os olhos e viro a cabeça para olhá-lo. Sei que Jimin sabe que está sendo obervado, mas ele permanece de olhos fechados, deixando que minha atenção deslize sobre seu nariz perfeito e sua boca macia rosada. Os dedos dele se fecham em torno da minha camiseta, suplicantes.

"Eu tenho medo."

"De quê?"

"De começar e não conseguir parar."

Ele abre os olhos, eles estão sérios.

"E qual é o problema disso?"

"Não sei", confesso. "Doer?"

Ele pensa sobre isso. Uma das coisas que mais gosto em Jimin é que ele não debocha do que sinto ou trata como algo bobo, como todo mundo parece fazer, em todo lugar, toda hora. Ter dezessete anos é fácil. Boas notas é só o que você precisa fazer, o resto é simplesmente frescura. Mas Jimin me escuta, cada palavra insuficiente que consigo empurrar para fora. Como eu, ele sabe que ter dezessete anos significa ter tido cinco. E dez. E quinze. E nenhuma dessas idades é um papel em branco.

Devagar, Jimin fecha o espaço entre nós num beijo suave. Nossos lábios se colam, quentes e secos, e se desgrudam lentamente. Ele sorri, poeira dourada rodopiando em volta de seu rosto.

"Isso não dói", ele se inclina e pressiona minha boca novamente numa doçura que faz meu coração contrair. Meu lábio superior fica ternamente preso entre os dele. "Nem isso. E isso também não", ele se acomoda sorrateiramente no meu colo, peso equilibrado nos meus quadris e cotovelos o lado da minha cabeça, e então estamos nos beijando realmente.

Não sei como pude ficar tanto tempo sem beijá-lo. Duas semanas inteiras. Uma vida inteira. A boca de Jimin claramente foi feita para beijar, lábios macios pedindo encaixe e pressão e chupões. É tão bom, tão delicioso e sensual o som macio que nossas bocas fazem juntas, nossas línguas se tocando na medida certa... Como é possível que ele seja tão macio? Meu nariz se aperta contra sua bochecha e é tão, tão suave.

Jimin se afasta para me olhar, mas persigo o beijo de olhos fechados, mãos adentrando sua camisa e segurando a pele firme e morna de sua cintura. Ele é delgado nos meus dedos, magreza e força graciosamente equilibradas. Jimin se afasta outra vez para tirar a camisa, olhando-me num pedido evidente para ser tocado. Ele arqueja no meu pescoço, minhas mãos subindo e descendo por sua pele nua, os músculos das costas e a barriga levemente trincada contraindo. Sinto-o se arrepiar inteiro e começar a ondular a pélvis em cima de mim.

Nossos membros naturalmente endurecem, respondendo a toda a excitação que nos atravessa só por estarmos nos beijando e sentindo. As mãos dele também experimentam minha pele, mas ele não tira minha camisa, o que agradeço mentalmente. Não quero estragar o clima com minha insegurança, por mais que Jimin esteja gemendo na minha garganta o quanto sou gostoso e ele quer me provar em todos os lugares.

Jimin me beija e beija até que nossos corações estejam prestes a sair pela boca. Não sei como acontece, em que hora acontece, mas nossos cintos foram abertos e nossas calças afastadas e nossos membros se apertam em fricções e giros. Somos uma bagunça de beijos e gemidos e marcas vermelhas espalhadas pelo pescoço, e tudo é levado às últimas consequências no instante em que Jimin empurra nossas roupas de baixo para fora do caminho e a pele pulsante de nossas ereções se chocam.

A masturbação que fazemos um no outro é descoordenada e apressada, raspirações ofegantes emboladas e lábios trentando ser capturados. Não dura mais que alguns minutos, estamos em chamas, mas eu venho primeiro. É demais. Os sons que Jimin faz, os dedos dele me masturbando depressa, sem me dar tempo para processar nada, para sentir medo ou insegurança; é um tiro de alívio que me deixa prostrado, perto de morrer de prazer.

Mas o que vem a seguir é totalmente fruto do impulso. Não posso pensar porquê quero isso, porquê preciso fazer isso, mas faço mesmo assim. Viro Jimin no edredom, uma vontade de devorá-lo fazendo com que meus movimentos sejam pouco gentis. Tiro o jeans dele e tudo o mais com dois puxões e, merda, ele é absolutamente esculpido por Apolo.

Jimin me olha ofegante, olhos crescendo enquanto entende o que vou fazer. Segurando-o pela base, desço a boca em seu membro. Nunca me senti assim, tão sem controle. Eu o enfio inteiro até onde aguento, engasgando e salivando e chupando, não porque isso seja bom para ele, porque seja erótico ou uau, sou capaz de engolir um pau de quinze centímetros inteiro, veja só, Jimin, você está namorando um ator pornô, mas porque não sei mais o que fazer. Quero Jimin num nível primitivo alarmante.

Ele geme lindamente junto comigo, fechando os olhos e puxando as mechas longas que restaram em minha cabeça. Seu pau está quente em minha boca, veias e pré gozo se misturando na confusão de saliva que faz com que meus lábios deslizem fácil e macio. Minha mão o aperta na coxa, arranha sua barriga e seu peito e ele começa a balançar os quadris no ritmo da minha sucção.

Acho que chamo palavrões. Tiro e enfio o pau de Jimin na boca, sem me importar com a confusão de saliva e lubrificação que escorre pelos meus dedos.

Jimin fala uma porção de coisas, a maioria incompreensível entremeada com arquejos, mas não preciso entender uma palavra sequer; eu o olho, vejo a devoção em seu rosto, a adoração e os pequenos soluços que ele solta quando começa a gozar.

"Chega, chega", ele implora em alerta, tentando afastar minha boca.

"Não", pelo menos é o que pretendo dizer. Soa como uma reclamação, porque estou engolindo os primeiros jatos de liberação de Jimin e nunca imaginei que sexo pudesse ter um gosto tão bom. Ele goza se esforçando para me afastar e me poupar, mas o que ele não faz ideia é do quanto é bonito, o modo como seu sêmen vem e vem e ele está à deriva na minha boca, lágrimas de prazer brilhando nos olhos.

Quando tudo acaba, eu sento nos calcanhares entre seus joelhos. Passo o punho pela boca, tirando a saliva que lambuzou minhas bochechas. Jimin pisca maravilhado. Acho que ele nunca recebeu um boquete. Ele nem parece entender como algo tão bom pôde acontecer.

Ajeito minha calça, dando a Jimin o tempo que ele precisa para voltar a si. Ele não consegue, entretanto, e apenas rola de barriga para baixo para esconder o membro que lentamente amolece em seu ventre. Reprimo o impulso de chupá-lo nas nádegas também porque, juro por Deus, elas são lindas, com a pinta na lateral que parece uma gota de chocolate, mas Jimin ainda está envergonahdo ao extremo por tudo que mostrou e disse e como ele veio para mim, tão permissivo.

Não falamos mais nada, com medo de que isso se torne menos que perfeito, mas nos beijamos na escada do prédio ao ir embora. O beijo é lento, molhado e tem gosto de sexo e não acho que vou esquecer tão cedo o rosto de Jimin brilhando inteiro para mim na luz do sol.

5.

Não é nenhum exagero dizer que as tardes no apartamento são seguidamente preenchidas por sexo.

Dezessete anos.

Às vezes, são apenas beijos, mas dificilmente eles não levam ao próximo passo. Sexo, sexo e sexo é tudo que conseguimos pensar. Agora que Jimin sabe como é bom, ele pede prazer das formas mais discretas que encontra, apertando-se em mim com cuidado enquanto nossas línguas se enlaçam, ou afagando o volume por cima da calça enquanto nos olhamos preguiçosamente entre um cochilo e outro.

Mas explorar é o que mais fazemos. Sem pressa, as roupas vão ficando para trás. Jimin leva menos tempo que eu para conseguir ficar completamente em pele e pelo, mas o tesão me ajuda; ele não dá muita margem para ponderações. Há tardes em que tudo que fazemos é tocar e beijar e perceber cada mínimo detalhe. Jimin tem uma veia que percorre a lateral de seu quadril e salta sob a pele quando ele goza. Ele tem menos pelos que eu, sua barriga é lisa e há um V contornando-a na parte de baixo, apontando para o sexo. Eu tenho uma fina faixa de pelos que descem pelo meu ventre e se perdem em minhas virilhas. Por alguma razão, Jimin gosta disso.

É uma regalia que, por uma sorte do destino que não é dada aos outros mortais, podemos experimentar.

Como uma colcha de retalho, costuramos memórias luminosas na escuridão de nossas almas. Jimin e Jimin e Jimin, o corpo dele, o sabor dele, a voz dele, o suor dele. Os mini terrários balançando no ar, prismando o arco-íris nas paredes, as heras crescendo cada vez mais... O resto do mundo fica mais e mais distante. Harebeoji, a doença da mãe de Jimin, as merdas que ele passa com o pai alcoólatra, a seleção para a Escola de Música de Londres e meus turnos exaustivos no Luxorine.

Nada disso importa.

É numa tarde em que estamos deitados e vestidos depois de almoçar e escovar os dentes que Jimin diz:

"Vamos sair."

Não é que sair com Jimin não seja legal, mas é muito melhor ficarmos aqui, sendo que dentro de alguns minutos certamente estaremos nus, nos beijando e nos chupando. O que um passeio pela cidade pode oferecer diante disso?

Eu bufo e Jimin ri.

"Minha mãe faz aniversário semana que vem", ele diz, já se levantando e ajeitando o cabelo. Eu pisco, realizando o fato triste de que Jimin é ridiculamente lindo até mesmo passando os dedos pelos cabelos. Principalmente assim. "Quero escolher algo diferente. Vamos numa loja de antiguidades."

"E a sua renite?"

Ele franze a testa e ri.

"Caralho, Yoongi, você não tem um pingo de sensibilidade."

Meia hora depois, estamos entrando na loja de antiguidades que Jimin encontrou no google. Ele passou tempo demais cutucando o celular para que eu tenha certeza de que ele está procurando algo muito específico. A atendente nos cumprimenta, mas não sai detrás do balcão, certamente se convencendo de que não vale à pena largar seu romance Sabrina para atender dois adolescentes que só vão rir das peças de cerâmica em formato fálico.

"O que você quer exatamente?", eu o sigo pela loja. Jimin para na parteleira de broches e acessórios. Tudo parece bastante antigo, tipo, do século dezenove, o que é surpreendente. Achei que íamos encontrar calças boca de sino ou celulares motorola que parecem walkie talks.

"Não sei, ela gosta de coisas antigas. Ela tem um relicário que era da bisavó dela e Deus nos defenda se tocarmos naquela coisa."

Jimin me mostra algumas peças; brincos, camafeus, broches de cabelo. São legais e vintage, mas não entendo nada de moda feminina para opinar. Relanceio o olhar pela loja em busca de algo interessante para ajudá-lo, e é quando vejo.

Está num canto, quase invisível entre vitrolas e violinos velhos.

"Está afinado?", eu me ouço perguntando para a atendente, que acena que sim. A próxima coisa que pergunto me deixa perplexo, e faz Jimin arquejar em admiração. "Posso tocar?"

A atendente me encoraja.

Não é um piano. Por Deus, não é um piano, mas é como um primo distante.

É um cravo. A tampa está aberta, relevando o interior revestido de madeira clara e as cordas delicadas. A banqueta é de veludo azul com brocados em vermelho e verde. Eu me aproximo dele com cuidado, como uma criança fascinada chegando perto da jaula de um leão. Toco a superfície fria das teclas. Uma nota fica presa no ar quando pressiono uma delas, é um som agudo e cristalino, uniforme.

Toco em pé uma melodia que lembro vagamente, ela é um pouco melancólica. Não consigo puxar o nome, mas ela simplesmente flui, vindo de algum lugar obscuro da minha memória.

"Clair de lune", eu murmuro, o nome atravessando meus lábios num sopro.

Na segunda música, estou sentado, dedos percorrendo as teclas com facilidade; é como andar de bicicleta. Como beijar Jimin ou amá-lo. Sempre estará em mim.

É estranho. Quando eu era criança, sonhava que podia falar fluentemente em coreano, e acordava empolgado contando para omma e harabeoji. Tocar o cravo é assim, saber um idioma que jamais aprendi. É similar ao piano, mas diferente. No entanto, está aqui, simplesmente está. As melodias. O andamento. Minha alma aceita. Meus dedos sabem. Eles sentem falta.

Eles estão em casa.

"Soa como as estrelas", Jimin diz atrás de mim, me arrancando da imersão. "Se elas tivessem um som, seria esse."

"Como estrelas conversando", eu digo, entendendo onde ele quer chegar. Pisco para limpar os olhos, porque também de repente entendo o que Jimin tentou fazer quando me levou ao apartamento, os terrários, os edredons, nossos rastros.

Resignificar.

Ele não veio até aqui para comprar o presente da mãe coisa nenhuma. Jimin me olha ansiosamente conforme percorro as últimas notas da melodia, lábios prestes a esticarem num sorriso triunfal.

Transformar uma lembrança ruim em algo bom.

Um piano por um cravo.

Não precisamos falar sobre pianos.

Eu giro na banqueta e o encaro, sinceramente estupefato. Irrevogavelmente apaixonado.

"Jimin, você é a criatura mais inteligente que eu já conheci."

______

esclarecendo que, tecnicamente, tocar um cravo é diferente de tocar um piano, mas algumas peças podem ser adaptadas :) os cravos eram mais tocados no século 16, 17, e são bem raros de se encontrar hoje dia; por ser um instrumento que permite mais variações, o piano é o mais escolhido pelos musicistas

<3

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