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( 3 ) entre duas e três da manhã • Jung Hoseok

música: LANY, Thick and Thin

( 3 )

entre duas e três da manhã

"O amor continua porque não sabe onde parar"

(Livia Garcia-Roza)

Entre duas e três da manhã o tempo não passa. Não passa também nesse abismo entre o meu coração e o seu*. Nunca gostei de me entregar assim, mas o que posso fazer se os seus olhos são o do tipo que determinam que vai ser? Eles não pedem, nunca pediram autorização para tomar todo esse espaço na cama de casal. Cama de casal, então era isso. As palavras têm poder, e quando você deitou aqui pela primeira vez, aquela camisa social amassada, a gravata no bolso da calça preta, o buquê jogado ao lado da cama, mais uma memória simbólica, eu deveria saber...

"Eu peguei pra gente." você brincou com as palavras nos lábios, deixou as flores na mesa à minha frente, adornada com esses enfeites chiques, e deu um gole a ponto de encerrar o champanhe da taça.

"Você está bêbado, Hoseok..." eu achei graça, mas já havia sido fisgada, olhos pescadores de gente que me conduziram até a pista de dança, entre os noivos e toda aquela alegria que só a união alheia te proporciona a ponto de te iludir e fazer acreditar no amor por algumas horas. Mas não precisei de  horas, precisei só de uma música da Rihanna, você me cercando com o seu talento irritante, mordendo o lábio inferior de um jeito que sabia que era absurdamente sexy, e uma música do Drake. One dance. Desde o início, uma sequência esquisita de metáforas desenhando um eu e você que nunca acreditei.

Uma amizade de tanto tempo deveria ter congelado o climão que ficou do beijo na festa de formatura, não? Já éramos adultos, Yoongi estava se casando, cada um vivendo sua vida, todos juntos depois de anos. Coloquem aí uns cincos anos. Mas coloquem também álcool, bastante. Seu rosto estava bem avermelhado e seus passos não faziam mais tanta questão de acompanhar a música, você só precisava de mais uma dança e sabia. Mais um passo até mim e eu não me esquivei. Os olhos, lembram?

Pois bem, foi ali, no meio de todo mundo, dos noivos, todos os nossos amigos, cheguei a ver os olhos arregalados de Taehyung antes de fechar os meus quandos nos alcançamos.

O gosto de bolo de morango, chantilly, champanhe, memórias e expectativas. O nosso beijo tinha um gosto que há bastante tempo já não sentia, algo mais promissor que só o encontro harmônico e moldado pelo álcool das nossas línguas e da sua mão sobre o decote das costas do meu vestido.

Eu gosto, principalmente, daquele momento quando o beijo é partido e que temos que nos encarar. Aquele sentimento constrangedor, lembrar quem está a minha frente, quem me cerca, a tentativa de ler a expressão do outro, de saber se o beijo foi tão bom para ele quanto para mim. A apresentação do enigma outro. Só que não teve enigma nenhum com você, eu sabia exatamente que o seu sorriso seria... Como dizer? Seria mais do que o tempo que a terra demora para dar a volta no sol, mas em um segundo. Que vai de zero a mil. Escuro e, então, luz. Na sequência, você abaixaria a cabeça rapidamente, coçaria a nuca. Um segredo: no fundo, por trás da pose, você é meio tímido. E você fez tudo isso antes que eu atravessasse meus braços por suas costas e apoiasse a cabeça em seu peito, sobre o tecido macio de algodão. Um minuto de paz, ao menos, no meio da bagunça que você já tinha causado em mim com um beijo. Vou dizer, um coração que balança assim com uma troca de saliva é coisa séria. E olha que eu estava acostumada com essas trocas, eu que achava.

Eu acreditei tanto na mágica do amor eterno induzida pela união que estávamos celebrando que quis fazer com que a noite perdurasse até que não pudesse mais. Vimos o sol nascendo pela persiana do meu quarto, eu encostada na cabeceira, você encostado na minha perna, minhas mãos bagunçando seu cabelo, tão macio. Na minha cama de casal.

Não se começa assim: um buquê para mim, um beijo no meio dos nossos amigos, em um casamento, com direito a "noite de núpcias" pelo "não-casal"(era como eu falava sobre nós quando era questionada pelos que testemunharam nossa "união") na minha cama de casal.

As palavras emitem mensagens, essas que fiquei desenhando na minha cabeça até te chamar para sair. E chegou um momento que virou uma "tradição" beber vinho (ou qualquer outro substitutivo alcoólico) sexta na minha casa. Mesmo que você já começasse a cochilar no sofá depois da terceira taça, era bom te acordar com um beijo na bochecha e ver seus olhos determinarem, com todo o meu consentimento, que iríamos juntos para cama.

Os cafés demorados no sábado de manhã, sua risada e os planos bem definidos pro futuro, sua lucidez, a tranquilidade e profissionalismo que queria trazer para mim. E foi aí que percebi, entre um gole no café, sua mão segurando a minha sobre a mesa redonda de mármore branco, que eu te queria para mim. Sem propriedade, sem posse, só queria que você quisesse, tanto quanto eu, esticar esse café pra daqui até perder de vista.

Foi difícil te dizer isso. Decidir é difícil, mas imagine verbalizar. Eu queria muitas coisas, estava planejando mudar de emprego, talvez até de cidade, mas eu também queria você. Dizem que não se pode ter tudo, mas eu queria qualquer configuração de tudo, desde que incluísse você estava ótimo.

Foi preciso uma briga idiota, (minha) crise de ciúmes boba, para que você perguntasse:

"Quer que eu te apresente como minha namorada?"

Eu quis te bater, mas seu sorriso era tão desconcertante que o mais agressiva que consegui ser foi te empurra e te chamar de idiota, antes de dizer:

"Mas não é óbvio?"

Você disse "vem ", como se não me chamasse para me dar um beijo e me abraçar, como se me convidasse para ser com você. E sabemos que não é só troca de salivas quando seu coração parece que vai explodir, um bumbo da bateria da melhor banda de hardcore que detesto não conseguria acompanhar. Não era pouca coisa, eu tinha certeza.

E agora, nesse instante de eternidade, em algum momento, entre duas e três da manhã, eu vejo o quanto somos.

Das crises: eu vou ou não para Londres? Você quer mudar pra minha casa? Vamos adotar um gatinho? Como vou superar o divórcio dos meus pais? E a saudade que você sente dos seus? Devemos voltar para Seoul? Não é muito cedo para fazermos planos juntos? Então, eu amo você, Hoseok?

Do momentos bons. Esses são os mais difíceis de listar. Afinal, por exclusão, tudo que não é trevas, com você, é sol. Qualquer tarde despretensiosa assistindo Netflix já era motivo para sorrir, a nossa viagem para Dubrovnik*, os passeios pelo Parque de Shinjuku*, tudo era sinal de permanência.

Mas...

A estaticidade para duas pessoas tão dinâmicas assusta, não é?

Seguro a taça que antes estava na cabeceira entre as mãos e encerro o vinho com um gole, observando você cochilando de samba-canção sobre o edredom, as costas magras, o cabelo castanho que quero acariciar. Esse pequeno filme é só para me lembrar o quanto aconteceu para ter o seu sono tranquilo nessa cama de casal. As pequenas metáforas que constituíram o nós. Falando assim, eu pareço muito romântica. Talvez seja o vinho, talvez seja o efeito inebriante da madrugada, talvez seja você e todas coisas eu tenho vontade de mudar, todos os caminhos eu quero torcer para que a eternidade não seja só uma sensação entre duas e três da manhã.

Por um instante tenho medo de tocar seu ombro branquelo, medo de que os ponteiros voltem a se mover e você corra para outro lugar que não esteja a um toque de distância, mas você se antecipa. Seu corpo se move discretamente sobre a cama e vejo os seus olhos abrirem devagar, a cabeça encostada no travesseiro, e lá estão eles determinando coisas. Sonolento, você vira o seu corpo de lado para que, com a mão livre, toque a minha que está apoiada sobre o colchão.

"Vem dormir comigo..." sua voz rouca diz o que os seus olhos já sinalizavam e você levanta só para me puxar para junto de si, um encarando o outro, a ponta do meu nariz tocando o seu, o encontro sonolento dos lábios, aperto meus olhos em um pedido silencioso. "Eu te amo, sabia?"

"Eu sabia..." brinquei com suas palavras e senti o seu sorriso se abrir enquanto beijava o canto da minha boca.

"Ah, é? Desde quando?" você apoiou a cabeça sobre a mão, cotovelo no colchão e lá estavam os olhos.

"Desde o dia que você pegou o buquê..." vi o seu sorriso dar a volta no sol, um segundo só e luz.

"Isso é verdade... Será que..." você suspirou e deixou um beijo em em minha bochecha antes de continuar. "Você acha que a gente deveria se casar?"

Olhei em seus olhos e foram alguns segundo para me lembrar quantas vezes já havíamos conversado sobre atar os caminhos e eu sorri, não com a certeza de que duraria para sempre ou que seria casamento de filme: dois filhos, um labrador, casa dois andares, ovos e frutas com granola, café da manhã na cama. Mas eu nem queria um filme, eu queria todas as consequências de "ser real", perrengues, brigas, TPM, "não me enche", "vem me abraçar", "não vou limpar a sua bagunça", "deixa isso pra lá, vem dormir". Todas as contradições de querer ser de forma estável, daqui até onde não consigo enxergar.

"Eu acho que sim..." suspirei fundo antes de só dizer.

"Poxa, se soubesse que aceitaria, teria me ajoelhado e tudo mais..." sua voz brincava, mas seus olhos fixos nos meus brilhavam, era sério.

"Não precisa, quero você aqui comigo agora... Só." selei em seus lábios o que eu queria transformar em eternidade e seu sorriso partiu o beijo. Estiquei o pescoço para ler em seus olhos e eles estavam marejados, afinal, toda alegria traz certa tristeza, aquela de não saber conter o futuro.

Acariciei a sua bochecha, eu te entendia e disse, mesmo que de forma silenciosa: "não se preocupe, eternidade é um segundo com você."

E basta.

🌹

Notas

* o tempo passa? Não passa no abismo no coração"
Esse trecho é uma paráfrase da poesia de Carlos Drummond de Andrade que super recomendo a leitura.

* Dubrovnik: "é uma cidade no sul da Croácia na costa do Mar Adriático. É conhecida por sua Cidade Antiga, cercada por enormes muros de pedra erguidos no século 16." (Wikipedia)

* Parque Shinjuku (Shinjuku Gyoen): " é um parque que fica entre os bairros de Shinjuku e Shibuya em Tóquio, Japão. Este parque ocupa uma área de 58,3 hectares." (Fonte: Japan hoppers)

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