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( 1 ) eternidade • Jung Hoseok

Música: i love you, Billie Eilish

( 1 )
eternidade

Nas minhas palavras você nunca morre.

Hoje quando aquela fresta chatinha de sol bateu em minha janela e eu acordei resmungando, querendo me ater às cobertas e notei que estava só, eu pensei em você. Pensei em como o seu corpo era quente pela manhã, o toque das minhas costas em seu tórax, nossas pernas enroladas, o carinho na minha nuca, afastando os meus fios curtos. Lembrei que eu era a que pegava o despertador e que te sacudia até os seus olhos se abrirem.

Eu sempre quis saber o que os seus olhos viam, sempre foi uma curiosidade minha, ver pelos olhos dos outros. Eu queria descobrir o quê, exatamente, a sua visão embaçada encontrava que fazia um sorriso bonito brotar; como eram pra você os meus cabelos bagunçados, minha cara amassada de sono. Como era o mundo quando você abria os olhos pela manhã e qual era a sensação de ser parte do seu campo de visão. Por qual ângulo você me via? Por qual razão eu era capaz de te fazer sorrir às sete da manhã?

O segundo pensamento pela manhã: você. Afinal, o primeiro sempre é "não quero acordar", mas eu superei tudo isso e no banho quente eu encontrei as memórias de como você esfregava o cabelo de um jeito engraçado e deixava um tanto de shampoo cair no chão; da espuma branquinha fazendo os fios castanhos sumirem; da sua gargalhada fazendo eco no banheiro; da forma que você gostava de lavar os meus cabelos, e aproveitava para fazer uma massagem que eu simplesmente amava. De como alguns banhos eram divertidos e outros me deixavam sem ar, afinal, você sempre gostou de quebrar a nossa rotina e entrar no box sem autorização para roubar um beijo e depois a minha sanidade. O espelho desse banheiro é testemunha de manhãs que eu sequer poderia narrar aqui pelo horário.

Passei o café enrolada na toalha, tentando administrar a falta de tempo corriqueira,  esbarrei na sua caneca quando fui pegar minha xícara no armário e foi instantâneo, sim, pensei em você, grande novidade... Me disseram que eu deveria ter doado, mas eu não consegui, desculpa. Eu gosto de lembrar de você daquele jeito, como estava naquele dia, bem folgado, calça de moletom, uma camiseta branca dez vezes o seu tamanho, estirado no sofá com a caneca nas mãos, colocando alguma música na caixa de som para "o dia começar bem". Enquanto isso, eu engoli duas torradas na correia, atrasada porque você me fez totalmente refém no banho, mas eu não estou reclamando, as memórias daquele dia são ótimas. Assim como te beijar antes de sair, beijo com gosto de café, ótimo. Beijo com gosto de vou te ver mais tarde, o "eu te amo" implícito, a despedida que sempre achei que seria até logo, até que um dia foi adeus. 

Tomei o café em goladas enquanto finalizava a maquiagem que você sempre disse que era desnecessária, "eu gosto de você sem essa base e sua boca fica com gosto de protetor solar, eca!", parecia que eu estava vendo a sua careta no espelho, o jeito que você tombava a cabeça pro lado rapidinho, passava a mão entre os fios e saía do quarto sem mais nem menos.

Calcei o scarpin e foi como se ouvisse os seus elogios de como achava salto "sexy", mas que não queria que eu ficasse com dor na coluna, que minha saúde era importante. Eu iria rebater com algo sobre suas dietas malucas e que você não tinha nenhuma moral para falar de saúde comigo e seu olhar indignadíssimo me fazia gargalhar. Eu iria te mandar comer antes do treino, você sorria e me olhava sincero, seu olhar escondia tantas angústias, angústias que eu carreguei nos ombros até você precisar ir.

Olhei para a sapatilha do lado e, quer saber, eu seguiria seu conselho hoje, eu vou deixar para colocar os saltos na empresa, eu preciso de saúde pra continuar, é verdade. O mundo ainda tem muitos anos para mim, você sempre dizia isso sobre nós e era, em parte, verdade.

No trabalho eu não tive muito tempo de pensar em você, foi tudo tão corrido, sufocante, que eu só queria um ar para respirar, olhando o pôr-do-sol da janela. Mais um dia, menos um dia na minha conta; a cidade inebriante pela janela que nunca parou pra mim.

Contemplei-a mais uma vez, antes do meu celular vibrar na mesa e aí sim, eu lembrei de você. Depois daquele dia eu nunca mais fui capaz de atender uma ligação do mesmo jeito, com a mesma despretensão. É inevitável.

"Você precisa encontrar a gente no hospital, ele teve um colapso e...". Aquele momento foi como parar de respirar, o mundo silenciar, um apagão mental, tudo isso, mas o meu corpo foi ágil e já puxou a minha bolsa, derrubando tudo o que tinha no caminho. Não avisei a ninguém, nem sabia o que dizer, e saí correndo até o elevador, tamborilando os dedos entre as teclas, poderiam me chamar de maluca, me demitir, eu pouco me importei.

Encontrei seis homens no corredor parecendo meninos que acabaram de perder o campeonato de futebol, com o rosto inchado, olhos avermelhados, e fui interceptada pelo abraço de Namjoon. Ele repetia "vai ficar tudo bem" e eu não queria saber no depois, queria saber do antes do que tinha acontecido. Eu sequer sabia que pessoas novas poderiam ter um "derrame", achei que era uma pegadinha do universo e, por isso, segui do seu lado naquele quarto gelado, com a mesma roupa que você havia elogiado pela manhã, encolhida na poltrona, esperando que a brincadeira acabasse e fôssemos para casa.

"Vai em casa tomar um banho, come alguma coisa", lembro da voz serena de Yoongi, mas que eu ignorei, e eu não me afastei em nenhum momento de você e não teria feito diferente, sei que você também não faria. Esperei por quase três dias, sua família estava lá, os meninos, todos estavam esperando que você acordasse, que tudo voltasse ao normal e o sol pudesse voltar a brilhar; eu não queria ficar enclausurada nesse quarto com o seu silêncio e a esperança desacordada na cama ao lado.

Uma hora você decidiu que também não queria mais e saiu da cama de hospital para virar memória.

Até aquele momento eu não sabia mesmo o que era chorar. Antes eu achava que a sucessão de lágrimas, olhos inchados, nariz entupido, que esse conjunto era "chorar", mas não. Chorar é ver a alma se esvair diante dos olhos e só restar o corpo, chorar é sumir. E ali eu sumi junto com você. Chorar é quando as lágrimas encontram a saudade, isso é chorar.

Hoje era só mais uma empresa de telefonia tentando me convencer de que o plano que eles ofereciam era melhor que o meu. Uma ligação boba que, bem, me fez pensar em você. Era o dia me encaminhando para o seu fim. 

Desliguei o meu computador, recolhi minhas coisas, apaguei a luz da sala e fui em direção ao restaurante que eu jantava uma vez por semana com os seus amigos. Eles são grudentos e barulhentos como você era. E, sabe, eles foram um presente muito bonito que você deixou na minha vida e toda vez que eu os vejo posso recuperar alguma coisa sua.

Hoje seríamos só eu, Taehyung e Jin, os outros estavam foram da cidade. O abraço do Jin é sempre muito apertado, parece que ele quer me esmagar até conseguir dividir essa saudade comigo. Já o Tae sempre me traz algum presente, na maioria das vezes é uma joia cara; ele me entrega como se fosse uma bijuteria, e sorri sem graça, o tal sorriso quadrado, a sua forma silenciosa de dizer que quer me ver feliz. 

Bebemos soju e comemos aquela carne gostosa que você adorava e, é claro, pensei em você. Eu conseguia enxergar suas pálpebras pesadas e as bochechas vermelhas, a fala arrastada de quando você bebia, o carinho na minha perna, a posição favorita da sua mão na minha coxa, sobre a minha calça preta, que só tirava para fazer aqueles gestos espalhafatosos ou dançar aleatoriamente no meio da salinha reservada pequena que mal nos cabia.

Nós não falamos sobre você e nem precisaria, você estava em cada momento, em cada besteira que saia da boca do Tae, nas piadas sem-graças do Jin que me faziam gargalhar de doer a barriga. Da mesma forma que circundou todo o meu dia, rememorando a forma que você deixou esse espaço do meu lado para continuar ocupando outros horizontes, com toda aquela luz. Você foi, mas não deixou o mundo no escuro. É mentira, você não foi, jamais poderia ter ido, e a prova é que cada pedaço do meu dia tem a sua luz, as memórias que reluzem mais do que o sol à pino, meio-dia em uma tarde de verão.

Gosto da metáfora do sol, porque mesmo que não esteja mais aqui, você sempre brilha pra mim de longe, dizendo que hoje é outro dia, amanhã será e depois, depois e depois...

E eu revivo aquele dia todos os dias. Me falaram para fazer análise, terapia, meditar, que eu precisava esquecer, mas eu não quero. Eu não quero perder nem um minuto do nosso último dia, quero todos os fragmentos, os seus sons, a forma como nossas bocas se colaram rapidinho, o gosto de café, o barulho, você murmurando baixinho, a música no fundo, de novo, de novo, de novo; quero a sua gargalhada em replay; sua mão na minha; o "até mais tarde" na sua voz animada.

Eu nunca vou me cansar dessas memórias e, mesmo que se passem um milhão de anos, que eu tenha Alzheimer, perca a memória em uma acidente de carro estilo filme bem dramático, que eu me case de novo, conheça alguém bom pra mim como todos os seus amigos dizem que você gostaria; mesmo que eu acorde amanhã; mesmo que eu não acorde; essas as palavras estão aqui e estarão ainda depois de amanhã, e depois, de segunda a segunda, anos após anos, resistindo ao tempo, nessas palavras está você.

Porque eu precisava estar aqui, agora, quase uma da manhã, uma xícara de chá na mesa de jantar, notebook ligado; memórias redigidas na tela luminosa; em cada palavras brilha você. Eu precisava estar aqui para escrever a minha história, a nossa. E eu sei que você sabe, mas saiba, nas minhas palavras você nunca morre.

Nas minhas palavras você é eternidade.

🌹

Bem... eu vou dar um tempinho pra vocês... Porque escrever esse conto foi bem difícil pra mim... Então....

...

Ok. Eu não sei se começo me desculpando ou me explicando, mas... Se serve de consolo, inicialmente, eu tinha pensado na morte de forma metafórica e não morte mesmo. Acontece que as palavras, aparentemente, mandam em mim e quando vi estava digitando chorando hahaha (céus, essa música da Billie Eilish também não me ajudou). Enfim... não me odeiem por isso... Afinal, o que eu queria mesmo passar é esse poder das palavras de conservar e transformar momentos mágicos, lindos, tristes, felizes, em eternidade. As palavras e a escrita são a melhor forma de resguardar um sentimento e eu acho isso lindo...  Bem... Era isso haha

Prometo que vou voltar com algo mais soft no próximo conto, ou não hahaha mas não me abandonem, porque eu amo vocês!

Beijos da Maria ❤️

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