Capítulo 3 - Sol
Capítulo 3 – Sol
Tudo bem que minha sogra me odiava depois do show que eu dei em São Paulo me defendendo do ataque voraz dela. Eu entendia o ódio. Mas bem que ela podia fingir um pouco, não? Parecer mais com uma sogra de verdade, sorrindo amarelo e falando por trás.
O fato de ela falar que não gostava de mim na minha cara, ainda que não fosse novidade, doía em mim, porque o esforço que eu estava fazendo naquela empreitada não era pouco não. Eu só queria que ela me tolerasse um pouco mais...
Deixei que Danilo voltasse para casa porque como os avós dele estavam vindo, ele precisava tomar um banho e se arrumar para tal. E eu também. Busquei um vestido comportado marrom e passei uma maquiagem leve. Peguei o carro de papai emprestado, já que ele estava dormindo no sofá e, bom, quando percebesse já seria tarde demais e sai em direção a casa do meu noivo.
Fui recebida por Danilo na porta o que foi bom, porque eu não sabia se aguentaria olhar para a minha sogra já de cara. Sorri recebendo um selinho de Danilo e o abracei tentando roubar um pouquinho da energia dele, porque a verdade é que eu estava morta.
― Vamos? ― Ele me perguntou piscando e eu assenti entrelaçando meus dedos nos dele.
Os avós de Danilo estavam sentados um ao lado do outro e pareciam tranquilos, um casal de idosos que sorriam para mim. Não sabia se eles também me odiariam como meus sogros, mas esperava que a impressão que eu passasse fosse boa, ao menos na medida do possível. Olhei para o lado deles fechando a cara. Vanessa estava como uma vela presente onde só havia casais. Pior, não parecia nem se importar, alheia a tudo, mexendo no próprio celular para tirar foto das comidas.
Minha sogra, para variar, incentivava que ela tirasse as fotos para postar no Instagram como se assim ela pudesse ser reconhecida como a melhor anfitriã de Metíola, mas os avós de Danilo não pareciam gostar nada disso, a avó dele já se dirigindo a mim:
― Você não costuma fazer isso na mesa, não é? A gente só quer conversar e desfrutar da comida. Basta que somente nós saibamos o que estamos comendo. ― Concordei com um sorriso tímido nos lábios.
― Eu concordo. Nada melhor do que memórias sendo feitas próximas do fogão. ― Murmurei enquanto parafraseava a minha vó que dizia que as melhores memórias eram feitas normalmente na companhia do fogão, ou seja, da comida servida em conjunto.
― Oh! Eu falo o mesmo! ― Disse a avó de Danilo rindo e cutucando o vô que também sorria enquanto ambos assentiam.
― Vamos comer então, mãe. ― Disse minha sogra com a voz ácida enquanto se servia de um pouco de arroz. O silêncio logo se fez presente.
Todo mundo fez fila para se servir. Continuamos falando sobre amenidades e Danilo segurou minha mão beijando as pontas dos meus dedos assim que vovô disse que fazíamos um belo casal. Eu me sentia bem mais tranquila, pois embora não tivesse conseguido trazer a benção dos meus sogros, era certo de que a benção dos avós estava vindo. No entanto, enciumada com a atenção que eu recebia no lugar de Vanessa, minha sogra não deixou isso barato. Não mesmo. Ela sabia muito bem como agir quando queria alguma coisa.
― Vanessa, acabei esquecendo de perguntar, você já trouxe sua mala do hotel? É muito ruim ficar num lugar desses, então pode ficar no nosso quarto de hóspedes. Por favor, eu insisto. Não vale dizer não. ― se eu não parecia um jacaré de boca aberta naquele momento, estava quase assim. Era o cúmulo. Não conseguia acreditar. Estava tão sem palavras que fiquei ainda alguns segundos em delete mental ouvindo minha sogra rir divertida enquanto Vanessa falava:
― Oh, a senhora é tão querida, dona Paula! Realmente, aqui eu me sinto bem mais em casa, como se fizesse parte da família. Só que eu não queria atrapalhar...― Ela umedeceu os lábios que escorriam veneno, figurativo, eu acho, ou talvez não e continuou: ― a Sol pode ficar com ciúmes se eu ficar no mesmo recinto que o Danilo, meu ex...- a vagabunda fez questão de falar na frente dos avós de Danilo sorrindo falsamente toda puritana como se a sonsa fosse um anjo encarnado na Terra. Eu não podia acreditar na facada nas costas que a minha sogra queria me dar.
Felizmente, Danilo tomou meu partido.
― E realmente acho que sabendo disso você não deveria aceitar, Vanessa. Sabe que a minha mãe é um pouco hospitaleira demais ― Danilo pronunciou a palavra com mais entonação olhando feio para a mãe dele, novamente, alheia a tudo e continuou ― E por isso mesmo, como a educação manda, você deveria...
― Eu aceito, sogrinha. ― Disse Vanessa entre risinhos e piscadelas ignorando completamente o que Danilo falava e me deixando de mais boca aberta. Onde havia parado o senso daquela bruxa? Danilo parecia prestes a explodir de tão vermelho por ter sido interrompido.
― Basta! Isso não é certo! ― Disse o avô de Danilo com o rosto afogueado e vermelho como o do neto. ― Isso é infantilidade aliado à falta de atenção aos valores. Onde já se viu uma ex namorada na mesma casa do ex namorado? ― Vovô realmente estava enfurecido. Mas Vovó apertou lhe gentilmente os dedos que seguravam furiosamente a faca de cortar carne e continuou falando por ele, para meu prazer. Afinal, o medo daquela faca assassina apertada entre os nós dos dedos eram bem grande:
― Se é assim, minha filha, que decides, deves dar espaço para que Solange também adquira um quarto de visita aqui se assim ela quiser.
― Ela já tem a família del... ― Antes que minha sogra continuasse, a interrompi vendo ali uma oportunidade de sair do quarto empoeirado.
― Acho que é uma boa ideia. Ficará melhor e gastaremos menos combustível indo para os nossos compromissos. ― Vovó sorriu dando uma piscadela para mim e eu sorri, assentindo, e, de certa forma, grata por ter sido salva assim.
― Mas... ― E antes que minha sogra pudesse dar a sua opinião ou que Vanessa exasperasse alguma idiotice, o avô de Danilo deu por finalizada discussão e, assim, pudemos comer em paz sem as gracinhas da minha sogra em conjunto com Vanessa.
Eu nem sabia como agradecer.
O resto do jantar foi agradável e eu realmente gostei muito dos avós de Danilo, mas, tão logo eles saíram, eu decidi que precisava sair e colocar todo o meu plano bem arquitetado em prática antes que as máscaras de Paula caíssem novamente e ela não deixasse eu migrar para a sua casa.
― Deixa o quarto arrumado, que hoje eu durmo contigo. ― Disse no pé de ouvido de Danilo piscando só para confirmar. Ele sorriu, os olhos já languidos de desejo e também se aproximou do meu ouvido para falar:
― Não tardo por esperar. ― Sorri enquanto corria em direção a minha casa.
Eu e Danilo não morávamos muito longe, mas naquela cidade minúscula, nada de fato era muito longe mesmo. Dando uma corrida por conta da euforia que tomava o meu corpo, não foram nem dez minutos até eu chegar em casa. Deixei o carro do meu pai na garagem, corri arrumando uma mala rápida e respirei fundo ao pedir um Uber conferindo as coisas na minha mala novamente. Tomei um susto quando vi que o Uber ia demorar mais de dez minutos. A grande ironia do destino: só havia um Uber naquela cidade inteira. Outro susto foi quando vi minha mãe parada no batente da porta do meu quarto, me avaliando como se eu fosse um bicho que poderia a atacar a qualquer momento. Ela então perguntou com cautela:
― Está indo para a casa da bruxa?
― Sim. ― Bufei ― Preciso manter aquela bruxinha debaixo dos meus olhos, antes que ela ouse querer roubar Danilo de mim.
― A quenga de cabelo escuro? ― Assenti concordando com mamãe. Não sabia de onde havia surgido o palavreado rústico dela. Era um novo lado dela que eu realmente não conhecia e que estava impressionada em conhecer. Aliás, o fato de minha mãe estar mais presente e conversando comigo já era uma grande surpresa. Talvez fosse o fato de minha irmã não estar ali, talvez.
― Faz bem, faz bem. Depois elas beijam o nosso marido como se fosse um inocente beijo e roubam o seu homem debaixo dos seus olhos na frente de uma macieira pro...
― Isso é algum desabafo mãe? ― perguntei arqueando uma sobrancelha e fazendo minha mãe engasgar com a própria saliva antes de voltar a sua compostura normal e fechar a cara do jeito irreconhecível dela.
― Não. Vai logo. ― E aquela era a minha mãe que eu conhecia. Sorri ao vê lá se distanciar e me deixar em paz com minha mala pronta e meu orgulho ferido por achar que mamãe ia pedir para eu ficar.
☼☼☼
Não demorou para que o Uber estacionasse na frente da casa de Danilo. Agradeci ao senhorzinho que era o único Uber da cidade e arrastei minha mala até a porta tocando a campainha. Os gritos foram imediatos. Achei que seria Danilo novamente que abriria a porta para mim, mas foi Vanessa, para meu desagrado, com um sorriso debochado nos lábios:
― Danilo está tomando banho. E você não é bem-vinda aqui, Sol. ― Ela desdenhou do meu apelido como se assim pudesse me ferir. Revirei os olhos. Já tinha passado por coisa pior. Um apelido nunca me abalaria.
Ainda que eu não gostasse de lembrar disso.
― Não me lembro de ter te pedido para me receber bem. Mas obrigada por me avisar sobre o Danilo. Pode ter certeza que vou lá mesmo encontrá-lo. ― Disse realmente com segundas intenções enquanto tentava passar por Vanessa. Vendo que ela não ia deixar, mandei que o mundo se explodisse e empurrei minha malinha com força para cima da barriga magra da sonsa fazendo-a perder o ar para meu deleite enquanto grunhia e tentava respirar novamente, me deixando passar sem mais abalos.
― Oh, me desculpe. Espero que minha mala não tenha te machucado... tanto. ― Fingi que estava arrependida, mas só fingi mesmo de maneira irônica enquanto avançava com a mala para dentro de casa. Infelizmente meu pesadelo estava longe de acabar.
Enquanto colocava minha mala para dentro do que parecia ser o quarto de Danilo - eu reconhecia o seu cheiro em qualquer lugar - ouvi minha sogra se aproximando vorazmente, pronta para defender Vanessa.
― Pode ficar no quarto de visita com Vanessa, Sol. Ninguém aqui vai cometer pecado na minha casa! ― Ela exasperou com o rosto vermelho. Só não sabia se era de raiva ou vergonha.
― Pecado? ― Franzi o cenho realmente confusa. A mulher bufou.
― Sim, oras. Dormir junto sem estar casado, é pecado, Sol. Você não sabia? És católica e não sabia?
Eu juro que não fazia ideia de onde a megera tinha tirado de que eu era católica ou que tinha religião. Fiquei alguns segundos de boca aberta sem acreditar que a minha sogra existia de verdade com esses pensamentos arcaicos e acabei soltando:
― Não tenho religião. Fora que para mim isso não é pecado. E não vou arriscar morrer sufocada por um travesseiro ou sendo jogada do segundo andar ao lado dessa bruxa. ― Disse apontando o dedo para Vanessa que subia as escadas calmamente como se ninguém ali estivesse falando dela.
― Você... o que!? ― E mais uma surpresa. Minha sogra não acreditava que eu não tinha religião. E parecia surpresa que eu me negasse a seguir uma ordem dela mesmo na casa dela.
Eu sabia que estava fazendo algo muito errado, afinal, contrariar às regras da dona da casa era injustamente errado, mas o problema era que que dona da casa já havia começado sendo injusta no fim das contas. Eu só estava reivindicando meu direito!
― Uma ímpia na minha casa! ― Ela gritou vermelha.
― Olha, eu juro que não sei o que isso significa. Então você não está me ofendendo, Paula. ― Paula estava prestes a atacar o meu pescoço, eu tinha certeza disso.
― O que está acontecendo aqui? ― Perguntou Danilo aparecendo no timing perfeito. Ele estava sem blusa e os cabelos molhados e bagunçados. Estava tão bonito que eu quase o ataquei ali. No entanto, tive que fechar o semblante ao ver que Vanessa também estava ali encarando o meu homem, babando e deixando cair veneno em tudo quanto é lugar.
― Sua mãe não quer me deixar ficar aqui. E sinceramente eu não vou sair daqui. ― Me senti uma criança pedindo para que Danilo me defendesse. Ele Suspirou.
― Mãe... Vai dormir. Amanhã a gente conversa melhor. ― Danilo parecia tão cansado que eu até entendi: estar numa briga com três mulheres deveria ser um verdadeiro sacrifício.
Felizmente, minha sogra engoliu toda sua raiva de mim e fingiu um sorriso doce para Danilo, como se há pouco ela não me xingasse, pelo contrário, como se ela me aceitasse, não fosse uma cobra maldita e tudo fosse culpa apenas de Vanessa. A mudança tinha sido tão drástica que eu arqueei os lábios sem acreditar.
― Tudo bem, meu filho. Amanhã a gente conversa melhor. ― E mesmo com todo o fingimento, eu ainda conseguia ver os dentes da senhora rangendo enquanto falava o que não queria. Felizmente, ela saiu do quarto e fechou a porta. Finalmente, tinha me deixado sozinha com Danilo. Soltei um suspiro cansado.
O dia tinha sido muito longo, longo demais. Tinha começado pelo meu péssimo sono, passado pela briga da minha mãe com minha sogra, continuado num jantar até que agradável, terminado com a minha sogra convidando Vanessa para pousar ali e eu me autoconvidando também. No fim, ali estava eu, morta, cansada, pedindo apenas por um pouco de descanso porque eu sabia, no fundo, que o pesadelo havia apenas começado.
― Vem aqui. ― Danilo me puxou para os seus braços que, incrivelmente, estavam quentes, mesmo ele tendo acabado de sair de um banho e estivesse pegando friagem, já que continuava sem blusa.
Aconcheguei-me nos braços dele inspirando o seu cheiro e tentando acalmar os meus nervos. Eu tinha ideia de que seria difícil, mas não imaginava que seria tanto. Pensar nisso, fez meus olhos ficarem cheios de lágrimas. Vinha mais batalha pela frente, eu amava Danilo o suficiente para lutar por nós, mas a verdade é que seria tão mais fácil se minha sogra colaborasse, se minha mãe fosse mais presente para mim, se o meu mundo não parecesse desmoronar a cada dia vivido...
― Eu sei, eu sei. Mas eu estou aqui, docinho. ― Disse Danilo tentando me acalmar enquanto passava a mão pelos meus cabelos num carinho que de fato me trazia paz.
― Obrigada. ― Consegui dizer no fim. Era questão de tempo, tentei me reconfortar.
Oi, Oi gente!!! =)
Eu volteeeeei... uhu!! Hahaha
Sentiram minha falta por aqui?! Haha
Preparados para algumas risadas, vontade de matar Muitas pessoas e um pouco de romance? Se sim, vamos nessa!!!
Tentei voltar com um capítulo razoavelmente grande e espero conseguir escrever outros assim... minha ideia é postar um por semana e assim vamos nós!
Não faço ideia de como serão os próximos, quantos capítulos teremos nessa empreitada porque à medida que eu for escrevendo, vou postar aqui para vocês... eu só tento ficar um capítulo adiantada comparada ao que posto aqui porque as vezes rola de a inspiração não vir... então para eu ficar preparada...
A vantagem?? Vai ser a primeira vez que dependendo dos pitacos de vocês, pode ser que eu ADORE e decida introduzir alguma das ideias de vocês aqui... então, por favor, façam muitas teorias, amem, odeiem, inventem possíveis conversas e... vai que eu não me inspiro em seus pitacos? Rsrs
Agora que voltamos, o recado vai ficar grandinho, porque preciso que todo mundo que lê aqui volte a falar comigo!!!!
Preciso de uma help de vocês... seguinte!
Eu ainda estou me recuperando de escrever romances novamente... pode parecer piegas, mas, como acabei de sair de um relacionamento longo, parece que eu fiquei um pouco congelada quanto a escrever cenas românticas... não todas! Mas aquelas mais apimentadas, sabe? Rsrs
Estou me recuperando! Alguns crush literários estão me ajudando nisso... aí aí... amo crush literários... vocês também?!! Haha foco, Diulia, voltemos!
Enfim... então, quero saber se não vão me odiar tanto... pq a história vai dar uma certa raiva em muitos, e pode ser que agrade outros, porque nesses momentos de recuperação eu costumo escrever coisas mais engraçadas... sei lá... eu gosto...
Enfim... nem sei direito o que estou falando... estou muito empolgada para continuar essa história com vocês!!! E ansiosa para saber o que acham!!!
Ah, para quem não está sabendo... eu ainda vou fazer um post sobre isso... estou me aceitando, nesse caso, nada mais de pseudônimos ou fotos que escondam a escritora por trás dessas histórias...
Então... muito prazer, para quem não sabe ainda, eu me chamo Diulia e sou a escritora louquinha por trás dessas ideias aqui...
É isso! Rsrs
Comentem, não me matem, TANTO de curiosidade...
Bjinhoos
Diulia
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