ELE/ELA
https://youtu.be/yoj2I6ZJLx8
Oi menina turobooom? rsrsr tem dois capítulos aqui! Boa leitura ♥ Obrigada pelos comentários, não estou conseguindo responder todos, mas sempre estou lendo e ficando animada com essa história! Obrigada por tirarem um tempinho para ler essa história ♥
ELE
Natasha esteve aqui. Ela almoçou comigo. Eu quase contei para ela que eu era um filho da puta. Eu quase me matei. Mas Natasha apareceu. Deus queria mesmo que eu me retratasse com ela. Eu não via outra explicação.
Mas eu não fiz isso.
Meus ossos estavam doendo. Minha cabeça latejando de dor. Mas meu peito estava explodindo. Natasha esteve aqui.
Fechei a porta ainda respirando o cheiro suave que ela exalava. Passei as mãos pelo meu cabelo. Banho. Eu precisava de um bom banho para pensar, para tentar enxergar maneiras de como resolver a minha situação.
Liguei o chuveiro. Fiquei nu e deixei a água quente banhar minha pele. Levar para o ralo todos os pensamentos ruins que eram vários. Eu deveria ter usado aquela faca. Não podia ter deixado ela escapar. Agora não conseguiria mais. Não podia encerrar a minha vida sabendo que Natasha estava infeliz. Eu precisava arranjar uma forma de ajudá-la. Eu não precisava contar para ela quem eu era de verdade. Ela não precisava saber. Eu poderia ligar para o meu advogado e fazer tudo por intermédio dele. Ele poderia resolver tudo para mim.
Para começar Natasha precisava de uma casa nova. Bem bonita em um bairro de elite. Uma cobertura igual a minha talvez. Depois ela precisava de uma pensão gorda para poder voltar a estudar ou viajar para onde ela quisesse. E o mais importante, ela necessitava de uma prótese nova. Eu percebi que ela às vezes ficava cansada ou parecia estar com dor no coto por conta da velha prótese. Sim. Eu tinha que ligar para o meu advogado e providenciar tudo isso. Sorte ou azar eu nasci em uma família de gente filha da puta, porém com muita grana. Eu tinha um patrimônio de cerca de cem milhões de reais. Eu era dono de quinze empresas que eu nunca nem cheguei perto. Herdei tudo isso do meu pai. Ele ainda continua um velho bode que trabalha muito, mas ele não queria me ver. E ele tinha os seus motivos para isso. Só não me deserdou por causa da minha mãe. Eu tinha acesso a esse dinheiro. Mas para ser sincero eu nunca toquei em um real dele. Preferia viver da minha arte. Por isso me matava de vender os meus quadros. Por sorte me tornei um pintor prestigiado pela alta sociedade do estado de São Paulo, graças ao meu sobrenome. Eu pertencia a uma das famílias mais ricas do estado. Enfim, graças a isso eu conseguia viver apenas das minhas obras. Mas eu não hesitaria em mexer nesse dinheiro para dar uma vida melhor a Natasha. Para limpar a sujeira que eu mesmo havia feito.
Apanhei meu celular. Vinte e três chamadas não atendidas da minha mãe. E quinze da Angélica. Eu conhecia a minha mãe e sabia que ela iria aparecer no mais tardar em casa. Por isso, nem retornei.
Procurei na lista dos meus contatos o número do meu advogado e mandei a seguinte mensagem para ele:
Preciso falar com você. Podemos marcar uma reunião para amanhã?
Vi também que a dona da galeria havia me mandado uma mensagem cobrando os meus quadros para a próxima exposição. E eu ainda não tinha uma grande peça. Merda.
A campainha tocou. Era a minha mãe.
Eu não precisava abrir a porta para saber.
— Max — ela suspirou aliviada assim que eu abri a porta. — Eu fiquei tão preocupada! Você desapareceu! Angélica me contou do incidente na cafeteria. Eu fiquei louca de preocupação!
Ela entrou no meu apartamento e me abraçou apertado e depois depositou em minha bochecha um beijo molhado.
— Vejo que a faxineira veio. — Ela inspecionou o apartamento. — Gostou dela?
— Sim, muito — ela não imaginava o quanto.
— Então vou pedir para ela vir toda quinta-feira.
— Aonde você conheceu essa moça? — Não contei a minha mãe sobre o fato da irmã de Natasha não ter aparecido.
— Natália trabalha no prédio há anos. Ela trabalha para uns três moradores e tem ótimas recomendações.
Natália. Então eu convivia perto da irmã da Natasha e nunca suspeitei de nada. A vida é mesmo muito estranha.
— O que houve com você ontem. Pobre Angélica...
— Angélica não é minha namorada, mãe — a interrompi. — Ela precisa aceitar isso.
— Essa moça fez tanto por você e é assim que você resolve retribuir.
— Acredite estou fazendo um favor para Angélica. Ela merece um homem melhor do que eu.
— Eu me preocupo com você, Max. Você não é mais o mesmo.
— E nem poderia com tanta merda que aconteceu comigo.
— O acidente? — ela inquiriu.
— O acidente e aquilo.
— Aquilo foi um acidente também. — Ela levantou as sobrancelhas, havia um finco em sua testa. — Você precisa esquecer. Eu esqueci.
— Não minta para mim. Você não esqueceu. Nunca vai esquecer. A diferença é que você prefere ignorar diferente do papai.
O rosto dela murchou. Os lábios se curvaram para baixo e ficaram pálidos de repente.
— Eu te amo, Max. Por que você não consegue se amar também?
Aquelas palavras acabaram comigo. Minha mãe deixou o apartamento logo em seguida aos prantos. Caí de joelhos no chão da sala esfreguei as mãos no rosto. Eu nunca poderia me amar. Não depois do que eu fiz com a Natasha. Não depois do que eu fiz com os meus pais. Então chorei.
ELA
— Você está diferente hoje.
Jéssica me disse enquanto limpávamos algumas mesas que os clientes haviam abandonado. Pela primeira vez eu sorri para ela.
— Você está bonita. Até parece que está apaixonada. Tem um brilho diferente nos seus olhos.
Eu continuei rindo. Eu me sentia tão bem. Pela primeira vez em anos eu estava realmente feliz. Eu queria conversar com alguém sobre isso além de mim mesma.
— Eu acordei feliz só isso — eu disse sorridente.
— Sei — Jéssica duvidou. — Isso tem a ver com algum macho, né? Sempre tem algum macho.
— Isso é coisa da sua cabeça — neguei.
— Duvido. Vai me conta quem ele é. É bonito? — Ela se sentou na cadeira e apoiou os dois cotovelos na mesa segurando o seu rosto. Sentei também, mas antes olhei para os lados para garantir que Claudio não estivesse vendo nada.
— É. Bonito demais. Bonito demais pra mim.
— Que bobagem! Você é bonita.
— Mas não sirvo pra ele. Ele tem namorada, mas eu sinto um negócio quando vejo ele. É diferente, sabe? Nunca senti isso por ninguém.
— Está apaixonada.
— Não — falei com convicção. — É mais do que isso. Sinto como se estivéssemos ligados. É como se algo nos unisse e eu ainda não sei o que é.
— Ele é a sua alma gêmea. — Ela sorriu animada com a possibilidade. Mas eu não sorri.
— Não. Eu não acredito nisso. Somos muito diferentes. Pertencemos a outros universos. É como eu disse é como se algo nos unisse.
— Então tente descobrir o que une vocês, bobinha. Você está com cara de quem precisa transar.
Eu abaixei a cabeça sem graça e me levantei.
— Ai merda você é virgem! — ela gritou e por sorte não havia ninguém na cafeteria, caso contrário eu ia morrer de vergonha. — Você nunca namorou?
— Namorei sim, mas foi há muito tempo. Antes... Antes do acidente.
Olhei para a minha perna. Eu perdi tantas coisas junto com ela, inclusive o Victor.
— Ele não beijava bem?
— Beijava sim, mas nós... Depois de um tempo não fazíamos mais sentido. Deixamos de ser um casal.
— E ele foi o seu único namorado?
Assenti envergonhada.
— Eu o conhecei na igreja. Éramos melhores amigos, crescemos juntos. Então chegou à adolescência e quando eu vi tínhamos engatado um namoro.
— Ele era gatinho?
— Sim. — Lembrei-me do Victor do seu rosto gentil, dos seus olhos azuis, dos seus cabelos dourados como ouro e do seu sorriso de bom moço. — Ele é muito bonito. Mas depois do acidente, eu o afastei. Ele casou uns dois anos depois, mas fiquei sabendo que faz um ano que ficou viúvo.
— Existe alguma chance de vocês voltarem?
— Não. Eu não vou mais na igreja e não vejo o Victor há anos. Tudo que eu sei dele é através da minha mãe.
— E o gato novo? Como ele é?
— Eu não sei. — Fui sincera. Eu não sabia nada sobre ele. — Eu não o conheço.
Alguns clientes entraram na cafeteria nos obrigando a trabalhar. Era um grupo de jovens bonitas, todas loiras de pernas cumpridas e fitness, como Tália apelidou esse tipo de mulher, cuja o padrão era impossível de se alcançar. Atendi todas elas cabisbaixa, com autoestima no lixo. Mas a minha atenção se voltou para uma delas. Era a loira que estava com Max no dia anterior. Fingi que estava limpando uma mesa próxima só para poder escutar a conversa da loira com as outras três amigas.
— Você tem que esquecer o Max. Ele não vale a pena — uma das amigas falou.
— Max é impossível de esquecer — a loira falou, fui obrigada a concordar com ela. — Eu estou com ele há tanto tempo.
— Esse é o problema, Angélica. — Então esse era o nome dela. — Você está com ele, mas ele não está com você.
— Max nunca me traiu. Ele só teve alguns problemas com a família dele, especialmente com o pai, por isso ele é assim, mas Max nunca foi galinha.
— Ele nunca foi santo, Angie. — A outra amiga falou. — Na época da faculdade...
— Ele vivia chapado, eu sei. E eu sei que ele deve ter transado com outras mulheres, mas ele me prometeu que nos casaríamos um dia.
— Isso foi quando? Quando vocês eram crianças? Angie esquece esse cara e parte pra outra.
— Eu não consigo, eu o amo. Ele só está passando por alguns problemas, mas eu sei que vai passar.
— Angie, Max é um vulcão. Pode ficar adormecido durante anos, mas logo desperta e explode para todos os lados. E é isso que está acontecendo com ele agora. Ele precisa de ajuda, mas você não pode oferecer o tipo de ajuda que ele precisa.
Angélica se irritou com as amigas e se levantou, apanhou sua bolsa e saiu quase aos prantos. Eu fiquei olhando-a se afastar. Senti pena dela. Todas as suas amigas aconselhando-a a se afastar de Max e ela assim como eu teimávamos em nos aproximar ainda mais dele.
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