ELA, ELE, ELA
ELA
Max me beijou novamente, e depois e depois. Os lábios dele eram macios demais. O seu cheiro me deixou embriagada e então eu percebi que estar em seus braços era como estar no paraíso. Ele me abraçou me envolvendo cada vez mais. Tão cuidadoso como se eu fosse quebrar a qualquer momento. Eu o olhei e sorri. Ele retribuiu e disse carinhoso:
— Gosto quando você sorri. Me deixa tão feliz.
— Gosto quando você sorri também. Às vezes eu acho você tão sério.
— Faz tempo que não tenho motivos para sorrir. Mas agora eu tenho.
Ele me beijou novamente, só que desta vez mais devagar como se quisesse explorar ainda mais a minha boca. Mordeu de leve o meu lábio superior e gemeu baixinho.
— Eu estou cada vez mais louco por você — ele falou contra os meus lábios. — O seu gosto, o seu cheiro... você não sabe o quanto isso me excita.
O calor era inevitável. Quando ele falava assim comigo a insegurança desaparecia. Eu me sentia mais forte e de algum jeito mais bonita. Como se eu tivesse controle sobre ele. Como se ele estivesse na palma da minha mão. Eu poderia fazer o que quiser com ele. Especialmente com o seu coração.
Afastei-me um pouco contra a vontade do meu corpo. Meus dedos acariciando o rosto dele. Ele fechou os olhos com força aproveitando o toque suave dos meus dedos em sua pele.
— Eu sinto o mesmo por você — eu disse a ele quase sem fôlego. — Mas precisamos ir com calma.
Ele abriu os olhos e me olhou daquele jeito intenso dele. Eu não queria ir com calma. Queria mergulhar naquele relacionamento. Afundar-me em seus beijos e abraços calorosos e queria poder-lhe entregar o meu corpo. Mas eu tinha medo. Havia receios de mais. Eu ainda estava zonza com tanta atenção. Às vezes fechava os olhos e pensava que aquilo era um sonho que eu nunca mais gostaria de acordar. Mas a vida real não deixava eu mergulhar profundamente naquele romance com Max. Havia marcas profundas que eu simplesmente não conseguia deixar de lado.
Max roçou o seu rosto no meu. A barba dele fez cócegas na minha pele e eu não pude deixar de rir baixinho. Ele viu que aquilo era gostoso e se aproveitou de mim fazendo cócegas na minha face com suas barba até o meu rosto ficar vermelho e eu não conseguir parar de rir mais alto do que antes. Ele me segurou em seus braços e me fez olhar para ele novamente com os olhos chamuscando.
— Vamos para a minha casa? Eu posso fazer o jantar. Quero ficar sozinho com você.
— Qual parte de que nós precisamos ir com calma você não entendeu? — Eu sorri para ele enquanto as minhas mãos deslizavam pelos seus braços.
— Ok. — Ele fez cara de choro como uma criança mimada, mas depois sorriu de volta. — A gente come por aqui então.
Sentamos em uma mesa e fizemos os nossos pedidos. O tempo passou tão depressa que não percebemos quando a lua ocupou o seu lugar de rainha no céu sombrio. Max segurou minhas mãos. Ele ficou todo esse tempo me contando sobre a sua arte, sobre os artistas que ele admirava, sobre o como era importante para ele finalizar seu novo quadro e que agora que ele estava do meu lado ele se sentia mais criativo para terminar. Eu queria poder também contar a ele sobre os músicos que eu admiro, sobre os ballet de repertório que fizeram parte da minha vida, sobre a paixão que a dança me causava, mas eu me calei. Sorri para ele a cada momento tentando não lembrar daquela parte da minha vida. Observei Max. Era nítido sua paixão pela arte. Éramos absolutamente iguais nesse sentido. Éramos apaixonados. Mas havia um pequeno detalhe em tudo isso. Max continuava apaixonado. Seus olhos ainda brilhavam quando ele era indagado sobre sua arte. Ele ainda podia exercê-la. Eu não. A arte havia morrido para mim. Eu era como um pássaro que voará e conhecerá todo o esplendor da liberdade e que agora estava preso em uma gaiola escura e fria, e mesmo se um dia a gaiola se abrir eu continuaria não podendo voar, pois eu havia perdido as minhas asas. Alguém as roubou de mim.
— E você? Como vai a sua irmã?
Max acordou-me dos meus devaneios. Mordi o lábio inferior e respondi:
— Ela está bem. Muito melhor.
— Fico feliz em ouvir isso.
— Minha mãe está em casa.
Max parou de beber seu suco de morango e deixou o copo na mesa.
— E como ela está? Vocês conversaram muito?
Segurei o meu rosto com uma das minhas mãos. O cotovelo na mesa e respirei fundo.
— Eu achei ela um pouco estranha. Mas não conversamos muito. Não tivemos tempo. Eu falei sobre você pra ela.
Max me encarou com os olhos piscando. Ele estava preocupado. Sorri para ele se acalmar.
— Fique tranquilo. Ela não disse nada.
Ele sorriu de volta e apertou a minha mão.
— E se ela não gostar de mim?
— Quem tem que gostar de você sou eu e não ela. Mas fique tranquilo, a minha mãe quer se livrar de mim. Ela quer me ver casada e feliz. — Forcei um sorriso.
Max não ficou tranquilo com o comentário. Ele parecia distante e não disse nada por alguns segundos.
— Por que você sempre parece distante? — eu indaguei.
— Como assim? — ele perguntou sem graça.
— Às vezes você parece estar longe. Perdido em algum pensamento que não quer partilhar comigo. Somos um casal agora, não somos? — Ele assentiu. — Então você precisa me dizer o que se passa com você. Às vezes eu tenho a impressão que eu não sei nada sobre você.
— Não tem muito o que saber...
— Tem sim. Todos nós temos um passado. Uma história. E eu gostaria que você compartilhasse a sua comigo.
— Mas eu já te disse tudo.
Ele abaixou a cabeça, disfarçando. Não estava mais olhando para mim como sempre fazia.
— Tudo mesmo? — eu perguntei desconfiada.
— Tudo — ele falou ainda sem olhar para mim.
— Quem era aquele garoto da foto com você e a sua família?
— Como?
— Na festa dos seus pais. Eu vi uma foto sua com um menino. Quem é aquele garoto?
Max não respondeu. Ele passou a mão no rosto. Estava nervoso. Era como se eu tivesse pego ele fazendo algo errado. Fiquei confusa, mas logo me controlei. Talvez ele ainda não estava pronto para compartilhar coisas de sua vida comigo.
— Me desculpa. — Eu segurei sua mão. — Eu estou sendo invasiva demais.
— Você tem razão. — Ele voltou a olhar para mim. — Mas há coisas sobre mim que eu não quero que você saiba. Não porque eu não confio em você. Mas sim porque eu sei que se você descobrir você não vai querer mais continuar na minha vida. E você é tudo o que eu tenho agora.
Ele aproximou minha mão de sua boca e beijou os nós dos meus dedos.
— Não penso que o seu passado me afastaria de você. Pelo contrário, acho que ele poderia nos aproximar ainda mais.
ELE
Era dolorosamente estranho estar apaixonado por Natasha.
Havia dias em que eu me sentia nas nuvens, com borboletas no estômago, animado e com um desejo devastador em meu corpo. E quando eu estava com ela sentia um misto de emoções. Uma dor lacerante em meu peito. Às vezes eu a sentia perto demais. Outras tão distantes. Natasha me confundia. Havia dias em que ela parecia radiante disposta a me amar, outros dias ela me olhava como um analista, observava os meus gestos, as minhas falas como se estivesse me julgando. Ela me inspecionava e algumas vezes eu sentia como se ela estivesse tramando algo. Tramando de roubar de vez o meu coração. O que ela obviamente já fez.
Os dias ao lado de Natasha eram inebriantes e cada vez mais eu me sentia exausto de tanta paixão. Estar ao lado dela e guardar segredos exigiam de mim uma certa precaução. Eu estava o tempo todo com medo. Medo de ser pego. Medo de que a mãe dela acordasse em um belo dia e revelasse o meu segredo. Medo de que o meu passado fosse atirado para o alto e voasse pelo ar. Era muito cansativo esconder tantas coisas de Natasha. E era mais cansativo ainda não poder ser eu mesmo. Eu nunca poderia contar para ela os meus sentimentos. A obscuridade de cada pensamento. Sobre as sensações de ser eu. De como o meu mundo era sombrio e só parecia ter cor quando eu estava ao seu lado. Ela nunca poderia saber. Nunca poderia desconfiar das rachaduras da minha alma. Ela era pura demais. Inocente e imaculada para mim. Jamais eu poderia manchá-la com a minha sujeira, com o meu sangue.
Eu desconfiava que ela suspeitava de mim. Sempre me analisando com os seus olhos grandes. Sempre indagando sobre mim e sobre a minha família. Sempre procurando respostas para perguntas que eu nunca poderia responder nem sequer para mim mesmo. Éramos parecidos. Isso eu pude identificar com o passar dos dias. No momento em que eu a vi soube que éramos quebrados. Duas almas vazias vagando por este mundo superficial e que nunca poderia nos encher de gozo. Eu sempre fui uma pessoa triste. Natasha estava triste porque eu a deixei triste. Eu roubei dela tudo o que ela mais amava, o ballet. Ela nunca falava sobre isso. Desviava do assunto tão bem. Eu havia roubado esta parte dela que eu nunca iria conhecer, esta parte alegre e cheia de paixão. Havia apenas me sobrado uma Natasha que se esforçava para estar feliz. Mas tudo bem. Ela havia roubado mais de mim do que eu dela. Havia de certo modo conseguido o meu coração. Coração que durante anos eu guardei a sete chaves e não deixei que ninguém chegasse nele. Apenas ela conseguiu essa artimanha. Tão doce a minha querida Natasha não sabia que havia mexido com todo o meu ser.
Naquela manhã eu pintava animadamente o meu último quadro. Era o triunfo da minha carreira. Eu estava diante da minha musa. Minha obra prima. Todo artista tem sua Monalisa. Eu pensei durante toda minha vida que eu seria um pintor medíocre que jamais conseguiria criar algo tão belíssimo, algo que descrevesse deliberadamente a minha persona. E então ali estava eu deslumbrado por minha própria obra. Apaixonado por cada traço. Por cada cor. Até mesmo os defeitos daquela peça mexia comigo. Sentia-me como Dorian Gray diante de seu próprio retrato quando ele conseguia enxergar beleza. Mas se eu olhasse bem. Olhasse de perto. Eu seria capaz de ver a mim mesmo e então me assustava comigo. O que eu estava fazendo? Aprisionando Natasha em uma vida de mentiras. Contando mentiras a ela. Eu estava louco. Obcecado. Não passava um momento do meu dia sem pensar nela. Sem correr para o celular e mandar uma mensagem para ela. Precisava compartilhar tudo com ela. Mas não tudo. Porque se eu compartilhasse tudo ela veria um monstro e não mais o príncipe.
A campainha tocou. Tranquei a sala de pintura. Aquele era um segredo que eu não queria mostrar a ninguém tão cedo. Por enquanto ele só seria meu. Abri a porta e vi a Angélica. Ela estava nervosa, esfregando as mãos e com a testa brilhando de suor. Ela entrou sem dizer uma palavra e eu apenas a observei andar em círculos pelo meu apartamento.
— Eu vi você na cafeteria esses dias — ela disse finalmente. Fez sinal para que eu não dissesse nada. — Eu fiquei de longe te observando. Você estava com uma moça. Eu vi ela em algum lugar, mas não me lembro bem. Fiquei com a sensação estranha de que eu a conhecia. Mas tenho dito a mim mesma que você não seria capaz de tanta barbaridade. De que era loucura da minha cabeça. Mas eu sei que você seria capaz sim, porque você tem essa necessidade de sofrer. Você gosta de sofrer. De sentir dor. É a maneira como você encontra prazer. Sempre foi assim. Você gosta de ser um mártir.
— O que você quer Angélica?
— A garota... Ela é a moça que você atropelou?
Agora mais uma pessoa sabia do meu segredo. Angélica sabia de tudo sobre mim. Ela via através de mim. Eu me questionava às vezes sobre o porquê de ela continuar aqui já que ela conseguia profundamente ver o meu interior.
Eu assenti e passei uma mão no rosto. Angélica me olhou estupefata.
— Mas que porra é essa, Max!
— Eu estou apaixonado — eu disse a ela. — De verdade. Nunca me senti assim.
Angélica cruzou os braços e bufou irritada.
— Porra nenhuma que você está. Você é um merda sabia. Ela sabe quem você é?
Olhei para ela durante alguns segundos sentindo-me envergonhado.
— Não. — Eu fui sincero com ela. Pelo menos com ela não havia máscaras.
— Você fez ela perder a porra de uma perna, sabia? Como assim ela não sabe? É óbvio que ela deve saber.
— Não. Ela não sabe. Ela nunca quis saber. A mãe dela cuidou de tudo na época.
— A mãe dela sabe então?
— É, mas a mãe dela não vai contar pra ninguém porque ela sabe que eu faço a filha dela feliz.
— Meu Deus Max, como você é escroto! — Ela riu histericamente. — Transou comigo naquela noite pensando na garota que você atropelou?
— O nome dela é Natasha! — Fiquei puto. Não era justo ela aparecer assim e querer me fazer sentir mais mal do que eu já estava. — Ela é a mulher que eu amo. Eu vou me casar com ela um dia. E seria incrível se você parasse de ser obcecada por mim e me deixar em paz!
Angélica franziu as sobrancelhas e cruzou os braços balançando a cabeça.
— Obcecada? — ela cuspiu essas palavras em mim. — Eu limpei as suas merdas a vida inteira. Eu estive do seu lado durante todos esses anos e é assim que você me trata? Como se eu fosse um saco de lixo? Vai se foder, Max! Você vai pagar muito caro pelas suas mentiras. E essa sua historinha de amor não vai acabar bem.
Ela foi até a porta pisando duro com os olhos molhados. E antes de sair olhou mais uma vez para mim:
— Dessa vez eu não vou limpar nenhuma merda sua. Fica tranquilo. Eu não vou falar pra ninguém. Mas a verdade sempre aparece e eu espero que você não escape dessa vez.
ELA
Tália estava radiante. Ela era a noiva mais feliz do mundo. Pelo menos alguém da minha família seria feliz. Isso me confortava.
Era o dia do seu casamento. Tália e o seu marido dançavam felizes pelo salão da igreja de Victor. Ele havia cedido o espaço e realizado a cerimônia. Os irmãos da igreja levaram comida e o casamento foi comunitário. Todo mundo levou algo. A casa de Tália foi praticamente mobiliada desse jeito. Max comprou muitas coisas para eles também. Ele queria presentear a minha irmã com um apartamento, mas ela e eu recusamos. Tínhamos só alguns meses de namoro. Eu não queria abusar dele.
De modo geral eu não me sentia muito bem. Victor não tirou os olhos de mim. Minha mãe não conversava com Max. Ela o evitava. Nunca estava em casa quando Max ia nos visitar, e quando ele nos convidava para jantar em seu apartamento ela inventava desculpas. Eu a indagava sobre estas coisas, mas ela nunca respondia diretamente, dizia que estava cansada ou que estava ocupada com o namoro à distância. As vezes ela me olhava diretamente com os olhos cheios de lágrimas e perguntava:
— Você está feliz, Tasha?
Eu nunca sabia o que responder. Era impossível mentir para ela. Eu estava feliz? Eu mesma me perguntava. Eu ficava feliz quando estava nos braços de Max, mas era uma alegria momentânea. Quando os lábios dele se colavam nos meus eu ficava zonza de prazer. Era carnal. Uma atração física muito forte. Eu sentia o coração bater mais forte também quando eu o via. Mas então as coisas ficavam estranhas dentro de mim. Como um peso. Como se eu estivesse com o coração amarrado. Eu nunca seria feliz sem ser eu mesma. Eu não tinha mais sonhos. Eu não tinha mais a dança. A felicidade que o ballet me trazia Max jamais poderia substituir. Ser infeliz para sempre era o meu destino. Eu deveria me acostumar com esses pequenos prazeres que a vida estava me proporcionando. Eles seriam as únicas coisas que eu teria em minha inútil vida.
— O bolo está uma delícia — Max disse quando experimentou uma fatia do bolo de chocolate.
— Você gostou? Fui eu quem fiz. Passei o dia inteiro assando bolos.
Ele franziu a sobrancelha.
— Pensei que você só fizesse bolos de chocolate quando estava triste.
Eu fiquei sem graça com o comentário dele. E tratei de mudar de assunto:
— Você está gostando da festa? Não é como as festas da sua família.
Eu olhei para o pequeno salão. Tudo era tão simples. Cadeiras e mesas de plástico, decoração cafona comprada em loja barata, pessoas pobres com roupas antiquadas. Eu mesma estava usando um vestido longo rosa de um tecido barato com decote de coração. Pouca maquiagem e com uma trança lateral.
Max me olhou daquele jeito safado dele que deixava as minhas pernas bambas.
— Você está linda. E eu estou amando a festa. De verdade, estou feliz pela sua irmã.
Max não tinha tido muito contato com a Tália. Ela o achava lindo e disse milhares de vezes que eu havia ganhado na loteria. Todas as mulheres da festa olhavam para ele com malícia. Eu gostava de tê-lo ao meu lado elevava a minha autoestima. O que era bom já que todos daquela igreja achavam que eu era uma menina sozinha e infeliz. Uma meia verdade. Mas Tália também dizia que tinha a estranha sensação de que o conhecia. Dê que já o tinha visto. Max disse que ela certamente deveria ter cruzado com ele no edifício. O que poderia ser verdade.
Max colocou uma de suas mãos na minha cintura e me puxou para o meio do salão.
— Dança comigo?
Eu congelei. Imediatamente me afastei suando frio. Eu nunca mais dançaria. Nem daquele jeito.
— Não posso — eu disse a ele encarando a minha perna mecânica.
— Isso não tem nada haver. Sua perna não é um problema.
— Não é isso — falei de um jeito duro. — Eu nunca mais vou dançar.
Max ficou sem jeito. De repente ele era quem parecia infeliz. Ele passou as mãos pelo cabelo. Estava tão lindo com a barba grossa e de terno preto. Um verdadeiro cavalheiro. Um belo contraste comparado com os demais homens. Notei Victor do outro lado do salão nos olhando de um jeito curioso.Eu estava odiando ele. Não parava de encarar e por sorte Max não havia notado ou fingia não notar.
— Me desculpa. Eu...
Segurei a mão dele e disse de um jeito gentil. Talvez eu tenha sido um pouco dura.
— Você não tem culpa.
Max desviou o olhar. Ele parecia culpado.
— Quer ir lá fora?
Ele concordou segurou a minha mão e me conduziu até a rua. As estrelas nos receberam de braços abertos. Era bom sentir a brisa suave da noite na minha pele nua. Abracei o meu corpo e Max tirou o paletó e colocou sobre os meus ombros. Eu sorri para ele.
— Você é tão educado, parece um príncipe.
— Estou mais para o conde Drácula. — Ele soltou uma risada triste.
— Eu adoraria ir para o castelo com você.
Aproximei-me dele e beijei seus lábios suavemente. Ele acariciou os meus cabelos e me deu um abraço apertado.
— Você está tão distante hoje — ele sussurrou no meu ouvido. — Pensei que estaria mais feliz. Eu não te faço feliz?
Afastei-me de seus braços e coloquei-me de modo que pudesse olhar para ele.
— É claro que você me faz feliz. Mas existem coisas que você não pode mudar em mim.
— O ballet? — ele perguntou com os olhos ternos, sua voz soava triste e amarga.
— Sim — eu confessei a ele. — Uma parte de mim se foi quando eu perdi a minha perna.
— E você nunca vai poder recuperar essa parte?
Eu não respondi, porque a resposta era não. Eu nunca iria ser o que eu era. Eu mudei. Eu era essa pessoa vazia sem a dança.
— Por favor, não me diga nada motivacional.
— Ok. — Ele assentiu.
Depois de uns segundos ele falou:
— É casamento da sua irmã. Vamos comemorar. Logo será o nosso.
— Você quer mesmo casar comigo? — Eu ri. Era difícil demais acreditar que aquele homem tão lindo e rico me queria.
— Claro — ele falou sério. — Eu te amo, Natasha.
Era a primeira vez que ele dizia isso. Meu corpo estremeceu e eu corri para os seus lábios. Tinha que sentir o gosto dele. Max correspondeu o meu beijo. Ele me beijou como se fosse a primeira vez. Explorando a minha boca. Seus lábios desceram pelo meu pescoço onde ele afundou sua face e mordiscou minha pele. Eu gemi não aguentando mais o prazer percorrendo o meu corpo. O rubor na minha pele.
— Eu sou louco por você. Eu te amo tanto. Eu quero você — ele sussurrou contra minha pele.
Eu arquei as minhas costas sentindo a onda de prazer pelo meu corpo tão frágil perto dele. Ele me beijou novamente com o corpo tão perto de mim que eu sentia que ele estava excitado e senti-lo daquele jeito fez minha pele queimar ainda mais.
— Ah vamos pra outro lugar onde ninguém possa nos ver — eu praticamente implorei.
Ele me puxou para atrás do muro. Um lugar escuro onde ninguém nos veria encostou-me na parede e voltou a me beijar ainda mais. Abri as minhas pernas gentilmente e o puxei para o meio delas sentindo ainda mais o seu sexo. Eu não aguentaria muito mais, eu já estava explodindo. As mãos dele subiram pela minha coxa, deixando-me ainda mais louca. Ele acariciou a minha pele nua e puxou minha calcinha para baixo. Eu não sabia o que ele iria fazer, mas eu não queria que ele parasse. Seus dedos encontraram o meu sexo e ele entrou dentro de mim fazendo com que eu gemesse de tanto prazer. A sensação era tão parecida com aquela que eu sentia quando eu estava nos palcos perdida na música e conduzida pela dança. Max grudou seus lábios em mim abafando os meus gemidos e quando o orgasmo me encontrou eu vi os olhos dele. Eu vi o quanto ele estava gostando de me ver assim tão vulnerável, tão dependente dele, implorando para que ele não parasse, para que ele continuasse. A malícia, o prazer em seus olhos. Ele praticamente gozou ao me ver experimentar aquela sensação que apenas os seus dedos haviam causado em mim.
Então eu o abracei e ele colocou seus dedos outra vez em mim e brincou comigo tantas e tantas vezes até que eu estava fraca que só conseguia ouvir sua voz no meu ouvido:
— Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.
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