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Perdão

Hinata entrou no quarto um pouco reticente, com um pequeno serzinho no colo. Já eu quase morri do coração. Aquele pacotinho de amor era meu filho? Era tão pequeno... E, como se meu pai pudesse ouvir meus pensamentos, proferiu:

— Ele nasceu prematuro, mas é um guerreiro. Logo receberá alta e poderá ir para casa.

Minha mãe e meu pai sorriram ao verem Hinata entregando meu filho.

— Se chama Boruto, nós ainda não o registramos, porque queríamos sua opinião... O nome foi Hinata quem indicou. - minha mãe completou as palavras do meu pai.

Ao ouvir aquilo, recomecei a chorar feito uma criança novamente. O culpado tinha sido eu? Eu fiz Hinata passar tanto nervoso, a ponto de dar à luz prematuramente?

Queria pensar que não, mas tudo indicava que o único e verdadeiro culpado era eu. Por não conseguir controlar meu ciúme, por sempre temer que ela escapasse de mim, assim como aconteceu na nossa adolescência. Quando quase a perdi. Acho que isso me deixou inseguro ao extremo e eu não conseguia mais imaginar uma vida longe da Hinata.

Ela era meu ponto de paz, meu porto seguro... Eu a tinha em minha vida desde criança e a simples menção de perdê-la, causava em mim um desespero profundo. O que não justificava meu ciúme e a forma como eu a tratei quando retornei de viagem. Eu deveria ter acreditado na minha noiva, na mulher que eu amo e amei por toda a minha vida. Porque, vejam bem, Hinata foi minha primeira namorada. Meu primeiro beijo foi com ela, minha primeira vez foi com ela. Tudo o que eu fiz de mais especial na vida, foi com Hinata. Ela era preciosa demais para mim. Por isso, eu meio que a tinha como minha, o que era errado. Eu sei. Hinata não era um troféu, muito menos um objeto para eu tomar posse.

De qualquer forma, os erros do passado trouxeram-me à realidade de hoje. Uma realidade onde a mulher da minha vida, temia olhar nos meus olhos ou me contar que um louco a beijou à força. Tudo por acreditar que eu não a compreenderia.

Eu quis morrer no momento em que Hinata colocou o garotinho de cabelos loiros como o sol e olhos extremamente azuis no meu colo. O menino era meu clone, tinha até os risquinhos nas bochechas. Porém, eu lembro-me bem de ter tido que aquele filho que ela carregava, podia não ser meu, dada a circunstância.

E, ao lembrar das palavras ditas à ela na noite em que fui atrás do Toneri, o choro que eu estava tentando conter veio à tona como uma chuva torrencial. Tanto que devo ter assustado o menino, que me acompanhou nas lágrimas. Talvez meu filho tenha sentido a dor do pai.

Me descontrolei ao ponto de começar a tremer e minha mãe precisar pegar Boruto do meu colo.

— Deixa ele aqui. - pedi com a voz embargada e, ao ouvir isso, Hinata começou a chorar novamente. Aproximando-se de mim.

— Eu ajudo. - argumentou pegando o filho e devolvendo pra mim, que ao tê-la ao meu lado, consegui aos poucos me controlar.

Respirei fundo e segurei firmemente meu menino nos braços.

Meus pais, que tentavam não sucumbir ao choro, nesse momento saíram do quarto de fininho. Deixando-me a sós com Hinata.

— Perdoe-me por não ter contado sobre o beijo e a minha gravidez. - pediu chorando. - Por favor, Naruto! Eu sabia da necessidade do acordo, dada a situação em que a empresa da sua família se encontrava, tive medo de que voltasse correndo e prejudicasse seus pais. Se eu soubesse que tudo isso aconteceria... - despejou e sua atenção se dividia entre o filho e eu.

— Eu é que preciso pedir perdão, hime. - devolvi com a voz embargada. - Sempre tive ciúme do seu primo por causa do seu pai, que me garantiu ser ele o cara que iria ficar contigo no final das contas. Eu remoí secretamente esse ciúme por todos esses anos e joguei em cima de você no momento em que mais precisou de mim! Por favor, perdoe-me, quase fiz você perder nosso filho... - implorei com vergonha até de olhá-la nos olhos.

— Naruto, nós dois erramos. - Hinata contrapôs, embalando Boruto, que se acalmou ao perceber que os pais estavam começando a se entender. - Eu por guardar segredos de você, pensando ter tomado a melhor decisão...

— E eu por não confiar na mulher que eu amo. - emendei e apertei os olhos, na tentativa de não chorar mais. Porém, era quase que em vão. - Hinata, eu não mereço você, não mereço seu amor. Eu lembro bem de tudo o que disse quando retornei de viagem, você não tem que me perdoar. - baixei os olhos, morrendo de medo de Hinata concordar comigo.

— Amor. - ela chamou-me com ternura. - Já passamos por muitas coisas para ficarmos juntos, nós nos apaixonamos praticamente ainda crianças. - eu sorri ao relembrar de quando ficamos presos em casa, durante uma forte nevasca. - Todos os casais têm problemas não têm? Por que seríamos diferentes? - Hinata sorriu minimamente e olhou para Boruto nos braços, que dava sinais visíveis de estar dormindo. - Podemos passar uma borracha nisso tudo e recomeçarmos do zero? Boruto merece a chance de ter uma família de verdade, nós merecemos. - afirmou resoluta.

— Tudo que eu quero é ser feliz ao seu lado, amor. - declarei. - Só que agora... - fiz uma pausa procurando pelas palavras certas a dizer, não queria que Hinata sentisse culpa pelo meu estado. - Eu vou mais atrapalhar do que ajudar. - olhei para minhas pernas inertes em cima da cama.

E, pela primeira vez desde que acordei, a realidade me golpeou com força. Eu verdadeiramente não poderia mais andar? Estava condenado à uma cadeira de rodas no auge dos meus vinte e quatro anos? Como faria Hinata feliz assim? Como seria o provedor da minha família? Como cuidaria de Boruto e o ensinaria a jogar bola, a andar de bicicleta, a correr por aí? Eu seria um peso morto para a Hinata e meus pais?

A empresa estava passando por uma fase complicada, estávamos quase falindo. Por isso o acordo comercial que firmei no Brasil era tão importante, por isso Hinata se sacrificou ficando longe de mim por tanto tempo. Para ajudar minha família, que agora era dela também. Visto que meus pais sempre a viram como uma filha, não só ela, mas a pestinha da Hanabi.

Agora eu entendia tudo, era como se às escamas que cobriam meus olhos finalmente tivessem caído. Hinata sabia que se me contasse da gravidez eu voltaria correndo pra ela. Largaria tudo, acordo, empresa, jogaria tudo para os ares, somente para ficar ao seu lado. Hinata jamais permitiria que isso acontecesse, era abnegada demais. Ela aguentou praticamente a gestação toda sozinha, longe de mim, apenas para não prejudicar minha família. Eu não sei se meus pais concordaram facilmente com a omissão, tanto fazia diante de tudo o que aconteceu.

Eu que precisava acreditar na palavra dela, eu, somente eu. Meus pais não tinham culpa também. Apesar de empresa da família ser algo muito importante para o meu pai, pois foi fundada ainda pelo meu finado avô e tudo indicava que ficaria para mim um dia. Se conseguíssemos sair do buraco. Eu duvidava que a ideia de me esconder algo tão grandioso tenha partido dos meus pais. Eles jamais colocariam a empresa em primeiro lugar, algo me dizia que Hinata fez tudo isso por mim e pela minha família por si só. Porque ela era assim, se fazia de forte quando estava quebrada por dentro, deixava a própria dor de lado, para cuidar da dor do outro. Foi isso que Hinata fez quando o pai morreu naquele acidente, quantas vezes a peguei tentando animar Hanabi e a mãe, sendo que ela própria estava destruída? E o que ganhou em troca? O que ganhou de mim? Desconfiança, ciúmes.

— Naruto, por favor não fala assim. - Hinata tocou meu rosto e trouxe-me de volta. - Você é o amor da minha vida, a culpada por você estar desse jeito sou eu...

— Não diga isso nunca mais, Hinata. - ordenei incisivo. - Você não tem culpa de nada, eu tomei a decisão errada e devo arcar com as consequências, só não quero que sinta-se presa a mim... Você não precisa.

— Para! - Hinata quase gritou e o barulho assustou Boruto, que abriu os olhos e tornou a chorar.

Nesse instante, meu pai surgiu no quarto com um médico e levou meu filho, mesmo com os meus pedidos de que deixasse ele perto de mim.

Pelo que parecia, Boruto não podia ficar muito tempo longe da incubadora e tinha Hinata, que teve o filho de parto normal e ainda estava convalescendo.

— Hinata, você precisa descansar, querida. - meu pai disse amorosamente. - Naruto, você também tem que fazer alguns exames... - eu não o deixei terminar.

— Não quero fazer exames, quero ficar perto da minha família! - bradei, já sentindo falta do meu filho em meus braços, ou pelo menos nos de Hinata, ambos pertinho de mim.

— Eu estou bem. - Hinata retrucou, à menção de ser retirada do quarto para descansar.

— Você não pode abusar. - minha mãe interpôs e eu concordei.

— Descansa, amor. - pedi e peguei sua mão, por cima da cama. - Você precisa estar forte.

Hinata sorriu para mim e balançou a cabeça afirmativamente.

— Mas não quero sair de perto de você.

— Vai, amor. Por favor. - insisti preocupado.

Hinata tinha dado à luz há quando tempo? Uma semana? E já estava de pé, tendo que lidar com um conflito tão grande.

— Tudo bem, mas eu volto depois dos seus exames. - por fim, concordou a contragosto.

— Conversamos mais tarde. - garanti e por impulso tentei levantar, para lhe dar um beijo na testa.

Constatando que eu não mais poderia ter esses rompantes espontâneos de afeto, que Hinata tanto amava, por sinal. Ela, notando minha angústia, logo aproximou-se de mim e eu pude então deixar um beijo casto em sua testa.

— Eu te amo. - afirmei, com os olhos novamente marejados.

Eu estava parecendo uma cachoeira, só sabia chorar.

— Eu também te amo. - Hinata respondeu e sorriu.

O médico e meus pais, que presenciavam a cena em silêncio, tentavam em vão disfarçar a emoção. Porém, eu não me importava de parecer vunerável na frente dos outros ou de expressar meus sentimentos e fraquezas. Eu recebi outra chance da vida e não iria nunca mais desperdiçá-la. Pelo contrário, a agarraria com unhas e dentes e faria Hinata feliz. Eu nunca mais duvidaria do amor dela por mim, enquanto eu vivesse.

(...)

Os primeiros meses fora do hospital foram horríveis, eu precisava de ajuda para tudo. Não conseguia tomar banho sozinho, aliás, não sabia como, eu me sentia péssimo, vendo Hinata se desdobrar em duas para cuidar de mim e do filho recém-nascido. Minha mãe sempre aparecia para ajudar também, mas, com a correria na empresa, com o novo contrato que eu firmei, não dispunha de muito tempo. E, como eu estava afastado, meu trabalho ficou todo para ela e meu padrinho, Jiraiya, que mais gandaiava do que resolvia os problemas.

Assim sendo, seguíamos tentando retomar à rotina como podíamos. Hinata queria casar em breve, só que eu não queria, não na cadeira de rodas. Eu não sabia quando me acostumaria a viver daquele jeito, tendo que ouvir "coitadinho, um moço tão bonito, inválido." "Nossa, essa moça deve amá-lo muito para suportar uma dificuldade dessas." Ou, pior: "Um dia ela se cansa, tadinho, ser abandonado nesse estado."

Ainda assim, eu procurava ver as coisas pelo lado positivo e fazia o possível para não me lamentar. Pelo menos não na frente dos meus pais e principalmente de Hinata. Porque ela já sentia-se culpada e eu não queria piorar tudo. Foi difícil retirar a culpa pela morte do pai de seu coração, Hinata não merecia carregar esse tipo de fardo novamente, não por minha causa.

Por isso, eu decidi fazer fisioterapia e acreditar que um milagre poderia acontecer. O dano na minha coluna foi moderado, abaixo da sexta vértebra cervical, por isso eu parei de mexer as pernas. Ainda tive sorte, fiquei sabendo, acaso a lesão acontecesse acima da C6 eu poderia perder os movimentos dos braços completamente também, ou pior, morrer imediatamente por falta de ar.

Os médicos diziam que havia uma chance de eu recuperar parte dos movimentos. Talvez não completamente do jeito que eu era antes, mas qualquer coisa já seria bom para mim. Poder andar por aí ao lado da minha esposa e do meu filho era tudo o que eu desejava no âmago do meu ser.

Graças a Deus, com o tempo, a empresa voltou a dar lucros e meus pais intensificaram meus tratamentos, enquanto eu pegava firme na fisio. Minha meta era conseguir andar pelo menos de muleta, até o aniversário de dois aninhos do Boruto.

Enquanto Hinata seguia querendo casar e eu inventando desculpas para adiar nossa união oficial. Eu sonhava em entrar na igreja caminhando ao lado da mulher da minha vida, não arrastando uma cadeira de rodas. Contudo, obviamente, isso eu guardava para mim.

Até que, quando Boruto estava para completar um ano e meio e já dava os primeiros passinhos, além de falar algumas palavrinhas; como: papa e mama. Finalmente o milagre aconteceu, o esforço que eu estava fazendo na fisio começou a dar resultados e eu também dei meus primeiros passos com a ajuda do meu fisioterapeuta. A partir daí, passei a caminhar com o andador.

O que começou a me animar um pouco, era possível que eu retornasse a andar cem por cento? Esperava que sim! Mas, aquela pequena vitória para mim foi o suficiente e eu já me sentia vitorioso por isso. Eu podia ter morrido naquele dia, nunca teria visto o rostinho do meu filho e o da mãe dele, que era e sempre seria a mulher da minha vida.

— Amor? - ouvi a voz de Hinata e sai do meu transe.

— O que foi vida? - perguntei e levantei devagar, para ir até lá.

Agora tudo o que eu fazia precisava ser lentamente. Nada mais de arroubos, de pegar Hinata no colo e girá-la no ar, eu não podia mais pedir para que ela subisse em minhas costas e me fazer de cavalinho. Não por hora, não ainda. Quem sabe um dia? Era um mistério para mim. Porém, eu estava feliz com minha recuperação vagarosa.

Um passo de cada vez, certo? Um dia após o outro...

Fui seguindo com a ajuda do andador até onde Hinata estava com Boruto, para flagrá-lo caminhando displicentemente pela nossa sala. Sem a ajuda da mãe, aquilo pra mim era como um sonho, um presente dos céus. Eu poderia ver meu filho crescer com Hinata ao meu lado e quase joguei tudo isso fora por causa do meu ciúmes doentiu.

Agora era diferente, eu confiava em Hinata plenamente, ninguém mais abalava minha fé em nosso amor. Poderia aparecer o cara mais lindo do mundo na frente dela e até cortejá-la. Que eu respirava fundo e mentalizava que ela era minha, apenas porque escolheu assim, não por eu ser o dono dela. E, apesar da minha insegurança, por estar nessas condições e Hinata continuar sendo a mulher mais linda do mundo, eu sempre pensava que nosso amor era mágico. Por isso eu não precisava temer o abandono, como eu ouvia algumas vezes de pessoas maldosas.

Hinata não me largaria porque eu já não era como antes, ela me dava forças para seguir em frente e melhorar. Por mim mesmo, não porque Hinata tinha vergonha de mim, pelo contrário. Quando ouvia algum comentário maldoso a meu respeito e notava o quão abalado eu ficava, Hinata só faltava voar no pescoço da pessoa que o fez. Ela era tão linda, baixinha mas invocada.

Hinata era o amor da minha vida todinha e sempre seria.

— Já tá sem vergonha assim, moleque? - brinquei e fui até Boruto, mas, como eu não podia mais correr, Boruto se esquivava facilmente de mim. - Vem com papai, vem? - pedi apelando para o afeto dele.

Não deu outra, Boruto me olhou e deu àquela risadinha de criança que aquecia completamente meu coração. Eles eram tudo o que eu desejei pra mim.

Hinata me ajudou a sentar no chão com calma e amor eu senti as lágrimas querendo escorrer ao sentir Boruto nos meus braços, enquanto a mulher dos meus sonhos recostava a cabeça em meu ombro.

Aquela era minha família e eu a preservaria pelo resto da minha vida.

— Eu te amo, hime. - declarei e afaguei sua bochecha carinhosamente.

Hinata esfregou o rosto na minha mão, da mesma forma que fazia quando éramos adolescentes. Ela não mudou nadinha, ainda parecia uma gatinha se esgueirando em mim.

Como eu tive sorte!

— Eu também te amo, Naruto. - retribuiu sorrindo e notei que seus olhos estavam igualmente marejados. - Você tem meu coração desde menina e será assim para sempre.

Eu beijei a pontinha de seu nariz e ficamos nós três abraçados no chão da sala. Eu só queria ficar assim com eles eternamente.

(...)

Finalmente o grande dia havia chegado, o dia que eu desposaria Hinata, o amor da minha infância, adolescência, velhice...

Eu a amaria em todas as vidas que eu tivesse, a cada batida do meu coração, eu a amaria, a cada respirar, eu asseguraria que meu sentimento por Hinata era inexorável. Não importava as barreiras que tivéssemos de enfrentar, se eu estivesse ao seu lado, tudo estaria bem.

Nós escolhemos uma cerimônia diferenciada e só alguns familiares e amigos estavam presentes. Dentre eles, Sasuke e Sakura, meus amigos de infância, alguns amigos de Hinata, a mãe e a irmã, meu padrinho tarado, meus pais e até um amigo que eu fiz no Brasil. Ele estava no Japão tratando de negócios e eu aproveitei a oportunidade para convidá-lo.

Graças a Deus, o meu desejo foi parcialmente realizado, eu não estava cem por cento ainda. Porém, já conseguia andar com duas muletas e me desfazer delas sem a ajuda de ninguém. Ou seja, decidi que estava na hora de oficializar minha união com a mulher que eu amava. Não fazia mais sentido esperar minha recuperação completa para desposá-la e nem me apoiar em pormenores para adiar o nosso casamento. Hinata me amava como eu era e isso me bastava.

Assim sendo, a cerimônia teve início e Hinata estava radiante, linda, como o lírio mais belo do jardim. Aliás, de uns tempos pra cá, minha fé estava sendo moldada, porque, vejam bem, era para eu ter morrido naquele dia. Por isso mesmo eu só podia acreditar que existia algum propósito em minha vida. Pensando nessa questão decidimos fazer uma cerimônia diferente, um ritual cristão. Que eu aprendi ainda no Brasil, quando esse mesmo amigo que está hoje no meu casamento se casou e eu estava presente. Meus pais, apesar de estranharem, não foram contra, pelo contrário.

Aliás, quando decidimos nos casar eu mostrei diversos vídeos desse tipo de casamento para Hinata e ela se emocionou muito, dizendo que queria seguir também. Eu não impus, obviamente, se ela quisesse fazer outro tipo de cerimonial, mais tradicional eu aceitaria. Porém, Hinata sabia que eu tinha conhecido uma outra cultura quando estive no Brasil, inclusive, trouxe para o Japão um novo amor: pizza.

No entanto, isso era assunto para outra hora. Porque, quando Hinata adentrou a igreja de branco, em um vestido lindo que acentuava ainda mais suas curvas. Meu coração quase parou. Entretanto, antes disso, Sarada entrou com Boruto jogando pétalas de rosas pelo tapete da igreja, enquanto Sakura chorava horrores e Sasuke tentava manter a pose de durão, mas, por dentro era uma manteiga derretida.

Bom, eu não estava diferente, chorava tanto que parecia terem ligado uma torneira atrás dos meus olhos. Contudo, era aquela história, eu não me importava de parecer um bebê chorão. Estava diante do amor da minha vida e isso era motivo de sobra para eu chorar de alegria.

(...)

— Calma amor. - pedi, segurando firmemente a mão de Hinata, que gritava e chorava.

E, toda vez que sentia contração, apertava meus dedos com tanta força, que eu não sei como não os tinha quebrado. Eu aguentava firme os rompantes dela, sabendo que era o mínimo que eu poderia fazer, dada a situação.

— Calma porque não é você que está sendo revirada do avesso. Da próxima vez você que terá um filho! - vociferou entredentes com os olhos em cólera.

Eu a encarei boquiaberto, mas só fiz que sim com a cabeça. Permitindo que ela estravasasse e quebrasse todos os meus dedos no processo, se fosse necessário para aplacar um pouquinho sua dor.

Da primeira vez que Hinata deu a luz a um filho nosso, eu não estava presente. Por isso, eu deveria ficar ao seu lado para tranquilizá-la, ou pelo menos ouvir seus insultos.

Depois, Hinata foi levada às pressas para o parto e eu acompanhei, sentindo meu coração descompassado dentro do peito. Finalmente eu veria o momento em que Hinata daria a luz, coisa que me foi negada quando Boruto nasceu. Que, a essa altura do campeonato, já completava seus onze anos.

Agora vinha ao mundo outro raio de sol, ou de lua, vai que a menininha puxasse Hinata e nascesse com os cabelos negros como o anoitecer, assim como os da mãe? Céus, eu iria infartar de tanta ansiedade!

Estava tão absorto em meus pensamentos, que não vi quando Hinata foi preparada e já posicionava-se para que Himawari viesse ao mundo.

— Pai, a mamãe entrará em trabalho de parto agora. - anunciou a enfermeira super amistosa.

Balancei freneticamente a cabeça em resposta e ouvi um grito, na real, foi quase um urro de Hinata. Dei um pulo inconsciente e peguei sua mão, dando dessa vez a direita, porque a esquerda já estava com os dedos todos destruídos tamanho a força de seu aperto.

— É a última vez que você me coloca nessa situação, Naruto! - Hinata esbravejou e ouviu-se a voz da médica que faria o parto.

— Força mãe, já está apontando. - pediu carinhosamente. - Essa menininha quer vir ao mundo de todo jeito e bem rápido!

Hinata sorriu ao ouvir tal relato e afrouxou o aperto em minha mão. Para na sequência tornar a espremer meus dedos com ainda mais vigor.

— Eu estou aqui, amor. - proferi, ciente de que poderia levar uma patada ao dizê-lo.

Mas, não importava, Hinata precisava de mim e eu seria seu porto seguro.

Algum tempo após e alguns xingamentos a mais, o chorinho da nossa filha reverberou pelo quarto de hospital e Hinata tombou a cabeça na cama, exausta. Com os cabelos escuros grudados na testa pingando de suor.

— Nasceu! - gritei eufórico e deixei um beijo estalado em sua cabeça. - Nossa filha nasceu...

Hinata sorriu candidamente para mim, nem parecia àquela outra de outrora que faltava me matar com o olhar.

Vislumbrei quando a médica cortou o cordão umbilical e envolveu a menininha cabeluda em uma toalha. Entregando para Hinata na sequência. Nem foi preciso fazê-la chorar, porque nossa filha já chegou ao mundo se esgoelando!

— Parabéns, papais. - a médica disse amorosamente.

Agradeci com um aceno de cabeça.

— Ela tem seus cabelos. - constatei, emocionado e acarinhei o rosto de Hinata, que beijou a cabecinha da filha com ternura.

— E os seus olhos... - respondeu, quando Himawari os abriu vagarosamente e nos olhou curiosamente.

Nem parecia que tinha acabado de vir ao mundo.

No momento seguinte a médica levou nossa filha para limpar e checar se estava tudo bem. Enquanto a enfermeira começou a cuidar superficialmente de Hinata.

— O que eu preciso fazer? - perguntei, querendo ajudar de alguma forma.

— Por enquanto só ficar ao lado dela. Vou deixá-los a sós um pouquinho e já retorno para terminar os cuidados de sua esposa. - respondeu solicita e saiu do quarto.

Enquanto Hinata pegava minha mão, beijando-a na sequência, trazendo-me até um certo alívio para a alma.

Por um momento pensei que ela falava sério, quando dizia todas aquelas coisas sobre mim.

Entretanto, como se ouvisse meus pensamentos, Hinata proferiu:

— Perdoe-me pelas coisas que eu disse, amor. Foram da boca pra fora.

Assenti e beijei o topo de sua cabeça.

— Está tudo bem, vida. - a tranquilizei. - O mínimo que eu poderia fazer era aguentar isso, visto que você fica com a parte mais difícil.

Ela sorriu.

— Temos um casal, podemos fechar a fábrica, sério! - exclamou, nitidamente exausta.

— Podemos sim. - concordei sorrindo, confortando-a.

(...)

Eu já estava noventa e cinco por cento recuperado, com os anos, passei a precisar apenas de uma moleta para caminhar. O que era um milagre dada a minha situação inicial. Tanto que, no parto de Himawari, eu pude dar meu apoio à Hinata sem esforço algum e isso para mim foi maravilhoso.

Agora, vendo meus filhos correrem e brincarem pelo jardim, enquanto eu já apresentava vários fios de cabelos brancos na cabeça, tudo o que passei veio em minha mente como flashes. Porém, tais lembranças pareciam terem saído de um sonho distante, ou um pesadelo. Não era como se eu tivesse realmente vivido aquilo.

Eu nunca contei à Hinata o sonho que tive, quando estava desacordado, não tinha porquê remexer naquela ferida. Estava esquecido, assim como deveria ser...

— Amor? - Hinata chamou-me carinhosamente de dentro da casa. - O almoço está pronto, diga às crianças, sim?

— Tá bom, hime. - concordei e fui me levantando.

Porém, quando o fiz, Hinata retornou e prostrou-se ao meu lado.

— Fiz sua nova comida favorita, strogonoff. - sussurrou ao meu ouvido.

Essa era uma das comidas que eu comi no Brasil e que ganharam imediatamente meu paladar.

— Você é a melhor esposa do mundo, senhorita Hinata Uzumaki. - afirmei envolvendo-a pela cintura. - Já declarei que te amo hoje?

— Hoje não, que tal dizer-me agora? - devolveu entrando na brincadeira.

— Eu te amo, meu amor. Te amo com toda a minha alma, você é a melhor coisa que me aconteceu. Seguida dos nossos filhos... - garanti sorrindo e a beijei suavemente nos lábios.

— Você é o homem da minha vida. - Hinata respondeu, dando abertura para eu aprofundar o beijo.

E, quando o faria, ouvimos risadas seguidas de um "urgh". As crianças estavam de volta.

— Que nojo, vocês estão sempre se beijando. - reclamou Boruto, de mão dada com a irmã, que tinha as bochechas vermelhas pelo exercício.

Ela já estava com os seus sete anos e era a paixão do irmão, que agora ostentava dezessete anos.

— Papai e a mamãe se amam, é por isso. - Himawari respondeu por nós.

— Isso mesmo, nós nos amamos e amamos vocês também! - Hinata exclamou e foi beijar os filhos.

Himawari não fez objeção, mas Boruto escapuliu pela tangente. O que não diminuiu a determinação da mãe, em lhe encher de beijos.

— Credo, mãe. A senhora é tão babona. - reclamou Boruto, mas sorria nos braços de Hinata, enquanto Himawari vinha enroscar-se nas minhas pernas.

Afaguei seus cabelos em resposta e nós três entramos para almoçar, em meio a sorrisos e brincadeiras.

Hinata e meus filhos eram minha certeza de que a vida poderia ser extremamente bela, talvez com alguns percalços no caminho. Mas, ainda assim, extremamente bonita de se viver.

Fim.

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