Capítulo LXIV
Tanto Apolo quanto as demais divindades relacionadas a luz pareciam incomodados com a presença da deusa, mas isso era o esperado a final enfraqueciam diante da personificação da noite.
- Guarde para si sua indignação, Zeus. Eu vi o que acontecia sob o céu e vi que diante das injustiças cometidas por Hera você nada fez. - A voz da deusa era doce, mas impunha respeito absoluto. - Humana! - Sua atenção se voltou para Aiala que sem temer brandia a foice, seu queixo estava erguido e encarava Nix de frente. - Já teve sua vingança e lhe dou a garantia de que não havera retaliação por parte dos demais deuses, vejo que eliminou muitos dos gigantes e demais criaturas que escapar do Tártaro, mas não apaga o fato de que suas escolhas e ações os libertaram no mundo humano, trazendo riscos ao equilíbrio das coisas e colocando o cosmos a beira de um colapso, afinal tudo precisa estar em seu devido lugar para que o cosmos permaneça em devido funcionamento. - Explicou. - Devido as tuas irreparáveis perdas, farei vista grossa aos seus atos, apenas pelo fato de que nada de mais grave ocorreu, mas que isso não se repita. - Avisou. - E claro... - Acrecentou ela olhando para o que sobrou de Hera. - Lhe ofereço justiça.
Aiala não respondeu, media a deusa, analisava suas chances de vitória e não estava disposta a acordos.
- Não estaria disposta a considerar recuar? - Indagou Nix pacientemente mesmo após a falta de resposta. - Acaso ainda não foi capaz de se satisfazer?
O olhar da garota escureceu e ela ficou em silêncio por alguns instantes.
- Querida deusa, eu nunca fico satisfeita. - Respondeu ela.
Poseidon deu um passo para mais perto de Aiala, ele a olhava como se tentasse reconhecê-la. Na verdade era até compreensível que ele não tivesse notado aquilo antes pois no fim a alma ainda era a mesma.
- Quem é você? - O deus falava como se estivesse vendo sua noiva pela primeira vez. - Não, eu conheço você, essa não é a primeira vez que te vejo, mas onde eu te vi antes? Por que tudo está tão confuso?
A garota olhou para o deus, ela sabia exatamente o que estava acontecendo, mas não esperava que ele fosse descobrir após tanto tempo. Pela primeira vez desde que empunhou a foice, Aiala sorriu, mas aquele sorriso não era normal, sua expressão se contorceu e um sorriso macabro e desdenhoso se formou, tudo naquilo era maligno.
- Pelo estige! - Disse Poseidon aos murmúrios e recuou um passo. Ele estava surpreso com a repentina mudança, era como se a garota tivesse sido possuída por um espírito maldito.
Aiala virou seu corpo totalmente para o deus, ficando de frente para ele.
- Então finalmente me pegou. - Desdenhou ainda sorrindo, deleitando-se com o horror do deus do mar.
Os humanos notaram que Aiala parecia ter finalmente se acalmado e aos poucos deixaram seus esconderijos, carregavam cadáveres e feridos nos ombros e se aproximavam, parando a uma distância segura a fim de analisar melhor a situação.
- Desde quando? - Indagou o deus do mar.
Ele não precisava explicar para Aiala sobre o que estava perguntando e Nix já tinha notado no instante em que pôs os olhos na garota, nada ficava escondido sob o olhar da deusa dos segredos e do oculto.
Aiala gargalhou, recuperou o fôlego e falou.
- Desde sempre. - Falou Aiala. - Acha que aquele bebê chorão teria obedecido e ficado no armário enquanto a mamãe e o papai morriam? Eu que não me deixaria morrer, tive que agarrá-la pelo pescoço e sufocá-la para que não gritasse a fim de que não fossemos descobertas. - Confessou como quem não deve nada enquanto encenava como havia feito, agarrando o próprio pescoço. - Foi doloroso, mas sobrevivemos. Eu sobrevivi. - Acrescentou enquanto parecia olhar para o passado. - E que atitude foi aquela? Que tipo de idiota fica debruçado sobre um defunto enquanto está no meio de um campo de batalha? O que poderia ter acontecido se eu não tivesse emergido? - Dizia profundamente irritada.
- O que fez com ela? - Poseidon temia a resposta para essa pergunta. Ele olhava para a garota da mesma forma que humanos olhavam para monstros, o mesmo temor e certo asco.
- Não deveria olhar assim para sua noiva. - Debochou. - Não fiz nada com aquela parte imprestável de mim. Ela só precisou querer desaparecer um pouquinho, temperar com uma pitadinha de culpa e eu ganhei de bandeja a chance de vir para fora depois de tanto tempo. - Aiala esbanjava satisfação.
O olhar de Poseidon se tornou sério.
- Devolva! - O deus exigia para seja lá quem estivesse conversando com ele.
Aiala deixou de sorrir, começou a olhar Poseidon de cima.
- Não gosto do seu tom. - Seu jeito lembrava o de uma criança que não tolera ser contrariada. - Acho que você entendeu algo errado, este corpo me pertence e sou tão Aiala quanto a pessoa que você conhece. - Esclareceu. - Se ainda não entendeu eu serei ainda mais clara, aquela pessoa e eu somos dois lados da mesma alma a única coisa que preste que ela fez foi ir atrás daqueles insignificantes para se vingar e ainda assim tive que salvar a pele dela sem que ela percebesse algumas vezes. - Ela começou a olhar para o passado outra vez. - Como no dia em que lutamos contra o preguiçoso e no último instante movi o braço do nosso corpo em um golpe mais longo para que a lâmina acertasse. Felizmente essa inútil envenenou a lâmina ou aquilo poderia ter sido bem perigoso. - Falou rabugenta enquanto gesticulava. - Em resumo, eu sou a outra personalidade de uma mesma alma. A pessoa de quem veio as idéias para os castigos dos seis mercenários, ela nem percebeu que estava sendo manipulada. - Riu satisfeita com sua proeza.
Ela avançou um passo voltando sua atenção para o deus a sua frente, olhava nos olhos dele, sua expressão era um misto de frieza e certo desprezo, claramente julgava a si mesma como superior.
- Eu tenho interesse em me casar com você. - Anunciou. - Diferente daquela ignorante, tenho ambição e vendo como sou forte você não tem porque se negar. É claro que não deixaremos a outra voltar, ela que fique em algum canto lamento por coisas inúteis. Estou te fazendo uma excelente proposta. - Ela parou para pensar e se corrigiu. - Na verdade estou lhe oferecendo uma escolha e oportunidade.
- Escolha? - Indagou Poseidon surpreso com a audácia. - E se eu recusar?
A garota pareceu um pouco perdida, como se sequer tivesse considerado o caso de uma recusa. Ela olhou para o horizonte e depois para a foice em sua mão.
- Acho que o mundo não precisa de um deus do mar tanto assim. - Falou de modo zombateiro enquanto voltava lentamente a olhar nos olhos do deus. Quase cantarolava.
Poseidon aprumou o corpo e segurou instintivamente seu tridente com força, sentia que seria atacado e defenderia-se para não terminar como Hera. Aiala não o machucaria, mas ele se recusava a aceitar que aquilo era Aiala.
A garota tinha toda sua atenção voltada para o deus e estava tão excitada com a deliciosa luta que travaria a seguir que se esqueceu completamente da presença de Nix. A deusa recolheu uma de suas enormes asas e estendeu a outra até o limite, a escuridão da asa estendida começou a se remexer silenciosamente.
Da escuridão o corpo de uma mulher foi projetado para fora, ela se pôs a frente da sua mãe sem chamar a atenção e antes que Aiala balançasse sua foice a mulher atacou com as correntes presas aos seus braços. As correntes se enrolaram rapidamente na garota sem dar a ela tempo para reagir.
- Você foi uma excelente distração. - Disse para Poseidon a mulher que acabara de chegar.
Aiala que se debatia tentando se soltar finalmente desistiu, quanto mais ela se debatia mais as correntes apertavam. Ela tentou usar seu poder, mas foi ineficaz.
- Como está fazendo isso? - Questionou mais intrigada que irritada.
- A miséria transcende até mesmo o tempo. - Respondeu a mulher.
- Então chamaram um reforço interessante. - Falou Aiala para Oizus, a personificação da miséria.
- Você não parece disposta a fazer acordos e se a outra parte de você for menos hostil será melhor para conversar. - Comentou Nix finalmente. Sua asa tinha retraído novamente.
Aiala logo entendeu o que a deusa queria dizer com aquilo, ela tentaria devolver o controle para sua outra personalidade. Aquilo não agradou, ela não queria voltar para a sombra enquanto a outra vivia feliz ao custo de seu enclausuramento.
- Não faça isso. - Pediu, sua arrogância de momentos atrás se esvaía e no fundo daquele olhar poderiam ver uma criança se tivessem ao menos tentando ver.
Nix reduziu a distância entre as duas em um instante e sem dificuldade, e diante dos protestos da garota levou ambas as mãos para as laterais do rosto dela e segurou para que não se movesse. Ela olhou no fundo dos olhos de Aiala e o símbolo em sua testa emitiu um brilho suave que logo se apagou, a garota desvaneceu e sua cabeça pendeu para o lado como se ela estivesse adormecida, mas seus olhos vidrados se mantiveram abertos. Nix a soltou.
- Vá buscá-lá! - Ordenou a Poseidon. - Será mais fácil se um rosto conhecido a Chamar de volta.
Poseidon caminhou apressadamente para perto de Aiala e no instante em que chegou perto as corrente se desprenderam dela e se recolheram flutuando em volta da entidade da miséria.
- Bom trabalho, querida filha. - Disse Nix.
- Tem certeza de que está tudo bem soltá-la? - Indagou Oizus.
- Não ajudaria na barganha se ela se encontrasse presa ao voltar. - Argumentou a deusa da noite.
- Se ela voltar. - Corrigiu.
- Um laço como esse é mais forte do que você pensa. - Rebateu Nix.
Poseidon segurou Aiala pela cintura com um dos braços e sustentou a cabeça dela usando a mão disponível, seu tridente planava ao lado dele. Ele aproximou seu rosto do da garota e tocou sua testa delicadamente na dela, olhou uma última vez em seus olhos e então fechou os seus próprios olhos.
Sua consciência foi sugada rapidamente para um novo ambiente, ele não saberia, mas aquele era o mesmo ambiente que Nikolaus uma vez entrou no salão de julgamento. O deus começou a olhar para todos os lados à procura de algum sinal da garota, mas não a encontrou e começou a caminhar.
Depois de andar por um tempo ele avistou de longe um objeto no meio daquele monte de nada e se apressou para chegar perto, era uma porta. A porta estava fechada, mas não havia paredes nem nada do outro lado, somente uma porta de madeira. Após analisar o curioso objeto em todos os ângulos possíveis, Poseidon decidiu tentar girar a maçaneta, mas quando sua mão estava a milímetros de encostar nela ela girou sozinha e a porta se abriu fazendo um ruído característico. O deus olhou para tentar ver o que tinha lá dentro, não era o lado que ele conhecia, parecia que levava para outro cômodo, porém estava tão escuro que nem mesmo com sua visão perfeita conseguia enxergar.
Não tinha o que fazer, o deus do mar entrou e a porta bateu atrás dele. A princípio ele ficou parado, esperava que sua visão se acostumasse com a escuridão, depois começou a andar devagar tateando o ar suavemente com as mãos para evitar se chocar com algo ou alguém.
Após andar um pouco mais começou a ver melhor onde estava, pouca luz passava nas frestas do que parecia ser uma janela, havia uma cama, um tapete estendido no chão, um armário e uma mesinha. Enquanto andava acabou pisando em algo que estava no chão, o deus se agachou e pegou o objeto após constatar que era uma boneca.
Estranheza preencheu o seu ser, ele sentia que já tinha visto aquela boneca em algum lugar, olhou ao redor e teve a sensação de já ter visto aquele quarto, seu olhar vagou por todo o cômodo freneticamente até que algo lhe chamou a atenção, ali, sobre a mesinha, havia uma pequena caixa com agulhas e linhas para costura. Nesse momento sua mente estalou e ele compreendeu onde estava, largou a boneca e caminhou às pressas até o armário abrindo-o bruscamente. Lá estava.
A garotinha segurava firmemente o pendente que sua mãe lhe deu, não se moveu nem após Poseidon ter aberto a porta do armário. Ele a olhou e reconheceu a pessoa que ele viu milhares de vezes. A pequena o encarava, mas não parecia estar com medo, ela o reconhecia também.
- Você precisa voltar. - Pediu Poseidon.
Aiala olhou para ele com olhos miúdos e lacrimejados, suas pálpebras, bochechas e nariz estavam vermelhos de tanto chorar.
- Não tem nada para mim lá. - Disse ela com sua doce e infantil voz. - Todos já devem estar mortos e se alguém sobreviveu a última coisa que vão querer ver é a pessoa que os arrastou para tudo isso. - Lamentou. - Tudo que eu passei, aqueles homens que matei... Foi tudo em vão. Estava tão cega pela minha vingança que não pude verdadeiramente ver o que eu possuía até o Nikolaus... - Ela não conseguiu concluir a frase, se encolheu e segurou os joelhos.
Aiala parecia querer falar mais alguma coisa, mas apenas apertou os lábios. Poseidon não falou nada, deu tempo para ela.
- Ele se foi Poseidon. - Disse ela. - Estava alí na minha frente sorrindo para mim num minuto e no outro... - Ela não precisava dizer. - Ele era forte, tinha que ver ele lutando ou treinando, mas aí... Do nada ele... Ele... Como alguém pode simplesmente morrer assim? O que ele fez para merecer a morte? - Questionou a criança. - Isso não é justo. - Murmurou pesarosa. Ela se perdeu brevemente em pensamentos. - Você precisa voltar. - Falou voltando para a realidade e se lembrando de algo importante. - Este lugar está começando a ruir, mas saiba que quem ainda está vivo não precisa se preocupar já que não vou durar muito.
- Não vou a lugar nenhum sem você. - Disse Poseidon.
Ele olhou no fundo dos olhos da garotinha e surpreendentemente fez o impensável. O deus do mar começou a se abaixar e lentamente colocou um de seus joelhos no chão ficando mais baixo que a altura do rosto da pequena, ela o olhava de cima agora e aquela era a primeira vez que o fazia.
Diante dele estava uma criatura tão frágil que não clamou por ajuda mesmo naquele estado, ele só queria a proteger e para isso faria de tudo. Aquela garota mudou seu modo de pensar, antes dela Poseidon havia perdido real interesse nos outros, tinha se acostumado a viver num ambiente onde fariam de tudo para derrubar uns aos outros enquanto ofereciam sorrisos falsos, mas Aiala o fez ver que haviam vidas realmente valiosas e o obrigou a construir sentimentos que nunca tinha cogitado abrigar. Aos poucos seu orgulho, que era sua totalidade e personificação, deram lugar a algo cada vez mais... humano.
Ver a pessoa que ele amava em um estado tão frágil o fez sentir que não havia honra no pedestal em que ele se encontrava. Aquela imagem daria um belo quadro, um deus poderoso descendo do alto do seu trono e humildemente se ajoelhando diante de uma criança. Aquele que tem a eternidade para viver percebeu que ela de nada valeria sem Aiala junto dele, ele concluiu que não tinha muito tempo, todo tempo era pouco, e que só queria passar mais esse momento com ela. Por alguma razão o deus do mar se sentia grato.
- Vamos pra casa, o cozinheiro vai fazer aquele prato para você outra vez e Demer lhe receberá com sorrisos e abraços e eu... - Fez uma pausa, estava surpreso por se colocar na lista. - Eu estarei lá para você.
Ele estendeu a mão e afagou a cabeça da menina.
- Dá para ser uma boa menina e deixar o armário. - Falou docemente. - Eu te prometo que você nunca mais vai precisar se esconder nesse armário de novo.
O deus tirou a mão da cabeça dela e mostrou a ela seu dedo mindinho. A garotinha olhou para o gesto e pareceu pensar um pouco, ela viu que partes do quarto estavam cedendo e não queria que outra pessoa preciosa fosse prejudicada por culpa dela.
- Você promete que não vai morrer por minha causa? - Perguntou ela.
Poseidon sorriu e se inclinou na direção dela para sussurrar um segredo.
- Eu sou um deus. - Respondeu.
Aiala enlaçou seu mindinho no dele para oficializar a promessa e Poseidon a segurou pela mão e a arrastou para fora do armário enquanto dava alguns passos para trás, a garotinha ficou completamente suspensa no ar no processo, mas logo seu corpo foi voltando ao seu tamanho adulto e o armário vazio se fez em pedaços. O deus a agarrou e segurou firme para que ela não caísse e ficasse de pé em segurança. Ele ainda olhava nos olhos da mulher em seus braços.
- Vamos pra casa. - Chamou uma vez mais enquanto agarrava a mão dela. Ela apenas assentiu.
O deus se virou e começou a caminhar até a porta agarrado na mão de Aiala, mas antes de tocar a maçaneta uma voz os interrompeu.
- Vai me deixar para trás de novo? - Indagou a voz infantil, a mesma voz de Aiala.
Em meio ao quarto sendo destruído, o casal olhou para a criança que tinha surgido de pé perto da cama.
- Que cruel! Por que só salvam você? - Indagou a garotinha serenamente. - Eu também sou você, dei meu máximo para a gente sobreviver e até parei de chorar para que você não se sentisse fraca. - Disse irritada. - Mas você seguiu nadando para a luz enquanto pisava nos meus ombros, enquanto eu arranhava seu calcanhar pedindo a sua ajuda, enquanto eu me afogava. Injusto! - Berrou e o mundo se abalou ainda mais.
Seu olhar frio e cético foi reconhecido por Poseidon.
- Não dê ouvidos a ela. - Aconselhou o deus.
- Prefere ele do que a mim? - Questionou ferida. - Por favor não me deixe. - Olhos lacrimejados surgiram na face fria. - Eu prometo que vou me vingar direito dessa vez, vou ser útil. Aquele não era o meu melhor, eu juro. - Ela falava em desespero, tentava parecer convincente como se estivesse vendendo o melhor produto... o melhor escravo.
Matar era a única coisa que ela aprendeu a fazer, era tudo que ela podia oferecer e ela faria qualquer coisa para não ser abandonada. Aquela outra parte dela era a única coisa que ela tinha e por mais que lhe fosse irritante o jeito que a outra vivia se culpando e angustiada, diferente de Aiala, sua outra metade era a única família que ela teve a vida toda e fora pelo bem dela que aprendeu a matar e deu utilidade a sua existência.
- Eu ainda posso ser útil para você. - Berrou enquanto colocava a mão no peito em desespero.
Poseidon tentava puxar Aiala para fora do quarto, aquele lugar estava colapsando e sua amada poderia nunca mais conseguir sair dali.
- Eu também quero sorrir. - Murmurou baixo para si mesma enquanto deixava seus braços penderem nas laterais do corpo totalmente derrotada e fitou o chão, estava certa de que seria deixada para desaparecer.
Aiala ouviu sua última frase quando já estava quase atravessando a porta e imediatamente se desvencilhou de Poseidon, deu meia volta e disparou na direção da garotinha e a abraçou sem aviso. A garota levantou a cabeça assustada com o gesto, estava surpresa, aquela era a primeira vez que recebia um abraço em toda sua existência. Seus braços lentamente se ergueram e envolveram a Aiala adulta, ela retribuiu o abraço enquanto pranteava da mesma maneira que uma criança faria. Berrava alto e soluçava em seu choro sentido.
Poseidon tentou voltar para o quarto decidido a tirar as duas de lá, mas a porta fechou rapidamente e não abriu mesmo quando ele forçou a maçaneta e tentou arrombar. O deus do mar sentiu sua consciência retornar para seu corpo e reabriu os olhos desesperado por ter falhado em trazer Aiala para fora, mas sua expressão e ânimos se suavizaram uma vez que seu olhar se encontrou com o dela. Ela o encarava e aguardava seu retorno, ele não precisava perguntar qual delas estava na sua frente, mas sentia que algo estava diferente.
- Para onde ela foi? - Indagou ele.
- Ela não foi a lugar nenhum. - Respondeu Aiala. - Estou completa agora. - Disse pensativa levando a mão ao próprio peito esquerdo.
- Fascinante! - Disse Nix depois de assistir a tudo que aconteceu. - Lamento interromper, mas estamos todos ansiosos para conversar com você. - Desculpou-se enquanto deixa a garota ciente da presença não apenas de outros deuses como de alguns corajosos humanos que se aproximaram. - Tenho grande interesse em dar fim a este conflito.
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Obrigada galera.
Não esqueça de votar e comentar. Já já posto mais.
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