Capítulo LIX
- Depressa, consigo sentir a aproximação dos malditos deuses, se não tivermos ao menos um exército aqui eles nos atacaram sem exitar. - Apressou Arges.
Aiala compreendia a preocupação do Ciclope e a última coisa que ela queria era que os planos fossem por água abaixo antes mesmo que eles tivessem sido capazes de fazer um único movimento em sinal de rebeldia.
Ela caminhou até o centro do círculo acompanhada por seus preciosos companheiros. Íris tomou a posição oeste, do sol poente, Dídimo tomou a posição leste, do sol nascente, Estéropes foi para o ponto Norte, que guia e norteia todas as coisas, por fim Nikolaus ficou de pé sobre o ponto Sul, o ponto mais próximo da morte.
A garota notou o olhar de Estéropes, o gigante a encarava e pareceu tentar esconder algo em sua expressão. De certa forma Aiala sentiu que havia certa pena naquele olhar. Ela imaginou que o gentil ciclope estava com dó por envolver criaturas frágeis naquela guerra, esse tipo de coisa combinava com a personalidade dele.
Quando todos já estavam em posição Arges anunciou que deveriam começar, mas foi interrompido por seu irmão caçula.
- Aiala! - Chamou ele.
- Estéropes, não! - Pediu Brontes ao perceber o que seu irmão planejava fazer.
- Não! - Bradou o caçula. - Já chega de vocês sempre mandarem em mim, é o que eu quero fazer. Ela merece ao menos isso. - Disse Estéropes calando seus irmãos, não queriam que ele acabasse falando demais.
- O que há, Estéropes? - Perguntou Aiala.
O ciclope corou levemente ao ouvir a garota chamar seu nome, ele parecia envergonhado.
- Eu- Eu queria cumprir logo a minha parte do acordo. - Disse ele embaraçado.
Aiala ficou surpresa.
- Fico lisonjeada que tenha tamanha confiança. - Comentou a garota.
- O bracelete é ativado por uma convicção forte, um sentimento latente e predominante. - Disse ele - Cronos tinha a convicção de que deveria arrasar com os deuses rebeldes e foi tomado pelo forte ódio ao ser traído por sua estimada esposa. - Explicou.
- Não se preocupe, ódio não me falta. - Comentou Aiala. - E o resto eu dou um jeito, pelo menos agora sei o caminho.
Brontes e Arges não pareciam nada felizes com Estéropes por ele ter dado essa informação tão cedo. Diferente deles, o caçula parecia não ver todo o perigo que Aiala representava para os planos deles.
- Que seja! - Arges suspirou exasperado. - Aiala, abra o primeiro portão.
Silêncio.
- Ok! E como é que eu faço isso? - Indagou ela.
- Ah!? Sim!? Eu não disse. - Comentou ele mais para si do que para os outros. - Você precisa fechar os olhos e tentar ver uma porta.
- Mentalizar? - Perguntou a garota.
- Isso, mentalize. - Respondeu o Ciclope.
Aiala se concentrou, mas tudo que via era um monte de nada, estava escuro.
- Tem certeza de que é suficiente? - Indagou Íris.
- Vai mais rápido se você ficar quieta. - Respondeu sem muita paciência.
- Grosso! - Resmungou a ruiva.
Aiala já estava desistindo, a idéia de ser pega com os olhos fechados na chegada dos deuses não era atrativa, queria abrir os olhos logo. Ela tinha ciência que estava dando seu melhor, era melhor acabar logo com aquela bobagem e tentar pensar em outro plano, foi o que ela provavelmente pensou, mas quando a garota estava prestes a abrir os olhos um brilho esverdeado cobriu o ambiente e diante dela surgiu um enorme portão de abertura dupla feito de cobre e argila. Dentre as muitas figuras entalhadas na porta, a imagem duma mulher com asas de pássaro que estava em posição fetal foi a que mais chamou a atenção de Aiala. Essa figura era a maior de todas e apesar de não parecer uma criatura repugnante, vê-la fez a espinha da garota se arrepiar. No centro da porta havia uma argola, daquela que puxamos para abrir a porta.
A garota flutuou na escuridão e parou diante da argola enorme, teria força para abrir aquilo? Ela segurou com ambas as mão e quando fez menção de puxar para abrir a porta, sentiu algo sendo sugado dela. Seu corpo enfraqueceu rapidamente.
Do lado de fora os amigos de Aiala a observavam, suas sobrancelhas franzidas foram suficiente para deixar todos preocupados, ficaram ainda mais agitados quando o corpo da garota pareceu fraquejar.
- Não saiam dos seus lugares. - Alertou Arges. - Se saírem ela ficará presa lá para sempre.
- Por que não falou isso antes? - Vocifera Nikolaus irritado.
- Que diferença isso faria? - Rebateu o gigante e Nikolaus travou o Maxilar.
- Irmão! - Chamou Brontes. - Aqueles miseráveis estão quase aqui.
- Eu sei! Vai dar tempo, tem que dar. - Disse ele ainda mais inquieto. Arges estancou olhando para o horizonte, a praia ficava naquela direção. - Quem são aqueles?
Todos olharam para o lugar que ele apontava. Dídimo sorriu.
- É a cavalaria. - Respondeu o jovem pirata. - O bando mais forte.
Brontes bufou.
- Ao menos devem dar conta de deuses menores, semideuses e entidades que estiverem do outro lado. - Provocou o Ciclope. Recebeu de Dídimo apenas um sorriso debochado.
O famigerado bando Otrera marchava em velocidade e não tardou a chegar onde os demais estavam, alguns se surpreenderam por ver lendas vivas diante de seus olhos, ninguém acreditaria quando contassem que viram de perto um ciclope. O maior absurdo era o fato de ninguém estar com medo.
- Não lhes falta coragem, devo admitir. - Comentou Brontes e dessa vez foi a vez de Dídimo bufar.
- O que está havendo? - Indagou a Capitã. - Também senti saudades Nini. - Falou Dídimo fingindo estar decepcionado.
- Deve ter chorado todas as noites. - Provocou um homem que deixava o calor do bando e se aproximou parando próximo ao círculo, sentiu que não deveria entrar ali. Dâmaso estava belo como sempre.
- Vejo que está saudável visto que segue falando demais. - Rebateu Dídimo para seu irmão gêmeo.
- É um prazer conhecê-los. - Intrometeu-se Íris.
- Imagino que essa é a encantadora Íris Kouris, ouvimos muito sobre você nas mensagens, estávamos extremamente curiosos para descobrir que tipo de beldade arrebatou o co... - Dizia Níobe.
- Você fala demais Capitã. - Berrou Dídimo constrangido.
- Ouviram muito sobre mim, né? - Íris falou enquanto lançava um olhar sugestivo para Dídimo que apenas encarou o nada envergonhado. - Que fofo, como pensei, não me canso de ver suas expressões. - Murmurou a ruiva, mas Nikolaus ouviu e riu, Dídimo queria sair correndo dali naquela altura.
- O reencontro é comovente, mas se a amiguinha de vocês não se apressar seremos todos exterminados. - Disse Arges.
- Vai dar tudo certo. - Disse Níobe confiante.
- E como pode ter tamanha certeza? - Indagou Estéropes.
- Porque Aiala me chamou aqui.Ela não teria me feito vir até aqui se fosse morte certa. - Respondeu.
O ciclope não conseguiu evitar de sentir admiração em ver uma relação daquelas, o que ele tinha com seus irmãos era semelhante. A idéia de que os humanos e os monstros não eram muito diferentes lhe ocorreu e ele sorriu.
Na dimensão do portão Aiala lutava para não ser sugada, não conseguia soltar a argola e isso a fez experimentar momentos de desespero. Após algum tempo ela percebeu que estava em um verdadeiro cabo de guerra e que sua alma era a corda, ela começou a dar tudo de si para puxar sua alma de volta.
Seu espírito estava cansado, sua força de vontade aos poucos se esvaía e tudo lhe dizia para apenas desistir.
- Apenas desista, você já fez tudo que podia. - Disse uma voz suave e amável que parecia vir do portão. - Ninguém vai culpar você.
Por breves instantes Aiala relaxou e começou a se deixar levar, mas ela abruptamente segurou a argola com firmeza e com todas as suas forças puxou.
- Com quem você pensa que está falando? - Bradou a garota.
A porta abriu ruidosamente revelando o que parecia ser um portal interdimensional.
- Mas que porra é ess...? - Aiala questionava, mas foi arrastada com força para o lugar em que seu corpo estava. A primeira coisa que ela ouviu foi um grito que anunciava o que estava por vir.
- Eles estão aqui. - Bradou Brontes. - Os malditos deuses chegaram.
Aiala viu um objeto que havia sido arrendado passar por ela e ser aparado no ar por Dídimo, era sua trombeta. Ao olhar para o lugar de onde o objeto havia sido arremessado, Aiala viu Níobe, sua preciosa amiga e atrás dela estavam o bando Otrera e um exército formado por todo tipo de criatura bizarra, várias quimeras, ciclopes, hecatônquiros e outros gigantes. Ela abriu a primeira porta com sucesso.
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