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Capítulo II

Mesmo que nós esqueçamos os rostos dos nossos amigos, jamais esqueceremos os laços que foram cravados nas nossas almas.

-Otonashi Yuzuru





Três dias se passaram, o quarto já estava começando a cheirar mal. Aiala seguia dentro do armário assistindo os corpos de seus pais apodrecerem, enquanto fitava a cabeça de seu pai jogada no canto do quarto, ela se perguntava onde estaria Filemon seu irmão. A menina conheceu a morte pela primeira vez quando um passarinho que ela tentou salvar morreu, mas nada se comparava aquilo. Horrorizada com tudo que aconteceu, ela seguiu obedientemente dentro do armário até que algo lhe ocorreu.

"O papai deve estar se sentindo muito triste sem a sua cabeça, desse jeito a mamãe não vai reconhecê-lo quando encontrar com ele no Elísios*".

Enquanto repetia isso para si mesma, ela decidiu que sua mãe a perdoaria se ela saísse só um pouquinho. Então ela saiu, foi até a mesinha e pegou a caixa com materiais de costura que sua mãe tinha deixado em seu quarto no dia do assassinato. Cuidadosamente ela pegou a cabeça de seu pai e levou-a para junto do corpo, então ela passou a costurar a cabeça de volta no pescoço delicadamente ponto a ponto, da melhor forma que conseguia, enquanto cantava bem baixinho tristemente a música que sua mãe costumava entoar para ela antes de dormir.

Minha garotinha não chore na escuridão.

Estou aqui pra te cuidar,

então segure a minha mão.

A noite pode ser longa, mas logo acaba.

O medo pode ser ainda maior,

mas feche os olhos e pense em um lugar bonito,

onde as flores são perfumadas e o sol sempre se gaba.

Garotinha não tenha medo da escuridão,

eu estou aqui pra te cuidar,

vou segurar sua mão.

Misteriosamente Aiala não derramou uma única lágrima, mas seus olhos estavam desnecessariamente esbugalhados e sem emoções. Após finalizar a costura, a garotinha de apenas quatro anos devolveu cuidadosamente a caixa ao seu lugar e voltou para dentro do armário como se nunca tivesse saído de lá. Quem visse seu rosto agora não seria capaz de encontrar nenhum vestígio da menina que a três dias atrás cantarolava alegremente em seu quarto, brincando com sua boneca, esperando ansiosamente para celebrar seu quarto aniversário. Essa menina morreu naquele quarto, depois de receber uma "surpresa" que não merecia e um "presente" que não queria, junto aos seus pais e seu irmão.

Treze dias se passaram e o que sobrou de Aiala seguia dentro do armário, ela sentiu fome e sede, mas não saiu do armário por nada. Mesmo quando as pessoas gritavam o nome de seus pais lá fora, ela não saiu nem respondeu. No décimo quarto dia, Aiala continuava viva por um milagre, ela não conseguia falar mesmo se quisesse nem conseguia mexer nenhum membro de seu corpo, por isso quando alguém abriu a porta do armário ela não conseguiu distinguir quem era. Reunindo suas últimas forças ela sinalizou que queria descer, àquela altura nada importava, mesmo fazendo de tudo alguém a encontrou, sua mãe ficaria triste, era o que ela pensava. Então só havia uma coisa que a menina queria fazer antes de enfrentar seu destino incerto.

— Me deixa enterrar eles. — Pediu fracamente. Não é como se Aiala compreendesse completamente a importância de um funeral apropriado, mas ela lembrava vividamente que quando seu querido passarinho morreu, sua mãe, seu irmão e seu pai fizeram junto com ela uma pequena cerimônia para o pássaro e que aquilo amenizou a dor no coração dela.

— Faça! — Disse a pessoa.

Aiala puxou o colchão de cima de sua cama, jogando-o no chão, arrastou desengonçadamente o corpo de sua mãe para cima do colchão e depois arrastou o colchão para o quintal da casa, deixou o corpo lá e voltou para dentro para pegar o corpo de seu pai. Em algum momento na hora de colocar o corpo em cima do colchão e retirá-lo posteriormente, os corpos ficavam mais leves do nada visto que a pessoa que havia encontrado Aiala ajudava ela, mas a menina estava alheia a esse fato.

Quando finalmente retirou o corpo de seu pai de cima do colchão, a garotinha entrou mais uma vez na casa arrastando o colchão e foi em direção a parte que ficava detrás do balcão, alí se encontravam vários pedaços de carne que pertenciam ao seu irmão. Provavelmente fizeram aquilo para que Fileto deletasse onde tinham escondido a menina. Então Aiala recolheu um a um os pedaços, colocando-os sobre o colchão e depois arrastou para fora da casa. A outra pessoa ali observava tudo sem dizer uma única palavra.

Como já dito a família de seu pai outrora havia sido abençoada pelo deus do submundo, por tanto eles tinham força bruta superior a de pessoas comuns, eram mais resistentes a doenças dentre outras coisas. Por isso era aceitável que Aiala tivesse sobrevivido a fome e a sede por tanto tempo, mas as ações delas depois de sair do armário transcendem o esperado de um abençoado.

Aiala pegou então uma escavadeira manual, usada por sua mãe para cuidar da pequena horta, e passou a cavar o chão. Ela cavou por dois dias sem parar. Quando finalmente terminou o terceiro buraco, a menina usou a força que tinha sobrado para empurrar os corpos de seus pais e irmão para dentro de cada buraco. A garotinha finalmente tapou o último buraco e nesse momento, dezesseis dias após o dia em que sua família foi brutalmente assassinada... Aiala finalmente chorou. Aquele foi um choro contido, na verdade seus olhos apenas transbordavam encharcando um rosto sem expressão, além das lágrimas não havia nada a mais no rosto da criança.

A pequena Aiala não poderia dizer ao certo quando seu corpo finalmente cedeu aos duros golpes que tinha recebido nos últimos dias, mas no momento em que acordasse, apesar da pouca idade, ela saberia exatamente o que queria fazer. "Seja uma boa menina", disse sua mãe.

Nove dias se passaram desde que ela adormeceu, nesse período ela teve febre e sentiu muita dor, em diversos momentos parecia que ela ia morrer. A pessoa que encontrou e salvou Aiala era um viajante bêbado que havia chegado ao vilarejo e ouvido os boatos de que algo ruim aconteceu na casa dos Kokkinos enquanto bebia em um bar. Movido pela curiosidade, o homem, em seus quase cinqüenta anos, de nome Antonius Pachis, foi até a casa e invadiu encontrando a menina no armário após coincidentemente notar um pedaço de seu vestido que ficou para fora se mexer quase que imperceptivelmente.

O velho Pachis, como mais tarde foi nomeado pela garota, tratou cuidadosamente da garota, comprando seus remédios e alimentando-a com líquidos. Não falou a ninguém que a tinha encontrado, pois julgou que seria perigoso revelar tal coisa, em vez disso falou a todos que ele mesmo encontrou e enterrou os corpos de todos os membros daquela família.

No décimo dia após seu adormecimento, a menina finalmente acordou e diferente do esperado nunca mais derramou uma única lágrima. O velho decidiu cuidar dela visto que ela não tinha para onde ir, então no sexto dia após ela ter acordado eles partiram sorrateiramente daquela vila indo para a casa de Pachis nas montanhas em Tânagra. Graças a experiência de Pachis como viajante não ocorreram grandes dificuldades.

Pachis era um homem que vivia sozinho, conhecido em Tânagra por sua habilidade com a forja, alguns até diziam por aí que ele era filho de Hefestos o deus da forja, mas isso era apenas um boato. Graças ao seu meticuloso trabalho o velho acabava viajando muito, pois fazia questão de escolher ele mesmo os materiais, mas agora que haviam adotado uma criança seus dias como viajante estavam temporariamente condenados, foi o que ele disse a si mesmo.

Não demorou muito para Pachis notar algo de muito diferente em Aiala, não importava o que ele ensinasse Aiala aprendia vendo apenas uma vez. A menina era um gênio, de fato isso explica o por que ela compreendeu toda aquela situação em que se encontrava tão rápido. Mesmo tendo apenas quatro anos, a menina articulava bem as palavras e era capaz de manter um diálogo por mais complicado que fosse o assunto, também sabia ler e escrever, além de costurar, bordar e não levou muito tempo para aprender a ajudar nos afazeres de casa. Não era difícil de se conviver com Aiala, havia apenas um único detalhe: Ela não teve problema nenhum em aprender a ser tão rude quanto o Pachis, antes mesmo de chegarem na casa dele em Tânagra ela já o chama de velho Pachis, mesmo que ele já tivesse dito várias vezes que não o chamasse de velho. No fim acabou aceitando a contra gosto. Porém a fala era o menor dos problemas de Pachis, para sua infelicidade a menina copiou também sua personalidade terrível.

Não levou muito tempo para ela se familiarizar com Pachis e lhe contar tudo o que sabia sobre ela mesma. Os pais de Aiala não tinham feito segredos, sempre a deixaram saber de tudo, eles sentiam que era melhor assim e que se o pior acontecesse era melhor que ela estivesse ciente. Então Aiala, no terceiro aniversário da morte de sua família, decidiu contar a Pachis sobre a profecia de Delfos, ela queria que Pachis decidisse se a manteria por perto ou se livraria dela. Obviamente, o velho ficou sem saber o que dizer e simplesmente foi dormir, mas na manhã seguinte ele acordou e agiu como se aquela noite nunca tivesse acontecido. Aiala ficou profundamente grata, ela já tinha sua resposta.

Quando fez nove anos, Aiala já tinha aprendido muita coisa, de modo que nem mesmo a grande quantidade de livros que o velho tinha comprado para ela eram suficientes para contentá-la. Pachis então permitiu que ela ajudasse na forja, fazendo pequenas tarefas, após meses em perturbação. Quando o velho finalmente achou que ia ter paz e que a menina tinha sossegado, encontrou Aiala balançando um pedaço de madeira após voltar de uma de suas idas ao vilarejo mais próximo. Ao indagar sobre o que a menina estava fazendo, não podia acreditar no que estava ouvindo.

— Eu vi num livro. — Disse Aiala. — Um espadachim estava treinando e colocou alguns movimentos no livro, então pensei que não seria tão difícil de aprender assim.

— Viu num livro... — Repetiu incrédulo, mas no coração dele algo se remexeu, algo que ele não podia deixar de lado depois da cena que presenciou naquela casa. — E para que você quer aprender a usar uma espada?

Aila parou de balançar o pedaço de madeira e considerou a pergunta do velho, então ela respirou fundo.

— Para proteger o que é importante pra mim. Não quero ter que me esconder, quero ter poder para ser uma boa menina e ainda assim não me esconder em um armário.

As palavras da menina o atingiram como um golpe, o que ele espera perguntando aquilo? Talvez... vingança? A criança que ele encontrou naquela casa, cuidou durante todos esses anos e veio a amar como uma filha, mesmo que ele negue se alguém perguntar... está criança, é o tipo que buscaria algo como vingança? Ele se sentiu profundamente envergonhado.

— Lhe ensinarei o que sei, mas só se você for uma boa aprendiz, se for pra me fazer perder tempo desista agora não vou pegar leve só porque você é criança. — Disse Pachis, mas tudo que ouviu em resposta foi uma gargalhada.

— Até parece. Você, velhote? Me ensinar a usar uma espada? — Aiala nem sequer tentou conter o riso.

— Só pra você saber eu era reconhecido pela minha habilidade com a espada e com o arco quando era mais jovem, além disso aprendi várias técnicas com um homem que conheci certa vez, ele era do oriente... — Tentou explicar, visivelmente ofendido. — Pare de rir, não tem graça nenhuma sua fedelha. Quer saber? Esqueça! Não vou te ensinar mais nada. — Disse ele enquanto marchava de volta para o galpão da forja.

— Espera aí velhote, era brincadeira. — Disse Aiala, ainda rindo e correndo para acompanhar Pachis em sua marcha.

Pachis passou a treinar Aiala todos os dias, chovendo ou fazendo sol. Primeiro eles faziam seus afazeres diários e depois iniciava o treinamento, começando treinando o físico antes das habilidades com a espada, graças a bênção que a família de Aiala havia recebido centenas de anos atrás, apesar de doloroso seu corpo entrou em forma mais rápido que o normal. Após treinar seu corpo, era necessário treinar sua mente e a seguir começaram os treinamentos com a espada, o arco, a lança e com o tempo ela dominou sozinha o manuseio de adagas e empunhadura dupla. E assim Aiala trilhou seu caminho no aprendizado e domínio de todo tipo de armamento.

Oito anos se passaram e nesse período Aiala treinou o quanto podia, aos treze anos Pachis lhe ensinou a forjar sua própria espada e em seu aniversário de quatorze anos ele lhe presenteou com um arco belíssimo. Sua espada era diferente das espadas utilizadas pelos soldados, ela era mais longa porém um pouco mais fina e leve, se assemelhava com as espadas usadas no oriente. Ela se tornou muito querida por todos no vilarejo, sempre que podia ajudava os moradores e em virtude disso eles lhe enviavam presentes e a recebiam em suas casas com alegria, todos conheciam Aiala, filha de Pachis o Ferreiro.

— Você devia se casar e formar sua própria família, eu posso conseguir um marido pra você antes do festival. — Disse Pachis enquanto depenava um frango na bacia, agachado no chão. — Você não é muito delicada, e tem uma boca suja, mas é inteligente, sabe fazer qualquer coisa e é a mulher mais bonita do mundo. Não vai ser tão difícil.

Aiala havia se tornado uma mulher com 1,67 de altura, como sua mãe, seus longos cabelos eram negros como a noite sem luar, porém seus olhos avermelhados delatavam quem era seu pai. Afinal aquele tom de vermelho era a marca registrada dos Kokkinos não importava o tempo. A garota tinha seios fartos e quadris largos, sua voz era grave mas nem tanto, mesmo ao cantar não era difícil para ela alcançar notas mais agudas. Sua voz era bela, todos que a ouviram cantar uma vez ficavam ansiosos pela próxima vez em que ouviriam de novo. Apesar do treinamento pesado, seu físico era mais feminino que o esperado. Seu caminhar era elegante, ninguém imaginaria o quão rebelde ela poderia ser até que começasse a falar.

— Vou fingir que não ouvi o insulto, seu velhote maldito. — Disse Aiala cortando legumes na bancada da cozinha externa. — Quem é que vai cuidar de você se eu me casar? Tá pensando em arrumar uma mulher? Quero saber quem vai te querer.

— Ai!? Assim você machuca o meu coração. — Falou Pachis em tom de ironia. — Eu falo sério, sua fedelha. Não vou obrigá-la a se casar se não quiser, mas depois não venha dizer que se tornou uma velha solteirona porque eu não ajudei. Além disso, mesmo no vilarejo tem jovens bonitos, saudáveis e com muito potencial para serem bons maridos. Como é perto você vai poder me ver sempre que quiser e se seu marido fizer algo estúpido posso facilmente sumir com o corpo dele e ninguém nunca vai saber o que aconteceu. - Gargalhou o Velho.

— Não quero me casar, velhote.

— Tem certeza? — Perguntou Pachis.

— Vou ficar com você pra sempre, meu velho. — Disse Aiala, por fim. — Não poderia desejar uma vida melhor do que a que você me dá porque não tem, nem poderia querer felicidade maior porque não existe.

O silêncio pairou por um momento.

— O que disse? Eu não ouvi direito. — Zombou Pachis.

— Como se eu fosse repetir, seu velho insuportável.

O festival do solstício de Verão se aproximava, todos estavam se preparando para a festividade e como de costume pediram para Aiala ir ao vilarejo vizinho levar algumas coisas para vender e comprar o que faltava. Então Aiala subiu na carroça, se despediu de Pachis com um aceno, atiçou os cavalos e começou sua viagem de dois dias rumo ao vilarejo vizinho. Me pergunto se ela teria se despedido de outra forma de seu velho Pachis se soubesse que aquele aceno poderia ser o último.

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Obrigada por ler esse capítulo. Até o próximo 💜

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