Capítulo 25
Lia...
Mas que diabos essa menina está fazendo aqui, e logo agora, quando eu pensei que não podia piorar aí a vida vai e mostra que sempre dá pra ficar pior.
Pelo visto não sou só eu que pensou nisso, já que olho para Guilherme e ele está com uma expressão que mistura confusão com desagrado, só que diferente de mim ele fala alguma coisa:
-Que diabos você está fazendo aqui Lia?
-Que alegria por me ver, também senti saudades. Ela fala ironicamente.
-E então retardada, achou nossa sala?
Uma voz pergunta e logo depois Caio aparece na porta, ele nos vê e sorri.
-Olha só, que saudade de você menina estressadinha.
-Ah não, o que eu fiz pra merecer isso, Deus? Guilherme pergunta olhando pra cima.
-Oi pra você também Caio. Respondo, o clima está tenso e eu só me pergunto onde será que a professora está que não aparece logo para dar a maldita aula.
E então uma multidão de alunos aparece correndo e entrando na sala procurando seus lugares, o que indica que a professora finalmente chegou.
Eu volto para o meu lugar e Guilherme volta para o seu, a professora chama Caio e Lia para se apresentarem:
-Oi, meu nome é Lia Andrade, eu tenho 16 anos e a maioria de vocês com certeza me conhece, eu sou filha de Eduardo Andrade e Mônica Vasconcelos.
-Quem são esses? Cochicho perguntando a Lídia.
-A mãe dela é uma modelo famosa, e o pai dela é um empresário dono de umas empresas muito conhecidas. Ela diz e eu cochicho um "ah" voltando minha atenção para a frente da sala.
-Olá. Caio fala dando um pequeno aceno com a mão e sorrindo de lado.-Meu nome é Caio Andrade e eu tenho 17 anos, repeti o ano e por isso estou aqui. Ele diz e sorri passando a mão na nuca, esse com certeza não é o mesmo Caio que eu conheci no dia da praia, ele está diferente, parece mais gentil e completamente diferente da Lia.
Essa mudança toda só pode ser por causa de uma coisa: Luísa.
A professora manda os dois procurarem seus lugares, Caio fica em um lugar ao meu lado e Lia senta atrás de onde Guilherme está.
Começamos a escrever o que a professora escrevia na lousa e eu já estava muito confusa com todas aquelas letras e números.
A professora começa então a explicar tudo, eu conseguia sentir as engrenagens do meu cérebro trabalhando, fiquei mordendo a tampa da caneta em sinal de desespero, eu olhava fixamente para a lousa em uma desesperada tentativa de entender algo, o que não estava dando muito certo, me desculpem mas eu sou de humanas.
A professora termina de explicar e nos manda fazer alguns exercícios, e é aí que eu me complico, como eu faço os exercícios sem entender o assunto? Impossível.
Abro o livro na página 110 e começo fazendo o cabeçalho dos exercícios, olho para todos aqueles números e minha cabeça chega a doer de tão confusa que estou.
-Olha, cuidado, daqui eu tô vendo a fumaça saindo da sua cabeça, é capaz de explodir. Caio fala olhando na minha direção, eu reviro os olhos e bufo em sinal de descontentamento.
-Esse assunto é muito complicado, eu tô sentindo que a qualquer momento minha cabeça vai fazer "bum!". Falo gesticulando com as mãos.
-Eu posso te ajudar, entendo desse assunto, já estudei ele no ano passado. Ele diz e eu o olho desconfiada. -Eu juro que eu não mordo.
-Tudo bem, vamos logo com isso. Eu falo impaciente.
-Professora eu posso formar dupla com a Maria Eduarda? Duas cabeças pensam melhor do que uma. Ele pergunta e ela assente.
Ele junta nossas mesas e começamos os exercícios, ele foi me explicando o assunto enquanto resolviamos tudo, no final eu consegui entender melhor e acabamos os exercícios rapidamente.
Avisamos a professora que havíamos acabado e ela nos deixou sair. Eu e Caio fomos beber água e eu fui no banheiro jogar uma água no rosto pois estava em nível extremo de estresse.
Saí do banheiro mais aliviada e vi Caio sentado em um banco sozinho olhando pro nada.
-Pensando na morte da bezerra? Pergunto me sentando ao seu lado.
-Pensando em quê? Ele pergunta confuso.
-Nada não, esquece. Falo revirando os olhos. -Então, no que estava pensando?
-Nada importante. Ele diz ainda meio distraído.
-Conte-me jovem gafanhoto. Falo e ele ri.
-Eu não queria mudar de escola, eu até gosto daqui, tem a Luísa e tal, mas a Lia insistiu demais para que nós viessemos estudar aqui e eu tô com medo de que ela apronte algo, quando se trata do Guilherme eu não duvido que ela seja capaz de tudo.
-Achei que você não gostasse do Guilherme.
-E não gosto, mas eu mudei Maria Eduarda, alguns meses atrás eu não estaria nem aí para isso, mas agora tem a Luísa, tudo que afetar o Guilherme também afetará ela, e tem você, a Lia te odeia, e é muito capaz de fazer algo contra você e é isso que me preocupa. Ele diz parecendo muito sincero.
-Ownt que fofis. Falo apertando suas bochechas.
-Aí para, isso dói. Ele diz sério mas logo depois sorri.
-Olha não se preocupe ok? Eu tomarei cuidado, e ela que não seja maluca de mexer comigo, ela é mulher e sabe o poder que temos quando é preciso, ela que não tente mexer com uma mulher e ainda mais como uma baiana arretada como eu.
-Isso mesmo baiana arretada. Ele diz e ri.
-Eu não entendo essa obsessão da Lia, eu e Guilherme nem estamos juntos. Eu digo e ele me olha como uma expressão de "aham sei". -É sério oxente. Eu digo e ele ri.
-Não estão juntos porque são burros.
-Ih ala, logo você o mais burro, por que não diz a Luísa o que tu sente por ela?
-Como você sabe que eu gosto dela? Ele indaga.
-Está praticamente escrito na sua testa "eu sou apaixonado pela Luísa". Eu digo e ele ri.
-Não tá não. Ele fala e faz cosquinha em mim me fazendo rir, depois disso ele volta a olhar pro nada e o silêncio reina entre nós.
-Sabe...A Lia nem sempre foi assim, obsessiva, maluca, vingativa, ela só é insegura, sempre foi. Ele diz e eu arqueio uma sobrancelha.
-Ela sente falta dos nossos pais, eles vivem viajando e nunca foram presentes, e eu também tenho uma parcela de culpa nisso, nunca fui o melhor irmão do mundo. Ele diz e abaixa a cabeça. -E então ela precisava de alguém para se apegar, apareceu o Guilherme e ela era completamente apaixonada por ele, mas isso aos poucos foi virando uma obsessão, e eu não culpo Guilherme por não ter aguentado, eu também não aguentaria, ela era muito louca, e quando ela e o Guilherme terminaram eu podia ouvir os gritos de raiva no quarto dela, podia ouvir vidros quebrando, e então ela se fechou mais ainda para o mundo, ela é muito insegura, ela não conversa com ninguém por simples medo de se apegar e essa pessoa largar ela, eu sinto pena da minha irmã, eu queria que ela se tratasse, para conseguir ter um relacionamento saudável, ou que ela ao menos encontrasse a pessoa certa, que a fizesse ver o mundo diferente, eu não posso acreditar que minha irmã é esse monstro vingativo. Ele diz e uma lágrima desce pelo seu rosto. -Eu amo minha irmã e acredito que ela tenha um lado bom, mas a vida muda as pessoas, as decepções mudam as pessoas, mas eu ainda tenho um pouco de fé.
Ele diz e eu fico pensando, talvez a Lia não seja esse completo monstro, talvez ela só precise de amor e atenção.
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