04.
Isa's POV
No outro dia, teve micareta.
Era para ser uma comemoração com muita diversão, mas me lembrou o NR.
Na Micareta NR, eu passei a tarde inteira com Taylor. E foi bom demais para ser esquecido.
Então estar ali com Ian me fez pensar como se eu estivesse substituindo T.
– E aí, está animada? – meu namorado me perguntou, me puxando para fora da casa.
– Hmm, sim – menti.
Bella nos interceptou na metade do caminho.
– Ei, nem vem, Ian! Micareta é amigos com amigos, amigas com amigas, nada de namorados! – Ela me puxou, empurrando Ian na direção dos meninos da nossa sala (amigos dele que eu não curtia de modo algum).
– Qual o motivo do resgate? – brinquei, dando o primeiro sorriso sincero do meu dia.
– Você também tem direito a respirar um pouquinho.
Resultado: Primeira festa que eu realmente poderia curtir.
Bella foi muito fofa rejeitando vários gatos para dançar comigo e me ajudando a não cair na tentação de pegar alguém.
Estava tudo super bem até vermos Ian. E seus amigos. Todos zoando loucamente. E um deles empurrou Ian para cima de uma garota lindíssima, loira, de olhos claros. Ele é maravilhoso também, de modo que ela o beijou e ele ficou lá sem fazer nada, bobão como era.
De repente, eu simplesmente tinha o motivo perfeito.
Podia ver a luz através de mim.
– Isa...
– Não, Bê. É uma coisa boa. Eu quero é ficar com Taylor... – Fui andando até Ian, me fingindo de bravinha. – Bom saber o que você faz quando não estou por perto.
Ele se separou da menina na hora; ela me encarando confusa.
– Não é isso, Isa! – Ian se defendeu. – Eles me empurraram!
– Mas foi você que enfiou a língua para dentro da boca dela, Ian. – Eu sorri para a garota, um sorriso irônico. – Acabou.
– Isa!
– Não, Ian. Já era. Só se tem uma chance comigo uma vez, com uma única exceção, que para o seu azar não é você.
Virei as costas, indo até Bella e a puxando para a parte bagunçada da micareta.
– Vamos caçar – falei.
Depois de dois anos, havia me esquecido da sensação de sair pegando todo mundo. Era bom e emocionante, mas, ao mesmo tempo, parecia muito errado.
Foi quando encontrei Taylor.
– Ei, Isa! – Ele acenou para mim, sorrindo daquele jeito reluzente dele, como se chamasse por mim.
Eu sabia que ia pegar baba de umas trinta meninas, mas ele também ia. Então não me importei...
Agarrei Taylor.
Ele, no começo, me beijou como se quisesse parar, confuso. Depois simplesmente se entregou.
Dava para saber que, ao beijá-lo, eu só estava querendo dizer uma coisa.
– Você e Ian? – perguntou arfante quando tivemos que parar para respirar.
Balancei a cabeça negativamente.
Taylor sorriu, me beijando de novo. Meu coração palpitou.
– Isa, vamos! – Bê gritou de longe, muito longe para mim.
Quando recebi um puxão no short, percebi que na verdade ela estava bem ao meu lado.
– Tenho que ir – falei para T, me deixando levar por Bella.
Nem reparei que já era quase noite, a micareta havia acabado e todos estavam em suas respectivas casas se preparando para o lual.
– Você escolheu Taylor então? – Bella me perguntou. – Tem certeza disso?
– Sim – respondi, convicta. – Sou capaz de enfrentar todas as consequências por isso.
– Hmm, lembre-se disso, tá? Caso algo der errado.
Assim que chegamos à casa, fiz questão de ir esfregar minha felicidade na cara de Ian indo buscar minhas malas e levar para o quarto da Bê.
– Isa... – ele começou quando me viu chegar.
– Oi? – falei, buscando minhas coisas por todo o quarto e socando na minha mala.
– Você pensou melhor?
– Sobre o quê? – Franzi o cenho.
– Sobre nós.
– Não tem nós, bobinho. – Sorri para ele, puxando minha enorme bagagem para o quarto da minha melhor amiga.
Ela me recebeu de boa.
– Ai, que delícia! Me trocar com minha bff, pedir opiniões de garota... – ela disse.
– Senti saudades disso – confessei.
– Eu também...
Colocamos vestidinhos soltinhos para o lual, porque, bem... era um lual. Nos arrumamos em duas horas e fomos atrás de todo mundo para a areia da praia.
Estava tudo bem calminho e gostoso, só com o povo das casas do interior de SP. Bella e eu estávamos curtindo a segunda tequila quando vi Taylor.
– Posso ter minha última noite como comprometida? – perguntei à Bê.
Ela franziu o cenho.
– Vai querer uma fugidinha com Ian, sério?
– Não! – Eu ri. – Com Taylor. Depois de hoje, quero voltar a ser solteira.
Ela revirou os olhos.
– Tá, vai lá dar. Vou procurar um gato para mim, então.
Eu ri novamente, das palavras dela, me levantando da areia e indo até T.
– Oi, Isa – cumprimentou, me abraçando.
– Oi, Tay – respondi, usando o apelido que ele amava ser chamado.
Ian apareceu e olhou diretamente para mim. Ao ver com quem eu estava, ele pareceu se controlar para não chorar.
Taylor seguiu o meu olhar, se deparando com meu ex.
– Vamos conversar em outro lugar – sugeriu, me puxando.
No caminho, contei-lhe o motivo de eu ter terminado o namoro e ele concordou que foi um golpe de sorte.
Por fim, fomos parar na casa de Ribeirão.
– Você tem certeza disso? – ele me perguntou quando o puxei para o seu quarto.
– Sim. Eu não aguento mais esperar. Já não era hora.
Ele me beijou, fechando a porta de seu quarto com o pé. Depois de me jogar na cama, não demorou muito para nossas roupas voarem pelo cômodo.
Eram cinco horas da manhã quando o diretor de Ribeirão foi batendo de porta em porta.
– Sairemos às 7h, quero todos nos ônibus no máximo quinze minutos antes disso. O café da manhã será servido em meia hora.
Suspirei me virando na cama. Dei de cara com Taylor, que me encarava sorrindo.
– O que foi? – resmunguei, esboçando um sorriso.
– Como foi a sua segunda vez?
Fiquei vermelha.
– Bem, eu estava parcialmente sóbria e não acordei vomitando, então... ótima.
Ele me deu um selinho.
– E como ficamos agora? – ele quis saber, se levantando para tomar um banho.
Eu o segui para escovar os dentes – usando a escova dele, como nos velhos tempos. Depois, coloquei pasta nela de novo e entrei na ducha com Taylor, ainda pensando no que responder.
– Hmm, essa aproximação é para me enrolar? – perguntou, encarando meu corpo nu.
– Não. – Revirei os olhos. – Mas teria dado certo?
– Provavelmente. – Ele soltou uma risadinha. – Mas agora já estou concentrado de novo.
– Então... É que não sei como ficamos agora, também. Namorei por muito tempo... Acho que preciso de um tempo solteira.
– Eu fiquei muito tempo solteiro, só preciso de você. – Taylor me beijou.
– Vamos fazer assim: Nós vamos ter um relacionamento aberto até passarmos no vestibular. Aí vamos morar na mesma cidade e tudo vai ficar menos complicado.
Ele sorriu.
– Pode ser... Mas você vai voltar ao meu lado no ônibus? – Taylor fez um beicinho.
– Se você quiser...
– Eu quero, com certeza.
Então nos beijamos de novo, totalmente nus, debaixo do chuveiro, e apesar de termos combinado que não estávamos namorando o beijo mostrava o nosso nível de intimidade.
A verdade é que sempre foi amor. E não há nada no mundo que pode mudar isso. Nem a distância, nem o tempo, nem as pessoas à nossa volta. Quando a gente ama, algum dia simplesmente dá certo.
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