Viver
James poderia dizer que aprendera grandes lições com Severus. Poderia dize-lhe que havia aprendido a amar de uma maneira que Lily nunca lhe ensinara antes, poderia dize-lhe que o sol era mais brilhante agora do que nunca, poderia dize-lhe tudo que estava preso dentro de si, mas seria tempo perdido. Severus não estaria aí para escutar.
Sua filha corria entre os túmulos enquanto ele colocava uma única flor ao lado de uma morta no túmulo de Severus. Olhava para aquela como se tentasse lê-la. Toda a semana quando o visitava, encontrava uma rosa morta em cima de sua lápide. Nunca descobriu o responsável e talvez jamais fosse descobrir.
Severus nunca lhe explicara tudo, mesmo tendo dito a James o mais importante. Sentia como se faltasse algo a ser dito, mas enquanto analisava a lápide sem nome e os cabelos castanhos de sua filha de 8 anos, pensava que talvez fosse melhor viver sem as respostas.
Estava feliz... E Severus odiaria que ele revivesse o passado mais do que o fazia. Talvez o responsável fosse um amigo distante ou um parente desconhecido, mas não importava. Não depois de tantos anos.
Ele nunca se perguntara até a morte de Severus, quem era o responsável por aquela única flor na lápide no dia em que o encontrara pela primeira vez. Mas agora, ele se sentia feliz por não ser o único que se importava com ele. Aquela flor era um sinal de que talvez Severus tivesse alguém em algum lugar que o amava... Alguém que se importava o suficiente ao ponto de toda a semana, assim como James, deixar uma flor em sua lápide.
James poderia visitar o cemitério todo o dia até descobrir, mas sentia que era melhor viver sem a resposta.
Deixando-o para trás e pegando a mão de sua criança, andou até seu carro com um peso no coração. 13 anos haviam se passado e James ainda lembrava de tudo como se tivesse acontecido a algumas poucas horas.
--Papai.--James voltou a atenção para Zoé, que sorria com curiosidade.--Podemos comer um churro?
--Tudo que você quiser, querida. Mas primeiro vamos pegar a sua mãe no trabalho.
James deixou que Zoé entrasse no carro antes de olhar novamente para o cemitério. Sentia uma sensação diferente dessa vez, como se Severus estivesse aí, olhando-o e sorrindo.
Isso poderia parecer assustador, mas para James não era. Ele se sentiu feliz.
--Papai, vamos logo!
Sorrindo para Zoé e depois novamente para o cemitério, proferiu:
--Obrigado por me salvar, Severus.
Afinal, tinha uma família, tinha um emprego, tinha uma casa calorosa. Tinha tudo. Graças a Severus.
Entrou no carro, sorriu para Zoé e deu a partida.
E os anos passam numa velocidade assustadora
É estonteante viver e não apenas existir
Né, James?
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