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Adeus

Dois meses.

Dois meses desde que descobrira que Severus era um maldito fantasma. Dois meses e James já percebia a impaciência dele.

James sabia o motivo para Severus estar irritado. Ele tinha um emprego, novos amigos, estava indo bem no curso para polícia, havia tirado o gesso e parecia, em todos os fatores, muito melhor. Suas crises haviam diminuído e os episódios em que não conseguia fazer nada, estavam diminutos.

James porém se pegava com insônia. Para ele esse era o maior problema. Sua psiquiatra, sujeita agradável e de sorriso doce, havia lhe receitado um remédio. O problema é que o remédio não estava ajudando-o a lidar com os pesadelos. E que pesadelos!

Acordava suando frio após as noites que sonhava com Severus desaparecendo diante de seus olhos. Toda a vez acontecia em um lugar diferente que haviam visitado... Toda a vez James o abraçava e quando se afastava... PUF! Severus era só uma lembrança.

Maldito seja! Sabia que Severus queria conversar sobre o que estava acontecendo, mas sempre... Toda a vez em que o encontrava, afastava qualquer chance de terem a tão aguardada conversa.

Argh! James estava cansado de olhar para Severus e sentir vontade de beijá-lo. Estava cansado de imaginar que pudesse convencê-lo a ficar no mundo. Não queria prendê-lo... Mas além do pesadelo, às vezes ele sonhava com algo agradável

No sonho ele e Severus estavam de mãos dadas no sofá, olhando para uma foto na lareira. Na foto estavam se beijando, felizes, totalmente felizes. Só isso, um contato de mãos e uma foto. Era o que James mais queria.

Desejo é uma palavra terrível quando vem para o mal. E isso com toda a certeza era um mal.

James mal percebeu quando a mão fina e fria o parou em frente ao lago. Estavam andando pelo Hyde Park, voltando do parque de diversões aberto por um curto tempo aí perto. Seu braço parecia tão duro quanto uma bola de boliche em contato com a mão fria. James não conseguiu conter o tremular de seu corpo.

--O que foi, Severus?--Sua voz tremeu.

Quando olhou para aquele rosto, sério e um tanto distante, teve que engolir em seco.

Não agora, não agora, não agora.

--Neste um mês que se passou, James, você tem me evitado e agido de uma maneira muito estranha. Explique-se.--A voz de Severus é dura, calculada. Ele havia planejado aquilo.

--Eu não tenho agido estranho.--Tentou contornar a situação, se escorando na grade do lago.--Você que tem agido de forma robótica.

James imaginou que Severus fosse brigar, talvez até ir embora com uma espécie de biquinho nos lábios. Mas o que Severus fez de certa forma assustou James. Ele permaneceu com um olhar astuto, uma espécie de olhar que parecia soldar a alma de James. Era como se ele lesse seus pensamentos e os tomasse para si.

Esperava não estar certo na parte do "tomasse para si".

Quando Severus finalmente deixou de o olhar, James largou todo o ar que mal percebeu segurar.

--James, eu quero levá-lo no lugar do nosso sonho.--Uma simples frase, mas tomou todo o ar de seus pulmões.

Seus olhos se arregalaram e um medo cruel subiu pelas entranhas de James. Temia voltar lá e toda a tristeza de seu ser, pelo menos a que havia ido embora, voltasse como num passe de mágica.

--Por quê?

Severus não respondeu a pergunta, apenas olhou para um casal de patos tratados por uma garotinha de autêntico cabelo ruivo e sardas pela pele. A lembrança de Lily quando criança apareceu para James, mas ele tratou de mandá-la embora. Ela estava feliz com Sirius... pelo menos era isso que as fotos mostravam.

Se estivessem juntos, talvez daqui a alguns anos fossem ter uma garotinha tal aquela. Mas agora esse sonho era de Sirius, somente de Sirius.

--Se formos rápidos.--A voz de Severus lhe deu calafrios.--Conseguiremos pegar o trem das 9 e meia.


***


James observou o trem parar nos trilhos e seguiu Severus cabine à fora. Pagou um taxi para levá-los o mais afastado possível da cidade e de lá partiram a pé por um caminho mal-cuidado até chegarem ao castelo.

James não escondeu a maravilha que sentiu ao vê-lo, nem a tristeza ao ver o lago. Respirou fundo quando viu um homem por perto, mas Severus garantiu que ele não o tiraria daí. Havia sido ele a achar Severus na água. James quase não evitou a vontade de andar até ele e perguntar por que não havia sido mais rápido... Por que não havia escutado os gritos, por que não havia o levado mais rápido ao hospital. E James também quase não evitou a vontade de perguntar a Severus o motivo para terem o transferido para Londres, mas imaginou que o motivo fosse os aparelhos, o seguro saúde... Toda a burocracia.

Eles andaram até estar no mesmo lugar em que muitas vezes ficaram sentados sem dizer nada um ao outro. E de novo, permaneceram assim por um tempo, mas em pé.

James suava frio e custava a achar motivos para estar aí. Severus parecia estar o testando e temia com todo o seu ser, que ele soubesse a verdade e o trouxera aí para tirar à força. James não conseguiria segurar... Falaria, é óbvio que se abriria. O problema era aquele lugar e sempre, sempre, sempre seria aquele maldito lugar.

Respirou fundo quando Severus se sentou, mas permaneceu em pé, fitando um ponto fixo na água.

--Sabe, James.--A voz de Severus lhe deu calafrios. James se manteve em pé, preso ao chão por uma força invisível--Eu vejo como me olha. É a forma que você olha para Lily naquela foto de formatura.

Merda, merda, merda! Por quê? Por quê? Por quê?

Aquela maldita foto, que Severus tantas vezes olhou. Aquela maldita foto, que ele tanto segurou nas mãos.

--Há quanto tempo você sabe?--Engoliu em seco. Não havia como contornar.

--Tirei a conclusão faz duas semanas... Mas tive esperança de que pudesse acabar com isso. Ou que não fizesse diferença... Mas, sabe, é óbvio que faria diferença. Você me mantém aqui porque tem medo de ficar sozinho novamente. De acabar como ficou quando perdeu a Lily.

--Severus,--James sentiu a primeira lágrima escorrer.--Por que me trouxe até aqui para falar isso?

Eram cinco e vinte da tarde. O pôr do sol era previsto pelo inverno rigoroso e não havia som de pássaros... A aparência do local era como no sonho, mas com a sutil diferença do horário. No sonho sempre era manhã.

--Porque eu preciso desse lugar para fazê-lo entender.

Severus permaneceu sentado, mas olhando para James como se dependesse dele. E ele realmente dependia... James era o maldito fio que o mantinha aí.

--Entender o que, Severus?--Sua voz estava rouca, estancada pelas lágrimas.

--Que você não pode viver com fantasmas, James.--Severus se pôs de pé e pegou suas mãos num gesto simples, mas que enviou calafrios por sua espinha. Um ato de carinho pouco comum dele e que detonou James de dentro à fora.--Para você até os vivos são fantasmas. E não importa os amigos novos que você fez no novo trabalho ou as conversas com os vizinhos que você tanto fingiu que não existiam. Você mantém aquelas fotos na lareira como se fossem amuletos para levá-lo de volta ao passado. Você tem tanto medo de se permitir viver com os vivos, que até se apaixonou por um morto.

Aquilo foi demais para James. Ele arrancou as mãos nas de Severus com uma brusquidão que assustou o outro.

--Você tenta me salvar quando não foi capaz de salvar a si mesmo!--James gritou, deixando que toda a dor saísse junto com suas palavras.--Você odeia tanto o mundo que faz isso por um maldito egoísmo! Você nem se importa comigo!

--Não me importo?!--O grito de Severus foi mais alto do que os de James, que se encolheu.--Potter, você acha que eu estaria aqui se eu não me importasse?! Esse lugar guarda as minhas piores lembranças e mesmo assim eu o trouxe aqui para explicar algo que você nem me deixou terminar!

James teve que suspirar, alarmado. Sentia os soluços presos em sua garganta. Sabia o que aquilo significava... Severus daria um jeito de James libertá-lo, seja da sua vontade ou não. E obviamente aquilo não teria chance de ser da sua vontade.

--Severus...--James soluçou alto.--Por favor...

--James, a vida é muito curta para viver se lamentando.--Severus se aproximou novamente, pegando suas mãos nas suas, mas dessa vez não havia tanto carinho no toque. Era algo desesperado, algo que James sentiu no fundo de sua garganta, nas profundezas de seu coração, de onde toda a dor batia com força.--Você tem um caminho tão longo e cheio de vida! Você pode se apaixonar por qualquer um e ter filhos. Você não pode pensar que comigo conseguiria ter alguma coisa. Jamais poderíamos pensar em adotar, porque a criança não me veria e iriam facilmente tirá-la de nós. Você seria visto como um louco e iria para um manicômio. Mas com outra pessoa você pode ter tudo que sempre sonhou...

--Mas eu não quero nada disso com outra pessoa senão você!--James gritou, se sentindo um tolo.--Você e Lily são as únicas pessoas que eu já amei ao ponto de desejar uma família. Você e Lily são as únicas pessoas que eu sonharia em abraçar nas noites geladas e...e...

Severus se afastou e olhou para a água. James ouviu o seu suspiro, sentiu a maneira como seus ombros tremeram e o desespero palpável ao abraçar o corpo com os braços, como se pudesse sentir algum frio.

--Eu não tive ninguém para me salvar.--James engoliu em seco quando Severus recomeçou a falar.-- Nenhum espírito ou pessoa viva que eu tivesse contato além do sonho. Eu me lembro da minha terapeuta dizendo que se eu morresse ninguém sentiria a minha falta. Então imagina, ela deve ter tirado o diploma do lixo, porque eu não tinha feito nada para ela dizer aquilo. Mas, James—Severus o olhou, de novo, e naqueles olhos havia uma súplica palpável.--Você tem alguém que está tentando o salvar... E acredite, não é por um motivo egoísta. Quando eu entrei nesse lago,--Severus apontou para as águas negras com sua mão trémula.--Eu comecei a gritar por ajuda porque não conseguia nadar... Mas eu estava sozinho e a ajuda só chegou quando eu já tinha ingerido água demais. Você não precisa continuar sozinho, James.

--Fala o que você está tentando dizer.--James abraçou ao próprio corpo e abaixou a cabeça. Sabia que Severus não queria dizer só aquilo. Sabia que havia algo que ele estava segurando no mundo de seu âmago... Algo que James não sabia se odiaria ou amaria escutar.

--Se eu estivesse vivo, eu te daria uma chance.--As palavras de Severus afundaram seu coração e depois o trouxeram de volta numa velocidade assustadora.

--Daria?

--Você é a única pessoa depois da minha mãe, que já se importou comigo.--Severus continuou, com os olhos fixos num ponto qualquer.--Me lembro de algumas vezes no sonho, quando você chegou mais perto, abraçou meus ombros ou conseguiu tirar palavras de mim. Aquele sonho era a única coisa que me mantinha no mundo. E acredite, James, eu te amei por isso.

Os olhos de James não passavam de orbes embaçadas. Ele mal conseguia ver Severus em sua frente quando esse o abraçou. Abraçou com uma força que drenou todo o ar de seus pulmões... Abraçou-o como se estivesse no fundo do poço, o que era verdade.

"Eu quero que você seja feliz, James... Que você tenha uma família. Mas para isso acontecer, você precisa se libertar completamente do passado e recomeçar."

--S..Severus, eu...--Não conseguiu terminar de falar. Afundou a cabeça no ombro magro e desabou completamente.

--Eu preciso que você me deixe ir, James.

--C...como?--Se afastou o suficiente para olhar as orbes escuras.--S..Severus, como?

James sabia, embora quisesse negar, negar até não conseguir mais falar, que faria o que Severus pedisse... Faria tudo que mais odiaria.

--Preciso que você diga que está bem.

James fechou os olhos, lutando contra a vontade de sair correndo, pegar o trem e ir embora.

--Mas como isso pode ser o suficiente?--Conseguiu falar sem gaguejar.--Como, Severus?

--Eu não sei,--Ele deu de ombros.--Apenas sinto. Eu preciso ir, James.

James prendeu seus olhos naquele rosto e decorou cada traço. Cada traço que jamais veria novamente... Cada traço que levaria até o túmulo.

Severus... Por quê?

--Antes de você ir... --As palavras custaram a sair de seus lábios.--Posso beijá-lo?

Ele não soube de onde tirou a coragem para falar, mas quando disse não temeu a negação. Não tinha nada a perder... Apenas Severus.

Ele perderia Severus.

E não poderia deixá-lo ir sem antes tê-lo pelo menos uma vez.

Os lábios finos se aproximaram hesitantes e James temeu que aquilo fosse fazê-lo chorar mais. Mas quando eles finalmente se tocaram, James abraçou Severus como se sua vida dependesse disso e o tomou como nunca havia tomado Lily antes.

Quando se afastaram, James não chorava mais. Por outro lado, era Severus quem tinha seus olhos aguados e as bochechas molhadas.

Olhou-o por um longo tempo. Ambos permaneceram juntos até que James, tomado de uma coragem assustadora, proferiu com a garganta seca:

--Eu estou bem. Você pode descansar agora, Severus.

A última coisa que viu e sentiu, foi o sorriso agradecido de Severus. E de repente, estava sozinho junto ao pôr-do-sol.

Como se tivesse sido curado e olhando para aquelas águas negras, sorriu como nunca antes. Um sorriso doloroso, mas estranhamente necessário diante de seu coração despedaçado.

"Adeus, Severus". Proferiu, deixou o lago para trás e seguiu colina acima.

Estava tudo bem... Tinha que estar. Severus estava bem.


Não há nada mais triste

Do que um coração despedaçado

Mas tá tudo bem

Né, Severus? 

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