Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo Único

De todos os lugares mais belos das terras mais que distantes, o reino de Lumen era o mais belo de todos, localizado no plano das fadas, com suas florestas de grandes árvores violetas e alaranjadas, recheadas de grandes colinas e vales verdejantes e estradas infinitas que faziam se perder quem as tomasse, lá era a morada de Elithia, a rainha das fadas, grande rainha, filha do Guardião, o emissário dos deuses e criador de toda a vida pura e bela. Elithia governava com sabedoria desde o início da criação, e toda a terra era coberta por seus olhos. A rainha era vista como o Sol, um ser perfeito e de luz, tocando cada criatura viva ou inanimada e abençoando-a com todas as alegrias. O castelo de Lumen ficava em cima de uma enorme flor conhecida como Guldrass, considerada uma das maravilhas do mundo antigo. Nos poemas Lumenianos, assim chamado o povo daquele lugar, Guldrass era apenas uma flor do jardim dos deuses, que crescia no alto de uma colina, regada no outono e no verão, e protegida durante o inverno pelos galhos de uma imensa árvore, que segundo alguns dizia-se viver outras raças não descobertas. Na primavera, quando as flores desabrocham, o castelo de Lumen se enche de cor, criando um aspecto de que é mais vivo do que nunca, com galhos e caules se enrolando entre si, criando novos cômodos, cadeiras, mesas e andares. A estação da primavera é uma época de festa e alegria, mas também é um pouco triste e fúnebre, pois as fadas mais velhas costumam falecer e finalmente ter seu lugar no jardim, se transformando em flores que decoram todo o reino, mesmo com tal lamentável evento, as fadas celebram também o nascimento de novos herdeiros que um dia irão se unir a seus ancestrais como parte da beleza do reino.

- Alicya! Onde está aquela menina? Alicya!

Alicya brincava nas poças de água da chuva que ocorrera na noite anterior, moldava peixinhos e pequenas sereias de água, desde muito pequena, a menina aprendeu a controlar o elemento da água, era característico de cada fada controlar de forma sutil os elementos da natureza, e com Alicya não era diferente. Depois de chamar a menina aos gritos, Narah, a mãe da menina finalmente havia a encontrado.

- Alicya! Pelo véu da Deusa-Sol, onde estava?!

- Estava brincando mamãe, com meus amigos. A menina mostrava para a mãe as pequenas esculturas vivas que havia criado, Alicya não era muito de ter amigos, a não ser aqueles que fossem criados por ela.

- Olhe só, esta toda suja de lama, precisa se arrumar minha filha, logo o sacerdote virá buscá-la.

As mais habilidosas fadas eram escolhidas para fazer parte da companhia da rainha para proteger Guldrass e todo o reino de Lumen, sendo sacerdotes e sacerdotisas de cada respectivo elemento, portanto eram ensinadas desde pequenas para desenvolverem seus poderes.

- Mas eu já sei mexer com meus poderes, e eu acho o sacerdote Milos muito chato!

- A vida não é só criar bonequinhos e pular em poças minha filha, você precisa estudar....

- Aprender a controlar seus poderes, crescer e ter responsabilidades, senão ninguém vai me levar a sério, eu sei mamãe...

Narah sorriu para a filha e abriu os braços.

- Vem cá... A menina correu para os braços da mãe. - Responsabilidades nos fazem manter o foco, se fazem necessárias para nós...

As duas se abraçaram, Narah limpou o rosto da filha, os olhos da menina reluziam em um azul celeste, como duas sementes de safira, seus cabelos pretos mesmo sujos de terra eram macios e bonitos, e o calor do abraço da menina emanava uma energia que deixava Narah sem palavras para chamar sua atenção, aquele ser tão pequeno e inocente jamais seria capaz de qualquer maldade, e mesmo Narah sabendo que um dia iria deixar de ver a filha, não havia motivo para ficar zangada com a mesma. Lembrou de Fergus, seu marido, aquele que ensinou e protegeu as duas, que acompanhou a primeira vez que Alicya havia manifestado seu poder, que ensinou a menina a ser curiosa e a ter compaixão.

- Vamos, precisas tomar um banho, lavar essas orelhinhas. A menina deu risada das cócegas feitas pela mãe, e de mãos dadas, as duas seguiram para dentro de casa.

O som dos cavalos era ouvido do lado de fora, um ser esguio e muito belo saltou da carruagem, com vestes azul marinho e cabelos longos e brancos, este era Milos, hidromante e sacerdote real.

- Não se esqueça, comporte-se e mantenha o foco nos ensinamentos. Alicya fez que sim, deu um abraço em sua mãe e seguiu em direção ao seu professor.

- Pequena Alicya! Estás pronta para a lição de hoje?

- Sim sacerdote. Disse a menina com uma reverência.

- Estamos indo para o Lago das Lágrimas, nossos estudos começam lá!

A menina voltou e abraçou uma última vez sua mãe e seguiu acompanhada do sacerdote em direção a carruagem. O Lago das Lágrimas era um dos locais mais bonitos de Lumen, e um verdadeiro sítio de estudos e práticas hidromânticas, histórias dizem que a própria Dama da Água, uma das essências da natureza, derramou suas lágrimas ali, criando assim uma fonte de poder e estudos para os que fossem adeptos a praticar a arte de seu elemento. O sacerdote Milos repetia os movimentos que a menina deveria realizar, Alicya mostrava-se um pouco despreparada, apesar de serem exercícios simples, não conseguia repetir os movimentos de Milos, e de uma forma distorcida, realizava construtos e efeitos com a água que apesar de impressionantes, eram distorcidos e na visão de Milos, não possuía harmonia ou beleza. E assim, dia após o outro, Alicya treinava, mas nada que criava parecia agradar seu tutor, Narah conversava com Milos a mesma coisa todos os dias, Alicya não evoluía da forma que era necessário, era distraída, e distorcia a forma harmoniosa de seus poderes, e talvez não fosse digna para a utilização de tais poderes.

Os meses se passaram, a menina cresceu, seus traços iam se formando, a menina ganhava um rosto fino e orelhas mais pontudas, mas algo peculiar assustava Narah, Alicya não havia ganhado suas asas, o que provocava um certo repúdio nas outras fadas, que viam a falta das asas como falta de beleza, apesar de Alicya ser uma das moças mais bonitas daquele lugar, a menina não dava importância, continuava a ajudar suas mãe com trabalhos na horta e no pomar que agora era muito maior do que quando pequena. Para as fadas, o tempo passava incrivelmente mais rápido do qualquer outro, e poderiam adquirir a aparência de adulta em apenas um ciclo de estações. Agora, já crescida, e ainda sem asas, Alicya havia se tornado responsável por todo trabalho de sua mãe, que agora descansava e realizava apenas tarefas simples de casa, pois já havia envelhecido bastante. Apesar de toda a responsabilidade, Alicya continuava sonhadora, pensava em viajar e conhecer novos ares, deixar de lado a vida pacata de sua casa.

Alicya voltava do pomar, uma criaturinha a observava chegando perto do portão.

- Willow! Faz tempo que não aparece aqui!

Era uma pequena bola de pelo verde grama com apenas um par de olhos, saltava de cerca em cerca, alegre por ver a amiga de tantos anos. O simpático chuzle pulou na cesta que Alicya carregava, e a acompanhou em direção a sua casa. Willow se admirava em uma maçã muito brilhante na cesta e estava pronto para morder quando Alicya chamou sua atenção.

- Eu sei que parece apetitosa, mas não é pra comer, mamãe fará uma torta com elas, se for bonzinho pode comer um pedaço. Os olhos de Willow brilharam, ele saltitou nos ombros e na cabeça da moça, que ria da alegria do amigo. No caminho de casa, a moça encontrou um pequeno riacho e decidiu parar para descansar , havia trazido alguns pedaços de pão para dar aos peixes, ela repartiu um pedaço com Willow, que parecia estar com fome. Os dois olhavam os peixes no fundo do riacho, nadando de uma forma que parecia como uma dança, Alicya moldou com os dedos alguns peixes menores que brincavam e pulavam junto aos demais, via alguns irem fundo no riacho, outros iam para longe e seguiam o curso de um pequeno canal, provavelmente os levaria para próximo do rio de ametista, próximo a um vale pouco longe dali. Vendo os peixes dançando e o som da água corrente do riacho, Alicya viajava em seus pensamentos, queria ser um peixe, para mergulhar e conhecer as profundezas do oceano e descobrir os mistérios que ali habitariam. Sua ilusão fora cortada quando uma forte de gota de água tremelicou o reflexo do riacho, e de repente, mais e mais pingos começaram.

- Vamos Willow, está começando a chover, precisamos voltar depressa, mamãe deve estar preocupada. O chuzle pulou novamente na cesta, Alicya se cobriu com o capuz de seu manto e seguiu em direção a sua casa.

A moça seguiu por uma estrada que atravessava um pequeno bosque, pelo caminho, avistava fadas voando pra lá e pra cá, realizando tarefas ou brincando, às vezes se esquecia de que era a única ali que não possuía asas, e sonhava conhecer os céus de Lumen. Sonhava em voar, ver de cima árvores e casas do tamanho de formigas, sentir o vento e poder tocar as nuvens, flutuar como se estivesse sonhando. A força da chuva aumentara, e ela apertou o passo.

Um pequena cabana de madeira rústica e telhado de folhas amarelas era seu lar, o jardim era bem cuidado e colorido de flores, e um poço de água junto a um singelo cercado guardava-o.

- Estou de volta mamãe.

- Que bom minha filha, trouxe as maçãs?

- Sim, mas coloque um prato a mais na mesa, temos companhia.

Willow saltou da cesta em direção ao pequeno punhado de farinha que estava sobre a mesa da casa.

- Willow! Que modos, saia de cima da comida!

Willow saltou de volta a cabeça de Alicya, que também se sujou de farinha, a moça deu risada, Narah olhava feio para os dois.

- Olhe só, que bagunça!

- Acalme-se mamãe, vamos arrumar tudo.

- Acho bom mesmo, dê-me as maçãs que eu vou começar a preparar a torta. Narah estava um pouco emburrada com Willow, o pequeno chuzle não lhe deu atenção.

- Vamos seu bagunceiro, vamos limpar isso aqui.

A noite chegou rapidamente, e a chuva continuava a cair do lado de fora, a lenha na lareira estalava enquanto o fogo aquecia um pequeno caldeirão de uma sopa que Narah havia preparado, Willow se aconchegou e adormeceu no colo de Alicya.

- Parece que ele não vai embora tão cedo não é? Disse Narah.

- Enquanto essa chuva não parar é o melhor pra ele.

- É, e está forte, o que é estranho, afinal a época de chuvas ainda tem mais alguns meses, mas vamos aguardar até de manhã, espero que não tenha feito tantos estragos na plantação.

- As vezes eu imagino como o mundo deve ser na visão deles, uma árvore deve ser uma montanha, um simples buraco um vale, e um riacho um oceano, às vezes queria ser um chuzle. Alicya riu de si mesma.

- Guarde os sonhos para o sono Alicya, descanse, amanhã tem muito o que fazer.

- Boa noite mamãe.

- Boa noite minha filha.

As duas se aconchegaram na frente da lareira, o som da chuva e o calor emanado pelo fogo criava um ambiente confortável e tranquilo, Alicya novamente viajou em seus pensamentos, lembrou da tarde na beira do riacho, se imaginou pequena como Willow, viajando por uma imensidão azul de água, por fim, A moça adormeceu. Narah contemplava a filha com olhos cansados, por um momento havia esquecido que sua pequena "gota de orvalho" havia crescido e se tornado uma moça, mas questionava o porquê de sua única filha não ter asas, se esforçava para lembrar de alguém da família que possuíra aquela característica ou ao menos uma explicação plausível para aquilo, mas sem sorte, durante o crescimento da menina, mantinha a escondida com medo do que os outros achariam, por ser sem asas ou muito sonhadora. Narah amava Alicya do jeito que fosse, mas não podia negar o fato de que a menina era um pouco avoada, só queria deixar as coisas em ordem para que sua filha tivesse uma vida boa, antes de se juntar aos seus ancestrais.

O som de uma gota forte incomodava no canto da cabana, e o cheiro forte de umidade permeava o ar, Alicya e sua mãe acordaram com o som de chuva, que parecia mais forte do que nunca.

- Céus! Ainda não parou de chover.

Alicya não havia reparado nisso ainda, estava um pouco sonolenta enquanto a mãe sacudia a mesma.

- Acorde Alicya, me ajude com essas goteiras.

A moça havia se dado conta que a chuva não havia parado ainda, os trovões também não paravam, e assustavam o pequeno chuzle, que acordou num pulo com o estrondo.

- Está tudo bem Willow.

A moça ajudou a mãe a secar algumas partes que haviam molhado dentro de casa, mas quanto mais secavam, mais a chuva entrava na casa. Aos poucos, goteiras maiores e mais fortes caíam, e aos poucos a casa foi desmontando em água.

- Temos que sair daqui mamãe, mas com essa chuva não iremos passar pela estrada!

- Pegue no armário o pó da árvore some-some, eu vou acender o fogo.

- E pra onde vamos?

- Sua tia Faye tem uma casa grande, acho que não terá problema de receber visitas.

A fogueira aquecia enquanto Narah sussurrava algumas palavras, com o tempo, o calor vermelho da lenha havia mudado para lilás e finalmente apagou.

- Está pronto, segure Willow firme filha.

- Não mãe, você vai primeiro.

Narah não quis discutir com a filha naquele momento, parte do telhado já havia caído, Willow começou a chorar de medo, Narah pegou um pouco do estranho pó da urna que Alicya trouxera consigo e entrou na pequena lareira, fechou os olhos e jogou-o na brasa, uma explosão flamejante consumiu Narah. Após ver que a mãe havia sumido, Alicya repetiu a ação, puxou um punhado do pó e entrou na lareira, de repente, um segundo pedaço do telhado caiu em sua frente, banhando parte da brasa, no susto, a moça soltou o pó, que foi consumido pela chama lilás, em um segundo, o chão cheio de destroços da casa deu lugar a uma enorme sala, decorada com candelabros naturais, iluminados por pequenos vaga-lumes em cada vidro. Narah ajudava Alicya a sair da lareira, a moça estava petrificada com o susto, a tempos não usava o pó de some-some, agora lembrava porque havia parado de usar.

- O que aconteceu minha irmã?! Por que a visita tão inesperada?

- A chuva destruiu nossa casa.

- Pela lua de opala! Vocês estão bem?!

- Escapamos por pouco mas estamos bem.

Willow saiu debaixo dos panos das roupas de Alicya, estava assustado, mas aliviado por não ver o mundo caindo em sua cabeça.

- Em nome da deusa, por que esta chuva não para?

- É o que vamos descobrir, quero uma explicação direta de Elithia, apronte uma carroça Faye, eu vou até lá. Disse Narah.

- Mamãe é muito perigoso sair nessa chuva, deixe que eu vá.

- Mas nem pensar, não vou deixar você sair sozinha nessa chuva.

- Narah tem razão, é muito perigoso nessa chuva forte, pedirei a Fitz que vá com você.

Fitz e Alicya partiram numa carroça rudimentar, feita com a casca de carvalho, os cavalos cavalgavam as pressas e se enlameavam com as imensas poças de água que seguiam em direção ao centro de Lumen, pelo caminho, Alicya via árvores, casas e plantações sendo destruídas por conta da chuva, também via clarões lilases pela janela das casas, famílias utilizavam o pó de some-some para fugir de casas que se encontravam em estados deploráveis.

Ao chegarem no castelo, as pétalas de Guldrass estavam abertas, protegendo a todos que se abrigavam debaixo, e não eram poucos, dezenas debatiam e reclamavam da chuva, o alto sacerdote Milos tomava a frente para tentar acalmar o povo.

- Acalmem-se, a rainha está buscando informações, não há motivos para tanta algazarra.

- O que será de nós sem nossas casas?! E nossas plantações?!

Milos tentava conter o povo, mas estava de mãos atadas sobre o que fazer. Alicya olhava em volta, muitos gritavam e puxavam os galhos vivos de Guldrass, se não fosse feito algo, logo a flor do jardim dos deuses iria murchar.

- Fitz, vem comigo. Alicya abriu caminho no meio da multidão, querendo passar para um lado menos chamativo, Fitz tentava pará-la, mas os gritos do povo estavam altos demais, depois de sair da multidão, Alicya tirou os sapatos e começou a escalar a enorme construção viva.

- Alicya, o que você tá fazendo?! Vão nos pegar!

- Fique vigiando, eu vou falar com ela.

- Alicya espera, Pelo Andarilho, falar com quem?!

A moça escalava o palácio de galhos grossos, às vezes, escorregava e um novo local surgia como apoio para as mãos e para os pés. Aos poucos, tomava distância do chão e se aproximava de uma das guaritas, o chão era feito com uma da folhas da enorme flor, e dava uma visão ampla do reino. Alicya se esgueirou entre os corredores do palácio, tomando cuidado para que ninguém a visse. Guardas passavam pelos corredores de carvalho com expressões de preocupação, alguns mais encharcados do que qualquer um que havia tomado a chuva forte. De repente, a moça ouviu o murmúrios de uma discussão, que aumentava conforme ela se aproximava, e se apoiou numa pequena armadura para ouvir mais atentamente.

- Temos algum posicionamento?

- Nada ainda, os alto-sacerdotes hidromantes e aeromantes estão nas pétalas tentando descobrir do que se trata.

- E a rainha?

- Sem respostas...

- Se essa chuva não parar vai destruir por completo as plantações de Lumen, talvez o reino inteiro....

- Não seja tão pessimista Kaile, a Dama está do nosso lado, tenho certeza que logo resolveremos isso.

- Não vê Phéllos, as casas estão caindo por conta da chuva, as estradas são puro barro, se não contermos essa chuva vai deixar Lumen embaixo d'água!

- Talvez tenho dito cedo demais...

Alicya escorregou da armadura, que desmontou em pedaços, ecoando seu ruído para todos os lados.

- O que foi isso?!

- Ali! Invasora! Pegue-a!

Alicya saiu correndo pelo corredor, dois guardas que se distraíram não a viram passando, apenas reparando em sua fuga após ouvirem os gritos dos conselheiros. A moça corria pelos corredores, tentando despistar os guardas que cada vez mais se agrupavam, até que finalmente chegou a sacada por onde veio, porém, Fitz havia sumido, e a sacada estava cercada por guardas.

Alicya foi levada para o salão real, onde já preso estava Fitz, com expressão de emburrado. Elithia olhava os dois com olhos severos, mas calmos como alguém que não os faria mal, com um gesto da mão, os sacerdotes a sua volta de distanciaram, com outro ordenou que os guardas soltassem ambos e pôs-se a falar.

- Qual seus nomes?

- Fitz, Fitz Lumaxim vossa Clareza.

- E você moça?

- Alicya.

- Fale direito com sua rainha menina!

Um dos guardas ameaçou de bater em Alicya, Elithia interviu.

- Basta! A menina está assustada capitão, puni-la só trará mais medo.

- Sim vossa Clareza... O capitão recuou.

Elithia olhava os dois fixamente, indo além de seus corpos, podendo enxergar o fundo de suas almas, quando observou algo curioso, a moça não possuía qualquer par de asas em suas costas.

- Você é diferente de muitos que já recebi aqui, até demais para os padrões das fadas.

Alicya podia ouvir risos sendo segurados dos sacerdotes, a mesma ficou de cabeça baixa, com os olhos marejados, mas levantou ao ouvir a rainha.

- E a diferença pode ser significativa para a beleza, pois sem ela, tudo ficaria monótono e sem cor, por isso temos flores tão diferentes uma das outras. A rainha sorriu para a moça, que retribuiu enxugando as lágrimas.

- Valeen, sabe que tipo de fada é esta?

- Pela Deusa-Sol! Será possível vossa Clareza?! Respondeu o alto-conselheiro.

- O que? Perguntou Alicya.

- O que sabe sobre os Ancestrais da Natureza? Perguntou a rainha.

- Não muito, são criações do Guardião, eles usaram suas essências pra construir nosso mundo, e.....

- E....?

- Acho que só vossa Clareza.

Elithia se levantou, vista de pé era maior que qualquer uma das fadas ali, e sua presença confortava.

- Antes dos Ancestrais saírem da ilha de Dunn, espalharam parte de seu poder na natureza, e aqueles que fossem dignos de tais dons, seriam firmes como a terra, puros como a água, rápidos como o vento e vorazes como o fogo, muitos já foram assim e fizeram coisas extraordinárias em nosso mundo, os chamados Muldis.

- Mas acha que ela seria alguém com esse tipo de coisa vossa Clareza, ele sequer consegue voar.

- Nem sempre vantagens são motivos para ser digno, capitão.

- Mas se vossa Clareza me permitir dizer, talvez fosse elaborado um teste para que se provasse digna, algo que qualquer um de nós seria incapaz de fazer.

De repente, um dos altos sacerdotes invadiu o salão.

- Vossa Clareza! Acho que descobrimos a causa da chuva.

- Pois então fale Milos.

- Algo moveu as nuvens para nosso reino, e impede de alguma forma que elas sigam em frente, para longe daqui.

- Alguma pista?

- Algo muito poderoso emana das montanhas à leste, seria necessário ir até lá, mas o frio do alto daquelas montanhas impede que voemos tão alto.

Sem mais, a rainha fitou Alicya, agradeceu a informação dada por Milos e foi em direção a menina.

- Alicya?

- Sim... quer dizer, sim vossa Clareza?

- Eu gostaria que ficasse hoje aqui comigo, quero conversar com você, quanto ao rapaz...

O capitão abriu um sorriso, Fitz engoliu seco aguardando a ordem da rainha.

- Libere-o capitão.

- Vossa clareza acho que deveríamos....

A rainha olhou severamente para o capitão.

- Deveríamos?....

- Deveríamos escoltar o rapaz de volta até a casa, pode ser perigoso sair agora sozinho.

Elithia sorriu e acenou positivamente com a cabeça.

- Vossa clareza. Disse Fitz. - Alicya possui uma mãe, talvez seria melhor ela ficar sabendo sobre sua calorosa hospedagem.

- Guardas, tragam a mãe da moça até aqui sem alarmá-la, diga que a rainha está fazendo um convite para jantar e se abrigar no castelo.

Todos concordaram em uníssono.

Horas depois, Alicya e Narah já estavam no castelo, Narah chamou a atenção da moça, dizendo que tudo que ela tinha feito era um total desrespeito a rainha, mas ficou em silêncio e pensativa depois que as dúvidas quanto às características da menina foram esclarecidas.

- Vossa Clareza, tem certeza?

- Tão certa quanto as obras feitas de meu pai, sim.

Narah não se continha nas lágrimas, não sabia se sentia felicidade e ou tristeza pela filha, a fada de idade estava assustada.

- Alicya, sua missão é simples, ir até as montanhas no vale e ver de cima o que causa toda essa chuva.

- Vossa Clareza, se me permitir, talvez Alicya não consiga...

- E por que acha isso senhora Narah?

- Ela é muito nova e não possui tanto controle sobre seus poderes ainda.

- Poder? Acha que é isso que a impede de conseguir essa missão?

Alicya segurava as lágrimas, sabia que sua mãe queria seu bem, mas a cobrança de seriedade e responsabilidade ainda era vista mesmo crescida.

- Escute Alicya, e você também senhora Narah, muitas vezes não nos permitimos fazer algo diferente, e é isso que nos faz sentir medo, mudar, parece que criamos uma barreira com esse medo, e a única forma de passarmos por ela é por cima. Mudar pode nos dar medo, mas faz parte. Alicya e Narah ouviam atentamente as palavras daquele ser de luz e esperança.

- A passagem além das nuvens é muito forte para asas tão frágeis, mesmo para uma rainha, por isso que você pode realizar esse feito, passar por cima das barreiras, e então, o que me diz? Elithia estendeu um mapa para a moça. Alicya olhou nos olhos da mãe.

- Eu não quero te perder minha filha...

- Não vai perder mamãe...e vai se orgulhar...

Mãe e filha se abraçaram como se nada no mundo conseguisse soltá-las, e depois de se enxugarem as lágrimas, Alicya pegou o mapa e partiu com sua mãe. Sozinha no salão particular do castelo, Elithia pedia à Deusa-Sol que guiasse e guardasse pela menina, pois não saberia o que fazer caso acontecesse algo com ela.

Alicya se despediu de sua mãe, levando consigo suprimentos suficientes para uma semana de viagem, recebeu também algumas poções e suprimentos da própria rainha, além de uma pequena escolta até a ponta do vale, garantindo sua proteção em parte do caminho. Alicya e os guardas percebiam que a chuva estava mais fraca conforme se aproximavam do vale, as nuvens ficavam cada vez mais brancas e arroxeadas, anunciando o pôr do sol violeta. Os guardas se despediram da moça, e desejaram-na boa sorte, então, a longa descida até a base do vale começou.

O enorme vale possuía uma velha estrada, que a tempos não recebia qualquer transporte por cima dela, a grama crescia, quase cobrindo por completo, o vento soprava e batia nos paredões montanhosos, o sol brilhava e aquecia Alicya, a moça sentiu a brisa em seu rosto, finalmente havia conseguido o que queria, um dia poder viajar para um lugar distante, não fosse pela missão dada pela rainha, aproveitaria daquela sensação nunca antes sentida. De repente, Alicya sentiu algo pular em sua bolsa, não dando atenção a primeira vez, talvez fosse o vento soprando as coisas presas a bolsa, mas os movimentos se tornavam cada vez mais bruscos, rapidamente Alicya largou a bolsa no chão, foi quando de dentro da bolsa, um pequeno chuzle verde pulou para fora em cima da moça.

- Willow! O que está fazendo aqui?

O pequeno chuzle estava um pouco triste com a bronca que levou. A moça diminuiu o tom da voz.

- Por que veio?É muito perigoso.

Willow saltitou e ficou em cima de sua cabeça. Alicya contemplou as montanhas ao longe, e já pareciam enormes daquela distância. Ía ser uma longa caminhada pensou ela, e assim prosseguiu, até a base das montanhas.

Após algumas horas de caminhada, Alicya e o recém descoberto Willow chegaram a base das montanhas de Vallamon, região ao sul de Lumen, o vento frio uivava entre as entradas das montanhas, e uma Lua prateada sobre um céu azul celeste trazia a noite consigo, Alicya tremia, e se cobria com uma capa de pele para se esquentar, por sorte, Willow se escondia em meio aos suprimentos da bolsa, onde se aquecia, Alicya tentava sem sorte enxergar o topo das montanhas, mas as nuvens agora cinzentas cobriam o topo, dando um ar de mistério e perigo.

- Vamos parar pra descansar aqui Willow, farei uma fogueira. Com poucos galhos recolhidos durante o caminhar até a base da cordilheira e um pouco da poção de fogo presenteada pela rainha, Alicya fez um pequena fogueira, não iria durar muito, mas ao menos para mantê-los aquecidos já bastava, os dois comiam algumas frutas e preparos feitos pela rainha e por Narah. O primeiro dia não fora tão complicado, mas Alicya já sentia um cansaço não apenas pela viagem, mas sua responsabilidade pesava mais do que qualquer coisa, será que de fato era o que diziam? Como pode alguém tão simples e sem tantas qualidades poder salvar um reino inteiro? Lembrava das sábias palavras de Elithia, mas não podia deixar de sentir medo e receio do que a aguardava durante sua escalada. Enfim, seus olhos se pesaram, e ela adormeceu.

Levantou no dia seguinte sentindo o frio no rosto, sem muito tempo para comer algo, apenas alimentou Willow e começou a escalada pelas montanhas, em alguns momentos, a montanha lhe guiava por um caminho sinuoso de estradas de pedra, o que lhe fazia ganhar tempo, porém às vezes era obrigada a escalar paredes lisas e de difícil apoio, se sentia aliviada a cada escalada que deixava para trás, algumas vezes caía ao tentar escalar, tendo que começar de novo, e a cada novo desafio, a montanha a tentava vencer com seus artifícios, sendo altura, o frio ou a fome.

Pouco mais de um dia, o frio já era glacial, as pedras umedecidas pelo gelo dificultavam a escalada, até que uma forte chuva de granizo começou, Alicya e Willow se abrigaram numa caverna que encontraram, a moça olhou para baixo assustada, entontava-se com a altura, o vale parecia maior do que antes, ao longe, via com dificuldade as copas das árvores escuras de Lumen, e as grandes nuvens negras por cima dela, imaginava como estaria lá, queria saber se todos estavam bem, e vivos. Que tipos de estragos a chuva teria feito em Lumen? Será que aquela cidade linda que morava desde criança ainda existia? Essas e muitas outras questões lhe vinham a mente.

- Mamãe sempre me falava sobre ter responsabilidades, pois elas iriam me fazer lembrar do que ser e do que fazer, e agora eu tenho a maior delas sem qualquer preparo...

Willow pulou no colo de Alicya, tentando animá-la, mas sem sorte.

- Queria ser que nem você Willow, sem preocupações, só pensar em sair por aí e brincar, mas mamãe tem razão, responsabilidades se fazem úteis, queria ter aprendido essa lição mais cedo, seria mais útil para Lumen.

- Nunca é tarde para aprender criança...

Alicya olhou para o fundo da caverna, um par de olhos ambar a observava.

- Quem está aí?!

Willow saltitava indo ao encontro do ser na escuridão da caverna.

- WIllow não!

O pequeno chuzle saltava para lá e pra cá de alegria, como se conhecesse aquele ser, aos poucos ele saía da penumbra ao encontro de Willow. Um sujeito alto, poucos cabelos brancos devido a idade, vestia um robe azul e verde, e sua voz era serena.

- Willow! Quanto tempo amiguinho.

- O senhor o conhece?

- Sim, assim como conheço você Alicya, e sei seu propósito aqui.

- E quem é o senhor?

- Pode me chamar de Vaerge.

Alicya tinha a impressão que já havia visto aquele senhor misterioso, mas não conseguia lembrar da onde.

- O senhor disse que sabe meu propósito aqui?

- Sim, a montanha pode ser difícil, mas o que vem depois dela é muito mais, portanto tenha coragem, pois ela é capaz de acalmar a mais furiosa das feras.

- Fera? Mas que fera é essa?

- Vais descobrir logo criança, logo. O velho voltou para a penumbra da caverna, a moça chamou por ele, mas o estranho homem havia desaparecido.

Alicya colocou a mão na cabeça, procurando entender se o que havia visto era real, ou meramente algo em sua cabeça, estava cansada, e se preparou para dormir, Willow se aconchegou em uma das botas que estava próxima ao fogo, o som da chuva de granizo era relaxante, e os trovões não eram mais um incômodo, por fim, ambos adormeceram.

O sol entrava na caverna sem ser convidado, incomodando a visão sonolenta dos dois amigos, o vento frio continuava a soprar, batendo e subindo a montanha. Era mais um dia de escalada, mas depois do ocorrido da noite anterior, Alicya sentia que estava próxima a seu destino. Continuou escalando a montanha, quando os vestígios de gelo deram lugar a grossas camadas de neve, muito difíceis para caminhar por cima, a moça improvisou um bastão de apoio, para que conseguisse sentir onde a neve era mais rígida e assim evitar afundar e a cansar tanto. Uma névoa obscurecente atrapalhava a parte final do caminho, o vento estava mais frio do que nunca e a neve caía sem parar. Uma pequena estrada de pedra levava para o outro lado da montanha, a escalada havia de fato terminado. Quando a névoa se esvaiu, um novo cenário era contemplado, uma enorme floresta se destacava, o vento frio já não era perceptível, era como se Alicya tivesse passado por um portal e entrado em outro lugar, sem mais, seguiu uma estrada até o fim da floresta, avistando de longe um castelo. O castelo era magnífico, suas torres possuíam formas estranhas e pontes feitas de nuvens as ligavam, a primeira vista era pequeno, mas o mais interessante era como alguém construiria algo daquele jeito, Alicya imaginou ser as tais raças não descobertas do Plano das Fadas, mas nem o castelo de Lumen era tão magnífico quanto aquilo. Quanto mais se aproximava do castelo, maior ele ficava, e quando de fato chegou em sua porta, a moça se espantou, a porta era incrivelmente maior que ela, olhou em volta e percebeu um enorme jardim, muito bem cuidado, com flores coloridas e frutos gigantes. De repente, a porta atrás dela se abriu, o som de ranger era enorme e ecoou pela cordilheira, Alicya se escondeu por entre os ramos de algumas flores próximas, uma grande sombra surgiu na porta, e uma enorme criatura saiu para o jardim. Sua pele era cinza e o cabelo era grisalho, e suas roupas eram elegantes, a criatura pegou parte das nuvens com as mãos e as moldou, com o gesticular das mãos, as nuvens começaram a flutuar e produziram pequenos focos de chuva que, após alguns minutos, foram soprados para longe pela criatura. A mesma virou as costas em direção a porta, mas parou ao sentir um estranho cheiro no ar, algo que era incomum a sua percepção.

- Quem está aí? Disse com uma voz rouca e estrondosa. - Eu sinto o seu cheiro, quem está aí?! Gritou.

Alicya caiu ao chão com o estrondo da voz , quando reparou que havia sido vista, a criatura a olhava curiosa.

- O que é você?

- Eu sou Alicya de Lumen, a cidade das fadas.

- Lumen? Nunca ouvi falar.

A criatura continuava a olhar curiosa, quando reparou nas costas de Alicya.

- Onde estão suas asas?Sei que fadas tem asas.

- Eu sou uma Muldi, sou uma fada que não tem asas.

- Então ainda por cima é uma fada feia.

A criatura virou as costas e começou a entrar de volta ao castelo, Alicya correu para alcançar a porta. Quando o gigante entrou, a moça começou a falar.

- Eu quero saber por que está destruindo nossa cidade.

- Eu? Destruindo? Eu não me importo pra o que acontece em sua cidade, só não quero ter que lidar com fadas feias e pequenas invadindo meu castelo.

Alicya estava raivosa, andava correndo, tentando alcançar os passos do gigante.

- Escute, uma chuva está destruindo nossa cidade, e VOCÊ é o responsável por isso.

- Eu não tenho nada a ver com isto.

O gigante caminhou um extenso corredor, até chegar em uma outra porta, ao abri-la, um jardim tão bonito quanto o da frente do castelo surgiu, assim como anteriormente, o gigante moldava as nuvens a seu favor, e realizava pequenos focos de chuva em seu jardim, quando acabava, soprava as nuvens de chuva para longe, em direção a Lumen.

- Eu ordeno que pare! Gritou Alicya.

O gigante deu uma risada que provocou tremores no lugar.

- Ordenar? Eu estou acima de vocês fadinhas pequenas e imperfeitas, ninguém me ordena a nada.

- Então, pode dispersar estas nuvens?

- É que estou fazendo, levando elas para bem longe do meu jardim.

- Mas todas estão sob Lumen!

- Eu não vou deixar o meu jardim cheio de nuvens feias só por conta de uma cidadezinha insignificante.

- É o meu lar!

- Então deveria ter pensado melhor antes de construir ele ali.

Alicya já estava impaciente com o gigante, ele se importava se estava destruindo a casa de alguém ou não, o que importava era seu belo jardim.

- Se me der licença fadinha, eu preciso ficar em paz, é melhor você sumir daqui.

- Não vou sair daqui enquanto você não resolver isso!

- Você é quem sabe.

O gigante fechou a porta e a trancou, deixando Alicya e Willow no jardim, ela bateu o mais forte que pode, mas sem sorte de chamar a atenção do gigante novamente. A moça se ajoelhou no chão, pensou em chorar, estava com raiva, mas não sabia o que fazer. Por um momento deu razão a sua mãe, era irresponsável, alguém que de fato não poderia ser levada a sério, e agora talvez nem voltaria pra casa. Willow saltitou a volta do jardim, vendo enormes frutos e legumes por todos os lados, por um momento sentiu uma fome voraz, e começou a mordiscar cada uma das frutas e legumes que encontrava.

- Willow o que está fazendo, o gigante vai reclamar!

Um pensamento maldoso porém engenhoso veio a mente de Alicya, o gigante se preocupava com o jardim, e talvez fizesse qualquer coisa para mantê-lo bonito.

- É isso! Willow continue comendo, bagunce a terra, eu vou procurar um pouco de água.

Alicya rodou o jardim, até que encontrou uma pequena fonte que possuía uma queda d'água vindo de uma pequena nuvem dourada. Alicya se concentrou e aos poucos, alguns pequenos elementais de água saltavam da fonte e se atiravam contra a terra, transformando ela em pura lama, a moça pulava nas poças espalhando mais e mais lama por todos os lados, criando um ambiente totalmente diferente do organizado e bonito jardim do gigante. Depois de um tempo, moldava elementais cada vez maiores, graças as aulas desinteressantes de Milos, conseguia manipular mais e mais água, até que conseguiu alagar o jardim, fazendo a água ultrapassar a fresta da porta.

Alicya e Willow ouviram os murmúrios de reclamação do gigante, que estava furioso com o ocorrido, quando entrou no jardim, escorregou no chão enlameado e caiu de costas, a queda do gigante fez tudo tremer.

- O QUE VOCÊS FIZERAM COM MEU JARDIM!

Willow saltitava sobre as pétalas das flores enquanto Alicya sujava o chão e as paredes com lama e água.

- MEU BELO JARDIM!PAREM SUAS PRAGAS!

A moça ria junto ao chuzle, que não reparou quando o gigante prostrado no chão chorava.

- Parem por favor, não destruam minhas flores...

Alicya via no chão o coitado gigante, chorando, ao olhar em volta, via um ambiente bagunçado e judiado por sua ideia maldosa , que a princípio daria certo, porém, quebraria a principal regra das fadas, "manter a beleza das flores e criaturas daquele mundo".

- Pare Willow! Ordenou Alicya. O pequeno chuzle parou e viu o gigante chorar.

- Eu cuidei desse jardim toda minha vida...Eu era pequenininho quando ele foi construído...é tudo que eu tenho aqui, afinal, vivo sozinho....

Alicya percebera que havia cometido um erro, pensou em salvar sua casa, mas não pensou na casa daquele gigantesco ser, alguns como a moça, tinham com quem morar e conversar, já ele possuía apenas as flores como amigas. A fada viu a injustiça que havia feito e tomou uma decisão.

- Willow, acho que exageramos. O pequeno chuzle saltitava agressivo.

- Não Willow, olha o que fizemos, ele destruiu o que amamos, e destruímos o que ele amava, estamos certos de agir assim?

Willow se chateou e começou a chorar, agora estava arrependido da bagunça, ele que fora criado para proteger a natureza, estava destruindo parte dela.

- Senhor gigante... Disse Alicya. - Queremos pedir desculpas, fui errada no que fiz...fui egoísta com você, estava preocupada em salvar meu povo, que nem pensei em você...

O gigante enxugou as lágrimas.

- Eu também não me importei com vocês, é da minha natureza ser mesquinho desse jeito, mas não consigo mudar, não sou tão bom.

Alicya acariciou o rosto do gigante e sorriu.

- É claro que consegue, temos medo de mudar, mas isso faz parte.

- Por que acha isso? Perguntou o gigante.

- Porque eu também quero mudar...

Alicya estendeu a mão para o gigante, aquela enorme criatura segurou a pequena e delicada mão da fada e sorriu. Horas depois, o jardim voltava a ser bonito e bem cuidado, algumas nuvens de chuva foram usadas para limpar a sujeira espalhada por Alicya e Willow, e agora, ao invés de dispensá-las para Lumen, Tiffon, o assim chamado gigante das nuvens, arremessou para longe as nuvens de chuva, distribuindo-as por toda a parte, e como pedido de desculpas, removeu todas as nuvens que cobriam Lumen, distribuindo-as também. Após o longo serviço, Alicya, Willow e o novo amigo tomaram um chá nos aposentos do gigante, que agora era mais hospitaleiro do que nunca.

- Acho que todos devem estar comemorando agora.

- Você tem família? Perguntou Tiffon.

- Eu tenho uma mãe, meu pai nos deixou quando eu era muito nova, se juntou aos ancestrais no jardim da minha casa.

- Mas deixou alguém aqui para cuidar dele.

Ambos fada e gigante sorriram.

No fim do dia, Alicya arrumava suas coisas para partir, a subida tinha sido longa, e com certeza a descida seria mais ainda, a fada caminhava em direção a porta da frente do gigante quando o mesmo a chamou:

- Alicya espere, não precisa descer desse jeito.

- Mas é o único caminho, eu preciso ir andando até lá embaixo.

Tiffon sorriu. - Talvez não o único, me diga, você já voou alguma vez?

Todos em Lumen comemoravam o retorno do Sol, a chuva havia causado muitos transtornos de fato, e com a ajuda dos sacerdotes de Elithia, a cidade seria limpa rapidamente. Algumas pequenas fadinhas se aglomeraram e apontavam para alguma coisa no céu, que vinha de longe, era fofo e branco como um algodão, e parecia ter alguém em cima. De repente, uma nuvem voou sob as pétalas de Guldrass, e todas as fadas ficaram em polvorosa pelo retorno de Alicya e Willow, em uma estranha nuvem que voava mais rápido que qualquer fada ali.A nuvem pousou em uma das sacadas do castelo de Lumen, a corte da rainha Elithia fora reunida para saber o que havia acontecido, as fadas gritavam o nome de Alicya, e Narah correu para o castelo para saber da filha.

- Vossa clareza, trago boas notícias, a chuva era provocada por um gigante das nuvens chamado Tiffon, agora aliado de Lumen, esta responsável por controlar a chuva que abastece nossa região, só seria necessário alguém para representar aqui em Lumen, e ser a porta voz da cidade, alguém que administrasse a frequência da chuva aqui, e se me permite dizer, gostaria de tal função.

Elithia e Narah se entreolharam, era um trabalho que exigia muita responsabilidade.

- Tem certeza minha filha? Talvez seja difícil demais.

- Nunca tive tanta certeza mamãe. - Vossa Clareza?

Elithia sorriu, e concordou com a proposta. Daquele dia em diante, Alicya estaria responsável pela mudança dos céus de Lumen e daria um novo nome aos Muldis, os que moldam o mundo, ou, os que MUDAM o mundo.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro