UMA ENORME ONDA de água se erguia acima de tudo e todos do lago que havia no meio do jardim, causando pânico total. O que deveria ter sido apenas uma demonstração de poder da princesa herdeira se tornara um tremendo caos, e as pessoas corriam como o diabo fugia da cruz para saírem do alcance do que parecia ser uma estranha espécie de maremoto.

Pérola, a princesa, tentava sem sucesso conter a água que ameaçava engolir a ela e a todos os outros que ainda se encontravam próximos do perigo iminente que se tornara o seu Dom da Água fora de controle. Ela sentiu um filete de suor escorrer por suas costas enquanto mantinha toda a concentração em levar a onda gigante de volta à segurança do lago. Por favor por favor por favor, ela implorava mentalmente, faça dar certo só desta vez.

A pobre garota estava à beira do desespero, quando, em um piscar de olhos, como se suas súplicas fossem subitamente ouvidas, a onda-monstro se desmanchou como um balde d'água sendo jogado sobre o lago.

Com os músculos dos braços tremendo pelo esforço e as pernas bambas, a princesa caiu de joelhos na grama encharcada, suas forças se esvaindo em uma velocidade assustadora.

Alguns metros de distância dali, uma figura assistia tudo com um olhar raivoso e o coração acelerado de inveja. Fora ela quem fizera com que a demonstração de Pérola saísse de controle, a fim de mostrar ao povo que a herdeira não estava nem de longe preparada para assumir o trono dentro de um ano. E, em uma luta medindo forças às escondidas com a princesa, uma forçando a onda a continuar se erguendo enquanto a outra tentava subjugá-la, perdera.

Não conseguia acreditar.

Enquanto a mãe da princesa saía correndo ao encontro da filha, tudo o que conseguia pensar era que aquilo não estava acabado.

O poder era seu por direito e nada nem ninguém iria tirá-lo dela.