David Hurry
David olhava para a recém-chegada, enquanto Eva explicava a metodologia do lugar a ela. Eliza Waters tinha cabelos castanhos ondulados com as pontas um pouco claras pelo sol, sardas e olhos azuis claríssimos. Ela usava uma camisa branca, jeans e chinelos. Provavelmente, eram roupas dadas pela própria IPEP a ela.
Eliza Waters era excepcionalmente linda.
"Ela é O Último Helemento." Ele pensou. Não poderia se relacionar com alguém se sua equipe e sabia disso. Era uma pena. Ela parecia do tipo que beijava bem.
Os quatro chegaram até a porta de vidro no fim do corredor sem graça. Depois desta, havia um outro corredor, que virava para a direita. Com paredes coloridas e avisos em murais.
-Aqui é o corredor que dá acesso a Praça Principal. Nós estávamos no setor administrativo. A enfermaria para onde te levaram é apenas para recém-chegados.-disse Eva, com seu jeitinho simpático de sempre.-Aqui é a Praça Principal.-disse ela, assim que eles saíram do prédio.
Era um espaço grande e retangular, com o chão de pedra e o céu trazia a luz natural necessária para os canteiros de flores. O setor administrativo ficava na extremidade direita inferior do grande retângulo que era a IPEP. No paredão de estabelecimentos a direita havia o pequeno shopping de quatro andares, com tudo que era necessário, ao seu lado, estava o banco e logo depois, o prédio residencial de sete andares.
Ao seu lado, de frente para o quarteto estavam os dormitórios e o pequeno museu. A esquerda, havia a grande escola/universidade. Atrás deles, além do setor administrativo, havia o hospital e a feira para se comprar alimentos frescos.
No meio da praça existia uma fonte, rodeada de bancos, onde haviam algumas pessoas ocupando seus lugares. Perto da fonte havia também um carrinho de sorvete, onde uma fila de criancinhas estava parada esperando sua vez.
-Uou. É quase uma mini-cidade.-constatou Eliza, fazendo com que Eva balançasse a cabeça em concordância. -A escola é ali, certo?-pergunta ela, apontando para o local exato.
-Sim. E ali são os dormitórios.-apontou David.-Todos os outros estabelecimentos estão com placas, então não é necessário que eu diga nada.
-Você não pode entrar na escola sem o uniforme, então vamos as compras!-falou Eva, estendendo o braço para Eliza entrelaçar o seu no dela.
-Mas eu não tenho dinheiro...-falou Eliza baixo, parecendo envergonhada.
-Não é necessário.-disse Fire.-O governo paga por tudo por aqui. Eles não querem que a gente enlouqueça e saia matando todo mundo. Tudo de graça até você se formar.-completou a garota, que pela primeira vez, não soou ríspida.
-Ah, entendi.-falou Eliza, com um sorrisinho.-Certeza que sapatos de graça vão fazer eu não ter um surto psicótico.
Fire riu baixinho. Isso pareceu aliviar a tensão que havia se formado entre as duas, o que fez David sentir um pouco de sua preocupação se esvair.
Ele parou em frente a porta automática do shopping e deixou as três garotas passarem antes de entrar.
O pequeno shopping tinha chão de mármore e era, assim como todos os outros shoppings, repleto de lojas.
A loja de uniformes ficava no primeiro andar, era grande e tinha roupas de todos os tamanhos possíveis.
-Escolha as do seu tamanho. Eu recomendo levar pelo menos umas três blusas.-instruiu Eva, apontando a sessão feminina.
David se aproximou da mulher gorda e velha atrás da bancada repleta de caixas coloridas com três broches e três gravatas idênticas cada uma.
-Uma caixa número dois, por favor.-pediu ele, sorrindo.
A mulher o olhou e sorriu. A caixa que estava embaixo do vidro do balcão levitou até ele.
A velha era uma telecinética, assim como a maioria dos vendedores de lojas. Ajudava muito na hora de estocar os produtos. A caixinha azul pousou delicadamente em suas mãos e ele sorriu em agradecimento.
Ele foi até as garotas que estavam sentadas esperando Eliza sair do provador.
Ele também se sentou, com a caixinha no colo. Assim que a garota saiu, ele tentou não olhar para o quão curta aquela saia estava e apenas se concentrar em estender a caixa pra ela.
-Tome.-ele disse, simplesmente.
-Valeu.-ela falou, sorrindo. Ela colocou a gravata habilmente e se olhou no espelho.-Perfeito.
-Parece que é oficial, Waters.-disse Fire, a olhando.
Logo depois, eles saíram da loja e foram até aquela onde vendiam-se sapatos, onde, para a surpresa de David, ela escolheu um par de All Stars pretos.
-Venha, Eliza. Ainda temos muitas coisas para te mostrar.-Eva a puxou, animada.
Eles se dirigiram até a escola, do outro lado praça.
A faixada do prédio era toda de vidro espelhado, portanto, não era possível ver o lado de dentro, mas uma vez dentro, tornava-se possível ver tudo que acontecia do lado de fora.
Eles entraram no grande campus. As escadas de mármore da frente já estavam desgastadas, mas ainda eram belas.
Eles andaram um pouco pelo primeiro andar, antes de David se aproximar do próximo lance de escadas.
-Aqui é do primeiro ao sétimo ano. Temos que subir mais um.-disse ele, a olhando.
O quarteto subiu até o segundo andar. Os armários no andar deles estavam distribuídos nas paredes do corredor principal e cada um representava o poder de quem era seu dono.
Os de Eva, Fire e David estavam no início do corredor, onde um espaço de dois armários os separavam do fim da parede. Estes dois não tinham nada, eram apenas feitos de metal enferrujado.
-Este é o seu armário.-apontou Eva para um dos armários enferrujados, ao lado do de David, que parecia um céu nebuloso visto de cima, cheio de nuvens cinzentas e fofas. Havia uma plaqueta com o nome dele escrito e logo abaixo, havia um número três.
-Vai Eliza, toque-o.-diz Fire, meio impaciente.
Eliza olhou para a garota, incerta, antes de aproximar a mão do metal.
-Essa é melhor parte!-diz Eva, com um sorriso animado.
Quando Eliza finalmente toca o ferro velho e enferrujado, uma luz começou a sair de dentro das frestas do armário. Começou a tremer, chacoalhar e água começou a jorrar, formando um novo armário para Eliza.
Um armário puramente e interinamente feito de água. Ele não saia do formato quando ela o tocava, nem quando o abriu. A água não caía no chão. Só marolava, de um lado ao outro dentro dos limites estabelecidos pelo armário.
-Uou.-disse Eliza, perplexa.
O nome dela apareceu em uma plaqueta exatamente igual a de David, tirando o fato se ser o seu nome e não o dele, escrito no metal e haver um número dois gravado logo abaixo.
Fire dava um sorriso de canto enquanto revirava os olhos, Eva sorria, muito animada enquanto fala com Elia sobre o material, que aparecia magicamente no armário, a partir de um Modificador de Matéria. Já David, apenas encarava as três, quieto.
Uma forte dor de cabeça o atingou, fazendo-o fechar os olhos por um momento.
Um sorriso envolto em trevas apareceu em sua mente, como um flash. "Hurry..."A voz chamou baixinho.
O segundo em que David se dispersou foi o suficiente para ver Lancy assim que abriu os olhos, que vinha rapidamente na direção do quarteto.
-Helementos! Reunião geral no anfiteatro, agora!-ele olhou Eliza por um momento e sorriu, ofegante.-Garota nova? É o último Helemento? Prazer em conhecer! Agora venham! É extremamente importante!-falou o garoto, rapidamente, quase se atropelando as palavras, antes de sair correndo muito rápido na direção do anfiteatro da escola.
-Velocidade?-arriscou Eliza, erguendo uma sobrancelha.
-Sim.-disse Fire.-Eu vou por transporte de fogo. Vejo vocês lá.-falou ela, antes de sumir em chamas.
-Nos encontramos lá.-disse David, evaporando no ar.
-Venha, eu te levo.-falou Eva.-Ainda não dominei materialização elementar a longa distância, de qualquer maneira...-Eliza Waters e Eva Green foram correndo para as escadas, em direção ao anfiteatro.
≈≈≈≈≈≈
O bar estava vazio, havia apenas alguns bêbados aqui e ali e o garçom que limpava a bancada.
A porta se abriu e a sinetinha tocou.
Uma figura totalmente de preto apareceu, com uma capa e um capuz levantado.
Um risinho baixo escapou dos lábios da figura, enquanto ela entrava, andando calmamente vagarosamente, com uma mão Erguida, onde uma bola de luz roxa começa a se formar e aqueles bêbados que não estavam loucos o suficiente para considerar aquilo normal a encararam com atenção.
-Ora, ora, se não é Lautner Reminder.-disse a figura que impressionantemente, tinha uma voz feminina.-Como vai a vida de humano comum?
-Você não é bem-vinda aqui.-disse o garçom, a mirando com atenção.
-Que pena...-ela fala, se aproximando da bancada onde estava o garçom.-Onde está, Lautner?-perguntou a figura.
-Nunca te contarei.-respondeu o homem, convicto.
-Eu preciso saber, Lauty. Diga logo onde está, não me obrigue a matá-lo, por favor.-pediu a figura.
-Você é melhor que isso.-respondeu Lautner.
-Ela está me forçando a isso. Por favor, não me obrigue a matá-lo e diga aonde está!-falou ela, com uma voz meio desesperada, meio determinada.
-Nunca.-ele diz, com o rosto muito próximo ao dela.
-Pois bem. Você não me deixa escolha.-falou ela.
Com um movimento de mãos, ela fez Lautner levitar, deixando todos no bar assustados.
-É sua última chance, Lauty. Diga ou morra.-ela falou, segurando-o na parede.
-Desculpe querida, mas nunca lhe falarei.-ele disse, dando um sorriso debochado.
-Okay então.-disse a figura, com veneno na voz. Ela o joga contra a parede com um impulso, quebrando garrafas de bebidas alcoólicas.
-Eu não vou lutar com você.-ele falou, com dificuldade.
Ela o joga do outro lado do bar, fazendo os clientes gritarem. As portas e janelas se trancam e todos ficam presos lá dentro.
Um dos homens tenta atirar uma faca na direção de quem quer que fosse embaixo do capuz, mas ela apenas para no meio do caminho.
A figura se vira para quem atirou. O homem pôde então ver os olhos que mudavam de cor a todo instante que os encaravam.
-Sério?-perguntou o ser de preto.-Amadores.-ela diz, antes da faca voar na direção oposta a que foi lançada, atingindo o homem na cabeça.
A garota pegou o garçom pelo pescoço e hesitou por um segundo.
-Desculpe Lauty, mas... Eu não tenho escolha.-falou ela, puxando a faca do crânio do outro homem e a trazendo até sua mão.
-Sempre há uma escolha, Kat.-responder Lautner, a olhando.
Ela o encarou e então, a faca se transformou em uma pedra, que fez o cara ficar apenas inconsciente.
Os bêbados tentaram investir contra ela, mas a figura atirou quase todos contra a parente.
Um último se aproximou por trás e jogando uma faca, fez um pequeno corte na bochecha dela. Ela encostou os dedos na ferida e viu o sangue escorrer.
Quando se virou calmamente, viu um homem que estava imóvel, com um olhar aterrorizado.
-N-não se mexa... Ou eu... Vou atirar!-ameaçou ele, segurando uma pequena arma de prata.
A garota riu. Riu bem alto. A arma do homem se tornou apenas água escorrendo por entre seus dedos e o ser das trevas o jogou na parede, sorrindo.
-Quem é você?-perguntou o homem, assustado.
O ser riu novamente e apertou o pescoço do homem.
Então o capuz caiu. Era uma garota de pele branca e cabelos negro-azulados cacheados, presos em um coque, com olhos que mudavam de cor a todo o instante, como um caleidoscópio.
-Seu pior pesadelo.-ela cantarolou, antes de quebrar o pescoço do homem, destrancar as portas e sair do estabelecimento, com o capuz sobre a cabeça.
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