Michael passou o resto do dia com a porta principal do jardim trancada, concentrado em realizar seu trabalho da melhor maneira possível. Se alguém foi o visitar aquele dia ele nem ao menos tinha prestado atenção, se esforçou bastante em adiantar tudo que tinha para ser adiantado. Talvez porque agora sentia que realmente seu emprego estava ameaçado, resolveu se dedicar a ele ao invés de ficar noites e dias procurando problemas para se meter com aquela adorável menina.

Pela noite ele pensou e repensou no que ia fazer. No que tinha fazer, levando em conta que a Madre Superiora era além de diretora, tutora de Laura, as coisas iriam se complicar bastante para ele.

No dia seguinte passou por outra maratona de trabalho intensivo, acordou na primeira hora da manhã começou a sua jornada. Mas logo após o fim da hora do almoço Laura entrou pela porta do jardim.

- Que maravilha, hoje você não trancou a porta – disse Laura no velho e conhecido tom irritado.

Na verdade, não tinha dado tempo de Michael trancar a porta.  Estava tão absorto em seu trabalho que acabou se esquecendo. Mas até que valeu a pena, Michael não era do tipo que notava mudanças nas mulheres (assim como todos os homens), mas Laura não tinha como passar despercebida, ela claramente tinha se arrumado mais, e estava encantadora, com o uniforme perfeitamente passado e o cabelo num penteado em a parte da frente ficou presa para trás e o resto solto caindo como uma cascada dourada pelos ombros dela.

E de repente Michael notou que não podia deixá-la arrumada daquele jeito exposta ali no jardim, se alguém a visse ali poderia dar origens a mais comentários. Coisa que era o que ele menos precisava no momento. Assim, puxou-a pelo braço ao longo do jardim até o ponto mais distante, onde estavam uns arbustos que ainda não foram postos em seus lugares.

- Fique atrás desses arbustos não deixe ninguém te ver – disse Michael ainda agitado com o risco de ser descoberto mais uma vez a sós com Laura.

- Mike, pára de me apertar assim! Você tá ficando louco? O que deu em você? – dizia Laura enquanto olhava pra enorme mão dele apertando o braço dela.

- Me desculpe, não queria te machucar – disse Michael confuso consigo mesmo, não fazia nem ideia que estava fazendo força que fazia e do que tinha de frágil nas mãos, aquela tensão já o estava deixando louco, precisava se acalmar – Mas te trouxe até aqui. Na esperança de que se você se comportar bem. Ficando aqui quieta. Não deixando ninguém te ver. Vou te trazer uma surpresa – dizia tudo pausadamente tentando recuperar sua calma.

Mas Laura continuava o achando um louco.

- Eu. Não tenho. Seis anos. Acho que você pode falar uma frase inteira. Que eu. Vou. Entender. – disse Laura imitando e exagerando o tom pausado de Mike.

- Droga Laura, não é hora pra graça! Só fique aqui, que eu já volto.

Mas Laura o segurou pelo braço, impedindo-o sair de trás do arbusto onde eles estavam.

- Mas é uma surpresa boa ou ruim?

- Na verdade é uma boa e uma ruim, qual você quer primeiro?

- Só quero a boa.

Ele olhou pra ela com um olhar indecifrável para os conhecimentos dela. E, dessa vez, saiu.

Então ela esperou e cada minuto que se passava ela ficava mais nervosa, que raios esse homem demorava tanto a voltar? Ela tinha coisas para falar. Quando ele voltou silenciosamente de volta para trás dos arbustos, Laura estava prestes a começar a roer as unhas.

- Por que você demorou tanto? – começou Laura de forma alterada.

- Calma, fala baixo, você não quer a surpresa?

Laura só assentiu antes que ele começasse a reclamar por ela sussurrar alto demais.

- Quer primeiro a boa ou a ruim?

- Já disse, só quero a boa.

- Saiba que não vai ter como evitar nenhuma das duas – disse Michael com um sorriso pouco feliz. Laura começou a ficar com medo do que ele estava tramando. – Mas vou começar com a boa.

Michael tirou do meio dos arbustos, uma sacola muito colorida de loja. Laura mal podia acreditar no que estava vendo. Um presente? Fazia tempo que não ganhava um, o último tinham sido tulipas do Seu Jaime, e agora mal podia conter sua alegria.

No mesmo momento já estava com os braços ao redor do pescoço de Michael, o abraçando o mais forte que conseguia sem enforcá-lo

- Não acredito que você me trouxe um presente! Você disse que era uma surpresa boa, mas isso é maravilhoso!

- Na verdade Laura, não é um presente, só estou te repondo o vestido que eu estraguei  – disse Michael tentando se soltar do abraço dela. Mesmo que estivesse morrendo de vontade de abraçá-la também, adorando o cheiro do cabelo dela que estava no seu rosto. Não seria justo com ela depois do que iria dizer.

- Não seja modesto, você sabe muito bem que só com o preço dessa sacola eu poderia fazer uns três vestidos iguais aquele você manchou.

- Não estamos falando de dinheiro.

- Tudo bem, mas não posso nem ao menos te agradecer? – disse Laura fingindo uma voz de ofendida.

- Não agora, temos que conversar.

Ele parecia tão sério que a pontada de medo que Laura sentia só fazia aumentava. Em sua cabeça seus pensamentos iam a mil, tentando achar algo pra desviar ele do assunto.

- Estou de acordo, temos que conversar – respondeu Laura tão seria quanto ele. – Na verdade, tenho uma pergunta para te fazer.

- O quê?

- Aquilo que a gente teve ontem... – dava muita vergonha naquele assunto, mas como era só nisso que ela andou pensando nos últimos tempo, só conseguiu inventar algo sobre isso para desviar Mike do verdadeiro assunto. – ... Aquilo foi um amasso?

Michael acharia graça daquilo se não fosse uma nova onda de excitação percorrendo seu sangue. Por Deus, pensou que havia se livrado dessa tensão ontem, se deliciando com Rose. Mas pelo visto era esse o efeito que Laura causava nele.

Pela primeira vez em sua vida, Mike não sentia necessidade de sexo e sim de uma pessoa. Engraçado ser uma pessoa com quem ele nunca poderia fazer esse tipo de coisa.

- Laura, esquece isso, só disse isso pra te assustar, você realmente se impressionou, não é?

 - Mas foi ou não?

- Não, foi só um beijo. E precisamos falar disso, Laura...

Para Laura aquilo não foi nem de perto só um beijo. Mas começava a desconfiar do que estava por vir. E Michael ainda seria pior do que ele reduzir uma das melhores experiências da sua numa  tão curta. Mais que nunca ela queria impedir o que estava por vir.

- Mas você vai me mostrar o que é um desses amassos? – devia estar vermelha de vergonha, mas que bom que atrás dos arbustos a iluminação era muito tênue.

- Laura, me escute com atenção por que eu vou falar uma coisa séria. Você não pode ser tão atrevida assim, os homens podem pensar bobagens.

- Mas eu não estou sendo atrevida com os homens, só com você – definitivamente, ela não estava colaborando com o estado de tensão de Mike. Muito pelo contrário estava só levando a um estágio quase insuportável.

- Eu posso estar pensando besteiras, Laura – disse num tom de brincadeira.

- Eu também.

Quando Laura disse isso, Michael começou a repensar suas possibilidades. O plano anterior era dar um basta nessa situação antes que isso criasse um problema ainda maior. Mas com Laura o tentando daquela maneira, estava começando a pensar que...

Na verdade já não estava pensando em nada, já estava com a boca em cima dela, beijando-a muito lentamente. Pois a final de contas, já que teriam que se separar, não havia nada de mal em uma despedida.

Laura como sempre o correspondia com muito mais do que ele merecia, suas mãos estavam entrelaçadas nos cabelos dele, se mexiam tão lentamente quanto o beijo. Michael deveria se sentir culpado pelo que ia fazer depois que aquele beijo acabasse. Mas naquele momento, não conseguia sentir mais nada além de Laura. Por todo seu corpo, em toda sua mente e até em seu coração era Laura.

Laura não reclamou e nem ao menos percebeu quando suas costas encostaram-se à irregular parede de pedra que se erguia atrás deles. De modo que o único que conseguia assimilar era o quanto Mike estava junto dela e o quanto calor a proximidade gerava. O beijo já não tinha nada de lento, e Laura acompanhava perfeitamente o ritmo já que uma necessidade de acelerar as coisas corria dentro dela. Suas mãos já não paravam quietas em Michael e iam do pescoço para os ombros, dos ombros para os braços, a anatomia de Michael já não lhe dava medo, sim curiosidade. Imaginava que Mike também estivesse sentindo curiosidade porque as mãos dele já tinham descido bem lentamente da pela sua cintura e depois para as pernas, e agora tornava a subir ainda devagar passava por suas costelas e Laura queria muito saber aonde elas iam parar.

Quando as mãos de Mike pararam nos seus seios com um leve apertão, ela não conseguiu impedir o suave som que saiu da sua boca sem que ela nem ao menos percebesse. Michael soltou um pequeno risinho satisfeito e sussurrou no ouvido:

- Laura, a gente não pode fazer barulho – falava isso enquanto pressionava o quadril contra o dela, provocando em Laura a mesma reação. Mas antes que ela fizesse algum barulho ele cobriu a boca dela com uma mão.

A outra já se dedicava a desabotoar os botões da blusa de Laura. Mike estava consciente do quão errado aquilo era, mas não consciente a ponto de parar o que estava fazendo.

Laura nunca se imaginou numa situação daquelas, com um homem estava despindo-a e com ela estava gostando. O único que fazia era se contorcer diante da excitação que aquilo lhe causava. Quando Michael desabotoou mais da metade da camisa, tornou a beijar Laura com desespero. Ela se apertava contra ele o máximo que podia enquanto ele a beijava da boca até o pescoço passando pela sua clavícula e chegando finalmente aos seios, por cima no sutiã de algodão branco que Laura vestia.

Enquanto Michael a beijava ali, Laura mal podia se agüentar em pé com as coisas que ele estava a fazendo sentir. Se não fosse pela mão dele que ainda estava levemente em sua boca, já teria gritado há muito tempo.

Quando Michael se afastou de repente, decidiu trocar o protesto por um beijo, mas foi detida por ele. Ela olhava para ele confusa enquanto ele voltava a abotoar a blusa dela, com uma expressão bem séria no rosto, apesar de estar desempenhando a atividade com muita delicadeza.

- Laura, a gente precisa parar com isso – ele dizia enquanto arrumava o cabelo dela, evitando o olhar que seus olhos se encontrassem.

- Mas Mike, a gente já parou, quer dizer, você parou... – no fundo Laura sabia que aquilo se tratava de algo mais sério, mas não estava disposta a ouvir.

- Não, agora você tem que me escutar. Não comece com seus joguinhos.

- Não são joguinhos, você leva tudo que eu falo na brincadeira, mas...

E mais uma vez foi interrompida por Michael

- Laura, a gente precisa para de se ver.

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Agora sim um capítulo de respeito! Muitas páginas, muitas emoções e pegações... Lá vem mais por aí! Mas queria informar que começamos a contagem regressiva desse romance??? São 30 capítulos apenas. ):