Capítulo 19
Os dois sentaram encostados na cabeceira da confortável cama de Michael com todos os esboços e planejamentos do jardim aberto diante deles. Michael explicava animadamente cada mínimo detalhe do projeto, e Laura parecia sumamente interessada enchendo-o de perguntas sobre todos os detalhes. Michael estava tão empolgado em poder compartilhar seu trabalho com Laura que falava sem parar. Estava sendo o mais minucioso possível, nada interrompia sua explicação, nem o calor morno do corpo de Laura se encostando em seu braço, na realidade, aquilo o encorajava ainda mais. Assim que levou alguns minutos para perceber que Laura dormia calmamente descansando a cabeça em seu ombro.
Era uma imagem tão bonita... Ela era linda e estava adormecida no seu quarto, não no dormitório do terceiro ano, como mandava as duras regras do internato. Mas Michael não teria a coragem de acordar a menina que dormia feito um anjo. Afinal de contas, o dormitório a essas horas nem sequer estava aberto.
Levantou-se e com extremo cuidado e acomodou Laura direito em sua cama. Quando foi tirar-lhe uma grossa mexa de cabelos dourados da testa, ela soltou um grande suspiro. Michael se distanciou, mas logo ela chamou o seu nome e ele voltou a se aproximar.
- Fale.
- Quero um beijo de boa noite – disse Laura ainda meio adormecida com os olhos fechados.
Michael não tinha a mínima força de vontade para não cumprir esse pedido, havia passado toda a noite pensando em como seria o próximo beijo deles, mas definitivamente não queria que fosse com ela dormindo.
Aproximou-se lentamente dela e lhe deu um demorado beijo na bochecha, inocente claro, mais ainda assim revelava o quanto queria realmente beijá-la
- Boa noite, garotinha – sussurrou em seu ouvido, nos lábios dela se formou um leve sorriso, mas ainda continuava de olhos fechados. Ele por sua vez, de dirigiu a poltrona reclinável que hoje a chamaria de cama. Acomodou-se nela do melhor jeito que pode, mas em sua cabeça já sabia que a noite iria ser longa.
***
O sol tinha acabado de nascer quando Laura despertou. A primeira coisa que ela viu foi Michael dormindo desconfortavelmente numa poltrona a sua frente, seus pés estavam apoiados na cama, bem perto dos próprios pés de Laura.
Quem dera acordar assim todos os dias!
A luz do sol iluminava as feições relaxadas de Michael e seus braços pareciam ainda maiores com aquela fina camisa de malha branca. Laura se viu tentada a acordá-lo, nem que fosse para perturbá-lo com alguma coisa sem importância. Mas não seria tão cruel, ele foi enormemente bondoso com ela e Laura não era uma ingrata, assim que se dedicou a somente observá-lo. Mas como se tivesse lido seus pensamentos, ele abriu lentamente os olhos e perguntou com a voz ainda embargada do sono:
- Sou tão irresistível assim?
- Na verdade, você só é muito convencido. Estou te olhando porque estou com muita pena de você. Mais precisamente do seu pescoço.
Michael se ajeitou na cadeira e viu que Laura tinha razão, seu pescoço estava em frangalhos. Doía em todos os lugares possíveis e isso se fez notar em seu rosto.
- Bom, não seja chorão, vou te ajudar com uma massagem, mas não se acostume. – disse Laura já se posicionando atrás da poltrona que Michael estava.
- Não precisa... – disse Michael com seu senso comum aguçado. Passou grande parte da noite pensando barbaridades e todas elas envolviam Laura e seu pequeno e adorável corpo, não seria nada sensato ter ela fazendo massagem em seu pescoço.
Mas já era tarde demais, Laura já estava fazendo seu trabalho, suas mãos eram pequenas e quentes. Ela definitivamente sabia o que estavam fazendo, tocavam nos pontos que mais doíam no pescoço de Mike, mas enquanto aliviava a dor, outra coisa ficava tensa.
- É o mínimo que eu posso fazer Mike, em agradecimento ao dia maravilhoso de ontem.
- Maravilhoso? Eu acho que você está esquecendo que...
- Não, eu não estou esquecendo que minha avó morreu, mas pelo menos tive a oportunidade de me despedir, não é? Tive a oportunidade de ver como anda o mundo lá fora... Sabe, devo tudo isso a você.
Estava cada vez mais complicado para Michael receber aquela massagem e se manter quieto, assim que preferiu se levantar imediatamente.
- Muito obrigado pela massagem, acho que já estou curado – disse Michael enquanto se afastava para o ponto mais distante do quarto.
- Mike espera – disse Laura andando logo atrás dele.
- Quê? – perguntou Michael tão bruscamente que fez Laura dar um passo para trás. Estava transtornado pelo desejo, mesmo que ainda não se havia dado conta disso.
- Nada. Acho que já vou embora, está quase na hora da aula.
- Sim, é melhor. Cuidado para não ser pega.
- Fique tranqüilo, vou por uma das passagens secretas.
- E aqui tem isso? Se você sabia delas porque dormiu aqui hoje? Podia ter ido por elas, não?
- Ah, podia... Mas não é só você que precisa de desculpas para falar comigo, Michael Levine. Eu não tenho sorvete, mas me ajeito com o que posso – disse rindo e voltando a segui-lo, agora em direção a porta.
Michael abriu a porta e parecia bem zangado pela pequena esperteza de Laura. Não dava sinais de que ia se despedir, mas Laura tinha essa intenção.
- Mike... – Michael respondeu com um resmungo incompreensível, mas pelo menos olhou para ela. – Fica parado.
Ele a olhou com confusão e mau humor ao mesmo tempo, mas ainda assim não se mexeu. Então Laura juntou seus lábios no dele o mais rápido que pode, antes que Michael decidisse detê-la.
Michael demorou uns longos segundos até conseguir reunir forças para se separar de Laura, a boca dela estava grudada na dele assim como todo o corpo. Não esperava que ela fizesse algo tão ousado quanto aquilo, estava surpreendido e muitíssimo satisfeito. Só não poderia esquecer que também estava com a porta aberta e qualquer um eu passasse poderia vê-los.
- Laura, por favor, está quase na hora da sua aula. – Michael falava ofegante por conta de todo o esforço que estava fazendo para se controlar.
- Por favor, digo eu – disse Laura suplicante, seus olhos brilhavam tanto que Mike sentia seu controle se esvaindo pouco a pouco. Laura voltou a se aproximar lentamente da boca dele. E ele ao mesmo tempo em que fechava a bendita porta, capturava a boca dela para começar a beijá-la do jeito que esteve imaginando toda a noite.
Puxou Laura pela cintura e colou ainda mais contra seu corpo, tanto quanto a física permitia. Quem disse que dois corpos não podiam ocupar o mesmo espaço?
Laura sentia que sua sustentação nas pernas tinha desvanecido. Que sorte estar tão segura pelos braços Mike... Quando sentiu a língua dele passando pela dela sentiu arrepios dos mais esquisitos, não eram de frio e não sabia explicar do que era. Mas sentia que gostava e retribuía os movimentos mesmo sem pensar. Seus braços já estavam ao redor do pescoço dele na hora que ele resolveu se separar um pouco. Ela já estava pronta para protestar quando Mike depositou outro longo beijo na boca dela, seguida de uma leve mordida no lábio inferior. O misto de ternura e outra coisa quente que Laura sentiu naquela hora foram inexplicáveis, sentia vontade de sorrir, mas quando sentiu a boca de Mike em seu pescoço seus pensamentos foram todos substituídos por maravilhosas sensações.
Como já era de praxe, o sinal tocou na hora mais inconveniente possível. Michael parou suas atividades na mesma hora. Teve que respirar fundo antes de conseguir dizer qualquer.
- Corre pra aula, Laura.
- Vou chegar só um pouco atrasada – disse Laura ofegante, mal conseguia falar. Olhava para os lados evitando encontrar com os olhos de Mike.
- E tente não ser descoberta.
Laura só teve forças para assentir enquanto caminha o mais rápido que a etiqueta permitia porta afora. A confusão tomava conta da mente e do corpo de Laura. Nunca havia sentido sensações daquela espécie, nem imaginava que existiam sensações como aquelas. Não sentia vergonha do que havia feito, até porque queria fazer isso desde a primeira vez que ele a beijou. O que realmente a transtornava e embaraçava era que sentia vontade, muita vontade, de ir mais além. Mesmo que não soubesse aonde era além, imaginava que provavelmente era errado.
Sabia que, por si só o fato de ter beijado Mike duas vezes já não era certo, mas bom, ela não tinha culpa de se sentir cativada por alguém tão bom para ela. Não tinha como impedir que alguém como ele não entrasse rápido em seu coração. E por que se fazer de surda quando seu coração pedia a gritos para que beijá-lo? Tinha que aproveitar enquanto podia, sabia que aquela situação não iria durar pra sempre. Tinha consciência de que ele não ficaria ali no internato para sempre, sabia que pra ele existia um mundo lá fora, mulheres lá fora as quais ela não poderia competir. Considerava muito a possibilidade de que ela era apenas mais uma das muitas na vida dele. Mas também sabia no fundo do seu coração, que ele seria o único pra vida dela.
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~~~~~~~~clima de romance pra esses dois~~~~~~~~~~~~~~
~~~~~~~clima de muita dor de cabeça pra mim~~~~~~~~~~~~
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