B.I

— Diga adeus a sua vida, porque eu vou te matar.

Foi isso que Jennie disse quando eu toquei em seus ombros e perguntei se ela estava bem. E como se não bastasse, ela apontou um revólver na altura da minha cabeça antes que eu pudesse processar a situação.

O olhar dela foi muito frio. Lembrou-me a primeira vez em que nos vimos, quando ela e suas amigas invadiram nosso esconderijo e já apontaram as armas para nós... mas agora ela parecia pior do que antes.

— J-jennie, calma, vamos conversar... — sim, eu gaguejei, pois não estava sentindo minha arma comigo. Lembrei que eu havia deixado do lado de dentro da casa, pois não imaginava que ela fosse fazer isso comigo agora. Que merda!

— Não temos nada o que conversar.

— Você vai me matar assim, agora? O barulho do disparo dessa arma fará todos os outros virem até nós, e espero que saiba que isso irá resultar numa guerra entre meus seis meninos contra apenas vocês quatro.

— Não aja como se eu não soubesse das coisas, Hanbin. — ela empurra mais ainda a arma sobre minha testa, prestes a puxar o gatilho — Eu não vou perder para você. Não vou deixar que leve minhas melhores amigas.

— O quê? — não entendi merda nenhuma do que ela havia falado, mas achei melhor ganhar um tempo — Por que está fazendo isso? E o nosso acordo? Vocês não entregariam a gente e em troca nós faríamos tudo o que quiserem...

— O acordo continua sendo esse. Mas em nenhum momento combinamos de ninguém matar ninguém. — Jennie dá um pequeno sorriso e eu engulo em seco. Ela vai puxar o gatilho.

Mas antes disso acontecer, meu celular toca. Jennie se assusta um pouco por não esperar que um barulho de música atrapalhasse esse momento tenso, mas ela logo se recompõe.

— Me deixa atender. É a última coisa que eu peço. — olho em seus olhos. Ela fica em silêncio por um tempo, mas acaba respondendo:

— Atenda e aproveite para dizer suas últimas palavras a quem quer que seja. E coloque no viva voz.

Pego o celular do meu bolso, atendo e coloco no viva voz. Jennie não tira os olhos de mim, o que me impede de tentar qualquer coisa, então decido focar na minha possível última conversa telefônica.

"Escute bem, Kim Hanbin. Neste exato momento, eu sei exatamente onde você está. E eu também sei que Jennie Kim está junto com você, apontando um revólver em sua testa. Espero que ela não atire agora, pois eu que quero fazer isso. Em outro momento, é claro. No entanto, se ela atirar, eu irei atirar nela, sem festejar. Estou louco para gastar minha munição com vocês. Eu odeio a YG e todos os agentes nela envolvidos, mas eu odeio principalmente você e seu bando de idiotas. Todas essas pessoas dentro dessa mansão estão sendo condenadas."

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, a ligação foi encerrada. Mais surpreso do que antes, ignoro o fato de ter um revolver apontado em minha testa e olho para meu celular, vendo que o número ligado era restrito. O pior de tudo é que a voz era robótica, então não dava para saber se era homem ou mulher do outro lado da linha.

— Que merda foi essa? — Jennie questiona tão impressionada quanto eu.

— Eu não sei! Porra, estão nos observando! — olho em volta, mas não vejo nada. Quando volto a olhar para Jennie, ela já havia guardado sua arma e estava olhando em volta como se procurasse algo — Sua vadia! O que pensa que estava fazendo, hein?

Avanço em sua direção e agarro seu pescoço. Eu não pretendia fazer isso, mas ela me deixou muito puto agindo desse jeito, e ainda mais sem motivos! Agora ficou muito claro que eu não posso confiar nela. Jennie segura meu braço e tenta me afastar com chutes, mas eu só aperto mais forte seu pescoço, até que Lisa, Rosé e JiSoo começam a gritar e correm em nossa direção.

— O que está fazendo? Solte-a!

— Agora que vocês aparecem? Por que não vieram quando essa puta apontou uma arma em minha testa? — aperto mais ainda o pescoço dela, enquanto ela tenta a todo custo me afastar com chutes, arranhões e tapas.

— Ela fez isso? — os meninos se aproximam de nós.

— H-Hanbin... P-precisamos... C-contar...

A solto assim que percebo que Jennie estava quase desmaiando, e ela se afasta de mim para respirar aliviada. Eu exagerei na raiva, confesso, mas ela quase me matou, então estamos kits.

— Contar o quê?

— Enquanto ela estava apontando uma arma em minha cabeça porque simplesmente ENLOUQUECEU, eu recebi uma ligação anônima que dizia saber exatamente onde estamos, como se a pessoa nos observasse em tempo real. A pessoa por trás da linha me ameaçou de morte, e disse que todos nós estamos condenados.

Todos começaram a questionar, então explicamos detalhadamente o que ouvimos, e concordamos que o mais seguro era conversar na parte interna da mansão.

— Primeiro a bomba e depois isso... Algo muito errado está acontecendo! — Bobby anda de um lado para o outro, preocupado.

— Concordo! Quem é essa pessoa que odeia tanto vocês? — Lisa cruza os braços.

— Se nós soubéssemos já teríamos caçado elas — Junhoe revira os olhos.

— Além disso, não dá para saber quem é. Todos nos odeiam, incluindo essa maluca que quase me matou! — provoco Jennie, que está desconcertada por ter sido impedida bem na hora de fazer o que ela mais queria. Ela está hesitante agora, como se fosse uma criança que acabou de ser repreendida por ter aprontado. Está com raiva e medo.

— Primeiro: por que você apontou uma arma para ele? — Jinhwan a encara.

— Eu estava brincando! — a encaro com indignação, mas ela não se dá nem o trabalho de me olhar de volta. Quem ela pensa que é, e o que está fazendo?

— Eu sou o mestre das brincadeiras e pode ter certeza, essa foi de longe a pior de todas que eu já vi. — debato.

— Voltando ao foco aqui... Tem alguém perseguindo não só os meninos, quanto a nós também. Então, com esse novo inimigo a solta, deveremos nos unir e descobrir quem é essa pessoa. — Rosé diz.

— Se é que é só uma pessoa, né...

— Uma coisa que aprendi com o YG: Se você está na mira, então saia dela. Precisamos sair daqui, pelo menos por enquanto. Devemos ir para um local público. — Jennie diz.

— Ah, claro! Um local público onde os policiais podem nos achar! Claro! — ironizo.

— Aprenda uma coisa: quem é bom, nunca é pego!

— E se não formos pegos antes, não vamos ser agora! — Hyuk acrescenta.

— Ok. Eu já sei exatamente para onde vamos.

LISA

Sol, calor, tensão no ar, nervos a flor da pele. Tudo isso pede apenas uma coisa: praia.

Preparamos tudo que iríamos levar e após certificar que não estávamos na mira de ninguém, saímos disfarçadamente da mansão. Como precaução, ainda pegamos o caminho mais longe e conseguimos despistar qualquer carro que estivesse vindo atrás de nós. Todo cuidado é válido.

— Eu vou ser bem claro: Estamos aqui para nós infiltrar no meio de todos e passar despercebidos, e não para chamar a atenção. Então, meninas, nada de querer dar uma de espertona igual a líder de vocês, porque não vai dar certo. O acordo ainda está de pé, e não pensem que desistir é uma opção. Vocês estão na mira de sabe se lá quem, assim como nós, então é melhor juntar nossas habilidades. — B.I diz.

— Juntos somos melhores, não é mesmo? — Jennie ironiza — Enfim, já entendemos. Podemos "nos infiltrar no meio de todos" agora?

Hanbin não respondeu, então Jennie apenas deu as costas e se sentou para passar protetor solar nela mesma. Eu e as meninas fizemos o mesmo.

— Jennie, precisamos conversar. — Rosé fala baixo para os meninos não escutarem. — Por que fez aquilo com o Hanbin? Não estava nos nossos planos!

— Eu fiquei nervosa! Não gostei de saber que vocês estavam se aproximando dos mafiosos, isso é traição contra mim, contra o nosso trabalho e contra nossa ética! E minha raiva se multiplicou quando eu vi o Hanbin, já que ele é o chefe da máfia e se não fosse por ele nada disso teria ocorrido.

— Você enlouqueceu! Achou que matar o LÍDER da gangue seria a melhor solução? E não tem nada de traição, você que está pirando por coisa boba! — reviro os olhos — Não é como se estivéssemos do lado deles, é só que agora não estamos mais tão contra como antes! E se tem alguém culpado, essa pessoa é você!

— Eu? Jura, Lalisa? — ela debocha.

— Sim, juro! A ideia inicial era prender os caras, mas como você adora fazer as coisas por impulso, você decidiu que ia fingir um acordo com eles apenas para nos beneficiar! Não passou pela sua cabeça que isso iria ocasionar na situação atual? Ou você realmente achou que a gente ia pegar a grana deles e iríamos sair ilesas e sem peso na consciência?

— O que você está falando, Lalisa? Na hora você adorou a ideia, então não venha querer me culpar! — Jennie grita comigo. Eu odeio quando ela se sente no direito de fazer isso!

— E se eu fosse contra você, iria adiantar alguma coisa? A sabe-tudo iria desistir da ideia? Aposto que não!

— Lalisa, eu sei que você está irritada comigo, mas eu ainda sou sua líder e exijo respeito! — Jennie franze o cenho, já perdendo a paciência.

— Respeito? Você ao menos sabe o que é isso? — cruzo os braços e debocho dela. Já estou cheia dela se achando à sabe-tudo e fazendo as coisas na impulsividade. Que líder age dessa forma infantil? — Você não serve para ser uma líder se só pensa em si mesma!

— Está querendo dizer que eu não sou uma boa líder? — Jennie arqueia a sobrancelha.

— Meninas, sem estresse por favor! Não é hora! — Rosé entra no meio de nós duas.

— Lembrem-se do que o B.I falou, não podemos chamar atenção, ainda mais com briguinhas infantis! — JiSoo reforça.

— Sabe por que tudo isso está acontecendo? Porque a Jennie não soube agir como uma pessoa sensata e apontou uma arma na cabeça de um líder mafioso! — continuo com as provocações. — O que você ia fazer, Jennie? Atirar? É isso que você aprendeu com o YG?

— Não, mas eu aprendi que nossa missão é deter mafiosos como eles, nossa visão é acabar com a criminalidade na Coreia e um de nossos valores é nunca transar com um mafioso apenas por prazer! — Jennie se altera.

— Quer saber? Eu transei e por mim eu faria de novo! É muito melhor do que ficar ouvindo sermão de uma líder dissimulada igual você! Antes de falar de mim, se dê o exemplo! — viro as costas para ela e saio pisando duro.

Se continuássemos aquela discussão, a última coisa que iríamos fazer é passar despercebido, pois eu estava quase avançando em cima daquela debochada.

Senti alguém me puxar pelo braço e suspirei. Não poderia ser a Jennie, ela não seria doida ao ponto de vim atrás de mim. Também não seria Rosé nem JiSoo, já que elas provavelmente ficaram para acalmar a liderzinha de merda. Nesse caso, só sobra um idiota que gosta de correr atrás de mim...

— Junhoe, não está vendo que eu não estou no clima? Me larga!

— Por isso mesmo, Lisa! O que foi, hein? Dava para perceber de longe que você e a Jennie estavam discutindo! — ele me olha com curiosidade.

— Não é da sua conta! — me solto dele. — Só me deixa sozinha.

Caminhei até uma área que estava com sombra e me sentei, mas o idiota continuou me seguindo.

— Não vou sair de perto até você me contar o que está acontecendo. — ele se senta ao meu lado. June está sem camisa e com um shorts azul marinho que ficou ótimo em seu corpo, mas evito pensar nele de forma sexual agora.

— É a Jennie. Ela está me tirando do sério. — solto um longo suspiro — Não pense que nós combinamos de atacar o Hanbin. Ela decidiu fazer isso sozinha porque é uma idiota. Eu sei que ela não iria ter coragem de mata-lo, mas ela foi muito imatura de querer descontar a raiva dela em alguém que não tem culpa.

— Acho que a entendo. Também sou explosivo e não penso direito antes de fazer certas coisas... — ele suspira — Eu queria te dizer que descobri porque o Changwoo me perguntou aquilo no jogo do verdade ou desafio. Ele tinha ouvido nossa conversa no corredor, quando você veio me pedir a pílula.

— Aigooo! É sério? — escondo meu rosto com as mãos quando ele concorda com a cabeça. — Me desculpa por ter te falado tudo aquilo, então...

— Tá desculpada. — Junhoe alisa minha coxa com delicadeza e fica me observando atenciosamente, sendo fofo sem intenção. De repente, meu corpo começa a esquentar, e não acho que a culpa seja exclusivamente do sol — Você continua triste... Não é melhor se acertar com a sua amiga?

— Eu prefiro te beijar. — o puxo pela nuca e inicio um beijo, que ele retribui sem hesitar.

Abro os olhos durante o beijo e encaro Jennie, que me olhava com nojo há uns metros mais longe de nós. Para provocar, sento no colo do JuNe e volto a beija-lo com mais intensidade. Foda-se se todos estão vendo, nem Jennie e nem ninguém pode me impedir de fazer o que eu quero fazer.

Continua...

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