Cap. 33 - Promessas
Posso te beijar? O sorriso dela se alargou, e por um momento, parecia que o tempo havia parado. Seus olhos brilharam de um jeito que fazia meu coração acelerar ainda mais.
— Pode, Jon.
Quando finalmente encostei meus lábios nos dela, foi como se o mundo ao nosso redor desaparecesse. O toque era suave no começo, quase hesitante, mas a cada segundo, o beijo se tornava mais profundo, mais intenso. Ela retribuiu com a mesma intensidade, e de repente, não havia mais distância entre nós. Nossos corpos se uniram em um impulso quase involuntário, como se estivéssemos esperando por aquele momento desde sempre.
O calor de sua boca contra a minha, o sabor doce dos lábios dela, tudo parecia perfeito. A sensação de sua pele sob meus dedos, a forma como ela se movia junto a mim, tudo era tão intenso que mal conseguia pensar em outra coisa. Minhas mãos desceram suavemente até sua cintura, trazendo-a ainda mais para perto, como se eu precisasse sentir cada parte dela junto a mim.
Quando finalmente nos separamos, nossas respirações estavam entrecortadas. Eu olhei nos olhos dela, ainda ofegante, e vi que ela também sorria, seus olhos brilhando daquele jeito que sempre fazia meu peito se aquecer.
— Acho que isso responde sua pergunta.
Ela disse, com um tom brincalhão, mas havia uma suavidade ali, algo que ia além da provocação. Algo genuíno.
Eu não consegui falar. Apenas sorri. Havia algo em Bia que me fazia sentir vivo, de um jeito que poucas coisas na vida conseguiam. Ela não era apenas uma guia ou uma aliada; ela era uma razão, uma motivação para continuar em meio ao caos.
Após o beijo, permanecemos ali, com nossas testas encostadas, ofegantes. A respiração dela se misturava à minha, ainda rápida, enquanto o silêncio confortável nos envolvia. Era como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido, deixando apenas nós dois naquele espaço.
Eu podia sentir o calor do corpo dela, o suave roçar de sua pele contra a minha. A mão dela, que antes estava apenas apoiada em meu peito, começou a se mover lentamente, traçando padrões delicados sobre o tecido da minha camisa, como se quisesse gravar cada detalhe de mim na memória. Era um toque leve, quase tímido, mas que fazia meu coração bater ainda mais rápido.
Sem dizer nada, deixei meus dedos deslizarem pela lateral do corpo dela, explorando de forma sutil suas curvas. Toquei de leve sua cintura e a puxei para mais perto, sentindo como nossos corpos se encaixavam de maneira quase perfeita. O calor que emanava dela era reconfortante, como se cada centímetro de contato entre nós fosse uma nova descoberta, uma forma de prolongar a intimidade daquele momento.
Ela se mexeu um pouco, se ajeitando no meu colo, e de repente, estávamos ainda mais próximos, a cabeça dela descansando sobre meu ombro. Senti sua respiração quente contra minha pele, e o leve peso dela encostada em mim trouxe uma sensação de paz que eu não esperava. Era estranho, mas ao mesmo tempo, tão certo, e tão bom...
Sem pensar, comecei a acariciar os cabelos dela, passando meus dedos entre os fios vermelhos e macios. Ela fechou os olhos e se aconchegou mais em mim, deixando escapar um suspiro suave. O som foi como música para os meus ouvidos, e eu sorri de leve, sentindo uma onda de calor percorrer meu corpo.
Ficamos assim por um tempo, sem dizer nada. Não precisávamos de palavras. O simples ato de estarmos juntos, de sentir a presença um do outro, era o suficiente. Minhas mãos continuaram a acariciar seus cabelos, descendo de vez em quando até suas costas, traçando linhas invisíveis com a ponta dos dedos. Cada toque parecia acender algo dentro de mim, uma necessidade de mantê-la ali, protegida, próxima.
Bia, por sua vez, mantinha uma mão em meu peito, os dedos traçando círculos preguiçosos, enquanto a outra se enroscava em torno da minha, segurando-a de maneira suave, mas firme. Era como se, naquele momento, não houvesse mais insegurança ou dúvidas. Apenas nós dois, ali, compartilhando algo que ia além das palavras.
De vez em quando, ela levantava o rosto para me olhar, e eu aproveitava esses pequenos momentos para roubar mais um beijo. Cada toque de nossos lábios era mais doce que o anterior, mais íntimo, como se estivéssemos gravando essas sensações em nossas peles. Cada vez que seus olhos encontravam os meus, eu sentia meu coração se aquecer um pouco mais.
— Acho que agora você vai ter que me esperar, hein?
Ela sussurrou, com um sorriso travesso, os olhos brilhando de algo que eu não sabia se era desejo ou afeição, talvez uma mistura dos dois.
— Não sei se consigo esperar tanto assim.
Respondi, minha voz rouca, meio brincalhona, mas havia verdade nas minhas palavras. Parte de mim sabia que a ausência dela seria difícil de suportar, mas naquele momento, eu preferia me concentrar apenas no agora.
Ela riu, um som suave e envolvente, e se inclinou para me beijar de novo, mais devagar dessa vez. O beijo era mais longo, mais íntimo, como se ela estivesse tentando gravar cada sensação, cada segundo.
Quando nos afastamos, ela encostou o rosto no meu pescoço, os lábios tocando minha pele de forma suave, deixando pequenos beijos pelo caminho. O toque dela era como uma corrente elétrica, um fogo que se espalhava lentamente, e eu só queria mantê-la ali, em meus braços, pelo maior tempo possível.
— Você sabe que eu vou voltar, né?
Ela murmurou contra minha pele, sua voz baixa e suave, quase um segredo.
Eu fechei os olhos, sentindo o conforto de suas palavras. Queria acreditar nela, queria ter a certeza de que nada poderia nos separar.
— Só volta logo!
Sussurrei de volta, apertando-a contra mim, meus dedos deslizando por suas costas enquanto ela se aconchegava mais em meu colo.
Ficamos assim por mais um tempo, perdidos no silêncio e no toque um do outro. Era como se cada carícia, cada pequeno movimento, estivesse reforçando a conexão que tínhamos. E ali, no meio daquele silêncio íntimo, percebi que, não importava quanto tempo ela ficasse fora, não importava o quão perigosa fosse a missão... eu estaria esperando. Sempre. Porque, de alguma forma, ela sempre fez parte de mim, mais hoje isso fez ainda mais sentido...
— Vamos ter que continuar isso depois, Jon.
Ela disse com uma leve nota de desapontamento.
Olhei para ela, meu coração ainda acelerado pelo momento que havíamos compartilhado.
— Por que, o que houve? Quem eu tenho que matar pela intromissão?
Brinquei, tentando manter o tom leve, embora estivesse pilhado com a súbita interrupção.
Ela riu, mas havia um toque de seriedade em sua resposta.
— Ninguém. Acontece que o meu capitão solicitou que a equipe se junte hoje, para repassarmos a missão de amanhã.
Senti a frustração borbulhar em meu peito. Não queria que ela fosse. Não queria que esse momento terminasse tão cedo.
— Vai me deixar assim mesmo? Isso é maldade, minha ruiva.
Sorri, tentando fazer a situação menos amarga.
Ela se inclinou, com aquele olhar travesso e caloroso que fazia meu coração disparar.
— Tempo é o que não vai faltar, Jon.
Sussurrou, a voz dela carregada de promessas, enquanto se aproximava para me dar outro beijo.
Eu a puxei de volta para meus braços, prendendo-a em um abraço firme e carinhoso, sentindo o calor de seu corpo mais uma vez.
— Tome cuidado amanhã, viu?
Minha voz saiu mais suave do que eu pretendia, cheia de preocupação genuína.
— Vê se volta inteira para mim. Promete?
Ela sorriu, recostando a testa na minha.
— Pode deixar, vou voltar inteirinha para você, meu loirinho...
— Isso ai. Se cuida lá, viu. Precisamos continuar isso aqui depois.
Falei, sorrindo maliciosamente, tentando ignorar o aperto no peito.
Ela deu um leve tapa no meu ombro e se afastou, rindo.
— Pode deixar, vou me cuidar. E vê se fica mais forte até eu voltar.
Disse, com aquele tom de desafio que sempre me deixava ligado.
— Pode deixar.
Respondi, com um sorriso no rosto.
Ela se desvinculou do abraço com um movimento sutil. Ajeitou as roupas com um toque rápido e passou as mãos pelos cabelos ruivos, arrumando-os com precisão antes de se dirigir à porta.
E então, ela saiu. Aquele som suave da porta se fechando deixou o quarto subitamente vazio, frio. A presença dela, que até poucos instantes atrás parecia preencher cada espaço, agora era apenas uma ausência que deixava um eco no silêncio.
Deitei-me novamente, tentando ignorar o vazio crescente e o frio repentino que o quarto parecia ganhar sem ela por perto. Fechei os olhos, me forçando a dormir, mas minha mente continuava a correr, inquieta, revisitando cada detalhe dos momentos que compartilhamos. Seus beijos, seu toque, seu sorriso malicioso.
Fiquei assim por um bom tempo, perdido nas lembranças do corpo dela, do cheiro, da sensação de tê-la nos meus braços. Mas, eventualmente, o cansaço venceu, e o sono, lento e pesado, me capturou, me levando para um mundo onde, ao menos por algumas horas, eu poderia tê-la novamente ao meu lado.
[...]
Acordo num sobressalto, o coração batendo forte no peito, e percebo que o sol já brilha através da janela, iluminando o quarto com uma luz suave. Meu corpo está coberto de suor, a camiseta grudada na pele, o lençol encharcado. Desta vez, não foi o pesadelo recorrente com minha mãe que me atormentou, foi Bia. Algo... estava diferente, mas os detalhes me escapam. Tentei me agarrar aos fragmentos do sonho, mas tudo está distorcido, embaralhado.
Respiro fundo, tentando acalmar os batimentos acelerados. Espero que ela esteja bem, penso, ainda com o gosto amargo do medo na boca.
Levanto-me da cama, os músculos tensos, e caminho até o banheiro. O chão frio contra meus pés descalços me traz de volta à realidade. Tiro as roupas molhadas e as deixo cair no chão com um som abafado. Ao entrar na banheira, lembro-me da última vez que estive aqui, como a água simplesmente apareceu quando imaginei.
Será que...? Fecho os olhos, tentando recriar a sensação anterior. Quero um banho com água morna, e bastante espuma.
Sinto um movimento ao meu redor, como se o ar carregasse uma intenção, e então ouço o som suave da água começando a encher a banheira. Espio com cautela, e lá está ela a água surgindo magicamente, exatamente como imaginei. Não está quente demais, nem fria demais, apenas morna, perfeita. Bolhas de sabão começam a se formar, crescendo e dançando na superfície da água, refletindo a luz do sol em pequenos arco-íris.
Sento-me na banheira, deixando o calor da água relaxar meus músculos. As bolhas sobem ao redor do meu corpo, cobrindo-me em uma espuma leve e perfumada. Tento, mais uma vez, me concentrar no sonho, mas tudo continua uma confusão na minha mente flashes rápidos, rostos desfocados, vozes distantes. Nada faz sentido.
Depois de um tempo, deixo o corpo afundar na água, submergindo a cabeça por alguns instantes, sentindo a quietude profunda e acolhedora. Quando volto à superfície, vejo a água desaparecer da banheira, como se tivesse sido drenada por algum feitiço invisível.
Enrolo-me na toalha e saio do banheiro, sentindo o ar frio tocar minha pele quente. Ao entrar no quarto novamente, meus olhos se fixam em um par de roupas idêntico ao que usei ontem, dobrado com perfeição sobre a cama.
Quando isso foi parar aí?
Fico alerta imediatamente, meu corpo enrijecendo. Meus olhos varrem o quarto à procura de qualquer movimento ou sinal de que alguém esteve ali, mas não há nada nenhum som, nenhuma presença. Estou sozinho. Visto-me rapidamente, sem baixar a guarda.
Percebo então o livro sobre a escrivaninha, aquele que peguei na biblioteca. Ao lado dele, alguns lanches de ontem, intocados. Meu estômago ronca baixinho, e decido comer enquanto exploro mais sobre o que realmente importa a magia do ar. Sento-me à mesa, tomando um pedaço do lanche, mastigando lentamente enquanto sinto minha magia fluir dentro de mim, assim que toco o livro no intensão de abrir, o brilho intenso invade todo o meu quarto, ainda mais forte que o próprio sol, mais forte que na biblioteca, sentia ele me chamando, enquanto meus dedos passam pela capa do livro antigo. Um instante depois abro, e o brilho cessa, e uma sensação de paz preenche meu ser, era como se o livro estivesse me esperando por anos, e finalmente nos encontramos. O livro é grosso e parece muito antigo, a capa de couro desgastada com o tempo. Abro a primeira página com cuidado. A textura do papel é áspera, como se tivesse sido manuseada por muitas mãos ao longo dos séculos, e as palavras são escritas em uma caligrafia detalhada e fluida.
"O ar é o elemento da liberdade, mas também da imprevisibilidade. Apenas aqueles com um espírito que possa equilibrar entre a calma e a tempestade podem dominar verdadeiramente seus segredos."
As palavras parecem dançar diante dos meus olhos, ressoando de uma maneira que faz meu peito vibrar. Penso em todas as vezes que usei o ar para lutar, para me defender, até mesmo para pequenos truques. Talvez eu ainda não tenha compreendido tudo que o elemento tem a oferecer. Talvez eu ainda esteja apenas arranhando a superfície. Mordo mais um pedaço do pão, mastigando distraído enquanto continuo a leitura...
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