Cap. 24 - Ninguém mais vai morrer
Eu não sei como explicar como estou me sentindo agora. Tudo o que posso dizer é que tudo dói. Meu coração está pesado, tudo o que eu quero fazer é chorar. Queria que tudo voltasse a ser como antes... Me despeço uma última vez da minha mãe antes de fecharem o caixão, enquanto Isis e Júlio permaneciam comigo por todo tempo ao meu lado. Quando finalizou tudo, nos despedimos. Me aproximo do senhor Pearson que está junto da sua esposa e filho, com Isis ao meu lado.
— Quero tirar essa história com meu p-a-i... ele... a limpo, marque um horário, por favor!
Não queria acreditar que ele, meu próprio pai, faria uma coisa dessas com minha mãe, precisava descobrir a verdade, por mais dolorosa que fosse.
— Tudo bem Jon, vou solicitar uma visita.
— Obrigado senhor Pearson, por tudo.
— Por nada, já disse que pode contar comigo.
Vejo Isis trocando olhares com o pai, então ele começa.
— Se quiser ficar um tempo com a gente, até estiver melhor... A nossa casa é bem grande...
Bom isso significaria mais tempo com Isis, embora não queira atrapalhar a vida deles... Ou os colocar em perigo.
— Obrigado, mas tenho que recusar, vocês já estão me ajudando bastante, não quero ser um incomodo.
— Não vai ser, como meu pai disse, a nossa casa está aberta caso precise de ajuda, ou até mesmo conversar, você não precisa passar por isso sozinho Jon.
Isis disse, enquanto me olha nos olhos.
— é o mínimo que podemos fazer, por ter ajudado nosso filho. Será bem-vindo viu?
Era a vez da senhora Pearson, dizer.
— Vou pensar, mas agradeço por tudo mesmo.
Cumprimento Pearson com um aperto de mão, sua esposa também me cumprimenta, ao invés de um aperto de mão ela me abraça. E por fim Isis, se aproxima, me abraçando, e escuto ela sussurrar em meu ouvido.
— Vai ser bem divertido...
Ela sorri, e eles seguem para o carro deles, e faço o mesmo. Ainda pensando nas palavras dela...
Será que é o que estou pensando?
"Pode apostar que sim, se eu fosse você, não perderia essa chance viu... Não se encontra a mesma chance por mais de uma vez na estrada da vida garoto."
A voz surge em minha mente.
Como sempre muito poético. Penso.
Entro no carro e dirijo, quero encontrar essa indústria para conhecer o ambiente... Enquanto era inundado de pensamentos inquietantes. Volto para a realidade ao ver um lote enorme com uma construção pré-histórica lá, e me dou conta de que aqui é a "Indústria abandonada". Decido analisar o lugar... Estaciono o veículo, verifico se há pessoas por perto, e como aqui tem pouco movimento, saio do veículo e me teletransporto para a frente da indústria. O lugar é extremamente enorme. A construção é um esqueleto metálico enferrujado, com paredes de tijolos desbotados e janelas quebradas, algumas ainda com pedaços de vidro pendurados de forma precária. O portão principal, outrora robusto, está agora parcialmente caído, segurando-se por uma único e enfraquecido dobradiça. A vegetação tomou conta do entorno, com ervas daninhas e árvores jovens crescendo em meio aos escombros.
Ao entrar, o cheiro de ferrugem e mofo toma conta do ar, misturado com um odor metálico forte. O chão de concreto está rachado e coberto de detritos, evidenciando anos de abandono. Máquinas antigas e desgastadas, algumas parcialmente desmontadas, estão espalhadas pelo ambiente, dando um aspecto ainda mais desolador ao local.
O teto, em grande parte desmoronado, deixa a luz do sol entrar em feixes esparsos, iluminando o pó que flutua no ar. Alguns pássaros fizeram ninhos nas vigas expostas, e o som de suas asas batendo ecoa pelo espaço vazio.
Caminhando mais adiante, encontro um escritório abandonado, suas paredes cobertas de grafite e o chão cheio de papéis velhos e amarelados. A mobília está coberta de poeira, e uma mesa virada de lado bloqueia parcialmente a entrada. O silêncio é quase absoluto, interrompido apenas pelo ocasional pingar de água de alguma infiltração e o som distante de passos de animais pequenos, possivelmente ratos. Uma sensação de desolação e abandono permeia o lugar, fazendo-me sentir como se estivesse entrando em uma cápsula do tempo de um passado esquecido.
Vir aqui me permitiu ter uma noção do lugar, e poder me teletransportar para cá, pois, essa habilidade só funciona se já estiver vindo ao local, e ver ele na minha mente com clareza. E agora posso vir antes que Júlio e os bandidos cheguem. Não vou deixá-lo sozinho nesse lugar, sabe-se lá os planos deles. Saio dali caminhando até meu carro.
***
Já a caminho de casa... Me pego pensando e se tudo fosse diferente? Se para início de conversa não tivesse poderes, nada disso teria acontecido. Trocaria meus poderes para ser uma pessoa normal, e ter minha família unida de novo. Entretanto isso não é possível com as habilidades que possuo, o que me resta é fazer os responsáveis pagarem com suas vidas.
"Vingança é um prato que se come frio. Mas se escolher seguir por esse caminho, conte comigo."
A voz soa em minha mente.
— Obrigado por isso. Vou tentar descansar agora, não sei como será a noite.
"Isso, o equilíbrio é o que vai te permitir alcançar seus objetivos, e ajudar os seus, mas me diz, porque ainda dirige, sendo que você pode se teletransportar?"
Sou questionado. E explico.
— De certa forma seria muito mais rápido, mas ainda não dominei totalmente magia de travessia.
"Você tem medo?"
— Talvez um pouco. Por quê?
"Travessia só é perigoso, se tiver com pouca energia magica, ou se teletransportar sem mentalizar onde você quer surgir. Além do mais, somos especialistas nessa arte, e você já deve estar sentindo que fica mais fácil cada vez que você usa essa magia".
Isso faz sentindo.
Chego no condomínio, e o porteiro libera minha entrada, estaciono o carro na garagem, e chego em casa, a primeira coisa que faço é ir em direção ao banheiro e tomar um bom banho quente. Visto o short folgado e me jogo na cama, na esperança de que o sono viesse...
— Alexa fechar persianas do quarto.
— Ok, persianas sendo fechadas agora mesmo.
Agora com o ambiente escuro, sinto minhas pálpebras pesarem e o cansaço vir todo de uma vez, minha respiração diminui seu ritmo, por fim durmo.
Desperto, com medo de ter perdido a hora, pego meu celular e já são 19:37. Visto uma camisa preta, e um moletom com capuz, pego uma calça da mesma cor que a camisa, depois calço um tênis. Vou até o banheiro, e jogo água no meu rosto, enquanto pensamentos consomem minha mente.
Não vou perder mais tempo, preciso chegar antes deles, para saber como agir, caso algo ruim aconteça.
O celular marca 19:45. Me concentro na parte do teto da indústria abandonada onde ainda dava para permanecer de pé. Um instante depois, surjo lá em cima. Escuto o barulho de um carro se aproximando. Me agacho rapidamente para não ser notado. Saem cinco homens do carro, todos com revólveres nas mãos.
Só uma coisa vem à minha mente: Tem algo errado. Por que tanta gente só para receber o dinheiro?
Fico atento aos movimentos deles.
— Verifiquem o lugar.
Um deles ordena, com a voz seca.
Três deles começam a vasculhar a indústria abandonada. Eles se movem rápido e eficientes, como se já estivessem acostumados com esse tipo de trabalho. Momentos depois, retornam.
— Tudo limpo, chefe.
Um dos bandidos confirma.
— Vocês sabem as ordens da chefia.
O líder diz, e todos assentem em silêncio.
Que ordens? Penso, tentando juntar as peças.
— Vamos aguardar a chegada dele. Vocês dois, fiquem aqui fora. Nós vamos esperar lá dentro.
O líder aponta, distribuindo as posições.
Três entram no prédio, enquanto dois permanecem de vigia. Minutos depois, outro carro preto chega. Júlio sai de dentro do veículo, com um envelope em mãos. Ele é escoltado pelos dois vigias para dentro da indústria. Eu perco a visão e o som deles.
Decido ir para a lateral do prédio. Fecho os olhos, mentalizo o lugar e me teletransporto. Surjo próximo a uma janela quebrada. Agora posso ver e ouvir tudo.
— Nem acreditei quando me ligou. Trouxe o dinheiro?
A voz do que dava as ordens soa familiar e despreocupada.
— Sim, toma.
Júlio estende o envelope, suas mãos tremendo levemente. Um dos capangas pega o dinheiro e começa a contar.
— Ele vai conferir se está tudo aqui.
O chefe comenta casualmente, enquanto observa Júlio.
— Beleza...
Júlio diz
Os minutos parecem eternos até que o capanga termina de contar.
— Aqui tem R$15.000,00, chefe.
Ele declara.
O líder começa a rir, um som seco que reverbera pelo espaço vazio. Meus músculos se contraem involuntariamente, e meu coração acelera. Algo está muito errado.
— Júlio, esse valor era antes. Agora subiu um pouco... O líder fala, com um tom de ameaça na voz.
— O quê? Não faz nem um mês que você disse que era esse valor!
Júlio responde...
— Sabe como é... Tem os juros, o nosso deslocamento, o transtorno pela demora... Vai faltar três mil. Tem ele aí?
O chefe pergunta, sem paciência pelos seus gestos.
— Isso só pode ser piada! Três mil de acréscimos em um mês?!
Júlio rebate, a voz falhando.
— Tem ou não tem?
O líder interrompe, perdendo a paciência.
Júlio balança a cabeça negativamente.
— Achei que fosse só esses quinze mil... Não sabia que tinha que pagar mais...
Ele gagueja.
— Poxa, assim você me deixa triste. Forneço mercadoria para você há anos, mesmo quando você não tinha dinheiro na hora. Eu vendia para você.
O chefe começa a se aproximar de Júlio, o revólver agora à mostra.
— Mas agora, os meus chefes querem receber tudo com as devidas correções.
— Eu... Posso conseguir mais...
Júlio tenta negociar, mas sua voz treme.
— Conto com isso. Liga para os seus pais e pede para arrumarem o restante. Senão, hoje vai ser o seu último dia.
A ameaça é clara, e meu sangue gela.
— Ramon, por favor, deixa meus pais fora disso... Vou arrumar mais... Me dá mais alguns dias.
Júlio implora.
— Você teve tempo demais, e eu cansei de esperar. Liga para eles agora.
O líder fala com frieza.
Júlio, com as mãos trêmulas, pega o celular e começa a discar, o desespero estampado em seu rosto.
— Anda logo, porra! Não tenho a noite toda.
O bandido pressiona, o dedo colado ao gatilho.
Minha vontade de intervir é quase insuportável, mas eu sei que um movimento errado pode custar a vida de Júlio. Tenho que esperar o momento certo.
Júlio leva o celular ao ouvido e começa a falar.
— Pai... Preci...
Sua voz falha de medo.
O bandido engatilha o revólver, impaciente, fazendo um gesto brusco para Júlio continuar.
— Preciso de três mil, para inteirar na minha dívida. Só aceitam dinheiro... Estou na indústria abandonada...
O som de um tiro ecoa pelo ar. Meu coração para pôr um segundo. Vejo Júlio cair no chão. Não... Isso não pode estar acontecendo... Ele não pode morrer...
O bandido pega o telefone e começa a dizer algumas coisas que não consigo compreender. A sensação de mais cedo retorna, o poder flui dentro de mim, então surjo diante deles e disparo um grito sônico, arremessando-os para longe. Me aproximo de Júlio e vejo que o tiro pegou no ombro dele; o local está sangrando demasiadamente.
— Pressiona isso e não morre idiota.
Digo, colocando a outra mão dele sobre o ferimento. Júlio me olha sem entender e diz com dificuldade
— O que faz aqui?
— Não ia deixar meu amigo vir nesse lugar sozinho.
Direciono meu olhar para os bandidos, que se levantavam. Estou completamente possesso de ódio. Ninguém mais morreria. Os meus poderes se agitam dentro de mim, como se fosse uma tormenta, uma energia latente pulsa ansiando por liberdade. Em um momento de lucidez, posso ver e sentir a água fluindo no corpo deles, e me dou conta de que o corpo humano é composto em média por 70% de água; sendo assim, posso controlá-los. Desejo profundamente que eles parem, e posso visualizar a água em seus corpos parando de fluir. Posso notar as mãos deles tremendo, com as armas apontadas em minha direção.
— Atirem nele agora, o que estão esperando.
Ordena o tal do Ramon, tentando se levantar, mas não obtendo sucesso.
Os três que estavam de pé não conseguiam puxar o gatilho, pois eu podia controlar cada molécula de água dentro de seus corpos, e interrompi o fluxo justamente dos seus músculos, e articulações. As mãos deles tremiam, mas eles não podiam puxar o gatilho...
— Qual o problema, não conseguem atirar?
Ironizo, sorrindo.
Em um comando silencioso, as mãos deles se abrem involuntariamente, derrubando as armas.
— O que estão fazendo? Atirem, seus idiotas!
Ramon gritava.
Quero que esse imbecil cale a boca, então imagino os pulmões dele se enchendo de água. Um instante depois, posso ver água se movendo dentro do corpo dele, e preencher seu pulmão de água. Ramon começa a engasgar com a água do próprio corpo, afogando-se.
Tenho que admitir. É incrivelmente prazeroso vê-lo pagar pelo que fez. Faço o mesmo com os outros, que caem ajoelhados, tossindo, enquanto a água sai de suas bocas e narizes...
— Vo...cê... não po...de... fazer isso...
Um deles diz enquanto tosse.
— Não posso? Chama a polícia, quem sabe eles te ajudem.
Sorrio.
Podia sentir a vida se esvaindo dos corpos deles. A única coisa que me vinha à mente era: serão cinco zeros à esquerda fora das ruas.
Sinto alguém colocar a mão no meu ombro e direciono meu olhar. Júlio sangrava muito, enquanto dizia:
— Não vale a pena matar eles... Ou você vai se tornar igual aos monstros que combate.
Aquilo me acende uma luz de alerta e me traz de volta à realidade, de volta ao controle da minha magia. Interrompo meu controle sobre eles, e a água volta a fluir normalmente em seus corpos. Os bandidos caem no chão ainda tossindo.
Enquanto isso, uso o controle da água para impedir que o sangue continue fluindo do corpo de meu amigo, tentando reverter a situação de alguma forma.
— Tenho que te levar para o hospital.
— Ancestral, posso teletransportar com ele? Tem algum risco?
"No seu nível, acredito que não deve haver problemas. O princípio é o mesmo,"
A voz explica.
Seguro Júlio, e a voz me alerta:
"Atrás de você!"
Um deles aponta a arma em minha direção, mas sou mais rápido. A espada se materializa em minhas mãos sem que eu precise citar o encantamento, e a arremesso contra ele. A lâmina o acerta precisamente, perfurando o peito do bandido, antes que ele pudesse efetuar o disparo. Um momento depois, a espada desaparece do corpo do homem que agora está no chão. Me concentro e teletransporto Júlio para próximo ao hospital que conheço. Por sorte, ninguém me vê aparecendo do nada. Júlio está desacordado, sendo necessário que eu o carregue, enquanto um pensamento martelava minha cabeça.
Ele não pode morrer também.
Ao entrar no hospital, meu coração bate descompassado, o medo e o desespero tomam conta de mim. A perda da minha mãe ainda está fresca, e a ideia de perder outra pessoa que amo é insuportável. O desespero me faz sentir a pressão em meu peito, a mesma sensação que tive quando ela se foi. Meu olhar está fixo em Júlio, que está pálido e imóvel. Cada segundo parece se arrastar, e a sensação de impotência é esmagadora.
Enfermeiros correm em nossa direção, e eu grito:
— Ele foi baleado, preciso de ajuda!
Eles o colocam na maca e rapidamente o rodeiam. Um enfermeiro aplica pressão no ferimento, enquanto outro prepara uma seringa e uma bolsa de sangue. Eu vejo um médico dando instruções precisas, sua voz calma e firme contrastando com meu caos interno. As palavras são um borrão, mas consigo captar que eles estão começando a estabilizá-lo. Eles trabalham com uma eficiência quase fria, enquanto eu assisto, ansioso.
Eles o levam para uma sala, e um dos enfermeiros se volta para mim, dizendo:
— Vamos fazer tudo o que pudermos. Você precisa esperar aqui.
Meu corpo está tenso, e eu me afasto, sentando-se em uma cadeira na sala de espera. Cada minuto se arrasta, e o peso da possibilidade de perder Júlio se torna quase insuportável. As lembranças da minha mãe, a sensação de perder mais alguém importante para mim, tornam tudo mais doloroso. A única coisa que posso fazer agora é esperar e torcer para que eles consigam salvá-lo.
Preciso avisar os pais dele. Me dou conta que não possuo o contato dos pais dele, e o celular de Júlio não está comigo.
Saio do hospital, vou para um local sem movimento, e observo se tem alguém lá. Constatando que não, me materializo na fábrica, os ladrões ainda estavam lá, tentando se recuperar de uma quase morte.
Quando se dão conta que estou ali. Um deles diz.
— Fica longe da gente.
— Só vim pegar o celular do meu amigo, onde está?
— Comigo.
Ramon, mostra o celular.
— Vou deixar no chão e você pega.
Ele deixa no chão e se afasta, posso ver que ainda permanecem com as armas nas mãos.
— Já não fizemos isso? Abaixem as armas.
Me aproximo do celular, e o guardo no bolso, e um vislumbre de alguém disparando um tiro passa em minha mente, me viro rapidamente e um dos bandidos estava preste a efetuar um disparo... Com um gesto de minhas mãos arremesso o homem para o lado, como se toda água do corpo dele fosse direcionada para onde eu mandasse, e assim ele colide com uma pilastra ficando inconsciente.
— Mais alguém quer beijar a pilastra?
Zombo.
Eles colocam as armas no chão, e se afastam, com os olhos esbugalhados. Me aproximo deles, a cada dois passos meus, eles davam um para ficar longe de mim.
— O que você é?
— Alguém bem perigoso, que faz essas armas de fogo parecerem brincadeira de criança.
Sorrio.
E desapareço, um momento depois apareço atrás deles e começo a dizer.
— Sabe...
— Que porra...
Ramon diz com os olhos arregalados.
— Caralho...
Outro bandido grita de susto.
É nítido o medo que eles estavam sentindo.
— ...Vocês vão pegar esse dinheiro, e ficar longe de Júlio e da família dele, se souber que se aproximaram, ninguém vai sair daqui vivo, e prometo que vocês vão sofrer. E torçam para o meu amigo não morrer, caso o pior aconteça, tenham certeza de que vou caçar vocês...
Eles trocam olhares.
— Sim... Sem problemas...
O líder deles diz.
— Sumam daqui, ante que eu mude de ideia. E levem eles...
Gesticulo para os dois homens inconscientes.
— Ouviram ele, peguem os dois e vamos sair daqui.
Os dois bandidos, um deles verifica o que foi perfurado com a espada prata e diz.
— Esse aqui está morto!
Eu matei uma pessoa?! Penso.
— Não é problema meu, sumam daqui logo.
Falo sem expressar nenhuma emoção.
Os dois bandidos carregam o morto, e o líder deles ajuda a carregar o outro, que já estava recuperando a consciência. Depois de alguns minutos eles já haviam saído dali. Pego o celular de Júlio e mecho para ligar para o pai dele, entretanto o celular ainda estava com a ligação acontecendo.
— Alo? Jon aqui, senhor Wilfer está aí?
Um momento de silencio, e logo após ele responde confirmando minhas suspeitas, ele ouviu tudo provavelmente.
— Sim, Júlio está bem? Como ele está?
— Levei ele para o Hospital San Marino...
— Já estou indo para lá...
Ele desliga a ligação.
"Para um Agente Oculto, você não tem nada de oculto".
A voz ironiza.
— Cala a boca!
Falo irritado.
Sigo em direção ao carro de Júlio, não posso deixar o carro dele aqui. Entretanto está trancado, por sorte, em um momento do lado de fora, no outro apareço sentando-se no banco da frente. Procuro a chave, porém não há encontro.
— Mas que droga isso está demorando demais.
Será que posso deixar o carro dele aqui? Acho improvável que os bandidos queiram roubar o carro dele, depois de tudo que aconteceu, e agora ele está sozinho no hospital. É melhor ir ficar com ele, e depois busco o carro... E assim faço, me concentro em um lugar menos movimentado, próximo ao hospital, e segundos depois apareço lá, sigo para o hospital, enquanto meus pensamentos não me davam trégua.
Eu matei alguém...
Dentro do hospital, sigo até a recepcionista e pergunto sobre Júlio.
— Senhora tem alguma novidade sobre o Júlio Wilfer? Entrou tem uns minutos.
— Só um instante, enquanto verifico.
Ela diz, enquanto verifica no seu sistema.
— Senhor ele está em cirurgia agora. Aguarde, daqui a pouco a médica vem, para dar um parecer...
— Obrigado.
Sento me em um banco, enquanto aguardo. Não posso perder ele também, não posso... Não aguento perder mais ninguém que é importante para mim...
Os minutos pareciam horas, as horas pareciam uma eternidade, e nada do médico chegar, ou os pais dele...
— Jon, o que aconteceu?
A mãe de Júlio aparece, com preocupação evidente, maquiagem borrada, cabelos bagunçados.
— Ele foi baleado no ombro, pelos bandidos que forneciam...
Não precisei completar a frase, pois, ela ligou os pontos, e me abraçou enquanto chorava...
— Não... Meu filho não po...de...mor...rer
Ela gagueja.
— Vai ficar tudo bem, senhora!
Eu realmente queria acreditar nisso...
A todo momento senhor Wilfer, me olhava com uma cara feia, como se tivesse chupado limão azedo.
— Vocês são a família de Júlio Wilfer?
Uma mulher, de cabelos escuros, trajando um jaleco branco indagava.
— Somos. Meu filho está bem doutora?
— Ele está fora de perigo por hora, estancamos o sangramento, e removemos o projetil. Ele vai ficar bem.
Depois de horas, finalmente posso respirar profundamente...
— Podemos ver ele?
O senhor Wilfer pergunta.
— Ele está dormindo, devido aos medicamentos, mas vocês podem visitá-lo.
A mãe de Júlio se aproxima da Doutora e fala.
— Obrigado por salvar meu filho!
— Só fazendo meu trabalho, me sigam, vou levar vocês ao quarto.
Começamos a seguir a doutora que conversava com a senhora Wilfer, e o pai de Júlio fica lado a lado comigo, ele coloca a mão no meu ombro e diz.
— Não sei o que ouve lá, mas quero que fique longe do meu filho e da minha família...
Ele escutou tudo mesmo, não tinha mais dúvidas.
— Senhor posso explicar.
Tento conversar com ele. Entretanto ele me interrompe dizendo.
— Não quero saber, só fica longe da minha família!
Ele se vira e segue sua esposa e a médica que estavam lá na frente...
A única coisa que posso fazer é ir para casa, ele não me quer aqui, e por mais difícil que seja, eu entendo... Procuro um banheiro, e encontro, entro em uma das cabines, e visualizo meu quarto, e momentos depois apareço nele deitado em cima da minha cama. Nunca vou me acostumar com essa habilidade.
Entro no banheiro e retiro minha roupa que está manchada de sangue, tomo um banho rápido e ligo para a única pessoa que me acalma no momento.
— Oi, podemos fazer algo?
— Claro? O Que está pensando?
— Que tal o lugar onde nos conhecemos?
— A piscina?
— Você sempre é esperta assim?
Zombo.
— Besta. Vou me trocar, te vejo em uns vinte minutos...
— Até daqui a pouco minha sereia...
Ouço uma risada do outro lado.
— Até!
Visto uma bermuda, e uma camisa, passo um perfume, e ajeito meus cabelos enquanto olho o espelho... Está ótimo, vamos nessa Jon... Sigo para onde nos conhecemos da primeira vez.
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