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Capítulo 21

Katherine Ackson

EUA. Washington. 05:30 AM. Sábado.

Adentro o quarto espaçoso e frio de meu filho mais velho, admirando com carinho sua forma desajeitada de dormir. Hoje terei que trabalhar até mais tarde para recompensar as horas perdidas ontem com minha saída, e como as aulas do FBI são disponíveis apenas durante a semana... Noah costumava ficar sozinho nos sábados e domingos. Mas, agora terei que pedir ao mesmo um grande favor, preciso colocar a responsabilidade de cuidar de Dylan em suas mãos, ao menos enquanto estou no trabalho. Não quero fazer isso, mas, por enquanto é minha única solução. Espero que ele concorde... Sento a beira de sua cama, e sorrio um pouco, ao ver sua aberta derramando baba contra a fronha do travesseiro. Balanço delicadamente seu corpo imerso ao sono, e pouco a pouco vejo o adolescente ruivo abrir os olhos.

- Mamãe... Que horas são?- Pergunta com rouquidão na fala e é impossível não sorrir.

Meu menininho é tão fofo!

- São exatamente cinco e trinta e um, meu amor.- Digo mirando os olhos em seu despertador.- Sei que é cedo, mas preciso que faça um favor para a mamãe filhote.- Vou direto ao ponto, pois não quero me atrasar para o trabalho.

- O que quer mamãe? Pode pedir que eu faço.- Garante se colocando sentado na cama, enquanto se alonga e boceja preguiçosamente.

- Fico feliz em saber que tenho um filho prestativo.- Sorrio com afeto e beijo o topo de sua cabeça.- Mamãe precisa que tome conta de Dylan, meu anjo. Ele ainda está se acostumando com a casa e as novas regras... então não posso deixá-lo sozinho ainda, sem orientações ou supervisão.- Explico a situação com calma, pois ainda não sei qual será sua resposta.

- Eu não vou dar banho nele mãe.- Responde em tom brincalhão e meu sorriso aumenta com sua fala.

Só Noah mesmo.

- Óbvio que não meu filho, diga a Dylan que por hoje, ele pode se cuidar sozinho.- Esclareço parando para pensar no assunto por um momento.- Até eu conseguir uma babá.

- Ah mãe, deixa disso!- Escuto Noah protestar diante minhas últimas palavras.- Dylan é bem grandinho, pode deixar que eu dou conta mamãe, não precisa contratar ninguém... Confia em mim.- Pede esperançoso e respiro fundo para lhe responder.

- Eu confio em você meu bem, você sabe que sim. Mas é que...

- Mas o que mãe? Admita que não confia em mim!- Responde sendo grosseiro ao me cortar a fala, e apenas estreito os olhos, lhe encarando séria.

- Não fale assim comigo Noah, e muito menos me contradiga. Eu confio muito em você filho, só não quero te dar uma responsabilidade a mais, só isso.- Sou sincera.- Você ainda não é pai para ter esse dever...

- Mas mamãe, vão ser apenas nos fins de semana! E não é como se Dylan fosse uma criancinha que não sabe o que faz né?- Pergunta em tom atrevido.- E imagine só a vergonha de ter uma babá aos 16 anos? É constrangedor mãe, já não basta o que ele está tendo que enfrentar?- Abro a boca para lhe responder, mas logo a fecho por falta de palavras.

O que esse menino tomou para ter coragem de falar comigo assim?

- Você teve babá até o ano passado meu filho e não é vergonha ter alguém cuidando de você quando mamãe não pode.- Digo sorrindo e suas bochechas ganham cor em seu rosto.

- Ah mamãe, eu sou diferente do Dylan... Ele teve contato com o mundo real, eu não.- Argumenta todo certo de si.- E eu não gostava de ter a tia April na minha cola sempre, meus colegas de classe do FBI viviam me implicando por conta disso.- Fico séria com sua declaração.

Como assim? Ele era zoado por que tinha uma babá?

- Filho... Por que não me contou?- Pergunto preocupada.- Mamãe podia ter evitado isso.

Ele devia ter me contado.

- Não era nada de mais, e a tia April batia neles as vezes.- Conta sorrindo ao se lembrar, e reviro os olhos sabendo perfeitamente do que minha irmã caçula é capaz.- Mas voltando ao assunto... Deixa comigo mamãe. Se eu não der conta, você pode contratar quem você quiser, mas me deixa tentar primeiro... Sim?- Ele me encara com expectativa e reviro os olhos novamente ao me ver concordando.- Eba!!

- Mas você sabe das regras, nada de sair de casa, nada de ficar sem comer e vocês dois ainda estão de castigo, então não é para pegar o celular mocinho.- Esclareço com firmeza e o mesmo me abraça forte.

- Eu sei mamãe, não vou te decepcionar.- Sorrio com sua confirmação e o envolvo em meus braços.

- Vou estar monitorando tudo pelo meu celular ein...- Aviso em tom brando, mas falando sério.

- Eu sei mamãe.- Responde rompendo nosso abraço e me encara com carinho.- Posso bater nele se ele não me obedecer?- Me surpreendo com sua pergunta e vejo que o mesmo percebe minha reação.

Nunca me passou pela cabeça a imagem de Noah batendo em outra pessoa, muito menos em Dylan, já que ambos são irmãos agora. Mas, realmente parando para pensar no assunto... Noah é o irmão mais velho, e de certa forma, os mais velhos são responsáveis pelos mais novos, como eu e April. As vezes quando minha mãe saia, minha irmã aprontava comigo até acabar com toda minha paciência, nisso, as vezes eu lhe punia com uns tapas ou até mesmo com a retirada de algum brinquedo querido pela mesma... Mamãe me apoiava e até mesmo me dava parabéns quando tais acontecimentos vinham a acontecer. Mas agora que também sou mãe, é estanho pensar em meu filhinho tendo tanta responsabilidade.

- Você teria coragem de bater nele?- Pergunto cogitando a idéia.- Sabe, ele é quase do seu tamanho... Não acho que iria respeitar uma surra vinda de você...

- Eu teria que conquistar seu respeito, e sei como fazer isso mãe, não se preocupe.- Sorrio de lado para seu jeitinho positivo.

- Tudo bem... Você tem minha permissão, mas me mantenha informada ok?- Vejo ele concordar.- Preciso ir meu amor, tem comida na geladeira, é só esquentar no microondas. Qualquer coisa, também deixei dinheiro para comprar comida. Obrigada por aceitar me ajudar.- Beijo sua testa antes de levantar para sair do quarto.- Mamãe te ama!- Lembro-me de dizer e saio rumo ao andar de baixo, sorridente e feliz por ter meu pequeno ruivinho me ajudando.

Tomara que dê tudo certo hoje.

Minha equipe precisa de mim, ainda temos que colher o depoimento do cretino apreendido e ver até onde a investigação irá prosseguir, pois quero a vítima bem e fora de perigo.

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