Capítulo 12
Noah Ackson
EUA. Washington. 07:27 AM. Sexta-feira.
Caminho até a cozinha, não muito animado, carregando comigo o peso do sono recente e uma bunda toda dolorida.
Mamãe acabou comigo ontem.
Dormir bem essa noite foi um desafio grandioso. Difícil. Deitei de mal humor, por saber que provavelmente a resposta de minha mãe, diante meu pedido de trabalho, será um desprezível não. Por saber que de um dia para o outro tenho um irmão, que é arrogante, galudo, e que nem gosta de mim. É muita coisa para assimilar... Mas todo tempo que tirei para pensar no assunto, só me deu dor de cabeça.
Para se ter uma ideia de que tudo irá mudar com a chegada do pirralho... Mamãe nem ao menos se deu o trabalho de subir para me acordar e dar bom dia, como ela faz todos os dias desde que me acolheu aqui. Nunca me deixou atrasar para me arrumar, e hoje nem cheguei a vê-la! Isso é muito revoltante. Mas tenho que entender que agora não sou apenas eu que preciso de seus cuidados, Dylan é mais novo, mais fodido da cabeça... E precisa de ajuda para se adaptar, enquanto aprende a viver e conviver com uma agente do FBI tomando conta de tudo relacionado a ele.
Eu fui criado assim... Com ela no comando. Então estou acostumado a lidar com a figura que é Katherine Ackson. Sei distinguir muito bem quando ela está brava ou chateada, irritada ou carinhosa. Da mesma forma que ela também conhece tudo em mim, como a palma de sua mão.
Adentro a cozinha em passos normais, arrastando os pés descalços pela cerâmica fria do piso, e sentindo mdu mal humor humor apenas aumentar.
- Bom dia meu amor.- Escuto mamãe dizer ao me ter de pé ali, no meio do cômodo, e apenas a olho. Não estou bem para sorrir e muito menos para fingir que não ligo para o que ela fez.- Venha aqui, de um beijo na mamãe.- Kate se coloca de pé, esperando que eu vá até a mesma, e como bom submisso que sou... Me coloco a sua frente e deposito um beijo suave em seus lábios, assim que o faço sinto uma forte palmada ser deixada em minha bunda e a olho com indignação.- Dá próxima vez que te ver sem chinelos, esse tapa não vai chegar nem perto do que farei com você Noah. Entendeu?- A contra gosto, faço que sim com a cabeça, ainda envergonhado por saber que a poucos centímetros dali, Dylan desfruta em silêncio seu café da manhã.- Dormiu bem?- Sua pergunta sai cheia de dúvidas e franzo o cenho para isso, ao passo que me afasto para sentar em meu lugar a mesa. Sentindo uma forte ardência nas nádegas.
- Uhum...- Minto não querendo conversar agora.
- Sim ou não Noah, seja claro, sabe que não gosto de respostas incompletas.- Sou repreendido pela primeira vez ao dia e respiro fundo para não dizer nada quanto a isso.
Reparo que Dylan está sentado na cadeira a frente de mamãe, ao meu lado, vestido com um moletom cinza claro, enquanto mistura algo em sua caneca branca. Reparo que sua expressão é irritada, e já imagino o porquê... Mas o que realmente prende minha atenção, é que em sua caneca, há um tipo de líquido escuro, meio amarronzado, muito parecido com...
Opa, opa, opa... Isso não pode estar certo.
- Porque deixou ele tomar café?- Minha pergunta sai em tom de acusação, mais alto do que estou acostumado a falar, o que faz mamãe me olhar com repreenção ao parar de também beber seu café.
- Eu não deixei.- Diz simples, e abre o jornal local que estava sobre a mesa. Talvez para fingir ler e me ignorar enquanto isso. Mas dessa vez não vai rolar.
- Posso tomar também?- Levanto o copo a minha frente, onde costumo tomar sucos e vejo seu negar de cabeça, que vem mais injusto que um ataque pelas costas.- Porque ele pode e eu não?
- Ele não pode, mas não expliquei isso a ele antes, e quando vi, já estava tomando. Mamãe não pode apenas tirar da mão dele e jogar fora. O erro foi meu, agora ele sabe e isso não voltará a se repetir.- Explica desviando sua atenção do jornal para me encarar enquanto fala.
- Claro que não né mamãe...- Meu sarcasmo não passa despercebido, e talvez por isso, sinto um puxão de orelha, nada delicado, vindo da mesma.- Ai ai! Solta mãe!- Grito em meio a surpresa de sua atitude evasiva.
- Está me dando ordens Noah Ackson?- Sinto o aperto se tornar mais forte, enquanto continua a me puxar pela orelha, de forma que sou obrigado a levantar o traseiro de meu acento para não machucar.
- Não mamãe... A senhora sabe que não.- Tento ser educado, para ver se consigo sair de seu agarre e funciona. Katherine solta minha orelha que instantaneamente começa a latejar, e posso apostar que a mesma se encontra inchada e vermelha, assim como meu rosto.
Que vergonha...
- E também não volte a gritar, é feio, e mamãe fica irritada quando vê você, meu filhinho lindo, sendo tão mal educado.- Repreende mamãe, e fico mais constrangido pela forma que a mesma me trata na frente Dylan.
Mas preciso me acostumar... Sei que o novo Ackson não vai embora tão cedo, não se depender de minha mãe...
_________________FBI__________________
Dylan Ackson
EUA. Washington. 07:40 AM. Sexta-feira.
Não sei como Noah suporta ser tratado assim, sem ter escolhas, sem poder gritar ou xingar o que está sentindo. Não tenho pena e muito menos compaixão pelo mesmo... Mas eu em seu lugar, já tinha fugido ou surtado. Estou aqui a menos de dois dias e já me sinto como se tivesse sido jogado na solitária sem ter feito nada. O que realmente é uma droga.
- Mamãe... O que a senhora decidiu sobre eu trabalhar?- Vejo o garoto de cabelos vermelhos e olhos cor de mel perguntar timidamente para a mãe, e observo em silêncio o que pode vir a seguir.
Katherine demora um tempo antes de abrir a boca para falar... E enquanto isso, o "não" envolvido em sua resposta é evidente.
- Bom... Cheguei a conclusão de que você ainda não está preparado para trabalhar meu filho.
- Claro né mãe! Para você eu nunca vou estar preparado o suficiente para fazer nada!- Sua indignação é visível, mas ao invés de Kate repreende-lo como tem feito desde que cheguei, vejo a agente ignorar a situação, sabendo que talvez essa será sua melhor jogada no momento.
- Sabe Noah... Você pode ainda não entender o porquê de eu te proteger e te proibir tanto de fazer tantas coisas, mas quando entender de fato, garanto que irá me agradecer por ser assim... Tão superprotetora com você anjo.- Sua resposta sai cheia de sinceridade, que consigo ver através a seu olhar materno sobre o ruivo.
- Eu tenho 18 anos! Você sabe muito bem que tenho consciência e responsabilidade o suficiente para tomar minhas próprias decisões!- Seu tom de voz é alto, e me pergunto se ele tem amor a bunda. Pelo que vi ontem... Katherine Ackson realmente odeia gritos, e não admite que façam tal falta de respeito diante dela.
- Noah, eu entendo que está irritado. Mas se continuar a subir a voz comigo... Não vou me importar nenhum pouco em ter que te virar de bruços nessa mesa e te disciplinar. Você conhece a política daqui de casa, sabe muito bem como tudo funciona comigo, não me faça ter que te ensinar tudo outra vez.- Me sinto constrangido pelo mesmo, mas olhando para a interação de Kate com Noah, consigo observar que em certas partes a mesma está correta ao repreender. Para ser sincero, ela pode até ser exagerada nas punições do mauricinho, mas nas que presenciei, ela de fato teve um motivo consistente.
- Você não pode falar assim comigo mãe, ainda mais na frente dele...- Ergo uma de minhas sombrancelhas ao me ver sendo incluído na conversa e Katherine revira os olhos, o que pessoalmente me soa... Engraçado.
- O que tem de mais eu te tratar assim perto de Dylan meu amor? Ele sabe que você apanha quando faz coisa feia, até mesmo chegou a ver uma de suas punições... Do que mais tem vergonha?- A agente parece tratar a vergonha do filho como algo desnecessário, assim como fez comigo nos dois banhos que recebi em minha estadia aqui.
- Tenho vergonha de ser exposto mãe. Eu não sou uma pessoa sem pudor, que não tem vergonha na cara. Eu sou um cara tímido, fechado e a senhora sabe.- Noah parece desconfortável com tudo, como se estivesse nú ali sentado.
- Eu sei que é difícil meu amor, mamãe sabe. Mas olha... Você terá que se acostumar, já não falamos sobre isso?- A mulher de cabelos escuros custos, olhos esverdeados e de pele branca, solta sua resposta com carinho, parecendo entender bem o que seu filho fala, porém, não podendo fazer nada a respeito.
Já Noah, apenas olha para baixo e começa a finalmente comer seu lanche da manhã. Sinto o clima pesar bruscamente, então resolvo usar de meu bom humor.
- Olha cara... Se você quiser, posso me virar de costas quando ela decidir te bater. Não gosto de ver rola mesmo.- Escuto sua risada baixa, e olho para Katherine, que quase engasga com meu comentário.
- Obrigado pirralho.- Vejo o sorriso de Noah aparecer timidamente, e reviro os olhos para como o mesmo me chama.
- Não agradeça palmadinhas.
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