Capítulo 04
Noah Ackson
EUA. Washington. 16:30. Quinta-feira.
Caminho pelos corredores da base onde minha mãe trabalha, enquanto procuro pela mesma, e sinto meu traseiro arder, a cada passo que dou.
Mamãe bate forte pra caralho.
Sei que faltam apenas meia hora para seu turno acabar, mas quero tentar convence-la a me deixar trabalhar aqui. Não em campo, pois sei que não sou muito bom nisso. Odeio ação. Mas sim aqui na base, como hacker. O próprio diretor Wray me ofereceu a vaga, porém, sei que não posso aceitar sem antes falar com minha mãe. Ela me mataria. Treinei praticamente a minha vida toda para conseguir invadir sistemas de difícil acesso, e sei que sou excelente no que faço! Mas mamãe nunca gostou muito, sempre disse que era pra eu focar nos livros e não em celulares ou computadores.
Mas hoje ela vai me ouvir!
Caminho decidido até a sala de reuniões, onde toda a equipe que mamãe comanda costuma ficar e assim que estou próximo a porta, bato três vezes. Espero pacientemente alguém atender, e sorrio ao ter a porta aberta por Taylor. Um dos agentes que trabalha com minha mãe.
- Noah, que bom te ver rapaz.- Diz me lançando um sorriso não muito aberto, pelo fato que o mesmo é uma pessoa fechada.
- Minha mãe está aí? Preciso conversar com ela.- digo indo direto ao assunto, pois sei que o mesmo está em horário de trabalho e não quero atrapalhar.
- Ela está na enfermaria.- Diz e arregalo os olhos, já pensando no pior.- Calma rapaz, ela está bem.- Explica talvez ao ver minha cara de assustado.
- Então o que ela faz na enfermaria?- Pergunto agora um pouco mais relaxado.
- Ainda não soube da novidade?- Pergunta erguendo uma sombrancelha e eu franzo as minhas.
- Que novidade?
- Vá até a enfermaria. Sua mãe está lá, e ela vai te explicar.- Diz e percebo sua resistência ao me contar.- Tenho que trabalhar agora garoto, até mais.- Vejo ele sorrir e me afasto para que o mesmo não bata a porta em minha cara.
Com isso, fico curioso para saber dessa tal "novidade" e caminho, praticamente correndo, em direção a sala onde fazem curativos. Passo por algumas pessoas conhecidas, mas não me preocupo em cumprimentar. E assim que chego a enfermaria, abro a porta mesmo sem bater, deixando a curiosidade me guiar, e o que vejo me deixa realmente surpreso.
Quem é esse menino? Por que ele está vestido com essas roupas de presidiário? Será que ele é um criminoso?
Cadê minha mãe?
- Vai ficar só admirando minha beleza ou vai falar alguma coisa?- Diz o garoto com deboche na voz e engulo em seco.
- Cadê a minha mãe?- Pergunto com firmeza, e sorrio internamente por isso. Pensei eu que fosse gaguejar.
- Se você que é filho dela não sabe, como é que eu vou saber criança?- Reviro os olhos para como o mesmo se refere a mim, e também para seu tom, que novamente volta a soar debochado.
Quem esse imbecil pensa que é?!
- Escuta aqui garoto...
- Não me chama de garoto não, eu tenho nome, seu idiota.- Esbraveja saltando da maca em que permanecia sentado, e me encara com um olhar perigoso.
Esse pivete está tentando me passar medo? Com um olhar? Sério isso?
- Foda-se o seu nome, garoto. Eu só preciso achar minha mãe, preferia não ter me deparado com você.- Digo arrogante, e o mesmo estreita os olhos, enquanto me encara com ódio estampado.
- Depois que eu encher sua cara de porrada, você vai mesmo chamar por sua mãe, seu besta!- Ele caminha em minha direção, mas não piso em meu ego e me afasto. Apenas cruzo os braços e o encaro como se dissesse.
"Quero ver o machão vir me encher de porrada".
Sou maior que esse pivete! Mais forte! E com certeza mais inteligente! Esse ser só pode ter merda na cabeça, para achar que pode me desafiar assim!
- O que está havendo aqui?- Escuto uma voz familiar perguntar, e prendo a respiração, sabendo perfeitamente de quem se trata. Me viro para trás, e só confirmo o que eu já sabia.
Mamãe está aqui.
- Esse babaca mauricinho veio aqui me incomodar.- Fala o menino do presídio, e cerro os punhos, tentando me controlar, já que mamãe está presente.
- Babaca é sua mãe!- Digo em resposta, não conseguindo ficar calado diante sua provocação.
- A sua, seu...
- Já chega! Calem a boca!- Escuto mamãe dizer em alto e bom tom, enquanto me pega pela orelha, e entra comigo para dentro da enfermaria.
- Está me machucando mamãe...- Digo com as bochechas queimando em vergonha, por saber que ela está fazendo isso na frente do pivete.
- É para machucar mesmo, Noah! As palmadas que você recebeu hoje mais cedo não serviram pra nada?- Quase engasgo com sua revelação, e sinto minha garganta arder em vontade de chorar. Ela está me envergonhando. Mamãe me livra de seu agarre em minha orelha e me afasto alguns passos, conseguindo encarar apenas o chão no momento.- E você Dylan, eu não mandei você ficar sentado na maca até eu voltar?- Escuto a mesma conversar com o menino, que agora sei que se chama Dylan. O que faz minha mente pensar em apenas uma coisa.
Como é que minha mãe o conhece?
_________________FBI__________________
Dylan Ackson
EUA. Washington. 16:46. Quinta-feira.
Encaro embasbacado a mulher louca a minha frente, ainda com o que acabou de acontecer em minha mente.
Ela pegou um menino, quase adulto, pela orelha?
Ela é mãe do babaca?
E por que diabos ela disse que deu palmadas nele?
Ela deu palmadas nele?!
- Eu te fiz uma pergunta Dylan Ackson!- Arregalo os olhos ao perceber que a mesma aparentemente está irritada e respiro fundo, engolindo em seco para responder.
Vai que a maluca decide me bater também.
- Eu desci.- Digo, o óbvio.
- Eu percebi, não era pra ter decido. Eu dei ordens claras que era pra você ficar sentado, você está machucado mocinho.- Vejo ela suspirar pesado.- Mas ok... Volte a se sentar na maca, e tire a camisa por favor.- Pede com educação e resolvo que é melhor obedecer.- Noah, não fique assim meu filho. Não precisa ficar emburrado por causa de um puxão de orelha, aposto que nem deve estar doendo mais.- Diz ao se virar para o pobre coitado das palmadas, mas o mesmo apenas permanece olhando para o chão.
Talvez ele tenha motivos para ser um babaca. Com uma mãe dessas... Até eu seria.
Subo em uma espécie de escadinha que tem diante a maca e me coloco sentado na mesma, logo tiro minha camiseta, deixando meu físico a mostra, juntamente de meus hematomas.
- Quer me dizer o porque disso?- Pergunto fazendo Katherine me encarar, e logo morde os lábios ao perceber a imensidão de meus machucados.
- Quem fez isso com você baby?- Pergunta vindo até mim, parecendo bastante preocupada.- Eles estavam na prisão com você?
- Sim né, isso é óbvio Katherine.- Digo meio grosseiro. Pois não estou acostumado com pessoas como a mesma. Mas mesmo tendo sido mal educado, Kate continua a me olhar preocupada.
- Dói quando encosto aqui?- Pergunta apertando as mãos em meu estômago.
- Aii caralho! Não encosta sua...
- Olha a boca Dylan!- Ela me olha um tanto severa e me calo.- Dói muito?- Pergunta com um olhar clínico sobre mim e me sinto um pouco desconfortável. Nunca gostei de médicos.
- Sim.- Respondo simples.
- Vou tirar um raio-x, para ver se você não fraturou nada por dentro.- Diz decidida e dou de ombros.- Por enquanto preciso que você fique quietinho e colabore comigo.
- Quer que eu colabore exatamente com o que?- Pergunto estreitando os olhos. Esse papo não está me agradando muito.
- Preciso te dar um supositório para dor, mas...
- Você ficou doida?! Não vou usar supositório nenhum Ackson!- Grito assustado com o que a mesma deseja fazer.
- Não grite Dylan, é para o seu próprio bem.- Diz com calma.
- Meu próprio bem o caralho! Vai tomar no seu cu, sua puta nojenta!- Grito em plenos pulmões, enquanto volto a saltar da maca.- Você não vai encostar essa mão pervertida em mim!- Esclareço, não deixando de gritar.
Vejo a mesma me encarar com chamas nos olhos e quase consigo sentir a fúria de Katherine Ackson.
Mas não ligo, essa psicopata não pode fazer nada comigo.
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