Capítulo 03
Katherine Ackson
EUA. Washington. 14:16. Quinta-feira.
Encaro o adolescente de roupas laranjas, de prisioneiro, sentado a minha frente, com a face demonstrando descontentamento. Estou impressionada para como Dylan ainda aparenta ser aquele bebê que peguei anos atrás em meus braços. O garoto realmente não mudou muito. Seus olhos cinzentos continuam os mesmos, lindos, seus cabelos lisos indo com a coloração para o loiro, estão precisando urgentemente de um corte, mas não irei falar nada disso no momento. Estou feliz por ter a oportunidade de vê-lo a minha frente novamente. Mas pelo o que percebi, falta educação e respeito no mesmo. Não posso culpa-lo, ele não deve ter tido a mesma educação de ponta que Noah, ou qualquer outro membro da alta sociedade em sua idade teve. Então terei que ter paciência com o mesmo, pelo menos no início.
Dylan, está com a boca cortada, e pela maneira com que o mesmo adentrou esta sala momentos atrás, sei que seu corpo está machucado de alguma maneira. Desde lhe pus os olhos, estou me segurando em meu lugar para não lhe examinar aqui mesmo.
Odeio quando minhas crianças estão machucadas.
- Como se sente Dylan?- Pergunto ignorando a má resposta que o mesmo havia me dito instantes atrás, preocupada apenas em saber se o mesmo está machucado.
- Estou bem Katherine!- Ele é curto e grosso ao me responder.- Quero respostas, e quero agora!- Exige levantando gradativamente seu tom de voz, e mordo meu lábio inferior, buscando ter o máximo de calma e paciência no momento.
Se ele soubesse o quanto "adoro" gritos...
- Primeira coisa que deve saber sobre mim, Dylan. Eu sinceramente, odeio gritos, odeio atrevimento, falta de educação e acho que você, no mínimo, devia me respeitar!- Digo com seriedade, não levantando a voz, mas falando com a firmeza necessária.- Eu entendo que queira respostas, e te falarei tudo o que sei. Mas antes, temos que esclarecer algumas coisas aqui mocinho.- Encaro o mesmo, buscando alguma reação, e a única que vejo, é uma carranca se formar em seu rosto.
- Esclareça então.- Diz simples, parecendo não se importar muito com o que estou para dizer.
- Sou uma agente do FBI, desde que me entendo por gente. Então, não sou de brincar em serviço, entendeu?- Vejo o mesmo franzir o cenho, mas concordar com a cabeça.
- O que uma Agente do FBI quer comigo? Por que tenho seu sobre nome?- Pergunta, e suspiro pesado.
É agora Ackson.
- Esse é o ponto.- Digo me preparando para o que vou dizer.- A alguns anos atrás, eu e meu pessoal resgatamos você das garras de um traficante russo. Assim que te vi, fiquei encantada com você, um bebê tão ingênuo e indefeso, fiquei admirada. Tanto, que quis lhe adotar.- Explico, não querendo entrar em detalhes. Seria meio triste para um reencontro.- Só que não pude ficar com você, eu era nova, e já tinha adotado meu filho, Noah, o diretor do FBI não concordou com sua adoção. Fiquei arrasada, mas pelo menos pude te batizar, escolhi seu primeiro nome, e te dei o meu sobrenome.- Digo séria ao lhe explicar.
- Ainda bem... Cheguei a pensar que você era minha mãe mano.- Entorto a boca para a gíria que o mesmo solta, e respiro fundo para não dizer nada.
Não dizer nada ainda.
- Bom... não sou sua mãe, ainda... Mas espero que logo eu possa ser.- Digo deixando um sorriso leve escapar.
Não posso negar que estou super feliz para ter Dylan comigo.
- Como assim?- Ele franze a testa ao me escutar, e confesso que acho bonitinho o olhar de interrogação que o mesmo me lança.
- Isso mesmo criança.- Sorrio para ele, a cada segundo que o mesmo parece estar mais perdido. Tão fofo.- O diretor do FBI, o senhor Wray, me deu sua guarda provisória. Significa que estou aqui para te levar para casa.- Explico e vejo o olhar assustado que o mesmo me encara.
- Isso não pode estar certo!- Grita ao se colocar de pé, e suspiro, me levantando também.
- Eu já disse que odeio gritos Dylan.- Digo com certa calma na voz, sabendo perfeitamente que tanta informação deve ter lhe abalado.
- Eu tô pouco me fodendo para o que você odeia!- Berra descontrolado, e bate a mão com força contra a mesa. Tanta força, que chego a me perguntar se sua mão não se machucou.
- Dylan... Não grite, por favor.- Peço sentindo minha paciência ir saindo de fininho.
Eu realmente não suporto gritos, e ainda por cima, esse moleque soltou um xingamento!
Sorte a dele que hoje ainda é seu primeiro dia...
- Não gritar?! Como quer que eu não grite sua...
- Olhe bem o que irá dizer Dylan!- Repreendo cortante, ao perceber que o mesmo diria algo inadequado.- Já chega disso mocinho, não me faça brigar com você!- Vejo ele fechar os olhos, talvez em busca de paciência, e assim que os reabre, o mesmo me encara irritado.
- Você não tem nem o direito de brigar comigo!- Escuto ele dizer, ainda usando um tom alto para falar.
- Sim, eu tenho sim o direito de brigar com você Dylan. Você está faltando com o respeito comigo, crie modos garoto!- Respondo séria, sentindo vontade de dobra-lo nesse instante sobre essa mesa e lhe proporcionar uma longa série de boas palmadas.
Vejo sua ira ir passando aos poucos, e logo o mesmo abaixa a cabeça.
- Me desculpa...- Me surpreendo com sua reação, mas sorrio ao mesmo tempo.
Ele pediu desculpa mesmo ou estou escutando de mais?
- Tudo bem anjinho, está tudo bem.- Tento lhe confortar e sorrio me compadecendo do mesmo, assim que ele levanta o olhar.- Sei que é muito para assimilar de uma só vez, mas quero que saiba que estou aqui para te ajudar.- Tento lhe passar confiança.
- Você vai me tirar daqui?- Concordo rapidamente com sua pergunta.
- Estou aqui para te levar para casa, eu vou cuidar de você.- Digo, e percebo que o mesmo não se contenta com o que digo.
- E se eu não quiser ir?- Franzo o cenho com sua pergunta e sinto meu corpo ficar tenso.
Vou ter que ser rígida agora... Força Kate.
- Você não tem que querer Dylan, eu vou te levar comigo, nem que seja na marra, entendeu?- Pergunto com seriedade para que não reste dúvidas que não quero birras para com esse assunto.
- Eu devia ter escolha, livre arbítrio existe sabia?- Reviro os olhos para sua resposta.
Livre arbítrio é uma merda!
- Comigo não existe livre arbítrio, no máximo você pode ter liberdade de expressão. Vamos embora. Agora.- Mando me lembrando que ainda tenho que trabalhar hoje.
- Eu não quero ir Katherine!- Grita e fecho os olhos para ter paciência com o mesmo. Mas acabo por me irritar.
Olho para o vidro escuro do tamanho de uma janela que está junto a uma das paredes e suspiro. Sei que há agentes ali, que vieram justamente para me ajudar, caso Dylan me desse trabalho.
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Dylan Ackson
EUA. Washington. 14:19. Quinta-feira.
Fico olhando para a agente do FBI, que no momento encara o vidro escuro da sala de interrogatório , ainda em choque. Pois ainda não caiu a ficha que essa maluca quer me levar embora... Eu não quero sair daqui!
- Você vem comigo Dylan.- Ela se vira e cruza os braços me olhando.- Por bem ou por mal.- Sinto um calafrio percorrer minhas costas e logo me lembro que a mesma é uma agente do FBI, ou seja, tem força o suficiente para me arrastar para fora dessa prisão.
Ainda mais com minha estatura... Sei que sou fortinho, mas com a vida difícil, e poucas refeições proporcionadas a mim, me fizeram ter um problema sério com anemia. E o principal problema dessa doença, é a fraqueza.
Se Katherine quiser mesmo me tirar daqui a força, ela não terá dificuldade alguma para o fazer.
Então só por esse, e nenhum outro motivo, vou até a mesma. Sabendo perfeitamente que demonstro meu descontentamento em minha face. Saímos da sala, e logo junto meus punhos para que a mesma volte a me algemar, mas o que recebo é uma expressão confusa da agente.
- Pode colocar.- Digo ao perceber que a mesma não reage.
- Colocar o que?- Pergunta em meio a confusão.
- As algemas ué.- Reviro os olhos e a mesma sorri.
- Você não precisa mais disso, tecnicamente você é meu filho agora, por mais que esteja em prisão domiciliar. E filho meu não será algemado, nem por mim, nem por ninguém.- Por algum motivo desconhecido por mim, acabo sorrindo para o que a agente diz.
Então, assim que fica claro que não serei um criminoso para a mesma, caminhamos lado a lado, em direção a saída da prisão. Olho em volta, e percebo o que estou deixando para trás...
Um monte de merda.
A cada passo que dou em direção a saída, vou me sentindo um pouquinho mais liberto. E assim, tenho que admitir, que estou feliz por estar finalmente indo embora.
Bye bye inferno.
Assim que eu e a agente Ackson passamos pela portaria, um dos guardas do local tenta nos barrar, mas assim que Kate lhe mostra o distintivo o mesmo se afasta, pedindo desculpas.
Pelo jeito, só por ela fazer parte do FBI a mesma tem autoridade sobre os vermes daqui. O que pessoalmente, me trás um pouco de receio.
Se até esses babacas da máxima respeitam essa mulher, acho que estou ferrado se aprontar com a mesma.
Porém... Isso não me impede de tentar.
Saímos do presídio, e assim que coloco os pés na calçada, Kate agarra uma de minhas mãos. Paro de andar no mesmo instante, e lhe olho indignado.
Não é possível que essa doida agora queira me levar pela mão! Eu não sou criança porra! Prefiro mil vezes as algemas.
- Me solta.- Digo sério tentando puxar minha mão para mim. Porém, não consigo, pois a mesma a segura com certa força, e me encara com um olhar cortante.
Fico quieto diante sua atitude e deixo Katherine me conduzir até o estacionamento. Ficando embasbacado para o carro que a mesma desliga o alarme.
Velho, que carro chique da porra...
- Entra.- Diz com firmeza. Então, resolvo obedecer. Dou a volta no carro, e abro a porta, logo entro e me sento no banco do passageiro da frente.- Crianças se sentam nos bancos de trás, Dylan.- Repreende ao se abaixar no vidro, e bufo entediado.
Que mulherzinha chata!
- Ainda bem que não sou criança, não é mesmo Katherine?- Pergunto com ironia ao revirar os olhos.
Saio do carro, e adentro o mesmo novamente, me sentando em um dos bancos de trás, e assim que fecho a porta, bato a mesma com força. Logo Kate também está dentro do automóvel, e dirige rapidamente, para longe dali.
Tomara que essa maluca não seja sempre assim, Madona ao extremo, ou juro que faço o possível para tornar sua vida um inferno.
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