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Discos não são de Deus


Qual membro da equipe é seu favorito?

***

Puxo um dos discos de uma das caixas do expositor. Meus olhos caem direito nas linhas coloridas da capa, que são sugadas para o centro dela; as cores se misturam e causam uma horrível sensação de movimento.(18)

— Mais que droga é essa? — Afasto o olhar. O incômodo visual se vai rápido, assim como surgiu. — Dá uma olhada nisso. — Ergo a embalagem na direção do Cris.

— É só uma capa psicodélica. — Ele dá de ombros sem mover o corpo sequer por um milímetro da sua posição próxima a porta.

— Olhar pra isso não causa uma sensação ruim em você? — Volto o disco para o lugar dele sem arriscar um segundo olhar.

— Ilusão de ótica.(19)

— Você lembra um pouco a Mel, sabia? Esse é o tipo de resposta que espero ouvir dela.

Um baixo ruído escapa da boca do Cris. Ele abaixa a cabeça sem poder esconder de mim o sorriso que tenta conter, mas deixa claro que aquela é toda a resposta que vou receber dele.

Me movo ao longo do expositor.

— Se a loja fosse uma pessoa, o que acha que ela ouviria? — Volto a estudar as capas amontoadas.

— O mesmo que a Mel.

— E o quê a Mel curte ouvir?

— Boa música.

Ergo o olhar e estudo o homem musculoso ainda muito próximo a mim. Cris mantém os olhos fixos no fundo da loja, como se um bandido pudesse se materializar lá a qualquer segundo; a face séria quase me convence de que ele nem mesmo sabe que estou ali.

— Começo a entender porque a Mel xinga tanto vocês.

O homem finalmente perde a postura. A gargalhada do Cris ecoa pela loja, a envergadura do corpo sugere que ele até se dobraria ao meio, se a barriga de tijolos religiosamente treinados, permitisse isso.

— Tente algo do Behemoth.(20) — Nantes caminha pela loja com uma caixa de discos em mãos.

— Eu sei que você só quer ferrar comigo, o do topete. — Acompanho com o olhar os seus passos entre os expositores.

— Como pode ter tanta certeza disso? Nem sabe do que estou falando — ele me desafia.

— Ter certeza que você quer me apunhalar pelas costas, já basta.

— Fazemos parte da mesma equipe, Anakin Skywalker.(21)

— Quem?!

A gargalhada do Cris reverberar novamente pela loja.

— A Mel vai dizer poucas pra você, se ouvir isso, Nantes. — A voz rouca alerta.

Volto a me mover ao longo do expositor.

— Vocês deveriam estar me ajudando.

— Por quê? Não é você o gerente? — Nantes destila sua provocação sobre mim.

— Se a loja cresce, crescemos juntos; se ela afunda, morremos todos afogados.

A alto topete se move além expositor, Nantes gruda os olhos nos meus e não tenta disfarçar seu sorriso debochado.

— Antes desse barco afundar, a Mel chuta você pra fora dele, e não sou eu quem vai gritar "homem ao mar".

— Chega, Nantes. — A voz do Cris perde todo o humor. — Você ainda vai comprar uma briga feia com a Mel.

Algo estala alto no segundo andar da loja.

— Eu vou arrebentar com a cara do Fábio!

A escada de ferro treme com as pisadas duras, que recebe da pequena loira. O ecoar do ferro lembra gritos de dor. O celular preso entre os seus dedos, parece preste a se quebrar com a pressão.

— Fique aí mesmo. Se tranque em um quarto. Estou indo buscar você — ela continua a gritar para o aparelho.

Tudo se passa tão rápido, que quase perco o momento em que a montanha de músculos cruza a loja e bloqueia a entrada da copa.

— Saí da minha frente, Cris. — Mel afasta o celular do rosto. — Eu não estou pra brincadeira.

A loira não se deixa intimidar pelo homem e o encara frente a frente. Ela não desvia o olhar nem mesmo quando os braços musculosos se cruzam em um movimento lento e resoluto.

— O que tá pegando? — A voz rouca traz calma e autoridade como só ela sabe fazer.

— Não me ouviu berrar no celular? — Mel devolve a pergunta, irônica.

— Que você quer arrebentar a cara do Fábio, eu já entendi, eu quero motivos, baixinha.

— Agora não, Cris, depois eu conto tudo.

Mel tenta desviar da montanha à sua frente, mas um único braço esticado foi o necessário para a impedir de passar.

— Você só sai daqui depois de me explicar tudo — Cris íntima.

— Uma das amantes do Fábio apareceu na casa dele, falou um de monte merda pra Fran e ainda acertou um tapa na cara dela. — O pequeno punho se estica à frente do corpo. — Posso ir agora?

— Não está em condição de dirigir.

— O caramba que não estou! — O corpo magro da Mel se enrijece. — Saí da minha frente, Cris.

— Eu busco a Fran. — O outro determina.

A mão masculina agarra o pequeno punho. A mulher resiste. Os braços guerreiam. Há um rápido movimento de perna.

— Porra, Mel! — Cris tira o pé de perto dela, movimenta o braço com habilidade e ergue o punho vencedor. — É melhor eu ficar, não acredito que esses dois consigam deter você agora, o Nantes busca a Fran.

— Nantes?! — Mel não tenta disfarçar a descrença em sua voz.

— Nervosa como está, vai bater o carro antes de encontrar a Fran — Cris justifica.

— Vou bater com a porra do carro naquele desgraçado.

— Eu não duvido de que é capaz de fazer isso. — Cris ri.

O alto topete desfila pelo o corredor e segue em direção a eles.

— Deixa comigo, Mel. — Nantes deposita a caixa de discos sobre o balcão. — Eu cuido disso.

— Com esse tamanho todo? — A loira volta para a escada e se deixa cair sentada sobre o degrau. — Tente ao menos chutar a canela do Fábio por mim.

— Temos praticamente a mesma altura, falou? — Nantes rebate.

— Praticamente é diferente de igual. — Mel joga o seu olhar frio sobre ele. — E eu não tenho a sua pacificidade.

— Agiliza, Nantes. — Cris joga a chave, que tomou da Mel, para ele. — Daqui a pouco a baixinha vai ter outro ataque de fúria.

— E, dessa vez, vou despejar ele em cima de você, Cris. — Ela move seu olhar para ele. — Você está me irritando hoje.

— Pode vir, baixinha. — Cris sorri com provocação. — Eu dou conta de você.

Nenhum dos dois parece notar que o Nantes já deixou a loja.

— Sabe o que mais me irrita? — O olhar da Mel não deixa a face do Cris. — Ela vai chorar litros e depois voltar pra aquele desgraçado.

— Nem você ou eu somos parâmetros pra tentar explicar as atitudes da Fran, somos racionais demais pra isso.

— A Fran é coração... — Mel se levanta, guarda o celular no bolso da calça e segue até a caixa deixada sobre o balcão. — E o Fábio um maldito egoísta safado, ele pouco se importa com o sofrimento que causa a ela.

Os braços finos da Mel mergulham na caixa e voltam de lá com um punhado de discos. A face clara não tenta esconder toda a sua irritação, o andar duro também não.

— Não podemos fazer nada. — Cris volta para o seu posto. — A Fran é a única que pode botar um fim nessa história.

Mel caminha pela loja com propriedade, os olhos nem mesmo buscam as placas de identificação nos expositores, ela apenas guarda os discos certa do que faz. Os passos precisos a trazem para perto de mim, e mesmo que as íris castanhas estejam focadas no último disco que tem em mãos, um ar triste parece emanar delas.

— Por que está parado aí feito uma pedra? — Ela guarda o disco. As íris castanhas buscam os meus olhos e despejam de uma só vez toda a sua tristeza sobre mim.

— Eu fiquei perdido com tudo o que aconteceu.

— E por que ainda não temos nenhuma música tocando?

— É que...

A palma se estira em frente ao meu rosto.

— Você não sabe o que colocar pra tocar. — A loira me dá as costas e se move para longe. — Me desculpe por isso, você não gosta dos discos e ainda não tem nem um mês completo aqui. Erro meu.

Por algum motivo, a lembrança de seu olhar triste quase me convence de que ela se importa com a sua funcionária. Por algum motivo, a serenidade em sua voz quase me convence de que ela não me culpa.

"É tudo parte do jogo. A maldita sabe jogar."

Mas, por algum outro motivo, eu não consigo afastar os meus olhos dela; não consigo me vestir de autodefesa; não consigo mostrar a ela que dou conta de qualquer coisa só.

Mel apanha um disco e caminha até o aparelho ligado ao sistema surround da loja.

— Tente esse. — Ela me mostra o objeto em sua mão, antes de o deixar sobre o toca discos.

— Se chegar algum cliente, me chamem, estou logo aqui na copa. — Mel deixa a loja, sem lançar um último olhar para trás.

Sigo até o toca discos. Saber que sei operar aquele aparelho, não restaura o meu autocontrole, porque também sei que não consegui escolher um único maldito disco para colocar para tocar.

Apanho o vinil e observo a ilustração, ou talvez seja uma foto antiga, de vários homens em um PUB(22). A capa combina perfeitamente com a fachada da loja, com a Mel, com a própria loja, e aquilo desperta em mim um sentimento de derrota.

"Escolher um disco não é grande coisa pra quem compra eles todos os dias. Essa jogada foi fraca."

Retiro o disco da capa, o alinho no aparelho e deposito a pequena agulha próxima a borda.

Som de batidas de coração ecoam do sistema surround e, de repente, um rock antigo começa a tocar(23). A melodia animada consegue sozinha trazer vida para a loja ainda deserta de clientes.

— Isso é a Age of Vinyls. — A voz do Cris vem da frente da loja.

Internamente, admito que a Mel e a loja são uma só, mas isso não resolve em nada o meu problema. O disco que toca durará em torno de uma hora, e a loja permanecerá aberta por no mínimo oito.


✩✩✩✩✩


Nem eu mesmo consigo acreditar no que vejo. A loja tem pelo menos um cliente em cada corredor, e outros no balcão sendo atendidos pela Fran e pelo Nantes. Pelo horário, aquele número de pessoas comprando não é nenhuma novidade, a novidade é que finalmente vejo sorrisos, corpos arriscando uma dança contida, o relógio completamente esquecido por todos.


Woah, we're half way there

Woah, livin' on a prayer

Take my hand, we'll make it I swear

Woah, livin' on a prayer(24)

https://youtu.be/lDK9QqIzhwk


Do corredor principal da loja, mais do que posso ver bocas se movimentarem ao meu redor, posso reconhecer as letras do refrão da famosa canção do Bon Jovi, ser sussurrada por quase todos ali. Até mesmo a Fran, depois de chegar abalada e insistir para a deixarem trabalhar, agora sorri.

Alcanço um disco qualquer na caixa mais próxima, aponto o celular para ele e, antes de bater a foto, estudo a imagem da capa pela tela. Ainda assim, aquele disco não me remete a nada, nenhum texto, nenhuma piada, eu simplesmente não sei o que fazer com aquilo.

— Andi?

Movo o olhar e observo a Mel caminhar em minha direção. Pela primeira vez a vejo mover quadril com um suave balançar; os braços acompanham o ritmo do corpo, a mão esquerda sobe sedutora e alinha os longos fios de cabelo; a face clara finalmente deixa um pouco da seriedade de lado.

Aquela mulher sabe ser muito sexy, desde que não abra a boca.

— Você está de parabéns. — Ela para a minha frente, sorridente. — Tinha razão sobre a música, os clientes estão muito satisfeitos.

— Parece que divulgar mal os discos não foi o seu único erro, não é mesmo? — Encaro ela desafiador sem conseguir deixar passar a chance de a provocar.

— Pode até ser, mas lembre-se de que fui eu quem escolheu cada um dos discos dessa trilha sonora.

— Apenas um detalhe. — Dou de ombros.

A loira ri, indiferente a minha pose.

— Foi um bom trabalho em conjunto — ela insiste.

— Só trabalho em conjunto se eu for o líder.

— Você até pode liderar, mas no final, é o resultado da equipe que importa. — Ela passa por mim e segue em direção a porta. Me viro e acompanho os seus passos; por um segundo, penso que irá sair, mas então, o pequeno corpo desvia e segue até o Cris.

A interação entre os dois começa tranquila, até que a face do Cris se torna tensa. Ambos falam bastante, mas é impossível ouvir algo com a música tocando no sistema surround. De repente, Mel se vira e caminha novamente em minha direção, aquele balançar de quadril se foi por completo e trouxe de volta o andar tenso.

— E quanto a banda para o show? — ela pergunta minutos antes de atingir a minha posição.

— Tudo certo. Combinei de acertar o cachê no dia do show.

— Ótimo. — Mel passa por mim e segue para a escada, sem se dirigir a mais ninguém.

Algo me leva a buscar a face do Cris novamente. Encontro o olhar sério dele fixo em mim; os braços cruzados naquela pose durona, que só ele consegue fazer; chego a suspeitar de que quer me dizer algo, mas nossa interação termina aí.




***

18 — Capa: O disco referido no parágrafo é o X da banda X (101) lançado 2014.

19 — Ilusão de Ótica: "Ilusões nos enganam por vários motivos

Objetos adjacentes podem influenciar a forma como você vê as coisas. Ou diferentes perspectivas pode mudar sua visão sobre um objeto.

Às vezes, ilusões funcionam devido a deficiências na anatomia normal de nossos olhos.". Texto integral EM: ÓTICA, como funciona a ilusão de. Por Thaís Stein. www.hipercultura.com

20 — Behemoth: Banda polonesa fundada em 1991. EM: https://behemoth.pl/

21 — Anakin Skywalker: Personagem do filme Guerra nas estrelas. Skywalker é o humano que traí a ordem Jedi, seduzido pelo lado negro da força, ele passa a ser conhecido por Lorde Darth Vader. Saiba mais EM: https://www.starwars.com/

22 — Disco referido no parágrafo: O disco em questão é Sports da banda Huey Lewis And The News lançado em 1983.

23 — Música referida no parágrafo: Em: Roll, The Heart Of Rock &. Sports. Huey Lewis And The News. Rhino Entertainment. Produtor: Bill Szymczyk, 1983

24 — EM: PRAYER, Livin' On A. Slippery When Wet. Bon Jovi. Little Mountain Sound Studios (Vancouver, British Columbia), 1986

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