Capítulo XVI
Mais tarde descobrimos que o nome do bebê é Djevá e que ele ainda tem 10 meses de idade. Sua mãe morreu no parto por isso foi deixado no orfanato pelo pai poucos dias após o nascimento.
Eu e o Rodrigo decidimos que íamos adotá-lo no dia que o vimos, já que nós o escolhemos e ele nos escolheu. Não havia a menor possibilidade de eu voltar pro Brasil sem meu filho.
Isso mesmo, meu filho.
Sempre tive medo da maternidade, por isso tomei todas as precauções possíveis para não engravidar até agora, mas por ironia do destino, eu encontrei aquele príncipe.
O Djevá é um menino tão doce, amoroso, meigo, e demonstra se sentir tão bem quando está com a gente, que me faz esquecer qualquer dúvida que eu já tive sobre ser mãe.
É como o sentimento de medo que eu tinha sobre relacionamentos, mas foi só o Rodrigo chegar que ele desapareceu com o tempo. A diferença é que com o Djevá, o medo sumiu assim que peguei-o no colo.
O processo de adoção seria ainda mais demorado por conta de ser em outro país, mas o Rodrigo fez o máximo para que no Brasil a papelada fosse apressada.
Acordei e depois de alguns minutos, me levantei. Escovei os dentes, fiz um coque no cabelo, vesti uma camiseta branca, uma calça legging preta, um tênis e peguei meu óculos de grau.
Assim que saí do quarto, vi o Djevá sentado em uma espécie de cadeirinha em cima do sofá, super focado no desenho que estava passando na televisão.
Eu e o Rodrigo estamos passando por algo que, no Brasil, é chamado de "estágio de convivência", onde a criança adotada passa um tempo morando com os futuros pais adotivos para criar laços afetivos e confirmar se, depois da adoção, eles irão se adaptar.
Olhei um pouco para a direita, e vi Rodrigo sentado em volta da mesa, de costas para mim. Aproveitei que ele estava concentrado no Djevá e caminhei silenciosamente em sua direção.
— Nem tenta me assustar, eu já vi você. - revirei os olhos.
— Sem graça!
— Bom dia, preta. - me abraçou sorrindo, ainda sentado, quando me aproximei.
— Bom dia, amor. - lhe dei um beijo - Que horas ele acordou? Nem ouvi ele chorar.
— Ele não chorou. Quando levantei, vi ele acordado no berço, brincando com a pelúcia.
— Nosso bebê é tão calminho. Perfeito para nós dois! - sorri e ele assentiu - Você trocou a fralda dele?
— Uhum.
— E a mamadeira?
— Já dei também.
— Nossa. Que isso, em?! - ele riu e eu me virei indo em direção ao sofá - O papai tá esperto, né filho?! - dei o primeiro passo, mas antes de dar o segundo, senti um impacto forte na minha bunda.
— Ai, amor. Esse doeu!
— Desculpa. - riu - É que essa calça te deixa gostosa demais. - sacudi a cabeça e voltei a andar.
Antes mesmo de me aproximar do sofá, o Djevá me viu e começou a ficar inquieto na cadeira, enquanto ria.
— Habari za asubuhi (bom dia), meu príncipe! - disse com uma voz fofa e peguei-o no colo - Dormiu bem, meu amor? Conta para mamãe.
Já decidimos que não vamos deixar o Djevá se esquecer da língua materna dele, por isso eu e o Rodrigo estamos tentando aprender o máximo de suaíli enquanto estamos aqui no Kampala.
Rodrigo me abraçou por trás e sorriu ao ver o Djevá falando algumas palavras meio incompreensíveis.
— Vou trocar de roupa, depois nós vamos, tá?! - disse depois de beijar meu pescoço e eu assenti.
Mesmo tendo que levar o Djavá para o orfanato junto com a gente, eu e Rodrigo nos esforçamos para não tirar nosso foco do projeto, mas, por incrível que pareça, até que é fácil dividir nossa atenção entre ele, as outras crianças e as obrigações no orfanato.
Chegamos no local que estamos hospedados um pouco mais tarde que o normal, por volta das 19:20.
— Vai lá tomar banho, amor. Você está mais cansado! - disse tirando o tênis - Enquanto isso, eu dou banho no Djevá.
— Tá bom, já volto. - disse indo pegar a toalha.
— E você, neném? - me aproximei do carrinho - Wacha tuoge? (vamos tomar banho?)
Depois de dar banho, trocar a fralda e colocar roupa no Djevá, fui até o banheiro novamente para tomar o meu banho. Foi muito relaxante sentir aquela água quentinha relaxando meus músculos depois de um dia cansativo.
Vesti um pijama de seda, o short e a blusa eram de um tom meio champagne e não tinham estampas.
Sorri ao chegar no quarto e ver Rodrigo deitado na cama, ao lado de Djevá, brincando com pequeno enquanto o mesmo soltava gargalhadas altas.
Eu amo ver as interações do meu marido com o nosso filho. Bastou apenas três semanas de convivência com aquele garotinho para eu ver o pai incrível que o Rodrigo é.
— Você não vai entrar?
— Estou admirando vocês. - ele sorriu ao me olhar rapidamente - E pensando sobre algumas coisas.
— Que coisas? - franziu o cenho e eu respirei fundo.
— Eu tô preocupada, amor.
— Espera só um pouquinho, filho. Preciso dar atenção pra mamãe agora! - disse se levantando da cama e vindo na minha direção - O que está te preocupando?
— Sua volta para o Brasil!
O combinado era passar só uma semana no Kampala, mas acabamos ficando um mês esperando a adoção sair. O problema é que o período de férias do Rodrigo acaba daqui dois dias, e por ter muitas operações na delegacia que só ele pode resolver, ele precisa voltar para o nosso país amanhã.
— Ôh, preta. - respirou fundo e me abraçou - Achei que isso não estivesse incomodando você.
— Não está me incomodando. Eu só não quero acreditar! - sorri.
Eu e o Rodrigo conversamos até decidirmos que seria melhor ele voltar para o Brasil, e eu ficar aqui no Kampala até a adoção ser aprovada legalmente. O lado negativo é que ainda não há previsão de quando isso vai acontecer, ou seja, não faço ideia se vou ver meu marido de novo daqui 1 semana ou 1 mês.
— Sabe que eu ficaria com vocês se pudesse escolher, né?!
— Claro que sei, amor. - levantou meu rosto para que pudesse encarar meus olhos.
— Vai dar tudo certo. Prometo. - fiquei na ponta dos pés para alcançar seus lábios, depois ele me abraçou outra vez.
Confesso que não dormi direito aquela noite. Fiquei pensando em quanto tempo minha família poderia ficar separada!
Em um piscar de olhos, já estávamos no aeroporto esperando o horário do voo.
Rodrigo não queria perder nem um segundo com o Djevá, por isso ficou o tempo todo com ele nos braços. Eu conheço meu marido, tenho certeza que está sendo ainda mais difícil para ele ter que ir embora.
Quando faltavam 5 minutos, ele deixou um beijo na testa de Djevá, entregou-o para mim, e logo em seguida me puxou para um abraço.
Assim que seus braços circundaram meu corpo, senti meu peito doer por ter que vê-lo partir.
— Vou te dar duas missões que você deve cumprir antes de nós voltarmos para casa. - eu disse sorrindo - Avisar, tanto a minha quanto a sua família sobre o nosso filho, e decorar o quarto dele.
— Sozinho?
— Uhum. - sorri e o voo dele foi anunciado.
— Te amo, filho. - acariciou o rostinho dele - Te amo, preta! - beijou minha testa.
— Nós também te amamos!
Rodrigo foi em direção à fila de embarque enquanto eu o observava, poucos instantes depois ele já sumiu do meu campo de vista.
Daqui três dias preciso voltar a tratar dos negócios da Mt' e das outras empresas, mas vou resolver todos os assuntos à distância.
— É, filho. Agora somos só nós dois!
*Relevem os erros, por favor.*🥺
O menino nem chegou na família direito e os problemas já começaram. Nosso casal não tem 1 minutos de paz, gente!😂
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