Capítulo III
Hoje, sábado, completam 2 meses que eu e Rodrigo reatamos o namoro. Minha família sempre nos apoiou muito, por isso posso dizer com certeza absoluta que eles - depois de mim, é claro - foram os que mais ficaram felizes por termos voltado.
A Carol e o Murilo precisaram resolver algumas coisas e pediram para eu cuidar da Ariella e do Theo durante o dia. Eu e o Rodrigo quase não nos vimos durante a semana porque ambos estavam ocupados por causa do trabalho, e como ele estava com saudade, resolveu passar aqui em casa para me ver.
Assim que abriu o portão, a Ella correu para os braços dele do mesmo jeito que faz comigo quando me vê.
— Eae, princesa. - ela sorriu quando ele a pegou no colo - Tá dando muito trabalho pra titia?
— Mais ou menos. - ela disse fazendo um sinal com as mãozinhas.
— Isso aí! - semicerrei os olhos ao abrir a boca em surpresa.
— Você fica ensinando essas coisas para ela, depois quem sofre é a Carol e o Murilo, viu bonitão! - disse ao vê-lo colocar a Ella no chão e chegar mais perto.
— Mentira porque eu falo para ela dar trabalho só quando estiver contigo. - dei um tapa em seu braço e ele riu - Eae preta, como você tá? - me deu um selinho.
— Exausta. - fui sincera - A Ariella não parou de correr um segundo e esse meninão aqui tá lutando contra o sono à horas. - olhei para o Theo que estava com os olhinhos pesados.
— Eu posso fazer ele dormir, se quiser. - Rodrigo sugeriu.
— Eu ainda não dei banho nele.
— Eu dou, pode deixar. Vem cá, garotão!- passei o Theo para seu colo - Você precisa descansar um pouco.
O Theo era muito diferente da Ella fisicamente, com quase 10 meses de idade, a pele dele já tinha o tom um pouco mais escuro que o de sua irmã, e o cabelo era tão escuro quanto o de Murilo. As únicas semelhanças entre os irmãos eram os cachos e as sardinhas no rosto.
— Você também Ariella, pode juntar os brinquedos que você espalhou e depois vai tomar banho. - ela fez menção de chorar - Eu não vou falar de novo!
Mesmo um pouco chateada, ela fez o que eu pedi. Passados uns minutos, subi as escadas para verificar se a Ariella não estava fazendo muita bagunça no banheiro, depois fui até meu quarto e vi Rodrigo colocando fralda no Theo.
— Até hoje eu fico chocada com a sua facilidade para cuidar de bebês. - ele sorriu - Você tem algum filho e não me contou, Rodrigo?
— Claro que tenho, um dia te levo para conhecer ele. - sorrimos - Eu gosto muito de crianças, acho que é por isso que tenho tanta facilidade!
Agilmente ele passou os produtos que a Carol havia mandado e colocou a roupa em Theo. Assim que Rodrigo o colocou em seus braços, o pequeno relaxou o corpo e deitou a cabeça em seu ombro.
Quando saímos do banheiro, encontrei a Ella saindo do quarto.
— Ah agora sim, minha princesa tá limpinha! - peguei-a no colo - O que você quer fazer agora?
— Filme, titia.
— Qual filme você quer ver?
—Shrek. - disse animada.
— Essa é minha garota, só gosta dos clássicos! - dei um beijo em sua bochecha e segurei sua mão ao colocá-la no chão.
Quando descemos as escadas, Rodrigo ficou na sala com o Theo enquanto eu e a Ella fomos escolher a pipoca. Voltamos para a sala assim que deixamos a pipoca no microondas e fiquei boquiaberta ao ver Rodrigo colocando o Theo no sofá.
— Eu não acredito, isso é impossível! - disse e ele me olhou - Fiquei duas horas com esse menino no braço e ele nem sequer cochilou. - Rodrigo sorriu.
— O pai tem dom, né?! - afirmou rindo enquanto ajeitava as almofadas para que meu sobrinho não caísse.
Quando a pipoca ficou pronta, me sentei ao lado do Rodrigo e a Ariella deitou a cabeça em uma das minhas pernas, enquanto eu fazia carinho em seu cabelo.
— Ela dormiu? - Rodrigo perguntou e, depois de conferir, assenti com a cabeça.
— Acho que ela estava cansada, já que ficou correndo e brincando o dia inteiro.
Rapidamente, Rodrigo pegou uma almofada, colocou-a em cima da minha outra perna e deitou em meu colo também.
— Tenho novidades para te contar, mas não é sobre mim.
— Novidades? - assenti - Que novidades?
— Durante esses últimos meses, aconteceram 2 coisas boas. A primeira é que o Dante e o Henrique entraram na fila para realizar adoção.
— Sério? - perguntou e eu assenti sorrindo - Que ótimo, amor. Imagino que eles devem estar bem felizes, já que os dois queriam muito!
— E estão. Eles até choraram quando vieram me contar! - sorri.
— E qual é a segunda novidade?
— O Noah descobriu que tem uma filha. - ele arregalou os olhos e levantou um pouco a cabeça.
— Que? Como assim?
— Pois é. Se eu não me engano, ele descobriu uns 2 meses depois que nós terminamos.
— Como isso aconteceu, preta?
— Você sabe como que aconteceu, amor. - ele revirou os olhos.
— É óbvio que eu sei, besta. - sorriu - Quero saber quem é a mãe? Se ela escondeu a gravidez?
— O nome dela é Bianca. Os dois se conheceram em uma festa, ficaram só uma vez e tiraram a sorte grande! - sorri e comecei a mexer no meu celular - Quando ela contou, a bebê já tinha uns dois meses de idade. A Bianca disse que o objetivo era nem contar para o Noah, mas como a Flávia nasceu com a cara do pai, ela acabou cedendo porque, um dia ou outro, ela iria precisar falar quem era o pai da filha dela.
— Nossa. Se eu estou em choque, imagina ele!
— Ele ainda está se adaptando, mas olha aqui, quem consegue resistir a essa fofura? - mostrei a tela do celular para ele.
— Que gracinha. - sorriu - Ela é mesmo a cara dele!
— Nem precisou de teste de DNA. - rimos - Ele e a Bianca decidiram que vão criar a Flávia juntos, mas não como um casal.
— Eles vão precisar de muita maturidade e muito diálogo.
— Verdade. Mas, sendo bem sincera amor, tem dado mais certo que muitos casais/ famílias por aí!
— Que continue assim, então.
— É. - fiz uma pausa - Já que nós estamos falando desse assunto, posso te fazer uma pergunta? - disse enquanto acariciava seu cabelo e ele assentiu - Mas, não fica bravo comigo, por favor.
— Por que eu iria ficar bravo com uma pergunta? - virou para me encarar.
— Não sei se você se sente à vontade para falar desse assunto.
— O que você quer saber, meu amor? - me olhou carinhosamente.
— Por que você nunca foi atrás da sua mãe? - ele respirou fundo - Você disse que, antigamente, não ia atrás dela por causa do seu pai, mas agora ele não pode mais impedir. Além de ser um direito seu também! - ele pensou um pouco.
— Não sei, acho que no fundo tenho um pouco de medo do que vou encontrar. E se eu for rejeitado? - perguntou ao me olhar - Eu tinha 3 anos quando ela foi embora, às vezes não tem lugar para mim na vida nova que ela construiu.
— Você só vai saber se for atrás dela, amor.
— Acho que não tenho coragem de fazer isso sozinho.
— Eu vou com você!
— Sério? - sorriu.
— Você esteve comigo no meu pior momento, nada mais justo que eu retribuir da mesma forma. - encarei-o enquanto acariciava seu cabelo - Conta comigo para tudo.
— Eu te amo! - sorri ao ouvir aquilo e me inclinei para lhe dar um beijo.
Não tenho dúvidas que Rodrigo estava sendo sincero, mas ainda não conseguia dizer a mesma coisa e me sinto aliviada por ele entender meu lado.
— Vai estar ocupada amanhã? - neguei - Vou tentar achar dados recentes sobre a minha mãe hoje, e se ela ainda estiver morando aqui no Rio, nós vamos até a casa dela amanhã. Pode ser?
— Claro.
Sempre quis que Rodrigo encontrasse sua mãe porque sei o quanto ele sente falta dela, mesmo os dois tendo sido separados muito cedo.
O resto do dia passou bem rápido, Carol e Murilo buscaram os meninos por volta das 19:30, já Rodrigo foi embora só depois das 21:00.
Arrumei algumas coisas em casa para passar o tempo, olhei alguns e-mails da empresa, jantei e fui dormir. Por volta das 01:40 da manhã, recebi uma mensagem:
"Eu achei a minha mãe, amor. Ela ainda está morando no Rio!" - Amor.
Falei que estava feliz - o que realmente era verdade - e logo em seguida, combinamos o horário que iríamos até a casa dela.
Fiquei em ligação com ele por um bom tempo porque sabia que ele não conseguiria esquecer ou deixar a ansiedade de lado sozinho, então fiz companhia até ele dormir.
Ao acordar, fiz toda minha rotina matinal, vesti um vestido tubinho simples juntamente com uma sandália rasteira. Fiz um coque no cabelo, peguei meus óculos de grau e desci as escadas.
Era umas 11:00 quando Rodrigo apareceu lá em casa, e mesmo tendo dormido algumas horas, seu nível de inquietação mostrava o quão apreensivo ele estava.
Quando estacionamos o carro em frente à uma casa um tanto quanto humilde, ele começou a apertar o volante enquanto engolia seco.
— Ei, olha para mim. - disse e ele me encarou - Fica calmo, vai dar tudo certo!
— Não sei não, Aksa. - disse apreensivo - Estou começando a achar que não foi uma boa ideia ter vindo aqui!
— Não vou te pressionar, podemos ir embora agora, mas sei que não é isso que você quer fazer, amor! - fui sincera e lhe abracei depois de um tempo - Estou aqui para o que você precisar, tá?! - ele assentiu e depois me deu um beijo demorado.
— Obrigada! - sussurrou.
— Vamos? - ele olhou pela janela outra vez e assentiu novamente.
Assim que ficamos em frente ao portão da casa, Rodrigo travou. Eu estava tão aflita que tive vontade de bater a campainha em seu lugar, mas sabia que era ele quem devia dar esse passo, por isso apenas segurei em sua mão e sorri quando ele me olhou de volta.
Novamente vi seu peito se movimentar lentamente algumas vezes, e depois de seus olhos ficarem fechados por alguns segundos, ele finalmente tocou a campainha.
Agora é a hora da verdade.
*Relevem os erros por favor e mil desculpas pelo atraso.*🥺
Preparados para conhecer a sogra da Aksa? 😁
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