Olá pessoal. Mais um capítulo de after postado. Após lê-lo, por favor me deixem seus comentários, pois eles sempre me deixam animada para continuar. Beijos, Rosana.

Amybeth

O pesadelo tinha começado, e não era algo pequeno. Amybeth não esperava que fosse tão rápido ou que seu nome estaria envolvido naquele tipo de coisa, mas os comentários estavam em todos os sites mais famosos da Internet, e apesar de ser apenas especulação, pois ninguém ainda tinha como provar o que estava circulando como apenas um boato, Amybeth sabia que a semente da dúvida tinha sido plantada, e não era o que ela ou Lucas desejavam.

Ela sequer pensava se podia culpá-lo por ter colocado a ambos naquela situação, pois não fora intencional, mas sim algo impensado e levado pelo calor do momento, porém cada vez que lia a manchete colocada em tom malicioso nos sites com os dizeres: O que está rolando entre os atores Amybeth Macnutty e Lucas Jade Zumman? Será que levaram para a vida real o relacionamento amoroso dos Personagens Anne e Gilbert da série Anne with an e? - Ela tinha vontade de gritar de raiva porque fora idiota e deixara aquilo acontecer.

Amybeth simplesmente odiava ser o centro das atenções, e odiava mais ainda que sua vida amorosa fosse exposta ao mundo inteiro como se o que ela e Lucas estavam fazendo fosse errado e obsceno. As pessoas não entendiam que os atores tinham uma vida longe dos holofotes, e que tinham o direito de preservá-la sem escancarar aos quatro ventos sua intimidade. Então, manter segredo sobre relacionamentos era o que a maioria fazia para não ter a sua vida transformada em um reality show. Por isso, ela e Lucas tinham combinado de manter seu relacionamento longe da mídia até que o filme estivesse terminado, e só depois assumiriam alguma coisa, se ainda estivessem juntos.

Contudo, todo o plano havia sido arruinado, simplesmente porque ela não soubera conduzir aquele relacionamento de forma tranquila, assim como Lucas não controlara seu ciúme em público, justamente onde havia paparazzi curiosos e loucos por um furo de reportagem ou uma fofoca quente, e Lucas acabara, dando a ele exatamente o que queriam.

Ela suspirou, e jogou o celular do lado, irritada demais para continuar lendo tanta bobagem. Desde que os boatos começaram a circular em todos os veículos de comunicação, ela saía do quarto apenas para fazer as refeições com o resto do grupo, e ir para as gravações, mas ela acabara desistindo da primeira ao ver os olhares acusadores de Kyla sobre ela, e as tentativas de Lucas de se aproximar. Ela não falava com ele a dois dias, e sua caixa de mensagem estava cheia de áudios dele lhe pedindo desculpas, e implorando para que pudessem conversar. Porém, Amybeth não respondera a nenhum deles, não porque estivesse zangada, mas, porque queria evitar dar mais motivos para as pessoas falarem de ambos, pois não havia lugar seguro para eles agora, e até suas caminhadas na praia tiveram que ser canceladas por conta do assédio dos fãs, e da Imprensa que parecia ter um radar sempre ligado, sabendo exatamente onde ela estava e com quem.

A tendência disso tudo era piorar agora que estavam contracenando juntos de novo, e Amybeth podia bem imaginar que tipo de histórias iriam inventar sobre eles serem outra vez par romântico no filme Romeu e Julieta. O que ela se perguntava era se suportaria três meses daquela prisão social, e quase se arrependia de ter vindo para o Canadá e se envolver naquela situação.

Entretanto, ela sabia que seu amor por atuar era maior que qualquer coisa, e daria um jeito de conviver com os paparazzi na sua cola, porém, o que ela ainda não sabia era como agiria sobre suas saídas com Lucas, porque era a isso que tudo aquilo se resumia. Eles não estavam namorando, e felizmente nada mais sério acontecera entre eles além de beijos e carícias mais quentes, então, talvez fosse uma boa ideia darem um tempo até que as coisas se acalmassem, mas, Amy não sabia se depois que estivera com ele do jeito que sempre sonhara, ela conseguiria se afastar de Lucas, e manter apenas a amizade que tinham antes.

Sua paz de espírito estava em jogo e também seu coração, que lutavam uma guerra ferrenha dentro dela a exatamente dois dias. No entanto, nenhum e nem outro tinha vencido ainda, embora ela soubesse que teria que escolher um lado logo, e qualquer um lhe traria efeitos colaterais absurdos.

Amybeth se deitou na cama, olhando para o teto, enquanto seus dedos brincavam com seus fios ruivos espalhados pela colcha branca que cobria sua cama. Ela sentia falta da companhia de Lucas tanto quanto sentia de seus beijos, e estava sendo duro ficar longe, principalmente com a insistência dele em se falarem. Felizmente, ele tivera bom senso e não aparecera em sua porta , pois ela sabia que se ele tivesse feito isso, com certeza o deixaria entrar, e uma boa conversa não era tudo o que teriam dentro daquelas quatro paredes.

Seu celular tocou, e ela suspirou alto pensando que pudesse ser Lucas, mas, quando olhou para a tela, Amy viu que era sua mãe, e um sentimento de culpa logo a invadiu ao se lembrar que não ligara para ela nenhuma vez nos últimos dias. Ela se apressou em atender e acabou sorrindo ao ouvir a voz sempre animada de sua mãe do outro lado da linha.

-Oi, querida. Como você está se adaptando à nova rotina?

- Estou bem, mamãe. O enredo do filme é incrível. Estou tão animada.- Amybeth disse. Não queria contar a mãe os contratempos que estava tendo, por isso, deixou que ela soubesse apenas a parte boa, mas, a pergunta que ela fez a seguir, fez Amybeth entender que ela já sabia do que estava acontecendo em sua vida ali no Canadá, e ela tinha certeza que a mídia era a responsável por isso.

- Por acaso essa animação é por conta de um certo rapaz?

- O que quer saber exatamente, mamãe?- Amybeth perguntou impaciente já prevendo um sermão por conta de Louis.

- Eu quero saber se está envolvida com o Lucas como eu li em um site de fofoca na internet.

- Eu não sabia que gostava de ler essas coisas, mamãe. - Amybeth disse para ganhar tempo. Não sabia se queria contar sobre seus sentimentos por Lucas.

- Quando minha única filha é manchete em todo tipo de mídia, é lógico que quero ler, principalmente quando ela esconde de mim o que anda acontecendo em sua vida amorosa.- a voz da mãe saiu magoada, e ela se odiou por ser responsável por isso. Ela nunca omitira nada de sua mãe antes, e aquela era a primeira vez que guardava seus pensamentos somente para si.

- Mamãe, não está acontecendo nada muito importante. - ela disse, tentando amenizar a situação.

- Então, está dizendo que todos esses sites falando sobre você e Lucas estão mentindo?

- Não exatamente.- Amybeth disse, incapaz de mentir.

- Eu não sei se estou entendendo, querida. Você é Lucas estão ou não juntos?- a mãe dela insistiu.

- Nós temos passado bastante tempo juntos, mas, não estamos namorando ainda, se é o que quer saber.

- Esse ainda quer dizer que tem possibilidade de se tornar algo mais sério ?- Ela parecia ansiosa por sua resposta, por isso, Amy disse:

- Eu não sei, mamãe. A senhora sabe que eu e Lucas fomos amigos por um bom tempo na época da série, e depois de dois anos tornamos a nos encontrar.- Amybeth tentou explicar. Ela não queria chegar no ponto de sua paixão platônica pelo rapaz desde aquela época, pois preferiria que sua mãe acreditasse que aquela atração tivesse começado apenas agora.

- Sim, eu sei. Não pensei que a estou recriminando, filha. Se ele te faz feliz, eu também estou feliz. Eu só te liguei porque fiquei surpresa e preocupada com tantos boatos, pois você não tinha me contado nada sobre vocês dois.

- Eu não quis esconder nada da senhora. Apenas estava esperando o momento certo. Desculpe-me por tê-la chateado.- Ela realmente queria ter tido mais tempo para falar com sua mãe sobre aquele assunto, mas, a imprensa fizera o favor de estragar tudo, e só esperava que sua mãe não tivesse ficado brava com ela.

- Eu não estou chateada, querida. Eu só não gosto que esconda as coisas de mim.-

- Eu sei o quanto gosta do Louis, e não quis desapontá-la por acabar com suas ilusões a respeito de voltarmos a namorar.- Amy explicou. Aquela era mesmo uma das razões para que ela estivesse escondido sua aproximação de Lucas, e a ruivinha sabia o quanto a mãe ficaria triste quando soubesse que Amy não queria mais Louis em sua vida de maneira amorosa.

- É sua felicidade que conta, Amybeth.Ele parece ser um bom rapaz. Traga-o com você quando vier nos visitar.- ela disse de boa vontade.

- Pode deixar.- Amybeth concordou se sentindo aliviada pelo menos daquele peso que estava carregando dentro de si.

- Preciso desligar , querida. Não me deixe sem notícias.

- Claro, mamãe. Assim que eu tiver uma folga das gravações eu te ligo .

E assim, depois de mais algumas palavras de despedida, ambas desligaram.

Amybeth não tinha muita coisa para fazer naquele dia, pois as gravações seriam à tarde, por esse motivo permaneceu no quarto até que uma batida interrompeu sua sessão solitária do filme que estava assistindo sozinha.

O rosto simpático de Dalila apareceu na soleira da porta e lhe perguntou.

- Estou atrapalhando?

- Não. - Amy disse sorrindo, abrindo espaço para que ela entrasse no quarto.

- Eu estou preocupada com você, AB. Você quase não tem saído desse quarto. Te incomoda tanto assim que as outras pessoas saibam de você e do Lucas? - Amybeth olhou para a amiga por alguns minutos antes de responder:

- A questão era que tínhamos combinado de esperar as gravações do filme terminar para assumirmos alguma coisa, mas Lucas acabou entregando tudo com seu ciúmes, e agora não sei se consigo lidar com tudo o que está acontecendo.

- Vocês conversaram sobre o assunto?- Amybeth balançou a cabeça negando.- Por que não?- Dalila perguntou, alisando os próprios cabelos com os dedos.

- Eu fiquei preocupada de alguém nos ver juntos, e toda essa situação acabar piorando.- ela confessou se sentando na cama em posição de ioga.

- E acha que se trancando aqui e fugindo dele todo isso vai se resolver em um passo de mágica?- Dalila disse de forma direta.

- Eu simplesmente não sei o que fazer. - Amybeth confessou, sem coragem de encarar a amiga que lhe perguntou:

- Você o ama?

- Você sabe que sim.- Amybeth respondeu, surpresa com a pergunta.

- Então por que não luta por ele? Vai deixar que a mídia vença e te faça perder alguém que é tão certo para você?

- Eu nem sei o que ele sente por mim, Dalila. Quer dizer, eu sei que Lucas me quer, que se sente atraído por mim, mas não sei se é o sufi ciente para que fiquemos juntos.

- Aquele garoto é louco por você, AB. Todo mundo pode ver isso.- as palavras de Dalila mexeram com ela. Amybeth não podia fingir que não, mas a verdade era que ela precisava mais do que aquilo para se convencer que o que ela e Lucas tinham valia a pena manter.

- Eu não sei, Dalila. Acho que com tudo o que está acontecendo o melhor é darmos um tempo.

- Isso quer dizer que vai terminar com ele?- ela podia sentir a reprovação mas palavras da amiga e por isso respondeu:

- Não tem nada para terminar, pois até esse momento, não temos nada sério e não estamos namorando.

- Na festa pareceu para mim que é mais do que isso. Eu nunca vi um Lucas tão bravo na vida. Ele te leva a sério, AB, mais do que pensa.

Se era assim como Dalila estava lhe falando, então, por que Lucas não lhe dizia nada? Será que ele não entendia que ela precisava ouvi-lo dizer que a queria não só por aqueles meses até o fim da gravação do filme, mas, além dele? O fantasma de Shannon ainda rondava sua mente, a fazia se sentir insegura e com medo que Lucas saísse de sua vida de uma hora para outra, e ela terminasse com seu coração partido.

- Eu ainda acho que é melhor eu me afastar.- ela disse com teimosia.

- E perder o garoto que ama por causa de um medo sem sentido? Eu realmente não consigo entender sua forma de raciocínio. - Dalila disse balançando a cabeça em descrença.

- Eu sei que é difícil de entender, mas acredite em mim, é melhor assim.- Amybeth respondeu com um sorriso triste.

- Se você diz.- Dalila respondeu, claramente não concordando com ela.

- E você e Cory? Como estão?

- Estamos tentando. Eu realmente não sei se quero algo sério agora.

- Mas, ele gosta tanto de você. - Amy disse. Se alguém tinha uma chance de dar certo, com certeza era aqueles dois. Só esperava que Dalila conseguisse enxergar o quanto Cory era especial.

- Cory é um rapaz incrível.

- Eu sei. O problema não é ele, você me conhece e sabe que não gosto de nada me prendendo.- Dalila disse, se deitando na cama do lado de Amybeth.

- Eu sei, mas Cory é alguém que te faz tão bem.- Amybeth insistiu.

- E beija bem também, além de outras coisas.- Dalila lhe disse, em tom de malícia.

- Dalila, isso quer dizer que você e ele já chegaram às vias de fato?- Amy perguntou, e ficou espantada quando Dalila confirmou com um sorriso. Ela não pensara que as ficadas dela com Cory tinham rendido mais do que amassos e carícias quentes. No entanto, ela sabia que Dalila era muito diferente dela, e que não dava muita importância a romantismo e sentimentalismo. Ela nunca avaliava as consequências do que fazia a longo prazo. Para ela o agora era o que contava.

- Você e Lucas?

- Ainda não. - ela confessou, um tanto sem graça.

- O que está esperando, AB? Pelo que sei falta de atração não é, e me desculpa te dizer, mas aquele garoto é muito gostoso.

- Eu sei. Só que estou esperando pelo momento certo.- ou pelo menos estava, antes daquela confusão começar.

- Eu te entendo, e te apoio. Mas, não espere demais, ou pode se arrepender.- ela assentiu e assim as duas continuaram conversando sobre diferentes assuntos, até que Dalila voltou para o próprio quarto e a deixou sozinha.

Amy continuou pensando nessa conversa muito tempo depois, e analisando seus sentimentos por Lucas. Ela estava extremamente apaixonada por ele, e não tinha dúvidas que o queria como seu namorado, mas, naquele momento ela precisava se focar em outras coisas antes que perdesse o rumo de tudo. Amy tinha medo da maneira como Lucas a fazia se sentir, e como era fácil esquecer de tudo quando estava com ele. Seria duro ficar longe dele agora que se acostumara tanto a tê-lo por perto, mas, precisava encontrar sua paz de novo antes que o caos se instalasse de uma vez entre eles, e estragasse o que tinham apenas começado a construir juntos.

Ela almoçou em seu quarto novamente , pois não estava com vontade de conversar com ninguém, e logo teria que ir para o set de filmagens e queria se concentrar ao máximo para as cenas que iriam gravar.

Seu telefone tocou de novo no exato momento em que estava passando suas falas, e notou consternada que era Louis. Não queria falar com ele, e até cogitou a possibilidade de não atender, mas, eles sempre tinham sido amigos, e ela queria conservar pelo menos isso. Foi em nome dessa amizade que ela atendeu, esperando que ela e o ex-namorado pudessem ter uma conversa mais civilizada do que da última vez. Porém suas esperanças caíram por terra quando ela o ouviu dizer antes mesmo que ela o cumprimentasse:

- Como pôde fazer isso comigo, Amybeth? Como pôde me trair assim?

- Do que está falando, Louis?

- De você e Lucas. Então, vocês estão juntos?- Amybeth sentiu a irritação tomar conta dela em um nível tão alto que ela quis gritar, mas se conteve ao responder com toda a calma do mundo:

- Louis, eu não te devo satisfação nenhuma. Nós já terminamos nosso namoro.

- Você terminou, eu não.:- Deus, como ele era teimoso. Amy pensou. Louis estava testando sua paciência até o limite, mas, ainda assim ela respondeu sem se alterar:

- Não vamos começar com essa discussão de novo, por favor.- porém, Louis continuou a falar como se não a tivesse escutado:

- Foi por causa dele que não me quis mais.

- Lucas não tem nada a ver com nosso rompimento. Eu terminei com você por conta de sua falta de compreensão com meus sentimentos e escolhas. - Amy respirou fundo. Odiava quando a colocavam em uma posição de ter que explicar o óbvio, mas, ela conhecia bem Louis desde que eram crianças, e a capacidade que ele tinha de distorcer as coisas como lhe convinha era algo nele que ela sempre repugnara, e ele estava fazendo aquilo com ela novamente.

- Diga-me Amybeth. Você alguma vez me amou?

- Louis, eu não teria ficado com você se não o amasse. - Ela não estava mentindo, a ser sobre o tipo de amor que sentira por ele. Ela o amara como amigo, e apreciava o que tinham como um casal, mas, seu coração seguira seu próprio caminho, e nunca fora em direção a ele.

- Mas, ama mais o Lucas, não é?- ele parecia zangado e triste ao mesmo tempo, e Amy sentiu-se pesarosa também porque nunca quisera magoar Louis, e tudo o que acontecera não fora planejado por nenhum dos dois.

- Louis, por que não esquece isso? Sempre fomos amigos.

- Eu não quero ser apenas seu amigo.- ele respondeu com a voz dura.

- Eu sinto muito, mas, isso é tudo o que posso lhe oferecer.- ela respondeu com o coração pesado.

- Você ainda vai voltar para mim. Eu prometo.- antes que ela pudesse responder , ele desligou, e Amy soube que teria um enorme problema para resolver pela frente.

Por que Louis não podia aceitar que não davam certo e seguia em frente? Ela tinha certeza que ele não ficaria sozinho por muito tempo se desse a chance a si mesmo de conhecer outras pessoas. Ela tentara amá-lo como ele merecia, mas simplesmente não conseguira, e saber que ele estava sofrendo com o rompimento de ambos a deixava mal, porém, não havia nada que pudesse fazer a respeito. Não iria voltar para ele apenas por pena. Não era justo com nenhum dos dois.

Ela se vestiu e foi se juntar aos outros para gravação daquela tarde, sentindo-se pressionada com tudo que estava acontecendo ao seu redor. Ver Lucas com um sorriso lindo no rosto, olhando-a de um jeito que fazia seu coração disparar só piorava a situação, e por isso, evitou ficar perto dele na van que os levou para o cenário daquela tarde.

No entanto, enquanto se arrumava para a gravação, ela não conseguiu mais evitar Lucas, que surgiu em seu camarim sem avisar, pegando-a totalmente de surpresa.

-Será que a gente pode conversar?- ele lhe pediu daquele jeito carinhoso que a ganhava no primeiro sorriso.

- Claro.- ela respondeu sorrindo.

- Primeiro, eu queria me desculpar pela confusão que causei com meu ciúme lá na festa . Eu perdi a cabeça e estraguei tudo. Você deve estar com muita raiva de mim.

- Nós já falamos sobre isso, e não estou com raiva. Porém , os paparazzi não perdoaram, e agora estamos em todos os sites e mídias e isso realmente me incomoda.- ela confessou.

- O que posso fazer para consertar tudo?- ele perguntou segurando em sua mão, o que tornava mais difícil o que precisava fazer. Qualquer toque dele tirava seu foco, e isso não podia acontecer, especialmente naquele dia.

-Você não pode fazer nada para mudar o que aconteceu.- ela disse , se afastando do toque dele, fazendo Lucas franzir a testa parecendo confuso.

- O que quer dizer, Amybeth?

- Eu acho que precisamos dar um tempo.- ela respondeu de uma vez

- Não precisamos não. Eu não quero me afastar de você e não vou.- ele disse, chegando mais perto de novo, deixando Amybeth apreensiva.

- Seria por pouco tempo, Lucas. Até que essa história que circula pela internet termine. Eu não quero que minha vida se torne um circo onde todo mundo tem acesso.- ela disse, tentando não sucumbir aqueles olhos maravilhosos.

- Deve ter outro jeito.- ele estendeu a mão e colocou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha, fazendo-a desejar que ele a abraçasse, mas, tentou afastar de seus pensamentos aquela atração que a estava empurrando para ele mais uma vez.

-Mas, não há.- ela respondeu sem olhá-lo nos olhos.

- Por favor, Amy. Não faz isso com a gente. Eu te quero tanto.- ela fechou os olhos ao som daquela voz rouca. Aquele garoto ia acabar com ela sem sequer fazer esforço algum.

- Lucas, é melhor assim.

- É melhor para quem? Para mim com certeza não é. - Ele reclamou, e depois sem tirar seus olhos dela, ele perguntou:

- Você não quer mais ficar comigo?

- Eu quero. Mas, está tudo muito confuso agora, e preciso ter minha paz de volta para que eu possa fazer meu trabalho como deve ser.

- E ficar em paz significa ficar longe de mim?- ele lhe perguntou de forma direta.

- Eu já te disse, será por pouco tempo.- Lucas estava dificultando tudo, e ela não esperava por isso.

- Eu não quero ficar longe de você nem um dia. O que tenho que dizer ou fazer para você entender isso?- Ele tocou o rosto dela com as mãos, e estava tão perto que a respiração quente dele a deixava arrepiada.

- Lucas, não dificulta as coisas. Eu preciso me afastar de você pelo menos por algum tempo. Eu não estou me sentindo bem com essa situação, então, acho melhor não ficarmos mais juntos pelo menos por enquanto.- ele a olhou e a mágoa que viu ali a deixou arrasada. Lucas pareceu extremamente machucado pelas palavras dela, e quando falou, ela soube que ele não a perdoaria tão cedo.

- Então, é isso que você quer?

- É sim.- Amy respondeu com a garganta apertada. Ele tirou as mãos do rosto dela e imediatamente, ela sentiu falta daquela carícia e quase se arrependeu do que dissera antes, mas, manteve-se firme em seu propósito de se preservar de tudo o que estava acontecendo entre os dois.

- Tudo bem, Amybeth. Eu não vou te incomodar mais. Se é isso que deseja, vou ficar o mais longe que puder de você.- ele se virou e saiu sem olhar para trás, e aquilo doeu como se alguém a tivesse ferido com alguma arma letal. Seus olhos marejaram, mas, não se permitiu chorar, porque iria começar a gravar e não teria tempo para refazer sua maquiagem.

- AB.- ela ouviu a voz de Kyla atrás de si, e sentiu sua vontade de chorar aumentar. Por que todo mundo resolvera falar com ela justamente naquele dia? Com certeza, Kyla estava ali para criticá-la, e não precisava de mais uma pessoa lhe dizendo o que fazer de sua vida.

- O que você quer, Kyla?- a voz dela saiu áspera, mas, Amybeth não se importou, pois Kyla andava ignorando-a por todo aquele tempo, e não tinha o direito de vir incomodá-la justamente naquele seu momento mais infeliz.

- Calma, eu só vim aqui porque eu vi como Lucas saiu daqui e quero saber se está bem.

- Por que isso importa para você já que não tem nem falado comigo ultimamente?- Amybeth disse, olhando para a amiga com quem não trocava confidências a tempos.

- Por que me preocupo com você. Eu sei que estamos brigadas, mas, isso não quer dizer que quero te ver mal. Você continua sendo muito importante para mim.- Amybeth respirou fundo, pois quase chorou com as palavras de Kyla, de quem sentia muita falta apesar de tudo o que acontecera entre as duas.

- Você também é importante para mim.

- Então, não quer me contar o que aconteceu? Lucas parecia tão arrasado quando saiu daqui. - Kyla disse, segurando na mão de Amybeth com carinho.

- Eu pedi um tempo para ele, pois toda essa atenção que a mídia está dando para nós dois está me incomodando. Mas, ele me disse que não concorda, e ficou bravo comigo.

- Você está mesmo apaixonada por ele, não é?- Kyla disse colocando um braço ao redor dos ombros de Amybeth.

- Eu o amo, e sei que eu o magoei.- ela disse baixando a cabeça.- Acho que ele não vai mais me perdoar.

- É claro que vai. Dê tempo para ele esfriar a cabeça. Eu quero que saiba que se precisar conversar pode falar comigo. Me desculpe se te deixei pensar que não queria mais ser sua amiga. Eu te amo.- Kyla confessou, abraçando Amybeth apertado, sendo retribuída pela ruivinha que pensou que pelo menos uma coisa boa tinha resultado de tudo aquilo. Kyla tinha finalmente voltado para sua vida.

- Te vejo mais tarde.- ela disse, beijando-a no rosto e deixando-a sozinha para que pudesse terminar de se arrumar. E foi somente naquele instante que Amy se lembrou que teria que contracenar com Lucas naquele dia, e sabia que não seria nada fácil deixar seus sentimentos por ele de lado e se concentrar no personagem.

Ela entrou no set de gravação sem saber o que a esperava, e ao ver Lucas encará-la de forma intensa, Amy sentiu sua coragem ir embora. Para sua sorte, a primeira tomada era com Cory, assim, teria tempo para se recuperar e fazer a cena com Lucas de forma mais tranquila.

Deste modo, quando ela ouviu o diretor de cena dar início as filmagens, se concentrou em suas falas e encarnou o personagem.

A tarde adorável parecia brilhar tanto quanto cada flor do jardim magnífico da família Capuleto. Julieta caminhava pelos canteiros admirando a cores variadas, o perfume era igualmente divino, e aquele era sem dúvida seu lugar favorito para passar o tempo.

Ela olhou para o seu relógio de pulso, e percebeu que Teobaldo estava atrasado cinco minutos . Algo incomum no primo que sempre fora um exemplo de pontualidade.

Após segundos desse pensamento, ela ouviu passos, e viu Teobaldo surgir vindo dos portões da frente, e com um sorriso tão bonito que fez Julieta sorrir também.

-Você está atrasado.- ela disse, quando ele se aproximou mais alguns passos dela.

- Perdoe -me, meu anjo. Tive algumas coisas para resolver antes de vir para cá. - Teobaldo respondeu, beijando-a na testa.

- Está perdoado. Agora me diga o que era tão importante assim que você tinha que me dizer. Eu fiquei curiosa.

- Venha comigo.- Ele disse, pegando na mão dela e puxando-a para um banco mais próximo .

Logo que se sentaram, Teobaldo se virou para Julieta e disse;

-Você se lembra que quando éramos crianças, você dizia que ia se casar comigo?

- Claro. Eu achava que você era o garoto mais bonito que já tinha visto.- Julieta respondeu, acariciando o rosto dele com o dorso das mãos

- E se eu disser que eu quero?- Teobaldo perguntou, segurando-lhe as duas mãos.

- Quer o que?- Julieta perguntou confusa.

- Eu quero me casar com você.- ele respondeu tirando do bolso um anel de brilhantes, que fez o coração de Julieta acelerar.- Seja minha noiva, Julieta, e assim que você se formar na faculdade poderemos nos casar.

- Teobaldo, isso é loucura.- Julieta disse assustada. Ela o via como um irmão, e ser sua esposa era o último pensamento que cruzaria seu pensamento.

- Eu sei que é algo inesperado, e que talvez você precise de tempo para pensar. Mas, eu lhe asseguro, que posso esperar o tempo que for preciso, porque eu te amo.- ele se inclinou para beijá-la, mas Julieta se levantou do banco e respondeu:

- Teobaldo, eu não preciso de tempo nenhum para pensar, pois posso te dar minha resposta agora mesmo. Eu não posso me casar com você, porque estou apaixonada por outra pessoa.- o rosto do primo se tornou uma máscara de surpresa e ódio que o fez perguntar cheio de raiva:

- Quem é ele?

- Um amigo seu.- ela respondeu temerosa com a reação do rapaz.

- Eu quero o nome, Julieta.- ele disse com autoridade ao se levantar do banco e se aproximar dela de forma ameaçadora.

- Romeu.- ela disse com cuidado, ao mesmo tempo em que viu a expressão de Teobaldo se tornar ameaçadora quando ele disse:

- Ficou louca? Você sabe quem ele é? O sobrenome dele é Montecchio, o pior inimigo de nossa família. - Julieta viu seu sonho de amor se desmoronar assim que ouviu as palavras do primo. Romeu a tinha enganado e mentido para ela, como ele pudera ser tão baixo?

- Isso não pode ser verdade.- ela disse, ainda não querendo acreditar naquela crueldade do destino.

- Mas, é essa a verdade. Seja o que for que Romeu tenha lhe dito, ele mentiu, pois está usando você para se vingar da nossa família. Agora, pense bem se vale a pena esquecer de se sobrenome para se juntar a um canalha como esse.- Teobaldo disse, dando-lhe as costas e caminhando para a saída.

Amybeth teve dois segundos para respirar, antes de voltar ao set e contracenar com Lucas, e enquanto esperava para a sua vez de entrar, ela se perguntou se conseguiria esquecer o que acontecera aquela tarde, e dar ao personagem o tom certo. Então , ela ouviu chamarem seu nome, e ainda insegura entrou em cena, prometendo a si mesma dar o seu melhor.

Há alguns quarteirões da casa de Julieta, Romeu andava de um lado para outro esperando pela menina. Ele tinha marcado com ela em seu esconderijo secreto já que ninguém poderia vê-los juntos, e ela já estava atrasada, e ele não via aquilo como um bom pressentimento, porque seu coração lhe dizia que algo tinha acontecido.

Porém, logo ele a viu caminhando em sua direção e suspirou aliviado. Não podia mais se enganar, ele estava apaixonado, e não esperava que isso acontecesse, porque tudo começara como uma brincadeira apenas para irritar Teobaldo, mas, ele acabara vencido por aqueles olhos azuis e sorriso travesso, e tudo o que ele desejava agora, era amá-la como ela merecia.

- Achei que não viria mais.- ele disse se aproximando dela

Observando o rapaz tão perto, Amybeth quase se esqueceu que estavam em uma cena do filme, e não na vida real. Ela estava se esforçando para ver Romeu a sua frente, mas teimosamente sua cabeça a levava até Lucas, e ela teve que se esforçar mais para se ver no papel de Julieta novamente quando disse:

-Não chegue perto de mim.

- Por que?- o rapaz perguntou assustado.

- Você mentiu para mim. Como pôde?- uma lágrima rolou pela face macia de Julieta, e outras fariam o mesmo trajeto, mas ela piscou com força para afastá-la quando ouviu Romeu dizer:

- Eu não menti.

- Mentiu quando não me disse que seu sobrenome é Montechio.- ela viu o choque no rosto do rapaz quando ele percebeu que ela sabia.- Por que não me contou?

- Por que tive medo de te perder. - ele disse desesperado.

- Acabou de perder.- ela retrucou, se virando para ir embora, mas então ele segurou em seu pulso e a puxou para si , impedindo-a de fugir dele.

Amybeth não queria olhar demais naqueles olhos, mas, não era algo que conseguisse fazer com facilidade. Ela sentiu Lucas acariciar seu pulso com o polegar, e isso era algo que o rapaz sempre fazia e que nada tinha a ver com o personagem. A voz dele saiu suave quando ele disse as linhas de Romeu, mas o seu olhar era do rapaz que ela amava e de ninguém mais.

- Por favor, não vá. Eu te amo.- e então, Romeu a beijou.

E Amybeth se esqueceu de tudo, enquanto os lábios de Lucas exploravam os seus vontade. Ela tentava se convencer de que era Romeu beijando Julieta, mas, seu coração sabia que era Amybeth beijando Lucas, e assim, ela afundou as mãos nos cabelos dele, e Lucas apertou os quadris dela contra seu corpo, deixando-a completamente desnorteada com tanta proximidade. O calor dele a queimava inteira, fazendo-a perder o compasso do que estava fazendo , envolvendo-a mais ainda naquela doce loucura. Com muito custo, ela se afastou dele vendo seus olhos castanhos quase na cor de chocolate, e logo ela percebeu que ele tinha se deixado levar por seu coração assim como ela.

Julieta olhou para Romeu sem quase acreditar no que ele dissera, mas, ao mergulhar naquelas águas profundas da alma dele, ela entendeu que ele dizia a verdade, então, com seus olhos azuis brilhando, ela respondeu:

-Eu também amo você.

-Corta! - o diretor do filme gritou, e depois disse com.um sorriso e empolgação: - A tensão entre vocês era tanta que a cena ficou magnífica. Parabéns a vocês dois.

Lucas e Amybeth agradeceram com um menear de cabeça, mas, não se olharam nenhuma vez, e seguiram direções diferentes.

Amybeth chegou em seu quarto exausta, não só por conta do trabalho, mas, também por ter que controlar suas emoções que estavam tão inconstantes que a deixavam ansiosa e com uma grande vontade de chorar. Falar com Lucas aquela tarde não ajudara em nada, pois, não conseguia tirar a expressão magoada dele da cabeça.

Ela tomou banho, e pulou o jantar. Não queria sair do quarto e nem comer sozinha, então decidiu que iria dormir cedo, pois assim poderia descansar e acordar com melhor disposição no dia seguinte.

Quando estava pronta para dormir, ela ouviu alguém bater na porta, e com um grande suspiro foi atender, pois a pessoa do outro lado parecia com pressa em falar com ela. Sua surpresa foi maior quando abriu a porta e viu Lucas parado no corredor. Sua expressão era séria, assim como seu olhar, e ele disse assim que ela surgiu diante de seus olhos:

- Posso falar com você um instante?

- Sim. Pode entrar.- Amybeth respondeu, permitindo que ele entrasse em seu quarto, não sabendo o que esperar daquela visita inesperada.

- Eu queria te perguntar se você não mudou de ideia sobre sua decisão de hoje.

- Não.- ela respondeu com rapidez, o que fez Lucas dizer:

- Foi o que pensei.- ele falou como se estivesse refletindo sobre tudo o que acontecera até ali. Lucas ficou em silêncio por alguns segundos, sem tirar os olhos de Amybeth que perguntou irritada:

- Por que não para de me olhar?- Lucas não respondeu, mas, se moveu tão rápido que Amybeth sequer teve tempo de entender o que estava acontecendo. Ele a prensou na parede, enquanto sua boca aprisionava a dela, suas mãos descendo pelas curvas dela mal escondidas pela camisola curta que ela usava, sem ser reveladora demais, mas que não deixava de ser sexy como moldava suas curvas suavemente. As sensações eram maiores do que já sentira com ele, fazendo-a desejar algo que não podia ter de forma nenhuma. Ela se agarrou ao pescoço dele, puxando- o com avidez para si enquanto ele trilhava um caminho de beijos em seus pescoço e ombro.

Então, ele aproximou os lábios do ouvido dela e disse:

- Isso é para você entender o quanto eu te quero, e como eu sonhei que fosse só minha. Porém, eu também percebi que você não quer ficar comigo e nem lutar para preservarmos o que temos. Por isso, eu não vou mais insistir e nem implorar para que fique do meu lado , porque acho que já fiz isso demais.- ele a deixou livre e caminhou para a porta, e quando Amy o viu sair para o corredor , o gosto amargo em sua boca lhe deu a certeza de que o tinha perdido.

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