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Capítulo 33


Koan Rivera

Talvez eu continue a contar essa história daqui para frente, pois o que eu mais temia começou a se concretizar. Alinna, a heroína que deveria trazer salvação para o povo de Sky e seus reinos vizinhos, se transformou em sua própria inimiga. Ela deixou que o poder consumisse tudo o que ela era antes, sendo dominada pela avareza, vaidade, maldade e escuridão. A cada dia que passa, ela se torna mais parecida com Leonidas, insensível e perversa. As únicas pessoas por quem ainda demonstra um afeto verdadeiro são Leonidas e Meredith. Leonidas chegou há menos de três dias e trouxe consigo a cabeça do Governador de Lós, cumprindo sua promessa e aprofundando ainda mais a obsessão de Alinna pelo poder. Como conselheiro real, tenho o privilégio ou não, de acompanhar de perto todos os seus passos e desejos, e me assusto com o que ainda pode vir dela. É doloroso ver que, mesmo após revelar o maior dos segredos de Leonidas, Alinna não conseguiu retomar o desejo de vingança contra ele. Ela perdeu completamente o remorso pelas atrocidades que ele cometeu contra sua mãe, seu pai e sua família. O que ela era antes não voltará, e isso é um peso que carrego com pesar. Hoje, o povo de Treeland se prepara para uma grande homenagem à família real, celebrando a vitória sobre Lós. A praça principal da cidade está tomada por uma multidão animada, quase impossível de se locomover. Eu cheguei cedo com alguns guardas e criados para fazer os últimos preparativos e organizar tudo para a chegada do rei, da rainha e da pequena princesa Meredith.

As trombetas soam com uma reverberação imponente, fazendo com que a multidão vá à loucura. Flores e pétalas são lançadas ao ar em uma explosão de cores, celebrando a chegada da família real. Alinna faz sua entrada com um vestido vermelho intenso, a cor do sangue, que parece incendiar a própria atmosfera. Seus lábios estão pintados na mesma tonalidade vibrante, e uma coroa prateada, com suas pontas afiadas e elegantes, emoldura seu rosto, ampliando ainda mais sua aura majestosa. Seus dedos estão firmemente entrelaçados com os de Leonidas, reforçando a conexão visível entre eles. Leonidas, por sua vez, veste um terno preto impecável com uma gravata vermelha que adiciona um toque de sofisticação. Sua capa reluzente, da mesma cor do terno, é longa e fluida, arrastando-se atrás dele com um brilho sedutor. Ele carrega Meredith em seus braços, a garotinha abraçada ao seu pescoço com um apego desesperado, como se ele fosse a âncora de sua existência. Juntos, eles formam a imagem de uma família que aparenta estar feliz, mas que está imersa em um manto de escuridão.

Quando Alinna e Leonidas chegam ao palanque, eles trocam olhares e acenos para os súditos, seus sorrisos largos e radiantes. No entanto, sem aviso, o sorriso de Leonidas se desvanece e seu rosto se torna sombrio. Em um movimento abrupto, ele se vira para proteger sua família. Sua capa, com um movimento elegante, voa pelo ar antes de cobrir a si e a sua esposa e filha. Então, uma explosão ensurdecedora estremece a praça, o som ecoando e gerando um caos frenético entre os cidadãos de Treeland. O pânico se espalha como uma onda, com pessoas correndo em todas as direções, tentando escapar dos perigos que ameaçam a segurança de todos. Entre a confusão, consigo vislumbrar o palanque tombando, e minha preocupação cresce. Corro em direção ao local, buscando Alinna e Leonidas entre a multidão desesperada. A fumaça se ergue como um manto espesso, mas então, como se saíssem de uma cena fantasiosa de um livro repleto de detalhes especiais, Alinna e Leonidas emergem da névoa. Estão cobertos de poeira e com alguns arranhões visíveis, mas aparentemente ilesos. Leonidas continua segurando Meredith, que agora chora em estado de choque. Alinna, com um olhar que transparece uma sede insaciável de vingança, rapidamente assume o controle da situação. Ignorando a confusão ao redor, ela toma Meredith dos braços de Leonidas e entrega a menina a Celeste. Sua ordem é clara e urgente. Celeste, com um gesto rápido e preciso, aceita a criança e parte para o palácio com uma determinação frenética, protegendo a pequena princesa enquanto se afasta da cena tumultuada. A cena é um contraste dramático entre a calma aparente de Alinna e o caos iminente ao redor, refletindo a crescente turbulência e a instabilidade que agora pairam sobre a família real e o reino.

— Minha rainha, não seria mais prudente retornar ao palácio com Meredith e Celeste? — Sugiro, aproximando-me.

— Eu já a pedi isso, Koan, mas minha esposa é teimosa como uma mula! — Leonidas responde, enquanto tenta identificar a origem do ataque.

— Silêncio, vocês dois! — Alinna ordena com firmeza.

Alinna se voltou para a direção de onde emanava a fumaça e o fogo, seus olhos fixos e intensos. Com um gesto de seus braços estendidos, ela começou a se concentrar profundamente. Em questão de segundos, uma onda de gelo surgiu de suas mãos e se espalhou rapidamente pelo ambiente. O calor e a chama foram instantaneamente abafados, transformando o caos em um cenário de cristal congelado. A facilidade com que ela controlou a situação fez parecer que os poderes da rainha eram quase desafiadores de tão impressionantes, um contraste gritante com a gravidade do ataque.

— O que acharam? — Leonidas pergunta a Ethan e Kevin, sua voz carregada de tensão.

— Estes dois homens são de Vhigor e estavam agindo de maneira suspeita, meu rei. — Responde Ethan, segurando firmemente um dos rapazes.

— Eu vou acabar com vocês. — Leonidas vocifera, a raiva evidente em seu tom. — Matem os dois.

— Não! — Alinna intervém, sua voz firme e autoritária.

— Como assim não? — Leonidas a questiona, o desdém claro em sua expressão.

— Não seja tolo. Se matarmos esses idiotas agora, não descobriremos o motivo do ataque. — Alinna diz com uma calma quase serena.

— Não diremos nada a você, sua tirana, assassina. Traidora! — O rapaz cospe suas palavras com desprezo.

— Então você será torturado até a morte, lentamente, de dentro para fora, até que me revele o que eu quero saber. — Alinna segura o queixo do rapaz com uma força implacável e sorri, seus olhos brilhando com uma frieza aterrorizante.

Alinna começa a sugar a vida do rapaz, um brilho esbranquiçado emergindo de sua vítima enquanto ele grita de dor, suplicando por misericórdia. Como se atendendo ao pedido, Alinna para, mas seu olhar permanece inflexível.

— Isso não é nem o começo do que farei com vocês. — Ela força o rapaz a olhar diretamente para ela, sua voz cortante e ameaçadora.

— Venham, tragam os dois e levem-nos para o calabouço. — Leonidas ordena a Kevin e Ethan.

— Com licença, preciso verificar como minha filha está. Meu rei? — Alinna pede permissão para se retirar, seu tom de voz agora mais suave enquanto se prepara para se ausentar.

— Não se demore, meu amor. Precisamos estar juntos para avaliar os estragos que esses dois causaram. — Leonidas segura a mão de Alinna, seu desejo de não a deixar transparecendo.

— Eu não vou demorar, meu amor. Não se preocupe. — Alinna sorri para tranquilizá-lo, prometendo retornar em breve.

— Enquanto você cuida de nossa princesa, estarei aqui, garantindo que tudo esteja em ordem e verificando se algum súdito se feriu e se há mortos.

— Você acha que houve mortos? — Alinna pergunta, o temor evidente em sua voz.

Leonidas coça a têmpora, pensativo.

— Não sei ainda. — Ele responde, sua expressão carregada de preocupação.

— Você acha que o ataque veio de Lós? — A primeira hipótese de Alinna é sobre os inimigos em potencial.

— Não, Lós acabou de sofrer um ataque e quase toda guarda lá estão mortos. Pedi ao tio Clôude que ficasse com sua tropa até tomarmos Lós por completo. Seria impossível para eles realizarem tal ataque. — Leonidas explica, tentando acalmar a situação.

— Seja quem for, quis nos atacar, pois mirou diretamente em nós. — Alinna observa, seu olhar se fixando no centro da destruição.

— Ou talvez quis atacar a você. — Leonidas fica visivelmente mais nervoso.

— Ou a intenção era atingir ambos. Se me permite, majestade? — Peço permissão a Alinna para falar.

— Prossiga, Koan. — Alinna me apressa, sua atenção agora voltada para o que tenho a dizer.

— Vocês se tornaram o rei e a rainha mais poderosos de toda Sky e agora de toda Aksum. Com tanta riqueza e poder, é natural que outros reinos vizinhos se sintam ameaçados. A rainha pode querer atacar qualquer reino que desejar, seu poder a cada dia se intensifica mais e não sabemos ao certo o que Alinna é ou não capaz de fazer em relação aos seus poderes, as notícias correm rápido e, creio eu, que Vossa majestade faria de tudo para realizar os desejos mais profundos de sua mulher. Isso está gerando um certo pavor pelas regiões, principalmente as mais próximas. — Aponto para o rei, minha voz carregada de convicção.

— Certamente, Koan. — Leonidas responde sem hesitação, sua voz firme e decidida.

— Isso deve ter intimidado outros reinos. Por ela, Vossa majestade, causaria destruição onde fosse necessário. — Digo, observando a reação de Alinna. Seus olhos se arregalam, provavelmente se lembrando de minha visão anterior.

— Disso não há dúvidas! — Leonidas confirma com seriedade, o peso da situação pairando sobre ele.

— Não importa quem seja, nós vamos descobrir e revidar. Desta vez, eu também vou. — Alinna se afasta da multidão, determinada, indo encontrar sua filha.

Leonidas, irritado, vira-se para mim, apontando para a destruição ao nosso redor.

— Não viu nada sobre isso? — Ele exige uma explicação, a fúria evidente em seu olhar.

— Você sabe que não, Leonidas. — Respondo com firmeza.

— Como assim "sei"? — Ele finge ignorância, testando minha paciência.

— Você tem bloqueado minhas visões há anos. Não me culpe por uma imprudência sua, majestade. — Retruco, a frustração começando a transparecer.

— Cuidado com o tom, Koan. — Me repreende com severidade.

— Estou ao seu lado há muito mais tempo do que Alinna, e ainda assim, você não confia em mim. — Digo, deixando transparecer meu ressentimento.

— Alinna é minha esposa! — Ele vocifera, a possessividade marcante em sua voz.

— Graças a mim! — Minha paciência se esgota e, pela primeira vez, perco a compostura. — Não se esqueça que fui eu quem a trouxe até você.

Leonidas me observa em silêncio por um momento antes de ceder.

— Devolverei suas visões, mas está proibido de compartilhá-las com Alinna. — Ordena, sua voz firme. — Todas as suas visões devem ser reportadas apenas a mim.

— Como você faz isso? — Interrogo, contrariado, mas interessado.

— Existem coisas sobre mim que ninguém sabe, nem você, nem Alinna, nem meus homens mais próximos. — Ele responde com um mistério que me deixa inquieto.

— Quanto a manter minhas visões longe de Alinna, não posso prometer nada, majestade. — Respondo, dando de ombros, desafiando sua autoridade.

— Você pode e vai, ou morrerá. Só quero proteger minha família. — Leonidas ajeita o terno e sua capa com um ar de finalização.

— Tem certeza de que é só isso, majestade? — Pressiono, sentindo que há mais do que ele revela.

— Não me irrite, Koan. Apenas faça o que eu ordenei. — Ele avisa, antes de sair para lidar com os problemas imediatos, deixando-me com uma sensação de inquietação.

Fico para trás, observando Leonidas em silêncio enquanto ele, junto com seus homens, procura respostas para o ataque que sofremos. Gostaria de acreditar que ele quer que minhas visões retornem apenas para proteger sua família, mas minha intuição me diz outra coisa. Conheço bem a obsessão que ele tem por Alinna e Meredith, mas duvido que esse seja seu verdadeiro propósito. Há algo mais sombrio e profundo em suas intenções, algo que ele esconde de todos. Penso em retornar ao palácio e contar a Celeste sobre o confronto entre mim e Leonidas, mas assim que dou o primeiro passo, sou subitamente puxado para uma visão. Alinna aparece diante de mim, totalmente coberta de sangue. Suas mãos, rosto e vestido estão encharcados, como se ela tivesse emergido de um banho de sangue. As lágrimas escorrem por seu rosto, mas não são lágrimas de tristeza; são de pura raiva. O ódio em seus olhos é intenso, uma chama incontrolável que queima dentro dela. Ao seu redor, há inúmeros espelhos, refletindo sua imagem ensanguentada por todos os ângulos. Ela se vê em cada um deles, e sua expressão se torna ainda mais feroz. De repente, em um surto de fúria incontrolável, Alinna começa a destruir os espelhos. Cada golpe que ela dá é carregado de dor e ódio, e os estilhaços de vidro voam ao redor, refletindo fragmentos de sua agonia. O som dos espelhos quebrando ecoa na minha mente, e a visão é tão intensa que quase posso sentir o frio do vidro estilhaçado sob meus pés. Alinna continua a destruir tudo ao seu redor, presa em um ciclo de raiva e autodestruição, até que não resta mais nenhum espelho de pé. A visão é poderosa, deixando-me abalado e incerto sobre o que o futuro reserva para Alinna... e para todos nós.

Como sempre, fico paralisado pela intensidade da visão. "O que isso significa?" As palavras ecoam em minha mente enquanto tento recobrar a compostura. Meu coração ainda bate acelerado, e meu corpo está tenso, mas me esforço para disfarçar. No entanto, ao olhar para o lado, percebo que Leonidas já notou. Seus olhos me encaram de longe, como se estivesse tentando ler meus pensamentos, decifrar o que vi. O peso de seu olhar é sufocante, e isso me empurra a agir rapidamente. Sem pensar duas vezes, forço-me a voltar ao palácio. Cada passo que dou é uma tentativa desesperada de escapar, não apenas de Leonidas, mas talvez de mim mesmo, das visões que me assombram e das verdades que elas trazem. Sinto o ar mais denso à medida que o sol atinge seu ápice, iluminando a cidade e aquecendo a praça. O gelo que havia sido jogado sobre as chamas, controlado pelos poderes da rainha, agora começa a derreter sob o sol do meio-dia. A água escorre lentamente, encharcando a praça e o palanque, criando poças que refletem o céu azul. A cena é ao mesmo tempo bela e desoladora, com o contraste entre o calor do sol e o frio da água derretida criando uma atmosfera estranha e incômoda.

Quando Alinna e Leonidas retornam à praça, eles imediatamente começam a verificar o estado dos súditos. Alinna, com sua expressão determinada, examina cada rosto, buscando sinais de ferimentos. Leonidas, ao seu lado, mantém a postura de um líder vigilante, mas há algo mais em seu olhar, algo que ele tenta esconder. Para alívio deles, ninguém se feriu gravemente; apenas alguns arranhões e escoriações. Graças aos deuses, a tragédia foi evitada. Em relação aos danos materiais, não há grandes preocupações. Somos o reino mais rico que existe, e reconstruir o que foi destruído não será um problema. No entanto, a tranquilidade material não é suficiente para acalmar os corações de Alinna e Leonidas. Eles não descansarão enquanto não descobrirem o verdadeiro responsável por esse ataque. Alinna, apesar de seu cansaço evidente, não demonstra fraqueza. Ela e Leonidas trocam olhares carregados de determinação. Eles sabem que a verdadeira batalha ainda está por vir, e que o inimigo que os atacou é astuto e perigoso.

— Koan, peça aos guardas que tragam os dois prisioneiros. — Alinna ordena com firmeza, assim que voltamos para o palácio.

— Sim, senhora! — Respondo, embora a relutância pese em minha voz.

Com um nó no estômago, faço meu caminho até o Coliseu. O ambiente ali é sombrio, com as paredes úmidas do calabouço exalando um cheiro de decadência. Atravesso a prisão em silêncio, levando dois guardas comigo. Quando chegamos, os prisioneiros já estão esperando, seus olhos cheios de desespero. Os guardas não perdem tempo em algemá-los, preparando-os para serem levados.

— Não nos deixe ser levados. — Um dos prisioneiros, mesmo com as algemas prendendo seus pulsos, agarra a gola da minha camisa, o pânico evidente em sua voz.

— Eu não posso fazer nada. — Respondo, empurrando-o com força para se soltar.

— Tem certeza? — Ele pergunta, a contrariedade e o desespero refletidos em seus olhos.

— Se nós morrermos, tudo ficará pior. Muito pior! — Eles gritam em uníssono enquanto os guardas os arrastam para fora, suas vozes ecoando nas paredes escuras do calabouço.

Depois que eles são levados, respiro fundo, tentando me acalmar. Limpo meu terno, ajeitando-o com cuidado, como se isso pudesse dissipar o peso do que está por vir. Sabendo que não há como escapar deste pesadelo, retorno ao local onde Alinna e Leonidas estão esperando.

— Majestades! — Anuncio minha chegada, trazendo os dois prisioneiros à presença deles.

Leonidas abre os braços em um gesto teatral, um sorriso cruel se formando em seus lábios.

— Vejam só, nos encontramos novamente! — Sua voz é cheia de uma satisfação sádica.

Alinna, ao seu lado, sorri largamente, seus olhos brilhando com uma mistura de excitação e crueldade.

— Quem vai cuidar disso? — Ela pergunta ao marido, sem esconder o prazer que sente com a situação. — Você ou eu?

— Que tal os dois? — Leonidas sugere, seu tom insinuante.

— Perfeito! Muito melhor nós dois juntos do que separados. — Alinna responde, se aproximando dos prisioneiros, o sorriso em seu rosto crescendo, alimentado pela antecipação do que está por vir.

O ar ao redor deles parece quase eletrificado, carregado de uma pressão que promete que algo terrível está prestes a acontecer. Alinna e Leonidas, lado a lado, são a personificação de um poder sombrio e implacável, prontos para executar sua vontade sem piedade. Aqui, como apenas mais um servo, permaneço em silêncio, observando tudo ao meu redor. Meus olhos se fixam em Alinna, e noto que ela trocou as vestes. Para minha surpresa e apreensão, é o mesmo vestido que ela usava em minhas visões recentes. Um frio percorre minha espinha, e a sensação de que algo terrível está para acontecer se intensifica. Não consigo afastar a ideia de que esses dois prisioneiros estão de alguma forma ligados ao destino sombrio que vislumbrei. Meu coração acelera, e a apreensão cresce dentro de mim, alimentada pela incerteza do futuro.

— Quem os mandou aqui? — Alinna interroga, a voz firme e irredutível.

— Podemos morrer, mas não vamos contar. — Responde um dos rapazes, sua atitude desafiadora.

— Acho que você não entendeu a rainha, meu caro... — Leonidas começa, mas é interrompido.

— Vocês é que não entenderam. — O outro jovem intervém com um tom de desprezo. — Treeland está com os dias contados!

— Está nos ameaçando? — Intervenho, minha voz carregada de desconfiança.

Minha mente se agita, buscando sinais de perigo iminente. Se algo grave estivesse para acontecer, eu teria visto, agora que meus poderes foram restaurados. Mas as palavras deles me deixam inquieto.

— Nosso líder está vindo! — Eles riem, um som insano e perturbador que ecoa pelo ambiente.

Leonidas, perdendo a paciência, grita com raiva:

— Quem é o líder de vocês?

— Já chega! — Alinna interrompe, sua voz cortante.

Sem hesitar, ela estala os dedos sobre um dos rapazes, e num instante, o fogo irrompe, engolfando o jovem. O calor e a luz intensos me paralisam, assim como o outro prisioneiro, que assiste horrorizado enquanto seu companheiro grita, queimando até a morte. Alinna e Leonidas observam impassíveis, sem desviar o olhar da cena grotesca diante deles.

— Agora, vai nos dizer quem é seu líder? — Alinna pergunta, sua voz fria, voltando sua atenção para o único rapaz que restara.

O prisioneiro sobrevivente começa a chorar desesperadamente, lágrimas de tristeza e desespero escorrendo por seu rosto. Mas, mesmo assim, ele encontra forças para desafiar:

— Não direi nada a vocês! — As palavras saem como um veneno, cuspidas com ódio.

— Então morra no inferno! — Leonidas ruge, agarrando o pescoço do rapaz com uma força brutal. Com um movimento rápido e letal, ele torce o pescoço do jovem, tirando-lhe a vida sem remorso.

Chocado, meus olhos se arregalam enquanto a cena se desenrola diante de mim.

— Vocês disseram que não iam matá-los. O que aconteceu? — Minha voz tremula de incredulidade.

— Eles já estavam me irritando. Se não querem falar, descobriremos sozinhos! — Leonidas responde com desdém, limpando as mãos como se quisesse se livrar do último resquício dos jovens que acabaram de executar.

O silêncio que se segue é denso, carregado de conflito e ambivalência. Alinna e Leonidas parecem imperturbáveis, mas a dúvida começa a se instalar em mim. Algo está profundamente errado, e eu não consigo afastar a sensação de que esse é apenas o começo de algo muito mais sombrio. Alinna, com um gesto decidido, usa seu poder de gelo para apagar as chamas que consumiam o corpo do prisioneiro. O gelo se forma instantaneamente, engolindo o fogo e envolvendo a cena em um frio cortante que contrasta com a violência anterior. A transformação é tão rápida que, para mim, parece que a cena inteira ocorre num piscar de olhos. De repente, um vulto escuro corta o ar. Uma flecha, com uma precisão mortal, atravessa uma das grandes janelas do salão e atinge Leonidas diretamente no peito. O impacto é devastador. O som do baque é ensurdecedor, reverberando através das paredes, e o rei é lançado para trás, seus músculos contraídos pela dor. Por um momento, ele se curva, a flecha cravada em seu torso, antes de se recompor e avançar novamente, o rosto distorcido pela surpresa e pela dor. Alinna, atônita, vira-se para olhar para o marido. O choque é evidente em seu rosto enquanto ela observa a cena. Sua mente trabalha freneticamente, tentando processar o que acabou de acontecer e localizar a direção de onde a flecha foi disparada. Seus olhos percorrem rapidamente o ambiente, a tenacidade agora misturada com a frustração e a urgência.

Os guardas, em um frenesi de ação, abandonam seus postos de combate e correm para socorrer o rei. Eles se movem com precisão militar, tentando estabilizar Leonidas e remover a flecha com a máxima rapidez e cuidado. O caos se espalha, mas há um senso de organização na forma como os guardas trabalham para conter a situação. Recuperando-se do choque inicial, Alinna avança em direção ao marido com passos firmes e resolutos. Sua expressão é uma mistura de medo e determinação enquanto ela se aproxima de Leonidas, que está agora cercado pelos guardas. A situação é desesperadora, e Alinna sabe que cada segundo conta. Ela precisa encontrar a fonte da ameaça e garantir a segurança do rei, ao mesmo tempo que lida com a crescente tensão que pairam sobre o salão.

— Mas o que diabos está acontecendo?! — Alinna grita, já em prantos, e corre na minha direção.

— O líder está vindo. — É a única coisa que consigo balbuciar, recordando o aviso dos dois prisioneiros agora morto.

Alinna, desesperada, se ajoelha no chão e abraça o corpo de Leonidas com toda a força que pode reunir. Rocha, Warner e Dilan entram no salão do trono, suas expressões carregadas de fúria e confusão, e vão direto para Leonidas, igualmente perplexos com a cena diante deles.

— Solte-o, majestade. Precisamos levá-lo ao curandeiro do palácio! — Rocha tenta afastar Alinna de Leonidas, sua voz repleta de urgência.

— Ele é meu marido! — Alinna protesta, agarrando a gola da manga de Leonidas com uma força desesperada.

— E ele é meu rei! É meu trabalho protegê-lo. — Rocha responde com firmeza, não se deixando abalar pela resistência de Alinna.

— E onde você estava quando ele foi atingido? — Alinna pergunta, sua voz carregada de acusações. Rocha fica em silêncio, sem ter uma resposta à altura.

— Dilan e Koan, tirem-na daqui! — Rocha ordena com uma voz autoritária. — Ethan, chame tio Heitor. Ele chegou hoje ao palácio e vai querer saber o que aconteceu.

Dilan e eu tentamos, com cuidado, afastar Alinna de Leonidas. A resistência dela é feroz, mas, para nossa surpresa, ela só permite que eu a toque.

— Não encoste em mim! — Ela esbraveja para Dilan, sua voz cortante e cheia de dor.

— Venha, majestade, o rei ficará bem. — Tento acalmá-la, puxando-a gentilmente, minha voz tentando transmitir algum conforto em meio ao caos.

Enquanto tentamos remover Alinna, o tempo parece se arrastar, e todos aguardam ansiosos pelas próximas ações que podem mudar o destino de todos. Dilan, recuperando-se da cena tumultuada, junta-se a Rocha e Warner, que já estão cuidadosamente transportando Leonidas para fora da sala do trono. Eles se afastam, suas expressões carregadas de preocupação e urgência. 

Alinna, agora com o vestido ensanguentado e macabro, está completamente tomada pela dor e pela aflição. As lágrimas escorrem pelo seu rosto, misturadas com o sangue que cobre suas mãos e rosto, tornando-a uma visão de pura agonia. Sem um rumo definido, ela deixa a sala do trono, caminhando de forma errática pelos corredores do palácio. O som de seus passos ecoa pelo palácio silencioso, cada passo parecendo um reflexo de sua turbulência interna. Ela se move sem direção, atravessando os luxuosos corredores, passando por tapetes suntuosos e paredes adornadas, mas sua mente está distante, absorvida pela crise e pela angústia. Finalmente, ela chega à sala principal, onde os espelhos que eu havia visto em minha visão estão dispostos de maneira meticulosa. A cena é quase surreal: a sala é iluminada por uma luz suave, refletindo os diversos ângulos e facetas dos espelhos. O ambiente parece calmo e sereno em contraste com a agitação que Alinna carrega consigo. Ela para diante dos espelhos, sua imagem distorcida e fragmentada refletida em cada superfície. Ela observa o próprio reflexo com um olhar vazio, como se tentasse encontrar sentido em meio à confusão que a envolve. A visão do vestido manchado de sangue e das lágrimas misturadas com o vermelho escuro das manchas cria uma imagem perturbadora. A dor e a frustração quase consigo senti-las, e a sala dos espelhos, antes um espaço de reflexão e calma, torna-se o cenário de sua crise emocional.

— Eu deveria ficar feliz. — Murmura, mas seus olhos estão fixos no reflexo nos espelhos ao seu redor.

— Feliz com o quê, Alinna? — Pergunto, confuso com a afirmação dela.

— Se Leonidas morrer. — Ela solta uma risada desconexa, suas lágrimas misturadas com o sangue que ainda mancha seu vestido.

Ainda de frente para os espelhos dispostos na sala principal, uma sala que até agora não entendi o propósito, Alinna parece buscar uma resposta nas imagens refletidas.

— Leonidas não vai morrer. — Tento confortá-la, apesar de saber que o rei está gravemente ferido.

No fundo, não posso negar que uma parte de mim ficaria aliviada ao saber que Leonidas não estará mais entre nós. Mas isso não ocorrerá a menos que a flecha de ouro, que não foi usada, atinja seu alvo.

— Você estava certo. — Alinna diz, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Em relação a quê? — Pergunto, tentando me aproximar dela, mas algo me impede.

— Eu vou causar a destruição. Eu sou a própria destruição. — Ela ri, uma risada que é tanto dolorosa quanto perturbadora. — Sempre fui o caos de todos. Erik costumava dizer que o mundo precisava de caos, mas acho que ele estava enganado.

— Alinna, você pode mudar isso. Você sabe onde a flecha de ouro está. — Insisto, na esperança de que minha sugestão a ajude a encontrar uma saída para a sua dor.

— Mas eu amo Leonidas. — Ela confessa em um sussurro, sua voz carregada de uma dor aguda enquanto derruba o primeiro espelho no chão, o estilhaço do vidro fazendo um barulho estrondoso que me faz saltar de susto.

— Como eu vou matar uma pessoa que amo, Koan? Como? — Ela vocifera, sua voz misturando desespero e decepção. A cena é uma mistura de caos e tristeza, refletindo a luta interna de Alinna entre o amor e o ódio, a destruição e a esperança.

Alinna se acalma momentaneamente e fixa o olhar em um dos espelhos. No entanto, sua serenidade é efêmera; um ataque psicótico a domina, e com uma força devastadora, ela começa a destruir os espelhos restantes. O som dos estilhaços quebrando e caindo ao chão é ensurdecedor, ecoando pela sala de maneira inquietante. É uma visão deprimente ver a rainha em tal estado. Ela está completamente suja de sangue, com o rosto marcado pelo caos e pela dor. O contraste entre a realeza que ela representa e o descontrole visível é chocante. Alinna chora e sorri simultaneamente, uma mistura perturbadora de emoções que reflete a profunda tormenta interna que a aflige. A cena espelha perfeitamente a visão que eu tive, com a rainha completamente descontrolada. Leonidas à enlouqueceu. Depois do estrondo, um silêncio pesado se instala na sala. Alinna para seu surto de destruição e, com dificuldade para respirar, se dirige ao único espelho que restou intacto. Ela se observa por um momento, a respiração irregular e os olhos ainda cheios de lágrimas. Com um gesto delicado e as mãos tremulas, ela ajeita a coroa em sua cabeça, um símbolo de sua autoridade que agora parece mais um fardo. Ela limpa cuidadosamente o sangue de Leonidas de seu rosto, restaurando uma semblante de dignidade em meio ao caos. Finalmente, se volta para mim, a expressão agora um misto de determinação e exaustão. Sua aparência ainda é desordenada, mas há uma resolução renovada em seu olhar. Ela caminha em minha direção, e a atmosfera na sala muda novamente, desta vez carregada de um sentimento silencioso, de um sentimento de inevitabilidade.

— Fique com isso! — Alinna tira o colar da lua entrelaçado com o sol, um acessório que antes era de sua mãe, e o estende para mim com um gesto decidido.

— Não posso ficar com isso. — Respondo, afastando-me com uma expressão de hesitação.

— Eu não tenho mais direito de usar este colar. — Alinna afirma com uma tristeza profunda na voz. — Não sou mais digna do sacrifício de minha mãe. — Lágrimas começam a escorregar por seu rosto, a dor em seus olhos é visível.

— É claro que é! — Insisto, tentando devolver o colar. Mas, apesar de meus esforços, ela se recusa a aceitar meu protesto.

— Eu gosto do que vejo, Koan. — Alinna diz, seu olhar carregado de uma mistura de persistência e desalento. — Gosto do que me tornei. — Ela me observa com uma expressão que mistura um pedido de ajuda com um clamor por misericórdia. — Eu sei que não deveria ser assim, mas há algo que eu sinto quando uso meus novos poderes, algo que me atrai cada vez mais. A cada dia, desejo mais, muito mais. Não tenho mais controle. E uma coisa é certa: se Leonidas morrer, eu morro junto.

O colar, símbolo de um passado mais puro e inocente, brilha em minhas mãos como um lembrete cruel de sua transformação. Alinna está em um estado de conflito interno, consumida por uma força que ela mal consegue compreender e que a leva a acreditar que sua própria vida está irrevogavelmente entrelaçada com a de Leonidas. Todo seu estado de decadência é, um reflexo sombrio da perda de sua antiga identidade.

Alinna, com um esforço visível para recuperar sua dignidade, endireita-se e faz uma pequena reverência antes de se afastar. Com passos decididos, ela deixa o ambiente, deixando para trás uma sensação de pesar. A culpa pesa sobre mim como uma sombra. Eu sou o responsável, em parte, por essa situação desoladora. Fui eu quem ajudou Alinna a chegar a Treeland, instigando sua curiosidade com minha primeira visão. Ela, na tentativa de provar que poderia resistir à corrupção, encontrou-se, em vez disso, mergulhada em uma espiral de trevas. Tentei convencê-la de que ela poderia lidar com a situação, mas o que aconteceu foi exatamente o oposto. Achei que, ao trazê-la para Treeland, ela encontraria a flecha de ouro e, com isso, conseguiria eliminar Leonidas e obter a vingança que tanto desejava. Era uma esperança que tinha em mente, mas a realidade mostrou-se cruelmente diferente. Em vez disso, o plano que pensei ser infalível falhou miseravelmente. Eu mesmo poderia ter tomado as medidas necessárias, mas preferi deixar a tarefa para ela, na expectativa de que sua força e determinação fossem suficientes para cumprir o que eu não tive coragem de fazer. Agora, vejo com clareza que meu plano não apenas falhou, mas teve consequências devastadoras. A transformação de Alinna em algo que eu nunca imaginei, sua queda na escuridão e seu desespero, são resultado de minhas próprias ações e decisões no intuito de evitar as minhas visões de serem concretizadas. A pergunta ecoa em minha mente, atormentando-me: O que foi que eu fiz? O peso da responsabilidade é esmagadora, e o arrependimento me consome. O que era para ser uma estratégia cuidadosa para restaurar o equilíbrio tornou-se uma tragédia pessoal e coletiva. Eliminei minha melhor peça. Sacrifiquei minha rainha.

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