Capítulo 28
— Senhorita? — Celeste chama suavemente, interrompendo meus pensamentos.
— Sim. — Respondo, ajustando os últimos detalhes do meu vestido.
— Trouxeram flores para a senhorita. — Ela diz, entregando-me um buquê de rosas azuis.
Aceito o buquê, surpresa com o presente inesperado. Aproximo as flores do rosto, inalando o aroma suave e delicado que exala delas. É um perfume encantador. Ao examinar o buquê mais de perto, percebo um pequeno bilhete escondido entre as pétalas. Curiosa, abro-o e leio: "Para minha futura mulher. Derek."
— Que romântico. — Suspira Ananda, com um sorriso sonhador, como se estivesse vivendo a cena em sua própria mente.
Celeste, no entanto, não compartilha do mesmo entusiasmo. Ao longo dos últimos dias, notei que ela não é exatamente a maior admiradora de Derek, na verdade, ela parece desaprová-lo completamente. E eu entendo seus motivos, ela mais do que ninguém sabe o que passei nas mãos dele. Sinto no fundo do meu coração uma certa gratidão, feliz em saber que de alguma forma ela está do meu lado.
— Flores! Flores! — Meredith exclama, saltitando de alegria ao ver o buquê.
— Aqui, meu amor. — Digo, arrancando delicadamente uma rosa do buquê e entregando-a a ela.
— Flores? Que inesperado. — Comento, voltando-me para Celeste e inspirando o perfume das rosas mais uma vez, ainda intrigada com o gesto.
Nos dias que se seguiram, Leonidas começou a se aproximar de várias formas diferentes, seu objetivo agora é, me agradar, de maneiras que eu jamais imaginaria. Em vez de exibir a arrogância que sempre o caracterizou, ele agora aparecia de forma quase serena, mostrando um lado dele que eu nunca havia visto. No início, foi com pequenos gestos: ele me surpreendeu ao me enviar um conjunto de vestidos incrivelmente sofisticados, feitos com os tecidos mais finos de Treeland. Cada vestido parecia ter sido escolhido cuidadosamente para destacar meu lado mais forte e elegante.
— Você não vai acreditar em como são lindos! — Exclama Juliete cantarolando, com um brilho nos olhos.
Juliete é a mulher que, por ordem de Leonidas, entregou-me seu colar, um gesto presunçoso da parte dele que não esquecerei tão cedo. Ela tem passado alguns dias no palácio de Treeland com sua família, aproveitando a hospitalidade do lugar. Sempre elegante e com um sorriso gentil, Juliete se destaca entre os convidados. Ela é uma velha amiga de Derek, alguém em quem ele confia profundamente, e essa amizade é evidente na maneira como eles interagem. Há uma leveza em sua presença, como se ela sempre soubesse exatamente o que dizer para aliviar qualquer situação embaraçosa.
— Tcharam! — Ela grita, empurrando as portas da câmara de roupas com entusiasmo.
— Onde estão minhas roupas? — Questiono, olhando ao redor em busca dos meus trajes habituais.
— Alinna, não seja ridícula, estas são suas roupas agora! — Juliete responde, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Ao olhar novamente, percebo que ela tem razão. Os vestidos à minha frente são bem mais deslumbrantes que os antigos, um mais bonito que o outro, sofisticados e cheios de detalhes ricos, dignos de uma rainha. Eles são amplos, com tecidos luxuosos e bordados finos que capturam a luz de forma hipnotizante.
— Derek me atormentou para escolher os melhores tecidos e contratar as melhores costureiras para confeccionar esses vestidos especialmente para você. São todos seus!
Observo o batalhão de vestidos à minha frente, cada um mais esplêndido que o outro.
— Ele é um noivo maravilhoso, não é? — Juliete diz, quase saltitando de entusiasmo.
— Claro. — Respondo, com um sorriso meio confuso. — O melhor noivo que eu poderia ter.
Certa tarde, enquanto caminhava tranquilamente pelos corredores majestosos do palácio, apreciando a calma que raramente encontrava, notei algo ao longe. Do outro lado do corredor, vi Ananda correndo na minha direção, completamente esbaforida. Seu rosto estava iluminado por uma alegria contagiante, e seus olhos brilhavam como estrelas. Ela mal conseguia se conter, seus passos rápidos e descompassados refletiam o entusiasmo que parecia quase transbordar de seu peito. Cada movimento dela transmitia uma excitação pura, como se estivesse prestes a compartilhar a melhor notícia do mundo.
— Venha, senhorita! Você não vai acreditar no que fizeram para você! — Exclama Ananda, puxando-me apressadamente pelos corredores do palácio.
— Ananda, calma! Estou de salto! — Digo, tentando me equilibrar enquanto ela praticamente me arrasta.
Sem diminuir o ritmo, ela me conduz até um quarto e, com um sorriso radiante, abre a porta.
— Olhe isso! — Ela aponta, com uma empolgação gigantesca, enquanto gesticula para o interior do quarto, como se estivesse revelando um tesouro.
O quarto está abarrotado de joias, uma verdadeira profusão de tesouros. Estantes de vidro repletas de colares e brincos, mesas cobertas por caixas reluzentes, todas repletas de acessórios banhados em ouro. Mas o que realmente chama a atenção são as tiaras e coroas, uma coleção impressionante. O espaço é dominado por mais de trinta coroas e tiaras distintas, cada uma mais deslumbrante do que a outra. O mais surpreendente é que cada uma delas exibe, orgulhosamente, o meu futuro nome gravado na frente. Em letras elegantes, lê-se "Alinna Castablanca". "Alinna Castablanca". "Alinna Castablanca". O nome está em praticamente todas as coroas, em um desfile de ouro e pedras preciosas. Por um momento, sinto uma estranha perplexidade. Por um momento imaginei que meu sobrenome seria Malik, conforme a tradição matrimonial, ao invés de carregar o sobrenome do falecido, porém ninguém questionou essa escolha. E, por mais estranho que pareça, ninguém parece ter feito objeções, o que me dá um certo direito tácito de não questionar também. O nome "Castablanca" brilha em cada uma das coroas e tiaras, e essa nova identidade está sendo recebida com uma solenidade que, de alguma forma, eu não esperava, mas que agora parece parte do meu destino.
— Nossa... — Sussurro, completamente impressionada.
— Eu sei, é simplesmente indescritível! — Ananda exclama, encantada com a visão. Ela parece estar tão maravilhada quanto eu, os olhos brilhando de admiração diante da deslumbrante coleção.
O choque verdadeiro veio quando Leonidas se mostrou disposto me ajudar com toda a papelada oficial da adoção de Meredith. Ele deixou claro que tudo estava à minha disposição disposição, e sua sinceridade era palpável. "O que a rainha quer, a rainha tem." Sua voz ecoa em minha mente sempre que ele me pega desprevenida com seus agrados. Esses gestos, que parecem simples e altruístas, me deixa extremamente confusa e confesso que impressionada também. A generosidade de Leonidas, tão genuína e sem segundas intenções aparentes, era algo que eu jamais esperaria.
— O que você quer falar comigo? — Indago, já na sala do trono, enquanto observo Leonidas se levantando do assento suntuoso.
— Nada demais, só queria entregar algo a você. — Estendendo-me um envelope me entregou o papel com um gesto formal.
— O que é isso? — Meu coração acelera, abro o envelope com curiosidade e um toque de apreensão.
— Bem, fiquei sabendo que estavam faltando alguns documentos necessários para oficializar a adoção de Meredith, documentos que Nicolay deveria ter organizado antes de falecer. — Sinto uma leve alfinetada em seu tom. — Como ele não pôde concluir essa tarefa, decidi assumir a responsabilidade e providenciar tudo para você. — Explica ele, apontando para o envelope.
Meu coração acelera ainda mais, me esforço para não deixá-lo sair pela boca, enquanto leio o papel que contém o nome de Meredith, agora oficialmente associado ao meu sobrenome e ao de meu pai. A emoção me domina instantaneamente. A confirmação de que Meredith é agora minha filha perante o mundo e todos os reinos enche-me de uma alegria profunda e indescritível.
— Por quê? Por quê? Eu não entendo... — Gaguejo, as palavras saindo entrecortadas pela emoção que ameaça transbordar.
— O que a rainha deseja, a rainha tem. Nunca se esqueça disso, Alinna. Farei tudo e mais um pouco por você. — Ele declara, com um sorriso que mistura cumplicidade e respeito, antes de se retirar da sala.
Fico sozinha, abraçada ao documento que sela a nova realidade de Meredith. A notícia é, sem dúvida, a melhor de todas, especialmente após tudo o que vivi. Sinto uma onda de gratidão e felicidade que me enche, uma sensação de realização e de vitória que parece preencher cada canto do meu ser. A partir daquele momento, não há mais dúvidas: Meredith é oficialmente minha filha. Cubro a boca com as mãos, ainda atordoada pela notícia, tremendo um pouco, enquanto uma onda de emoção me invade. As lágrimas escorrem livremente pelo meu rosto, misturando-se com um riso incontrolável que brota de um lugar profundo dentro de mim. É, sem dúvida, o dia mais feliz da minha vida, um momento de pura alegria e realização que transcende qualquer palavra.
— Alinna? Alinna, acorda. — Ele sussurra, tentando chamar minha atenção.
— Hã? O que é? — Respondo, ainda sonolenta e com dificuldade para abrir os olhos.
— Acorda. — Ele sussurra novamente, um pouco mais firme.
— Não, saia! Eu quero dormir. — Digo, virando-me para o outro lado e enterrando-me sob os cobertores.
— Vamos, Alinna, acorde! — Ele insiste, com uma determinação que não consigo ignorar.
— Céus! O que você quer? — Finalmente abro os olhos, confusa e um pouco irritada. — Leonidas?
— Venha, quero te mostrar algo. — Com um sorriso entusiasmado que ilumina seu rosto, ele me estende sua mão.
Ultimamente, Leonidas tem sorrido com uma frequência que me assusta. Seus sorrisos são tão frequentes que, embora sejam agradáveis, sinto uma estranha inquietação. Com dificuldade, levanto-me da cama, ainda lutando contra o sono e com a visão um pouco embaçada. Coloco minhas pantufas com esforço e Leonidas, com um cuidado gentil, ajuda-me a vestir meu robe, ajustando-o ao redor de meus ombros com uma delicadeza inesperada. Ele segura minha mão e, mesmo ainda semiadormecida, não me incomodo com a forma como ele está conduzindo-me. Sigo-o lentamente pelos corredores do palácio, minha mente ainda embotada pelo sono. Eventualmente, chegamos a uma parte do palácio que não reconheço bem. Leonidas me guia até um corredor escuro, com paredes de tijolos frios e ásperos. O ambiente é inesperadamente austero e parece um pouco desolado. Enquanto subimos as escadas, a sensação de que estamos subindo há mais tempo do que o habitual começa a se intensificar. Meu desejo de voltar para a cama cresce a cada passo, e o cansaço começa a pesar em meus pés. A cada degrau, a frustração e a exaustão se acumulam, mas sigo adiante, guiada pelo sorriso enigmático de Leonidas.
— Que horas são? — Bocejo, tentando espreguiçar enquanto sigo.
— Não sei exatamente, mas já é bem tarde. — Responde Leonidas, com a concentração voltada para o caminho à frente.
— Ah, que droga! Você me tirou da cama para passear pelas escadas? Isso não podia esperar? — Resmungo, cansada e frustrada.
— Não, isso não pode esperar — Diz ele com uma determinação que não deixa espaço para discussão.
Leonidas para em frente a uma porta de madeira antiga, com as bordas desgastadas e um aspecto que sugere que não é usada com frequência. Ele coloca a mão na maçaneta e, com um impulso firme, empurra a porta para abrir. O ranger das dobradiças ecoa pelo corredor, e uma estranha sensação de antecipação preenche o ar. O que quer que ele esteja prestes a mostrar, parece ser importante o suficiente para justificar essa inconveniente interrupção do meu sono. A porta se abre com um estrondo, batendo contra a parede e soltando uma nuvem de poeira que se dispersa no ar. Estamos no ponto mais alto do palácio, e a vista diante de nós é simplesmente deslumbrante. A cidade de Treeland se estende abaixo, imensa e tranquila, com as luzes das casas piscando suavemente na escuridão da noite, enquanto o reino inteiro parece repousar, assim como eu desejava estar. O vento frio da madrugada sopra com força, carregando consigo uma brisa refrescante que dança ao redor dos meus cabelos. Sinto um arrepio agradável que me faz sorrir. Fecho os olhos para apreciar melhor a sensação, permitindo que o vento acaricie meu rosto. Nesse momento, a imagem da minha família unida antes da minha perda vem à mente, uma lembrança calorosa e preciosa que me faz sentir uma mistura de saudade e conforto. Acordo para a realidade com um sobressalto, meus olhos se abrindo rapidamente ao perceber a intensidade da emoção que a lembrança trouxe. Olho ao redor, absorvendo a beleza da vista e o impacto desse gesto inesperado de Leonidas.
— Por que me trouxe aqui? — Pergunto, tentando desviar minha mente para algo mais leve.
— Venha, suba aqui. — Disse ele, segurando minha mão e ajudando-me a subir.
Logo estamos sentados no topo do telhado do palácio, com a vasta cidade de Treeland estendendo-se abaixo de nós.
— Você tem medo de altura? — Verifica, com um sorriso divertido. "Espero que ele não me jogue daqui de cima."
— Não. — Respondo rapidamente, com um certo receio, oferecendo um sorriso tranquilo em retorno.
Leonidas se acomoda ao meu lado e fixa o olhar no céu, enquanto eu começo a me perguntar o que está acontecendo. A visão do palácio iluminado à noite e a vastidão do céu acima são hipnotizantes.
— Bom, por... — Começo a falar, tentando entender o motivo de estarmos aqui.
— Shi! — Me interrompe, com um gesto que indica silêncio. — Olhe para a frente.
Obedeço, voltando a atenção para o horizonte. A paisagem noturna é deslumbrante, e a sensação de estar tão alto, com o mundo a nossos pés, cria uma certa tranquilidade. No início do céu, uma tênue pontinha de luz rosa começa a aparecer, como se o próprio firmamento estivesse despertando para um novo dia. À medida que a luz ganha intensidade, ela se espalha pelo céu, transformando-se gradualmente em um roxo profundo e vibrante. A mudança de cor é hipnotizante; a luz evolui com uma beleza tão surreal e mágica que é impossível desviar o olhar. Meus olhos se arregalam em assombro e minha boca se abre em um sorriso de deslumbramento. A cena é tão impressionante que parece transcender a realidade. O céu, agora completamente tingido de roxo e algumas rajadas de rosa, mantém essas cores magníficas por um tempo considerável. Em seguida, o roxo começa a se dissolver em um laranja quente e radiante. A curiosidade me impulsiona a levantar-me, e quase perco o equilíbrio ao fazê-lo. Contudo, consigo me firmar, sustentando-me com cuidado. O laranja gradualmente dá lugar a um amarelo suave e brilhante, enquanto o sol, lento e majestoso, começa a surgir no horizonte. Não percebo que já estamos aqui há um tempo considerável, imersos na grande obra da natureza. Finalmente, o sol desponta completamente, iluminando o céu com sua luz dourada e bela. A cena é um espetáculo de beleza que enche o coração e a alma. Enquanto contemplo a ascensão do sol, a ideia de que "Assim como o Sol e a Lua, voltaremos a brilhar!" ressoa em minha mente, um sentimento de renovação e esperança que parece refletir o início de um novo ciclo, tanto na natureza quanto em minha própria vida.
— É a coisa mais linda que já vi. — Elogio, com uma sensação de maravilha na voz, enquanto continuo a observar o céu deslumbrante.
Leonidas, permanece ao meu lado, de relance vejo que ele me observa com um sorriso bobo, um brilho de nostalgia em seus olhos.
— Minha mãe costumava acordar a mim e a meu pai pelo menos uma vez por semana só para que pudéssemos ver esse fenômeno. Em Brownwood, era ainda mais bonito. — Revela, com um sorriso que mistura saudade e carinho.
— Tenho certeza de que era. — Respondo por fim. — Obrigada por me ter acordado.
— Não precisa agradecer. — Uma simplicidade incomum permeia entre nós.
Passamos algumas horas ali, imersos na beleza do amanhecer. Eu, encantada com o espetáculo do céu, e Leonidas, observando-me com um olhar de ternura e devoção. O tempo parece parar enquanto desfrutamos da companhia um do outro.
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