Capítulo 20
— Você vai se arrepender do que está fazendo! — Gritei, a voz reverberando pelos corredores.
O guarda de Natasha me arrasta com força, seus dedos apertando meu braço.
— Cale a boca! — Ele berra, empurrando-me para que eu ande mais rápido.
Tropeço, quase caindo, minhas mãos presas em correntes de ferro que cobrem meus punhos inteiros, impossibilitando o uso de meus poderes.
— Natasha sabe que você está fazendo isso comigo? Você tem ideia de quem eu sou? — Esbravejei ainda mais alto, tentando me fazer ouvir.
Ele solta uma risada debochada, um sorriso cruel se formando em seus lábios.
— Mas é claro que sabe!
O guarda me arrasta até a sala do trono. Natasha está sentada, autoritária, com sua águia pousada nos braços. Assim que entro, ela se levanta, seus olhos fixos em mim. Ainda estou tonta por causa da pancada na cabeça, mas consigo distinguir as figuras de Pétrus, Ivy, Lucious, Erik, Vlad, Klaus, Magia, Brant e Áries. Todos estão ajoelhados, com expressões de preocupação e medo. Pétrus e Erik, ao verem meu estado, descabelada e com sangue seco por todo o rosto, tentam se levantar. Seus movimentos são interrompidos por socos brutais e pontapés dos guardas, forçando-os a voltar ao chão. O som dos golpes ecoa pela sala, misturando-se com a respiração pesada e os murmúrios de indignação dos outros. Natasha desce os degraus do trono com uma elegância ameaçadora, seu olhar nunca se desviando do meu. A águia em seus braços emite um grito agudo, quase como se estivesse celebrando a cena.
— Ajoelhe-se perante mim! — Natasha ordena ao me ver.
Eu permaneço imóvel, recusando-me a obedecer. O guarda puxa meus cabelos violentamente, tentando forçar uma reação.
— Ajoelhe-se perante mim, AGORA! — Ela repete, sua voz fervendo de impaciência.
Ainda assim, não me movo. Com uma rapidez impressionante, o guarda chuta minhas pernas, me forçando a cair de joelhos diante de Natasha. Ela sorri triunfante ao me ver ajoelhada.
— Essa teimosia ainda vai te matar. — Avisou ela, com um tom arrogante.
— Por que está fazendo isso? — Questiono, tentando entender sua crueldade repentina.
— Porque você é uma traidora! — Ela quase grita, a raiva contida em sua voz.
— O quê? Você é louca? — Respondo, incrédula.
— Damon! — Ela chama.
Damon entra na sala carregando um grande espelho de ouro. Ele o posiciona ao lado de Natasha, diretamente à minha frente.
— Droga. — Ouço o sussurro de Magia ajoelhada ao longe.
Ela deve saber o que é aquilo. Se Magia sabe o que é, deve ser algo de feitiçaria ou relacionado a isso.
— O que é isso? — Pergunto, com uma mistura de curiosidade e temor.
Natasha sorri maliciosamente, pronta para revelar seu plano. Ela começa a recitar palavras estranhas e incompreensíveis, sua voz ecoando pela sala. O espelho dourado diante de mim começa a se contorcer, como se estivesse vivo. De repente, uma imagem aparece em sua superfície: Áries e eu, ontem à noite, vasculhando seu quarto. Meus olhos se arregalam de surpresa e incredulidade. Como isso é possível? A imagem no espelho é clara e detalhada, capturando cada movimento nosso enquanto procurávamos por algo escondido. Sinto um frio na espinha ao perceber que Natasha tem nos vigiado o tempo todo. O reflexo no espelho não deixa dúvidas, e a presença daquele objeto mágico torna a situação ainda mais aterrorizante. Natasha termina seu encantamento com um sorriso de satisfação, seus olhos brilhando de malícia.
— Você acha que pode me enganar? — Ela diz, sua voz gotejando veneno. — Eu vejo tudo, Alinna. Não há como escapar de mim, está surpresa?
Olho para trás e vejo que a expressão de Pétrus e Erik é de pura tensão, enquanto Áries não consegue parar de chorar.
— Não estávamos fazendo nada demais... — Tento explicar, minha voz trêmula.
— Tem certeza? Porque uma joia muito, mas muito valiosa desapareceu do meu quarto. — Sua fala deixa claro a acusação que ela faz a mim, sua voz cheia de rancor.
— Escute aqui! Eu não sou ladra, ok? Eu não peguei sua joia valiosa!
— Ivan! — Natasha grita para o guarda que me segura, seu rosto contorcido de raiva. Ivan se aproxima mais, seu aperto em meus braços se intensificando.
— Natasha, você precisa acreditar em mim — Insisto, tentando manter a calma. — Eu não roubei nada de você.
Natasha ignora minhas palavras, seus olhos fixos em Ivan, esperando que ele tome alguma ação. A atmosfera na sala se torna sufocante, cada segundo carregado de incerteza e medo. Eu o encaro intensamente, gravando bem seu rosto e nome. "Ivan, você vai se ferrar comigo", penso, prometendo vingança silenciosa. Ele enfia as mãos nos bolsos do meu robe e, com um sorriso cruel, puxa um colar de ouro adornado com diamantes e uma enorme pedra de rubi. O brilho das joias reflete a luz da sala, destacando a peça preciosa em suas mãos.
— Não. Não. Não. Não! — Grito, desesperada.
"O que essa vadia está fazendo?"
— Olhem o que temos aqui? — Natasha diz, fingindo surpresa ao segurar o colar à vista de todos.
— Eu não peguei isso! Por que eu pegaria? Eu não roubei nada! — Defendo-me, minha voz repleta de pânico.
Natasha se ajoelha diante de mim, seus olhos brilhando com malícia.
— E como ele foi parar no bolso do seu robe? — Indaga, desafiadora.
— Eu não sei. — Sussurro, quase sem forças.
— Que bela retribuição, hein? Eu abro as portas do meu palácio para vocês e é assim que você me agradece? Me roubando? — Ela agarra meu rosto, forçando-me a olhar em seus olhos.
— Eu não te roubei. — Cuspo as palavras com firmeza. — Se eu quisesse joias como essa, era só estalar os dedos que eu teria em segundos. — Digo, tentando sorrir com bravata.
Natasha, furiosa, dá um tapa violento em meu rosto, a dor ardendo na pele.
— Você é ridícula! Guardas! — Ela se levanta e ordena. — Prendam todos!
Ivan me levanta e me põe de pé. Natasha irá se arrepender disso; vou dar um jeito nessa situação. Mas se é para ser presa, irei com dignidade. Levanto o rosto e a encaro fixamente, sem desviar os olhos. Os outros guardas se movem rapidamente, agarrando meus amigos. A sala se enche de gritos e sons de luta, mas sei que resistir agora é inútil. Sinto a injustiça queimar dentro de mim. A esperança parece se desvanecer, mas a determinação de provar minha inocência cresce ainda mais forte.
— O que faremos com ela? — Pergunta Ivan, sua voz carregada de curiosidade.
— Não sei ainda, mas vou pensar em algo bem criativo. — Natasha ri, um som cruel e macabro, como uma bruxa planejando uma maldição.
Ivan me gira bruscamente e começa a me levar para a cela, com os outros sendo arrastados logo atrás de mim. Sinto os olhares de Pétrus, Erik e dos outros em minhas costas, compartilhando a mesma resolutividade. A sensação de iniquidade ainda crescente alimenta minha força interior enquanto seguimos pelo corredor sombrio. Ao chegarmos às celas, sou jogada para dentro, ouvindo o som pesado da porta se fechando atrás de mim. Respiro fundo, para não perder o resto da sanidade que ainda carrego. Natasha pagará por isso, e eu farei o possível para proteger meus amigos e limpar nossos nomes.
— Espero que goste e que se sinta confortável, alteza. — Diz Ivan, me empurrando para dentro da cela e me jogando no chão sujo, duro e umido.
— Imbecil! — Exclamo, levantando-me e correndo até as grades, mas ele já havia trancado a porta atrás de mim.
Ficamos em celas separadas, como sempre para garantir a máxima segurança de nos manter presos.
— Áries, olhe para mim. — Chamo, já que sua cela é ao lado da minha. — Vai ficar tudo bem, eu vou dar um jeito em tudo, ok?
Áries balança a cabeça, concordando com um olhar de pânico.
— O que deu em vocês para invadir o quarto da rainha e ainda roubar o colar dela? — Ivy pergunta, exausta e irritada.
— Cale a boca, Ivy! Não roubamos o colar! — Uivo, a fúria se acumulando. Se não fosse pelas grades, eu teria colocado fogo nela, mas minhas mãos ainda estão presas.
— Não roubamos nada, Sky. — Áries sussurra para mim, visivelmente em aflição.
— Eu sei, Al. Não fomos nós. — Me agacho ao lado de Áries, tentando confortá-la mesmo com as grades nos separando.
— Se vocês não roubaram o colar, como foi parar no bolso do seu robe? — Questiona Erik, com um tom de descrença.
— Sério? Está duvidando de mim, Erik? — A dor nas palavras dele me atinge profundamente. — Eu não sei como isso aconteceu, mas eu não roubei, e muito menos a Al.
— Você está tão diferente que não me surpreenderia. — Murmura, seco e frio.
As palavras de Erik são como um soco no estômago, e eu tenho que me apoiar nas grades para não desmoronar.
— Erik, não fale assim com Sky! — Defende-me Vlad, com uma expressão de preocupação.
O clima entre nós claramente está ficando cada vez pior, cada um lutando para entender o que aconteceu e manter a esperança viva. Olho para meus amigos, tentando manter a calma e passar alguma confiança, mesmo enquanto as dúvidas e o medo ameaçam tomar conta. "Não deixe que sintam o cheiro do seu medo. Não deixe que sintam o cheiro do seu medo."
— Sabemos mais do que ninguém que Sky pode ser qualquer coisa, menos ladra. Acreditamos em vocês. — Klaus me incentiva com um sorriso de apoio.
— Tá, mas o que foram fazer nos aposentos da rainha? — Erik pergunta, visivelmente curioso.
— O que fomos fazer? Fomos fazer o que viemos para fazer, procurar a flecha de ouro. Mas parece que você se esqueceu disso, já que estava ocupado demais beijando Ivy. — Respondo, apontando para ela com raiva, sem desviar o olhar de Erik.
Ele arregala os olhos e começa a tossir, engasgado com a minha afirmação.
— Sério que você vai entrar nesse joguinho? Quem é você para falar alguma coisa? Estava aos beijos com Pétrus quando eu pensava que finalmente ficaria com você! — Erik grita, a frustração evidente em sua voz.
— Será que dá para pararem com isso? Não sei se perceberam mas discutir sobre relacionamentos fracassados é o último dos nossos problemas agora. — Resmunga Magia, claramente cansada da discussão.
— Eu já estou cansado de vocês. — Brant interrompe, sua paciência no limite.
— Cale a boca, Brant! Você veio porque quis, ninguém te convocou, se lembra? — Vlad responde, irritado.
— Se é para culpar alguém, então esse alguém tem que ser Pétrus, que enganou e mentiu para todo mundo, escondendo desde o principio que a flecha estava no palácio! — Ivy acusa, a hostilidade viva em sua voz.
— Por favor. — Dou uma risada sarcástica. — Só pode ser piada! A suja falando do mal lavado!
— E você ainda o defende? — Erik revira os olhos, exasperado.
— Não! Você é muito hipócrita, Ivy! — Grito de volta, minha voz cheia de indignação.
— O quê? Por quê? — Ela pergunta, atordoada.
— Vejamos, você fala tanto que Pétrus é um mentiroso, que eu não sou transparente. Mas vamos lá! Já que você é tão sincera. Rainha da verdade, você por um acaso contou para ele? — Aponto para Erik. — Contou que você é igualzinha a mim?
Ela arregala os olhos, virando o olhar para o irmão.
— Contou o quê? — Erik pergunta, se dirigindo até as grades e colocando a cabeça entre elas.
— Eu ia contar, Erik. Sky, como você... — Ivy começa, mas a voz dela se quebra, revelando a inquietação crescente entre os envolvidos.
— Olha só, uma mentirosa! Vamos, Ivy, conte a verdade! Diga a todos que você e seu irmão têm poderes, assim como eu! — Jogo a bomba, deixando todos surpresos.
A revelação causa um alvoroço imediato.
— O quê? Isso é impossível. — Magia é a primeira a se manifestar, seu tom cheio de incredulidade.
— É claro que isso é impossível. — Erik murmura, claramente atordoado.
— Eu também pensei que era impossível, que era a única, que os poderes que carrego só existiam por conta da herança de minha mãe e a lenda do sol e da lua que ela carregava da benção de meus avós. Mas pelo visto todos estávamos enganados. Lucious é incrivelmente rápido e Ivy, nossa querida Ivy rosinha, controla a eletricidade. — Explico, com uma nota de triunfo na voz.
— Como você descobriu? — Inquire Lucious, o desejo de saber evidente em sua expressão.
— Eu sempre sei e sempre vou saber de tudo. — Evito falar de meu encontro com Koan, o vidente. — Especialmente se envolve pessoas que estão ao meu redor. A sorte de vocês é que eu preciso de vocês, de alguma forma. — Me sento no chão e me escoro nas grades, exausta.
— Que merda, cara! — Klaus resmunga, a frustração clara em sua voz.
— Erik, eu...
— Não fale comigo. — Erik esbraveja, afastando-se e se encostando nas grades de sua cela. — De mentirosa basta uma.
— Erik, já chega ok? Nós não estávamos realmente juntos; e foi só um beijo! — Vocifero para ele me exaltando novamente.
— Na verdade, foram mais de um. — Pétrus intervém, automaticamente reviro meus olhos impaciente. — Mas, Erik, a culpa foi minha. Sky não queria me beijar porque ela queria ficar com você, eu que fui teimoso. Só queria me despedir de algo que nunca tive de verdade.
— Você é um babaca! — Erik retruca, quase serrando os dentes de revolta.
— A culpa não é minha se você é um idiota fraco! Se você a quer, ótimo! Mas, pelo menos, lute por ela. Mostre que merece o amor dela! E o que você fez? Se acomodou. — Pétrus grita descontroladamente.
— Pelos deuses dos cinco reinos! Lá vamos nós de novo. — Magia bufa e coça as têmporas exasperada.
Erik se vira violentamente e dá um soco nas barras de ferro da cela, o impacto ecoando pelo lugar. Infelizmente, a cela dele é ao lado da de Pétrus, talvez as barras das grades não sejam suficientes para impedi-los de se atracarem.
— Você não sabe do que está falando! — Erik continua, o ódio evidente.
— Pelo menos eu lutei até o último minuto. — Pétrus se joga no chão, sentando-se de costas para Erik, exausto e frustrado da discussão que parece não ter fim.
A pressão no calabouço do palácio de Treeland atinge um pico catastrófico, cada um soltando para fora suas próprias emoções e conflitos, enquanto a situação se torna cada vez mais caótica.
— Por que vocês estão brigando? — Brant fala, a frustração clara em sua voz. — Eu sou apaixonado pela Sky desde o dia em que a vi, mas ela me odeia...
— Eu não te odeio, Brant. — Interrompo, tentando acalmar a situação.
— Não me odeia, mas também não gosta de mim. Vocês dois tiveram a chance de pelo menos beijar essa mulher. Eu estou mais ferrado do que vocês, e nem por isso fico brigando feito louco. — Brant conclui, sua voz cheia de amargura.
Todos ficam em silêncio por um bom tempo.
— Que lavação de roupa suja. — Vlad solta, sua voz carregada de impaciência.
— Vlad, fique quieto. — Klaus o repreende, tentando manter a ordem que fora restabelecida com muito custo.
— Que tal todo mundo ficar em silêncio agora? Se eu estivesse com um dos meus livros de feitiçaria, rogaria um feitiço para deixá-los mudos. — Sugere Magia, com um tom cansado.
— Acho uma ótima ideia Magia. — Erik concorda, sua voz ainda carregada de sarcasmo.
— A culpa é toda minha. — Meus olhos se enchem de lágrimas, mas me esforço para me controlar. — Eu que arrastei vocês para isso.
— Não! Viemos por conta própria. — Áries comenta, tentando suavizar a situação.
— Pelos deuses, eu arranquei Pétrus de um presídio para loucos somente para colocá-lo em outro. Os únicos que vieram por conta própria foram Ivy, Lucious e o maluco do Brant. Até Magia eu tirei da toca para me ajudar. — Expliquei, a frustração evidente em minha voz.
— Isso não tem nada a ver, Alinna. — Pétrus tenta me confortar, mas suas palavras não aliviam minha angústia.
— Eu vou pedir para falar com a rainha. Vocês vão para casa e eu fico. — Declaro, já decidida do que deve ser feito.
— Muito engraçada. Como se eu fosse deixar isso acontecer. — Erik diz, debochado.
— Em primeiro lugar, você não tem que deixar nada, Erik. E em segundo, pensei que você me odiasse. — Sussurro, tentando entender seu comportamento.
— Faça o que quiser. Sou um idiota mesmo; nunca conseguirei te odiar. — Erik responde, sua voz carregada de resignação.
— Estou falando sério. Vou pedir para que vocês saiam. Em troca, ficarei e lidarei com Natasha sozinha. Quero que encontrem meu pai e meu tio Kedra, contem o que aconteceu e tragam reforços. A flecha está aqui em algum lugar, e se Natasha quer que nos tornemos inimigos, daremos isso a ela. — Ordeno, com uma firmeza resoluta, disposta a fazer o que for necessário para resolver a situação. — E isso não é um pedido.
Assim que termino de falar, um estrondo ecoa pelas paredes do calabouço, fazendo todos se encolherem de susto. As portas se abrem com uma força inesperada, e Ivan surge, acompanhado por três homens de aparência ameaçadora. O som das botas pesadas no chão de pedra ressoa enquanto eles avançam na minha direção. Ivan avança na frente com um olhar convicto, seus olhos frios e calculistas fixos em mim. Ele sinaliza para um dos homens ao seu lado, que imediatamente se dirige para a cela. O homem puxa um grande anel de chaves do cinto e começa a destrancar a porta com movimentos ágeis, embora o barulho das engrenagens e a força com que a chave gira cause uma sensação de opressão no ambiente.
Enquanto a porta se abre lentamente, Ivan me encara, sua expressão um misto de desdém e indiferença. O brilho frio em seus olhos revela que ele está preparado para o que quer que aconteça a seguir. Os outros três homens ficam em alerta, seus olhares varrendo a minha cela, atentos a qualquer sinal de perigo. Me levanto imediatamente, a respiração acelerada pela expectativa do que está por vir. Finalmente, a porta da cela se abre completamente com um rangido agudo. Ivan avança para dentro, seus passos firmes e resolutos. A sensação de claustrofobia é gritante, e eu posso sentir o peso da situação, a cada movimento daqueles que estão agora na minha frente.
— Pronta para um passeio, alteza? — Pergunta Ivan, seu tom mordaz enquanto entra na cela e me puxa para fora com uma força brusca.
Ele dá uma ordem com um gesto de cabeça para que o outro guarda se aproxime e verifique se minhas mãos estão devidamente presas com as correntes. O som das correntes se arrastando pelo chão de pedra ecoa pelo calabouço.
— Para onde vamos? — Pergunto, o medo quase tangível na minha voz enquanto olho para Ivan.
— Isso não é da sua conta, princesa. — Ele responde, seu tom desprovido de qualquer humor ou simpatia.
— Deixe-a em paz! — Erik grita, sua voz carregada de temor e ira.
— E o que você vai fazer a respeito? — Ivan cruza os braços, um sorriso desdenhoso curvando seus lábios enquanto encara Erik. O desafio em sua postura e no olhar é inconfundível, demonstrando que ele está completamente seguro de sua posição e do controle da situação.
Olho para Ivy e vejo que ela levanta as mãos, como se quisesse invocar seus poderes. No entanto, antes que ela possa agir, nossos olhares se cruzam. Um entendimento silencioso passa entre nós, e a expressão em seu rosto se torna uma mistura de compreensão e resignação. Com um olhar firme, transmito a mensagem de que devemos nos poupar por agora e esperar o momento certo. Ivy, percebendo minha mensagem, abaixa as mãos lentamente e retoma uma postura mais calma. Lucious, ao lado, observa atento, percebendo a troca de olhares e a estratégia implícita.
O plano é claro: precisamos resistir e manter nossas habilidades em reserva para que possamos surpreender nossos capturadores quando a oportunidade surgir. É crucial não revelar nossos truques agora, mas preparar uma estratégia para usar os elementos surpresa de Ivy e Lucious no momento mais oportuno. O foco agora é em aguardar o momento certo. A decisão de nos mantermos em silêncio e agir com cautela é a única maneira de garantir que teremos uma chance real de virar o jogo a nosso favor mais adiante. O que preciso agora é convencer Natasha a deixar todos eles partirem.
— Vamos, alteza. A rainha não gosta de esperar. — Ivan me empurra com força, me arrastando pelos corredores sombrios. — Espero que aprecie os presentes que tenho para você.
Sinto um frio na espinha. Eu realmente odeio presentes, especialmente quando vêm de alguém como Natasha. Assim que chegamos ao salão principal, Natasha se levanta para me receber. Quanta simpatia.
— Ora, ora. Se não é a princesa Sky! — Natasha a saúda com um sorriso que não atinge seus olhos. Sua voz é carregada de ironia.
— O que você quer de mim? — Pergunto, tentando manter a voz firme apesar do medo que sinto.
— Como eu já disse, sua teimosia um dia lhe custará caro. — Ela continua, sua expressão revelando uma satisfação atroz.
— Vai me matar? — Indago, arqueando uma sobrancelha em desafio.
— Eu sou uma pessoa muito boa para simplesmente matá-la. — Natasha responde com um sorriso sardônico. — Isso seria fácil demais para você.
— Antes que decida o que fazer comigo, gostaria de pedir algo. — Falo diretamente para ela, minha voz carregada de uma mistura de desespero e determinação.
— Não sou tão boa assim, Sky. Não abuse. — Natasha alisa carinhosamente seu pássaro, sua voz cheia de malícia.
— Faça o que quiser comigo, mas deixe meus amigos irem embora. — Imploro, a súplica evidente em minhas palavras.
— Claro que não! — Natasha ri, uma risada que reverbera com um tom desumano. — Você acha que eu os libertarei só para que eles possam se voltar contra mim?
— Somos poucos, estamos em menor número. Mesmo se quiséssemos, não conseguiríamos derrotá-la. Só peço para que os deixe ir para casa. — Peço, quase em lágrimas. Espero pelo menos que minha atuação quase meia boca consiga convencer Natasha.
Natasha observa Ivan, e depois volta sua atenção para mim. Ela começa a caminhar em círculos, como se ponderasse a decisão com calma calculada.
— Bem, tudo bem. Eu vou deixá-los em paz, mas você, traidora, ficará. — Natasha diz, a firmeza em sua voz deixando claro que sua decisão é inabalável.
— Obrigada, majestade pela sua compaixão com os meus. — Respondo, tentando manter a dignidade, apesar da situação desesperadora.
— Como eu estava dizendo antes de ser interrompida, sou uma rainha com muita generosidade. Não a matarei, mas amanhã você enfrentará dois castigos. — Natasha diz, o olhar fixo em mim com um brilho cruel. — Sou muito criativa, então prepare-se para aprender a não ser tão ingrata. Quem sabe, depois, eu também a deixe ir embora, mas com a condição de que nunca mais pise em meu reino.
Ivan ri, um som que ecoa pela sala com uma vibração de satisfação.
— O primeiro castigo será para você aprender a se ajoelhar perante uma figura majestosa. Quando eu digo não, é não, e você certamente aprenderá. — Natasha continua, seu tom implacável.
— E o segundo castigo será para ensinar você a não pegar o que não é seu! — Ivan acrescenta, com um sorriso que se assemelha mais a um esnobismo do que a uma expressão de prazer genuíno.
Natasha ri de novo, e eu os observo com uma mistura de fúria e confusão. A mente corre a mil para entender por que Natasha colocou o colar no meu robe somente para me incriminar, e qual é o propósito real de suas ações.
— E quais são os castigos? — Pergunto, meu tom carregado de fúria.
— Em breve você saberá, querida. Em breve. — Natasha e Ivan dizem juntos, sorrisos sinistros estampados em seus rostos enquanto se afastam, deixando-me sozinha com a incerteza e o medo do que está por vir.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro