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Capítulo 17


O reino de Treeland é verdadeiramente magnífico, especialmente considerando que se ergueu em tão pouco tempo. À entrada, somos recebidos por um esplêndido portão de ouro que brilha sob a luz do sol. Pétrus nos explicou que esse portão permanece aberto durante o dia para viajantes e visitantes, fechando apenas ao anoitecer. Ao atravessarmos o portão, nos sentimos um pouco intimidados pela grandiosidade ao nosso redor. As pessoas aqui vestem roupas elegantes: vestidos impecáveis, roupas meticulosamente ajustados. Mesmo as moradias que seriam simples casebres em outros lugares são, aqui, casas grandiosas e luxuosas, construídas com materiais nobres e decoradas de maneira ostentosa.

As ruas estão repletas de feiras e áreas comerciais, abarrotadas de vestimentas sofisticadas, joias cintilantes e mercadorias de todos os tipos imagináveis. As tabernas e hotelarias têm uma aparência convidativa e refinada, cada uma exibindo fachadas cuidadosamente adornadas. Tudo em Treeland exala sofisticação e modernidade. Eu costumava pensar que apenas os três grandes reinos eram abençoados com tamanha riqueza e boas relações, mas agora entendo por que Treeland é considerada o reino do ouro. A riqueza aqui é evidente em cada esquina, refletida nas roupas luxuosas das pessoas, nas construções majestosas e na abundância de bens preciosos disponíveis.

À medida que caminhamos pelas vielas pavimentadas com pedras polidas, observamos o cuidado nos detalhes arquitetônicos e na organização urbana. Cada praça, com suas fontes douradas e jardins bem cuidados, parece um convite ao esplendor e à opulência. O ar está impregnado com o som de música suave, tocada por músicos talentosos em cada canto, e o aroma das especiarias e das flores exóticas enche nossos sentidos, completando a sensação de que entramos em um verdadeiro paraíso dourado.

— Que reino é esse? — Áries resmunga, maravilhada com a grandiosidade ao seu redor.

— Uau! — Exclama Ivy, sem conseguir esconder sua admiração.

— Para onde vamos agora? — Pergunto a Pétrus, ainda absorvendo a beleza de Treeland.

— Vamos para lá. — Pétrus aponta para o majestoso palácio que se ergue no final da grande cidade de Treeland.

— Espera, você quer que a gente vá para o palácio? — Erik expressa sua irritação, franzindo o cenho.

— Qual é o problema de irmos para o palácio? — Questiona Lucious, intrigado.

— Qual é o problema? — Vlad murmura enquanto esfrega as têmporas, tentando conter a frustração.

— Desculpa, Lucious, mas você é idiota? — Klaus diz, colocando as mãos no queixo e fingindo ponderar. — Olha só o que nós temos aqui.

Klaus me puxa para o seu lado, apontando para mim e mostrando-me a Lucious como se ele nunca tivesse me visto antes.

— O que meu irmão quer dizer é que não podemos nos arriscar com Sky em um reino desconhecido sobre o qual nada sabemos. — Conclui Vlad.

— Não sei se vocês se lembram, mas Sky é a futura rainha de três reinos poderosos, e ela ainda tem a ligação com os avós e a tia Meredith. Seria suicídio! Vão nos ver como ameaça. — Diz Áries, apontando para o palácio ao longe. — Você por acaso não entende o quanto é fácil para alguns reinos simplesmente começarem uma guerra por um mal-entendido?

— Bom, é uma pena, porque a flecha de ouro que vocês tanto querem está lá. — Retrucou Pétrus, continuando a caminhar despreocupadamente.

— O quê? — Quase grito, atônita.

Só pode ser brincadeira! Por que Pétrus não mencionou isso antes? Teríamos tido tempo para nos preparar adequadamente, mas ele preferiu nos contar só agora.

— O quê, Sky? Você não quer a flecha, minha princesa? Então, ela está lá. — Repetiu, olhando-me fixamente.

— Mas eu não posso simplesmente ir até lá, bater nos portões do palácio e dizer "Oi vocês roubaram algo que pertence ao meu reino, devolva de boa vontade e iremos embora". — Repliquei, fazendo uma voz estranhamente desagradável.

— Olhem ao nosso redor. — Pétrus continua, gesticulando para a cidade esplendorosa. — Treeland é um lugar de riquezas e alianças poderosas. Se queremos qualquer chance de sucesso, precisamos do apoio deles, e o palácio é o nosso melhor caminho.

— Você não entende? Não sabemos quais são as intenções deste reino, nem como reagirão quando descobrirem que estou aqui. — Explico, tentando manter a calma.

— É como dar um tiro no próprio pé. — Comenta Erik, irritado. — Não devíamos ter confiado totalmente nele.

— Realmente, precisamos pensar nisso com cuidado. — Acrescenta Lucious, agora compreendendo a gravidade da situação.

— Olha aqui! Só saberemos como eles vão agir se formos até lá. Qualquer coisa, damos meia-volta e vamos embora. Não vai acontecer nada. — Diz Pétrus, confiante.

— Céus, só pode ser brincadeira! Até eu sei que isso é uma idiotice. Não arriscamos a vida da rainha dessa forma. — Brant exclama, passando as mãos pelo cabelo em frustração.

Pétrus é tão surreal que conseguiu me fazer, pela primeira vez na vida, concordar com Brant e sua visível indignação.

— Mas agora é tarde. Já estamos aqui, e se precisar, boto fogo em todo mundo. — Digo, empurrando Pétrus para o lado e seguindo em frente.

— Olá, bela jovem. — Um senhor me para no meio do caminho. — Está perdida?

— Poderia me dizer se daqui até o palácio é muito longe? — Pergunto.

— Bom, se você gosta de caminhar. — Responde o senhor, com um sorriso.

— E o senhor sabe se há algum lugar por aqui onde possamos passar a noite? — Pétrus interrompe, apontando para o grupo.

Olho para ele, confusa. Vamos parar novamente? Não quero prolongar essa viagem mais do que o necessário. Preciso ser rápida.

— Tem um lugar maravilhoso no norte de Treeland. Boa hospedagem e ótima comida.

— Obrigado, senhor! — Pétrus se curva respeitosamente, e voltamos a seguir viagem.

— Vamos parar novamente? — Questiono, irritada.

— Vamos. — Responde Pétrus, de maneira seca.

Vejo-o levantar um relógio de bolso, segurando-o contra a luz antes de morder a joia para verificar sua autenticidade.

— Você roubou isso daquele senhor? — Pergunto, arregalando os olhos em choque.

— Tenho certeza de que ele tem outros como este. — Pétrus responde, com um sorriso travesso  e piscando para mim.

                                                                                ...

O lugar onde paramos não é simplesmente uma hospedaria; está mais para um palacete. As paredes são de mármore polido, os lustres de cristal pendem do teto alto e o chão é coberto por tapetes de veludo. O ambiente exala luxo e conforto em todos os detalhes. As janelas são adornadas com cortinas de seda pesada na cor dourada, e os móveis são de madeira escura, esculpidos com detalhes intrincados. Pétrus insistiu que eu parasse de usar as gotas mágicas de Áries para mudar a cor dos meus olhos e evitar ser reconhecida. Segundo ele, é melhor que todos saibam de imediato quem eu sou. Além disso, ele acredita que, com minha verdadeira identidade, receberemos privilégios que facilitarão nossa estadia. No entanto, isso levanta uma preocupação: inevitavelmente, perguntarão o que estamos fazendo aqui, e não poderemos revelar a verdade. Felizmente, sou boa em mentiras, e Pétrus também é habilidoso em desviar atenção e criar histórias convincentes. Enquanto caminhamos pelo saguão luxuoso, observo os outros hóspedes. Todos estão vestidos com roupas finas e caras, e o burburinho das conversas revela a presença de comerciantes ricos, nobres e pessoas influentes. Pétrus se aproxima do balcão de recepção, onde somos recebidos com um sorriso.

— Alteza, é um prazer recebê-la. Que surpresa ter a senhorita em nossas terras de Aksum. — Disse a moça do palacete me reconhecendo facilmente assim que me vê, fazendo uma reverência, ignorando completamente o charme não tão irresistível de Pétrus.

— Obrigada, querida. Eu sei que é inesperado, mas vim apenas conhecer este reino tão comentado. Todos falam tão bem que pensei: Por que não dar uma olhada de perto? — Respondi, sorrindo para manter minha mentira intacta.

— Certamente alteza, e como posso ajudá-los?

— Precisamos de quartos para a noite. — Responde Pétrus me interrompendo, com uma voz firme e segura. — E algo para comer. Viajamos bastante.

— É claro que sim. — Disse toda sorridente. — Mas tem certeza que quer apenas por uma noite? — Perguntou encarando o pessoal que está comigo.

— Bem, sim, nossa passagem será breve. — Afirmei.

— Bom, como desejar, Alteza, mas saiba que sua estadia já está paga. — Disse a moça alargando ainda mais o seu sorriso cortês. — A sua e a de seus acompanhantes.

— Como? — Indaguei, surpresa. — Não é possível que eu...

— Está ótimo, muito obrigado! — Interrompeu Pétrus, aparecendo ao meu lado novamente e oferecendo um sorriso que mal disfarçava sua falsidade.

— Quais são os quartos? — Perguntei, ainda um pouco receosa.

— Os quartos são 347, 348 e 349. — Respondeu, entregando-nos as chaves com um gesto elegante.

Pétrus pegou as chaves com um aceno de cabeça: — Agradecemos muito pela sua hospitalidade. Vamos nos acomodar e aproveitar a noite.

Com um último sorriso, a mulher que estava em nossa frente se afastou, e Pétrus e eu nos dirigimos para o saguão novamente, agora acompanhados pelos criados que nos guiavam. O som dos nossos passos ecoava suavemente pelos pisos luxuosos enquanto caminhávamos. O brilho das luzes e o conforto do ambiente contrastavam fortemente com a tensão que sentíamos. Sabíamos que a verdadeira prova estava apenas começando.

— Viu? Já estamos recebendo os benefícios graças a sua identidade verdadeira. — Pétrus se aproximou, colocando a mão suavemente em meu ombro, sussurrando perto demais dos meus ouvidos.

— Você não acha estranho a estadia já estar paga? — Sussurrei de volta.

— E o que importa? Vamos aproveitar. — Ele me puxou para andar mais depressa, tentando desviar o foco da situação.

— Sim, mas ainda precisamos ser cuidadosos. — Relembrei. — Não podemos deixar que descubram a verdadeira razão da nossa visita.

— Temos tudo sob controle. — Contornou o assunto novamente.

— Tudo certo? — Perguntou Erik ao nos aproximarmos, acompanhados pelos criados.

— Sim, tudo ótimo! — Respondeu Pétrus antes que eu pudesse falar. — Bom, meninos, dividam os quartos 347 e 348. As belas senhoritas irão para o 349.

— Nos encontramos aqui amanhã, então? — Sugeriu Ivy, olhando para o grupo.

— Certo! Mas não vou perder a chance de conferir aquele belo salão de dança ali. — Klaus comentou, visivelmente empolgado.

— Façam o que quiserem, mas estejam aqui amanhã. — Ordenei, decidida.

— Adeus, meninos. Aproveitem! — Cantarolou Áries, subindo as escadas seguindo um dos criados.

Quando o grupo se dispersou um pouco, Pétrus se inclinou e cochichou em meu ouvido:

— Às dez horas passo nos seus aposentos, alteza.

— O quê? — Perguntei, surpresa.

— E esteja arrumadinha, ok? — Respondeu, ignorando minha pergunta inicial.

— O quê? — Exigi, incredulamente. Não posso acreditar que ele espera que eu me arrume às dez da noite para encontrá-lo.

— É melhor estar pronta quando eu aparecer, ou você vai comigo com a roupa do corpo — Pétrus sussurra novamente.

— Vai para onde? Eu não tenho...

Áries me chama, e Pétrus se afasta rapidamente. Ela me puxa para subir as escadas, e eu olho para trás, perplexa com a atitude de Pétrus. O que será que ele quer comigo? Ao olhar para trás mais uma vez, Pétrus sussurra com um sorriso enigmático: — Às dez.

Já se passaram algumas horas desde que nos instalamos no palacete. Agora estou deitada na cama, encarando o teto decorado com detalhes de anjos ou demônios dourados, tentando relaxar enquanto a mente não para de correr.  Áries saiu mais cedo com Klaus, Vlad e Lucious. Eles devem estar explorando a cidade ou se divertindo no salão de dança. Ivy desapareceu, sem deixar pistas, e Magia está imersa em um ritual enigmático que, honestamente, não tenho ideia do que envolve. Ao lado da sala de banhos no nosso aposento há uma câmara repleta de baús decorativos, cada um cheio de vestidos e túnicas de linho finamente trabalhados, destinados aos hóspedes do palacete. Áries escolheu um dos vestidos para sua saída, o que deixou os outros baús ainda mais visíveis e convidativos.

Penso e repenso na proposta de Pétrus, em descer com ele para um local desconhecido, em plena noite. Sinto um misto de curiosidade e inquietação. Ele disse para estar pronta, mas eu ainda não entendo bem o propósito. Levanto-me e caminho até a câmara, examinando os baús e suas riquezas. As roupas são deslumbrantes, com tecidos leves e cores vibrantes, mas nenhuma delas parece adequada para o que Pétrus planejou, bem, pelo menos é o que eu imagino. As opções são muitas, mas nenhuma delas me parece certa para o que eu presumo que seja um encontro misterioso. Respiro fundo, olhando para o espelho de corpo inteiro que está em um canto do quarto. Tento imaginar o que Pétrus poderia querer e o que eu deveria vestir para essa ocasião. Enquanto pondero sobre minhas opções, o tempo parece se arrastar, e a decisão de descer ou não com Pétrus torna-se cada vez mais angustiante. O suspense e a dúvida pairam no ar, enquanto eu aguardo a chegada das dez horas.

"Às dez horas passo nos seus aposentos, alteza."

— Você deveria ir. — A voz de Magia surgiu repentinamente, fazendo-me saltar, o coração disparado.

— Pela santa Luna, você quase me matou de susto! — Virei-me rapidamente, colocando as mãos no peito para tentar acalmar a palpitação.

— Oh, desculpe se te assustei. — Magia revirou os olhos. — Mas você deveria ir.

— Ir para onde? — Questionei, tentando parecer desentendida.

Será que ela sabe de algo? Será que ela ouviu alguma coisa? Ou pior, viu algo?

— Ir se divertir com seus amigos, oras. Pensou que eu estava falando o quê? — Magia me olhou com uma expressão de curiosidade e um toque de suspeita.

— Nada! Não pensei em nada, só... é claro que vou. Eu já estava indo... quer dizer, indo me arrumar. — Dei uma desculpa apressada e corri para a banheira, sem deixar de observar Magia pelo canto do olho.

Assim que meu corpo tocou a água, aproveitei a oportunidade para relaxar. Tomei um longo banho, lavando o cabelo e deixando a água fazer maravilhas. Estava coberta de sujeira após a viagem, e sentir a água quente e o vapor foi um alívio reconfortante. Depois de me enxugar com uma toalha macia, encarei-me no espelho mais uma vez.

— Você consegue, Alinna. — Sussurrei para mim mesma, tentando me encorajar.

Céus, por que estou tão nervosa para sair com Pétrus? Meu coração bate descompassado e, por algum motivo inexplicável, lembro-me do beijo que ele me deu. Um arrepio percorre minha espinha, dos pés à cabeça, e meus braços se cobrem de pequenas protuberâncias. Tento afastar esse desconforto, passando as mãos rapidamente pela pele, como se pudesse apagar a sensação. Volto à câmara e abro novamente um dos baús, os olhos correndo freneticamente sobre os vestidos e túnicas dispostos. Estou como uma louca em busca do vestido perfeito: nem exagerado demais, nem muito discreto. Preciso de algo que não diga "Oi, estava te esperando!" mas também que não passe a impressão de desprezo. O vestido precisa ser sexy, mas sem parecer que estou tentando ser sexy. Cada peça que olho parece errada de alguma forma. Alguns são deslumbrantes demais, enquanto outros são tão simples que parecem desinteressantes. A frustração me faz sentir que estou em um labirinto de tecidos e rendas, sem uma saída à vista. Finalmente, exausta, escorrego até o chão da câmara, sentando-me entre os baús. Com a cabeça entre as pernas, olho para o caos ao meu redor e murmuro para mim mesma:

— Céus! Céus! Céus!

É uma sensação esmagadora de pressão e desespero, como se o peso da escolha estivesse se tornando insuportável. Eu preciso encontrar uma solução, algo que vá equilibrar todos esses fatores. Enquanto luto contra a ansiedade, tento me acalmar e me concentrar, buscando uma solução em meio à pilha de roupas espalhadas ao meu redor.

— Eu não vou! — Decidi, com uma determinação repentina.

Respirei fundo e repeti para mim mesma, com crescente convicção:

— Isso eu não vou. Eu não vou. É! Eu não vou.

No entanto, um som de batida na porta me interrompe. O desespero toma conta de mim de uma forma que nunca experimentei antes. Nunca estive tão nervosa por causa de um homem, nunca fui assim, até o momento apenas Erik havia me causado tanta ansiedade. Mas Pétrus? Isso é RIDÍCULO!

— Sky! — A voz de Magia soa do lado de fora.

Eu me assusto novamente e me levanto rapidamente, passando as mãos pelos cabelos e tentando organizar meus pensamentos.

— Oi?! — Respondi, a voz quase falhando de nervosismo.

"Que não seja o Pétrus! Que não seja o Pétrus! Que seja outra pessoa." Faço uma prece.

— Pétrus está na porta! — Magia responde, e a sensação de pânico se intensifica.

"Droga!"

Olhei para mim mesma e percebi o quão longe estou de estar pronta: ainda estou de toalha, descalça, e com os cabelos molhados.

"É bom estar pronta quando eu aparecer ou você vai comigo com a roupa do corpo."

Não posso simplesmente sair assim.

— Há, eu já estou indo! — Gritei para a porta, tentando ganhar tempo. — Diga para ele esperar mais um pouco!

Sem perder tempo, comecei a procurar freneticamente algo adequado para vestir. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto tentava encontrar uma solução antes que Pétrus decidisse entrar. Na pressa, peguei um vestido verde oliva, uma cor que raramente uso. O vestido é uma mistura intrigante: justo e rendado na parte superior, com um tecido liso e fluido na parte inferior. É longo e elegante, e na cintura tem um cinto de ouro que adiciona um toque sofisticado. Enquanto me vestia, apliquei rapidamente uma cor aos lábios, algo discreto, sem tempo para mais. Escolhi um par de sapatos que pareciam razoáveis e joguei os cabelos para trás, prendendo-os em um coque apressado. Para as joias, optei apenas pelo colar e o bracelete de minha mãe. O colar, um item precioso e sentimental, escondi por baixo do vestido para garantir que não se perdesse. Saí da câmara de roupas, ainda respirando com dificuldade e sentindo o coração acelerar. Felizmente, Magia não estava à vista e, até onde eu sabia, Pétrus também não havia chegado a tempo de ver meu estado de aflição. O alívio de não ter sido vista em meio ao caos da preparação me deu um momento de respiro, enquanto me preparava para enfrentar o que quer que Pétrus tivesse planejado.

— Uau! Você está linda. — Pétrus comentou ao me ver, seus olhos brilhando com uma admiração genuína.

— Sério? Não fiz nada demais. — Respondi com um sorriso nervoso.

Pétrus estava igualmente impressionante. Ele vestia uma vestimenta azul que realçava sua aparência, como um verdadeiro príncipe. Seus cabelos estavam impecavelmente presos para trás, e, apesar de manter um ar de pirata rebelde, havia algo de refinado em sua postura. Nunca o tinha visto tão apresentável, e isso me surpreendeu.

— Bom, vamos? — Ele ofereceu o braço para mim.

Olhei para Magia e depois para Pétrus, ponderando por um momento.

— Claro, vamos. — Aceitei, dando-lhe o braço.

Saímos do quarto e começamos a descer pelas escadas em silêncio. Quando estávamos prestes a descer a segunda escada do segundo andar, Pétrus decidiu iniciar uma conversa.

— Colocou as gotas milagrosas nos olhos novamente? — Perguntou, sem me olhar diretamente.

— Só por precaução. Não quero confusão, muito menos tumulto por minha causa. — Ajustei meu vestido, que parecia um pouco amassado. — Sempre me reconhecem pelos olhos. Sou a herdeira de Madark, e depois que descobri a poção enfeitiçada roubada de Áries, vi uma luz no fim do túnel. Às vezes, é bom passar despercebida.

— Alinna, Alinna. Essas pessoas estão acostumadas a conviver com pessoas como você. Elas não ligam mais. — Pétrus riu, uma risada leve e despreocupada.

— Como assim? — Perguntei, confusa.

— Só estou dizendo que elas não se importarão de ter você aqui. Você tem riquezas e poder, muito poder. Mas elas também têm riquezas. O que falta a elas é o poder. Mesmo assim, gostam de se comparar à realeza. Então, para elas, você não é uma intrusa, porque na cabeça delas, elas são iguais a você. — Pétrus explicou, seu tom relaxado e esclarecedor.

— E como você sabe tudo isso? — Perguntei, olhando para ele com desconfiança.

— Sei disso porque eu... passei um bom tempo aqui, Alinna. — Respondeu Pétrus, mantendo o olhar fixo à frente.

A forma como ele me chama de Alinna em vez de Sky me deixou ainda mais intrigada. E quem é realmente Pétrus?

— E não me olhe com essa cara. Alinna é um nome muito bonito para você desperdiçar com Sky. — Pétrus leu meus pensamentos com uma facilidade desconcertante.

Ele me conduziu até um salão sofisticado, um ambiente elegante que parecia uma pequena sala de jantar. Não era tão grandioso quanto as salas de jantar do palácio, mas tinha seu charme e dignidade, refletindo o cuidado e o luxo que permeavam o palacete. Pétrus explicou que havia vários desses salões no palacete, cada um projetado para acomodar os hóspedes com conforto.

— Alarik! — Um homem gritou com entusiasmo ao nos ver de longe.

Pétrus imediatamente me puxou para mais perto e depositou a mão em minha cintura, segurando-me com firmeza.

— O que você está fazendo? — Sussurrei, tentando me afastar, mas ele não me soltou.

— Sorria, meu amor. Sorria. — Pétrus disse, sua voz baixa e persuasiva.

O homem se aproximou com um sorriso acolhedor, e Pétrus manteve seu braço em volta de mim, como se eu fosse uma parte essencial de sua apresentação.

— Quanto tempo! Onde você esteve? Fiquei sabendo que estava preso em um...

— Águas passadas, meu amigo. Águas passadas. — Pétrus interrompeu, sua voz cortando o assunto com um tom de leveza.

— Certo, certo. E quem é esta bela jovem? — O homem perguntou, inclinando-se gentilmente para beijar minha mão em cumprimento.

Ele provavelmente não me reconheceu, o que era um alívio.

— Esta é Alinna... — Pétrus respondeu com uma confiança tranquila. — Minha mulher.

Engasguei com a minha própria saliva. "Minha mulher?" O que Pétrus está pensando? Perdeu completamente o juízo? Olhei para ele com um olhar fulminante, mas ele parecia alheio à minha fúria, como se nada estivesse acontecendo. "O que ele está tentando fazer? Eu vou matá-lo." A raiva borbulhava dentro de mim, e eu lutava para manter a compostura enquanto tentava entender o que estava se passando na cabeça de Pétrus. O homem por fim olhou para mim com uma expressão de perplexidade e respeito, e eu senti um misto de desconforto e surpresa ao ser apresentada dessa forma. Pétrus permanece completamente à vontade, como se a situação não fosse nada mais do que uma formalidade para ele.

— Se deu muito bem, meu caro. Creio que estou te devendo uma. — Lucas piscou para Pétrus com um tom brincalhão. — É um prazer conhecê-la.

— O prazer é todo meu. É...? — Pauso, esperando a introdução.

— Lucas! Meu nome é Lucas. — Ele completa, percebendo minha expectativa.

— Lucas, um prazer. — Respondi, oferecendo um sorriso formal.

— Venham, vou levá-los até sua mesa. — Lucas nos guiou para o salão.

Seguimos Lucas até a nossa mesa. Pétrus, assumindo o papel de cavalheiro, puxou a cadeira para que eu pudesse me sentar com elegância.

— Ah, que coisa! — Exclamou Pétrus ao derrubar acidentalmente uma taça de água enquanto se dirigia para sua própria cadeira. A água espalhou-se sobre a mesa, criando uma pequena poça e derramando ao chão.

Como estou com as pernas cruzadas e os pés expostos, grande parte da água caiu diretamente sobre eles. Pétrus, pega um pano da mesa e rapidamente seca o chão, tentando minimizar o estrago. Contudo, ao invés de limpar o chão, ele pega outro pano e começa a passar delicadamente sobre meus pés molhados. A sensação da água fria misturada com o pano seco é desconfortável e íntima, fazendo com que eu me sinta ainda mais constrangida. O toque inesperado e desajeitado de Pétrus só aumenta minha irritação. O chuto com os pés para tirá-lo dali.

— Pétrus costuma ser muito desastrado. — Dou um sorriso amarelo para Lucas, que ainda está parado ao lado da mesa.

— Bom, vou deixá-los a sós. — Lucas se curva brevemente e se retira.

— Obrigada. — Aceno para ele.

Pétrus continua a tarefa, agora subindo o pano provocadoramente dos meus pés até minhas pernas. O toque é cada vez mais invasivo e desconfortável.

— Saia daqui agora! — Viro minhas pernas para o outro lado, tentando me distanciar do toque indesejado.

— Belas pernas, meu amor. — Pétrus comenta, sentando-se em sua cadeira com um sorriso sedutor.

— Por que você disse a esse tal de Lucas que sou sua mulher? — Me escoro na cadeira, esperando uma explicação convincente.

— Uma aposta antiga, mas você não entenderia. — Ele revira os olhos, claramente zombando de minha confusão.

— Uma aposta? — Indignei-me com a resposta evasiva.

— Vamos falar sobre você e Erik. — Pétrus muda de assunto abruptamente, se encostando na mesa com uma expressão curiosa.

Sua mudança de tópico, sem sequer responder minha pergunta, é típica de seu comportamento, completamente presunçoso.

— Erik e eu? — Ergo as sobrancelhas, intrigada.

— Vocês... — Pétrus começa, mas parece hesitar.

— Vocês? — Insisto, incentivando-o a continuar.

— Você sabe. — Pétrus responde com um olhar intenso.

— Deixe-me ver, você me trouxe aqui só para saber se eu e Erik dormimos juntos? — Me aproximei da mesa, olhando-o com desafio.

Pétrus, pela primeira vez, fica visivelmente corado.

— É isso mesmo que quero saber. — Ele tenta manter a postura, inflando o peito como se isso adicionasse alguma dignidade à sua pergunta.

— Sim. — Respondi de maneira breve e sorridente.

O sorriso de Pétrus se desfez com uma rapidez impressionante, levando seu humor embora junto.

— Você está falando sério? — Ele quase grita, surpreso.

— Claro, sim. — Ri ainda mais. — Não seja careta, Pétrus. Qual é o problema de Erik dormir na mesma cama que eu?

— Espera, quando você diz "dormir", é realmente dormir ou... dormir? — Ele me encara com confusão.

— Como assim, Pétrus? — O provoquei. — Dormir é deitar na cama e dormir, exatamente isso.

Com um suspiro de alívio, Pétrus se estirou na mesa como se tivesse tirado um peso enorme das costas.

— Eu pensei que vocês tinham dormido com direito a tirar a roupa, beijo pra cá e pra lá... Ou seja, que vocês tinham transado. — Ele solta, parecendo aliviado.

— Não, isso não aconteceu. — Menti, divertindo-me com a situação. Pétrus não precisa saber, certo? — Pelo menos, não ainda.

— Se depender de mim, isso nunca vai acontecer. — Ele murmurou baixo, visivelmente desapontado.

— Mas não depende de você. — Pisquei para ele com um sorriso travesso.

Passamos quase toda a noite ali, e para minha surpresa, o que começou como um momento de tensão rapidamente se transformou em uma noite incrivelmente divertida. Depois do ataque de ciúmes de Pétrus, a atmosfera entre nós ficou leve e descontraída. Rimos tanto que perdemos a noção do tempo. Pétrus revelou um lado mais divertido e irreverente, brincando e contando histórias engraçadas que deixaram o ambiente mais animado. Seus comentários sarcásticos e suas piadas criaram um clima de camaradagem inesperado, e eu me peguei realmente apreciando a companhia dele. A cada risada compartilhada, a tensão entre nós parecia derreter um pouco mais. O salão estava repleto de outros hóspedes, alguns observando com um sorriso divertido enquanto outros tentavam manter a compostura. No entanto, nossa presença não passou despercebida. Com o tempo, a gestão do palacete enviou um representante educado para nos pedir para que saíssemos, pois nosso barulho estava começando a incomodar os demais.

— Desculpe, senhor. — O rapaz falou com um tom suave, mas firme. — Agradecemos pela visita, mas precisaremos que deixem o salão para que os outros hóspedes possam aproveitar o ambiente.

Pétrus, ainda com um sorriso no rosto, levantou-se e me puxou gentilmente pela mão.

— Parece que a diversão acabou, minha cara. Vamos.

Saímos do salão com um riso leve e conversas animadas, ainda absorvendo o prazer inesperado da noite. O tempo que passamos juntos foi uma revelação que me deixou impressionada.

— Você não estava usando um bracelete? — Pétrus pergunta, com um olhar preocupado.

Olhei para o meu pulso e percebi que o bracelete havia sumido. Meu coração acelerou ao ver que já estávamos quase na porta do quarto.

— Céus! Precisamos voltar, Pétrus. Não posso perder aquele bracelete. — Puxei-o, mas ele permaneceu imóvel.

— Espere, o que está acontecendo? — Ele perguntou, confuso.

— O que você está falando? — Perguntei, sem entender o que ele queria dizer.

Pétrus então passou a mão em direção à minha orelha e retirou o bracelete que eu não havia percebido que estava lá. Olhei para ele sem conseguir esconder a surpresa.

— Você... você... — Gaguejei, atônita.

— Calma, eu não vou desaparecer com o bracelete de sua mãe. — Ele sorriu, colocando o bracelete de volta no meu pulso.

Senti um alívio imenso e sorri para ele.

— Você é ridículo. — Disse, ainda sorrindo, agora com um toque de diversão.

Me encostei na parede, sentindo a sensação de paralisia tomar conta de minhas pernas ao imaginar a possibilidade de perder algo tão precioso para mim. O medo de perder o bracelete fez com que eu tremesse levemente. Pétrus, aproveitou para me prender com seus braços, criando uma espécie de bloqueio, com um braço de cada lado, suas mãos pousadas na parede ao lado da minha cabeça. Ele me olhou intensamente, seus olhos penetrantes tentando captar toda a minha expressão de preocupação. Depois, fechou os olhos e fez um biquinho ridículo, como se tentasse de alguma forma aliviar a tensão do momento com um gesto cômico para me beijar. Soltando um suspiro, me agachei e me movi com agilidade, deslizando por baixo dos braços de Pétrus que ainda me cercavam. A sensação de escapar daquele aperto foi um alívio imediato. Ele abriu os olhos ao sentir a minha movimentação e me olhou com uma expressão de decepção misturada com um leve sorriso de incredulidade.

— Não vou te beijar. — Lancei um beijo de longe para Pétrus, que estava do lado de fora.

Fechei a porta atrás de mim com um leve estalo, sentindo o peso da noite se acomodar sobre meus ombros.

— Você é minha mulher, Alinna! — Ouvi Pétrus protestar do outro lado da porta, sua voz carregada de uma mistura de frustração e diversão.

— Boa noite, Pétrus! — Respondi, tentando manter a serenidade enquanto me afastava da porta.

Tirei meus sapatos com um gesto cansado e me deixei cair na cama, mergulhando no conforto dos lençóis. Áries e Ivy ainda não tinham voltado, Magia parecia já ter adormecido e a quietude do quarto parecia abraçar o silêncio da noite. Suspirei fundo, fechando os olhos e permitindo que o cansaço tomasse conta de mim. "Até que não foi tão ruim sair com Pétrus," pensei, refletindo sobre a noite. O pensamento me trouxe um sorriso involuntário.

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