Por que foi embora?
"O amor que mais vai marcar a sua vida
é aquele que você desistiu com medo que
não desse certo."
-Nathallye Costa
(CARLYN)
Atualmente,2018.
Quando Shawn foi embora, não foi fácil. Passei os últimos 4 anos recebendo olhares tortos de toda a minha família. Passei a ser conhecida como a amiga insensível que não ficou feliz ao ver o melhor amigo indo atrás de seus sonhos. Eu sou a egoísta da história. Sempre me pergunto como Karen e Manny continuaram me tratando como uma filha, sendo que no fundo eles me detestam por ter causado uma divisão na família. Ninguém diz na minha cara. Mas todos pensam que sou uma vadia por ter optado me afastar de Shawn ao invés de apoiá-lo.
Exceto por eles não saberem o que aconteceu.
Talvez se eles souberem, eles vão continuar achando que sou uma vadia que não fiquei feliz em vê-lo fazendo sucesso. Ou talvez eles vão entender o que Shawn me fez passar.
Eu nunca me afastei de Shawn. Nunca o afastei. Nunca o odiei por seguir seu sonho.
Ele me afastou.
Ele me machucou, me tratou mal, contou segredos que só ele sabia e então foi embora e como se não bastasse me despedaçou em pedaços. E eu o odiei, como qualquer outra pessoa faria. Quando Shawn voltou eu esperei por um pedido de desculpas pois assim eu o perdoaria mas ele não o fez, então eu resolvi o excluir de minha vida.
Eu o odiei por anos, as vezes não conseguia dormir pois só conseguia pensar no porquê ele ter feito o que fez, não era do feitio dele. Dizia paras as pessoas próximas que jamais o perdoaria, mas eu estava mentindo, no fundo, eu sabia que bastava ele bater na minha porta e pedir desculpas que eu pularia em seus braços novamente pois ele era meu melhor amigo, a pessoa que eu mais confiava. Eu pensei que isso iria acontecer quando Apólo morreu. Eu pensei que havia conhecido a pior dor do mundo que foi quando Shawn partiu, mas o pior foi quando meu irmãozinho partiu. Eu sabia que Shawn estava pelo mundo por mais que ele não fizesse mais parte do meu mundo e eu o odiava, quando você odeia uma pessoas as coisas ficam mais fáceis. E Apólo? Eu o amava, ele era meu irmão, e ele foi para nunca mais voltar. E sabe o que foi pior? Eu nem ao menos me lembro da última vez que disse "eu te amo" para meu irmão, pensei que o teria comigo por mais tempo.
Quando aconteceu o enterro de Apólo eu pensei que Shawn voltaria, que estaríamos em família novamente pois ele também o via como um irmão, fomos criados juntos. Uma parte egoísta minha almejava que ele voltasse apenas por minha causa, ele sabia que a única pessoa que me faria ficar bem naquele momento era ele, só ele tinha esse poder de me acalmar, eu esperei por ele, esperei ele bater na minha porta e me abraçar enquanto dizia que tudo ficaria bem. Eu esperei. Ele nunca veio. Foi quando eu perdi todas as esperanças, foi quando eu prometi a mim mesma que não importava o que acontecesse, eu jamais o perdoaria pois ele não estava ali por mim quando eu mais precisei. Eu passei anos da minha vida desejando não ter um coração apenas para não sentir a dor que ele me fez passar. Desejei perder minhas memórias apenas para tirá-lo da minha cabeça. Nada disso foi suficiente até ele de fato virar as costas pra mim, então eu virei pra ele também.
Eu gritei por Shawn. Passei noites acordada pois quando pensava que estava caindo no sono eu me lembrava que ele não estava mais ali e voltava a chorar compulsivamente. Shawn jogou todos os nossos planos no lixo. Nada valeu das nossas noites acordados decidindo se iríamos estudar na universidade de Toronto para ficarmos próximos da nossa família ou se iríamos fazer em Los Angeles pois lá teríamos mais oportunidades de emprego. Me pergunto se tudo era falso. Me pergunto o que aconteceu com as promessas de sermos amigos para sempre.
E agora ele está de volta e quando o vi foi como se todo aquele ódio que eu sentia por ele evaporasse e simplesmente não consigo entender, como posso querê-lo por perto depois de toda a dor que ele me fez passar?
Cada mísera partícula do meu coração grita de saudade dele, meu corpo grita para poder abraçá-lo novamente, sinto falta de tê-lo por perto. E ter ele na mesma casa e não poder abraçá-lo e dizer à ele que sinto sua falta mais do que tudo é agonizante. E toda vez que sinto essa vontade de abraçá-lo, sinto também o medo. Medo de perder ele novamente que é o que vai acontecer. Não sei se vou conseguir ver ele partindo pela segunda vez. Também tenho medo do fato de ninguém me entender como ele entende. Desde que Shawn voltou não tivemos muita interação, o mais próximo que estivemos foi a tarde que passamos juntos no píer e a conversa em frente da minha casa à dois dias atrás. Mas por esses pequenos momentos eu me senti tão segura com ele, como se continuássemos próximos desde sempre. Isso está me aterrizando.
Passei 2 anos vivendo com a esperança de que ele voltaria. Não estava vivendo a minha própria vida. Estava esperando por alguém que não iria voltar. Não posso me apegar à ele novamente e voltar a viver minha vida esperando por alguém que está vivendo a própria vida.
Estou confusa. Quero ele por perto mas não quero ele por perto. Faz algum sentido para você? Porque pra mim não faz.
Gosto de estar com ele, me sinto bem como se eu finalmente estivesse em casa. Porém toda vez que me lembro o que ele fez, toda a dor que senti quando ele foi embora, apenas quero que ele desapareça da minha frente. Ao mesmo tempo que apenas desejo saber o motivo dele ter sido um completo idiota a 4 anos atrás.
Os últimos 2 dias foram estáveis. Eu ia para a casa de Karen às nove da noite e acordava às seis da manhã indo para a minha casa tomar café. Sendo assim encontrando Shawn apenas quando ele ia em minha casa e quando fomos usar o banheiro ao mesmo tempo durante a noite passada. Entre esses dois dias tivemos apenas uma conversa, quando eu fui para a casa de Karen na primeira noite e ele estava assistindo um filme qualquer na TV, de início eu iria subir as escadas e ir para o quarto de hóspedes porém quando ele me desejou boa-noite não consegui não ir lá. Falamos um pouco sobre minha nonna e em como ele disse que tem um carinho especial por ela, em como ela o trata como um neto, ele sente falta de ter seus avós por perto. Quando eu falei que a atuação do ator do filme era péssima, entramos em um assunto sobre uma vez ele ter feito um teste para o protagonista de um filme da Disney porém ele não conseguiu o papel pois estava tão nervoso que esqueceu as falas do personagem, infelizmente ele conseguiu fazer parte da trilha sonora do filme. Eu ri dele o zoando por não ter conseguido fazer o teste, ele brincou dizendo que estava magoado e disse que havia recebido proposta de vários papéis importantes no cinema porém não aceitou por estar focando em sua música e que irá fazer filmes ou série quando estiver cansado da vida de cantor. Imagino que isso jamais vai acontecer pois o mesmo ama sua música, é perfectível pela forma que seus olhos brilham quando ele fala disso e quando sorri.
Quando desci as escadas da casa dos Mendes, encontrei toda a família sentada na mesa da sala de jantar exceto por Aaliyah que estava logo ao lado na sala desligando a TV que transmitia algum jornal local. Eu amo isso na casa de Karen, não há divisória entre a sala de jantar e a sala, diferente da minha que há uma parede dividindo a sala enorme da cozinha minúscula. Nunca soube o porquê mais isso dava uma sensação de união. Quando adentrei no cômodo, Aaliyah estava voltando para a mesa se sentando de frente para o Shawn.
—Hey meu amor, sente-se, tome café conosco.—Karen disse sorrindo assim que me viu.
—Não precisa, eu já estou indo pra casa.—sorrio sem mostrar os dentes apertando contra meu corpo o moletom que está em meus braços.
—Pare com isso, venha logo.—Tio Manuel revirou os olhos e fez um gesto com a mão me chamando. Antes que eu pudesse negar novamente, ele acrescentou:—Sua mãe, seus tios e seus avós saíram. Estive lá mais cedo e eles estavam de saída para o shopping.—me pergunto se acordei tarde de mais porém ao olhar para o horário do meu celular vejo que são apenas sete da manhã, não me surpreendo já que Karen e Manuel sempre vão em minha casa pela manhã.
Me dou por vencida e me sento na cadeira vaga ao lado de Aaliyah. Provavelmente minha mãe não preparou o café da manhã e prefiro comer a maravilhosa comida de Karen os invés de tentar fazer algo que ficará com gosto horrível.
—Nós vamos na pista de gelo do centro, o que você acha?—Aaliyah perguntou de boca cheia me fazendo rir ao ver um pedaço de panqueca sair de sua boca, logo Manuel à advertiu com o olhar .
—Tudo bem, que horas vocês vão?—pergunto.
—Quando terminamos de tomar café.—Shawn responde por Aaliyah me fazendo supor que ele também irá.
—Ok, eu só preciso ir em casa tomar banho e ver se a Taila quer ir também.—digo, logo os irmãos Mendes concordam comigo.
(...)
—Ah qual é! A princesinha fica um ano afastado do Canadá e já esquece como se patina no gelo?!—debocho do Mendes, rindo alto da reação emburrada dele enquanto eu deslizo de forma rápida sobre o gelo.
Não sou uma das melhores em escorregar pelo gelo, não como Aaliyah e Taila mas sei me virar e não corro o risco de cair. Já Aaliyah e Taila são profissionais, ambas fazem parte do time feminino de Hockey da escola onde estudam,o desentendimento entre elas começou por causa disso inclusive. As duas sempre gostaram de jogar hockey porém preciso admitir que Aaliyah se dedica mais, a um tempo atrás as duas eram consideradas as melhores do time e o treinador precisou escolher uma das duas para ser a capitã. Foi quando elas esqueceram que cresceram juntas e que eram amigas, começaram a competir uma contra a outra e a acharem que estavam se sabotando para não conseguir a vaga. Minha irmã conseguiu a vaga de capitã porém o clima tenso entre elas continuou, Taila sempre teve ciúmes da Aaliyah por ser muito próxima de mim sendo assim as vezes eu passando mais tempo com ela do que com a minha própria irmã, todavia após a competição da vaga de capitã esse ciúmes se intensificou mais. Nunca entendi muito bem como Taila conseguiu a vaga, ela é boa porém a dedicação de Aaliyah lhe faz se destacar mais na pista de gelo, já Taila não consegue disfarçar que ela joga o esporte apenas para se divertir. Aaliyah joga cada jogo como se fosse o último, ela dá tudo de si em cima do gelo e quando perde um jogo a garota se distancia de todos pelos dois dias seguintes, ela já me disse que esses dias servem para ela pensar onde errou que fez a mesma perder o jogo. Já Taila quando perde o jogo age como se não fosse nada de mais e sempre vai para alguma da festas que seus amigos dão como se ganhar ou perder não fizesse diferença. Atualmente, a relação das duas está estável, elas não discutem sempre embora troquem constantemente farpas. Todavia isso não afeta nossa família, como agora que saímos nós três mais o Shawn e estamos nos divertindo.
Como disse, não sou uma das melhores mas Shawn está me fazendo se sentir melhor. Lembro-me que ele era ótimo na patinação, já chegou até a fazer parte do time masculino de hockey da escola onde estudávamos porém abandou para se dedicar nos covers que gravava. Mas não imaginei que ele havia perdido o jeito. Aaliyah e Taila estão patinando em uma velocidade maior do que os demais, eu patino normalmente, já Shawn se encontra dando pequenos paços tímidos e segura sua mão na lateral.
—Faz tempo que não faço isso, estou com medo de ir e cair.—ele diz enquanto eu deslizo em sua direção.
—Nada que você já não tenha feito.—Taila comenta se aproximando dele também.—Em algum momento isso vai acontecer, você é um desastre.
—Eu não sou um desastre, apenas....particularmente embaraçoso.
—Para de drama e solta logo essa grade.—Aaliyah revira os olhos enquanto gira seus pés patinando em giro.
Taila corre para longe assim como Aaliyah me deixando só com ele.
—Vamos logo.—faço uma careta de tédio. Shawn não expõe sua reação e apenas aperta mais sua mão em volta da lateral como se eu fosse arrancá-lo ele dali.—Quer mesmo ser lembrado como o cara de 20 anos que ficou agarrado à grade enquanto garotas de 15 anos estão fazendo saltos?—pergunto dando uma rápida olhada para Taila que se encontra patinando em círculos e depois para Aaliyah que está correndo de costas.
—Sabe o que eu quero? Não ser o cara que vai quebrar a cara após não conseguir dar um passo e o pior...todos ficarem sabendo disso.—ele diz gesticulando com a cabeça discretamente na direção das árvores ao lado da pista. Quando olho encontro duas garotas sentadas em um banco com celulares em mãos, quando olho elas escondem no mesmo instante deixando claro que elas estavam sim fotografando.
Certeza que eles reconheceram o Shawn e estavam tirando fotos para ganhar curtidas ou apenas para guardar em suas galerias, estou surpresa que elas ainda não vieram pedir fotos já que no dia que sai com ele no píer, Shawn foi parado mais de sete vezes por pessoas para tirar selfies.
—Você não vai para nenhuma pista quando está viajando?
—Vou, as vezes...mas eu não sei, apenas estou com medo de soltar e cair.—preciso contrair meus lábios para não rir pois sei que isso fará ele querer menos ainda.
—É porque você está enferrujado, vem logo.—digo segurando sua mão e o puxando de vez em minha direção para ele sair de perto da grade. Shawn solta um gritinho assustado que me fez gargalhar alto, o mesmo arregala os olhos mas logo um sorriso enorme surge em seus lábios ao perceber que está em pé sem precisar segurar na grade.—Obrigada.—lhe lanço um sorriso convencido antes de sair deslisando pelo gelo para longe dele.
(....)
—Elas ainda não se falam?—Shawn pergunta enquanto sentamos no banco embaixo de uma árvore que fica ao lado da pista. Olho na direção que ele está olhando encontrando Aaliyah e Taila ainda patinando na pista porém em lados contrários como se agora não precisassem mais se esforçarem para estarem próximas uma da outra já que eu e Shawn resolvemos sair.
—Mais o menos, é complicado.—dou de ombros. Nunca sei como explicar a relação das duas.
—No último natal elas não se abraçaram quando deu meia noite, e sempre estavam jogando indiretas uma para a outra.
—Taila se tornou muito fechada depois que o Apólo morreu e afastou todos de si, inclusive Aaliyah. Tenho uma parcela de culpa nisso também, sou mais próxima da Aaliyah do que da minha irmã e ao invés de Taila me culpar ela culpa a Aaliyah.—explico deixando evidente meu tom de voz decepcionado.
—As duas nunca tentaram conversar para se resolverem?—ele pergunta novamente. Lhe olho com uma feição de tédio, não acreditando que ele realmente acredita que tudo se resolve a base de uma conversa. Deveriam se resolver? Sim. Se resolvem? Não.
—Elas são duas adolescentes! Rebeldia e orgulho estão correndo nas veias delas.—respondo incrédula vendo Shawn dar de ombros e fixar seu olhar nas duas garotas na pista.
Esse Shawn é diferente do que eu conhecia. Atualmente ele parece ser tão pacífico, como se estivesse acostumado com o caos, ele transparece ser um cara que apenas quer mudar o mundo e que acredita que o amor e a paz é a chave para resolver todo o caos. Shawn do passado mandava o mundo ir se foder, quando um dos nossos amigos discutiam ele era o primeiro a revirar os olhos e dizer para irem discutir longe dele pois não tinha paciência para aquilo, esse Shawn parece ser o tipo de pessoa que iria colocar os dois amigos sentados em um sofá e conversar com eles até se resolverem.
Eu não sei por quanto tempo fiquei o olhando com as sobrancelhas franzidas, talvez se eu o olhasse por tempo suficiente iria conseguir encontrar a resposta para a minha dúvida. Em um momento, Shawn percebeu que eu o olhava sem piscar e me lançou um olhar confuso porém continuei fazendo o que estava e ele pareceu que queria perguntar o motivo de eu estar o olhando todavia não fez e agradeço à ele por isso pois não teria uma resposta. Alguns minutos depois de olhá-lo, as palavras escaparam dos meus lábios antes que eu pudesse impedir.
—Por que foi embora? Você desistiu.
Me mantive atenta a sua reação. Ele não me olhou de imediato, tanto que nos primeiros segundos me questionei se ele havia escutado o que eu disse. Mas soube que ele ouviu quando sua mandíbula flexionou, seus lábios foram pressionados um contra o outro e seu olhar que antes estava em Aaliyah patinando seguiu para suas botas. Seus olhos caíram no mesmo instante em que ele umedeceu seus lábios com sua língua, ele sempre fazia isso quando não sabia o que dizer.
—É uma pergunta simples que apenas você tem a resposta. Basta responder.—prossegui após um longo instante de não ter recebido uma reposta da parte dele.
Uma parte minha grita comigo por estar arruinando o nosso momento estável de paz. Não estamos mais discutindo e isso é um recorde já que a última vez em que estivemos juntos brigávamos a cada dois segundos. Eu quero perdoá-lo. É tudo o que quero. Não pretendo mais voltar a ser sua amiga ou tê-lo tão presente em minha vida. Mas eu preciso saber porquê ele foi embora para em fim seguir em frente. Sinto que por mais que continuemos a nos dar bem como estamos na última semana, continuaremos nessa zona de limbo que a qualquer momento tudo pode desandar e isso só vai mudar quando eu o perdoar por completo. A questão é que não posso e nem consigo o perdoar sem saber o real motivo pelo qual me excluiu de sua vida.
—Carlyn...—ele começa a subir seu olhar em minha direção. Seu tom diz que é pra mim tomar cuidado com o que estou perguntando.
—Apenas uma resposta para uma simples pergunta. Eu preciso saber, Shawn.—meu tom saiu mais desesperado do que eu gostaria e ele me dar uma rápida olhada porém logo volta a olhar para suas botas e permanece em silêncio. Um sorriso decepcionado saiu dos meus lábios.—Não vai mesmo me responder!?
Eu só não consigo compreender. Eu nunca vou conseguir seguir com a minha vida com essa dúvida do porquê ele ter ido embora sem me contar ou do porquê ter sido um total idiota comigo.
Continuo o olhando à espera de uma resposta para a minha pergunta, pelo menos uma desculpa esfarrapada, uma mentira, qualquer coisa servia menos o silêncio que estava ganhando. Ele permaneceu em silêncio por longos minutos então concluí que não teria uma resposta. Quando estava voltando minha atenção para a pista de gelo, Shawn se pronunciou me fazendo logo voltar meu olhar para seu rosto.
—Você era o tipo de pessoa que poderia ter seu coração quebrado milhares de vezes e ainda assim perdoaria quem partisse seu coração. Você sempre teve compressão, eu poderia ser um total babaca e ainda assim você ficaria do meu lado e me defenderia...—ele começa a dizer com seu tom pacífico. Eu começo a me irritar, ele está fazendo aquela coisa de dizer tudo menos a resposta para o que eu preciso.
—Claro! É isso que se faz com os amigos, você os protege, os defende e está lá por eles não importando o que aconteça.—lhe respondo antes que ele pudesse concluir seu pensamento.
—Exatamente. A única forma de você deixar de ser daquela forma, ficando sempre do meu lado, era te machucar pra valer.— o olho incrédula, não acreditando que sua intenção era de fato me machucar. Ao longo dos anos não compreendia o motivo dele ter feito o que fez já que não era de sua índole e então ele vem me dizer que me machucou intencionalmente?!
—O que? Você me machucou propositalmente? Deus! Eu mal consigo olhar pra você...—esbravejo enquanto me ergo do banco de mármore, não consigo mais ficar próxima dele por mais dois segundos, não sem lhe socar ou gritar em seu rosto todo o meu ódio por ele.
—Eu fui um idiota!—ele admite e um sorriso irônico escapa dos meus lábios, como se eu não soubesse disso. Apresso meu passo em direção ao meu carro do outro lado da rua mas sua voz continua próxima me fazendo tirar a conclusão que ele está vindo atrás de mim.—Eu tinha 15 anos na época. Eu não sabia o que estava fazendo.—quando as duas frases alcançam meus ouvidos meus pés automaticamente param contra a grama do parque. Minha pele normalmente não muda de cor quando eu estou alterada, não como Shawn, mas nesse momento eu posso apostar que estou vermelha de raiva. Me viro em sua direção e ando em passos largos até o corpo alto do babaca que eu costumava chamar de melhor amigo.
—E quando você fez dezesseis? E dezessete, dezoito e dezenove?Ha?Onde você estava? Não pensou que poderia consertar seus erros?! Seja homem uma vez na vida e admita que você fez porquê quis, não culpe a sua falta de maturidade da época. Em algum momento você pensou em vim até mim e tentar concertar o que causou?!—grito contra seu rosto. Shawn desvia o seu olhar de mim olhando em volta, não me importo se tem alguém nos observando.
—Eu sinto muito...eu sabia o que estava fazendo mas era um erro, a forma que fui embora....eu era imaturo e pensei que na época era a coisa certa à se fazer. Nos anos seguintes....não busquei mudar o que causei porque não adiantaria, você me perdoaria Carlyn? Aposto que não.—eu estou prestes à erguer minha mão e dar uma boa bofetada em seu rosto.
—Mas você não tentou! Da mesma forma que não está tentando agora!—cutuco seu peitoral com minha unha de forma agressiva em uma tentativa de não levar minha mão para seu rosto.
—Eu estou tentando!—pela primeira vez ele ergue sua voz como se eu o acusar de não tentar fosse um absurdo.
—Não....você não está. Sabe que só serei capaz de te perdoar quando me dizer porquê não me contou que estava indo embora e porquê me disse aquilo no telefone e você nem ao menos quer me contar então você não quer o meu perdão.—meu tom diminui ao ver pelo canto de olho Aaliyah e Taila nos olhando sem entender.
Shawn olha para cima e solta um longo suspiro como se estivesse buscando sugestões do que deveria fazer.
—Você sempre foi covarde. Sempre tampou seus olhos para o que estava em sua frente. Nunca fez o que tinha que fazer por medo das consequências, você é um covarde.—eu quero o machucar, sei que Shawn odeia quando jog em seu colo seus defeitos e e o que faço pensando nisso, não me orgulho porém estou cega de raiva no momento. Consigo o que quero pois no mesmo instante Shawn para de olhar para o céu e me olha com seus olhos em brasa.
—Eu..não vou..desistir de você, Carlyn.—ele diz pausadamente como se estivesse controlando as palavras para não sair de seus lábios.
—Já desistiu uma vez.—Shawn pisca atordoado, ele não tem uma resposta. Dei como um fim à nossa conversa e me viro para ir embora. Enquanto ando em direção ao meu carro apressadamente vou retirando meu celular do bolso e grito para Shawn por último:—Leve a Taila para casa!—digo alto o suficiente para ele ouvir.
Meus ombros caíram só quando estava longe o suficiente e um suspiro escapou dos meus lábios enquanto digitava uma mensagem para Charlie.
"Preciso te ver."
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