O Jogo
(CARLYN)
A risada que escapa dos meus lábios me causa uma das melhores sensações que eu já tive o prazer de sentir, é um dos momentos em que rio sem me conter e então paro para recuperar o fôlego e a sensação quente em meu coração de felicidade é um prazer que todos deveriam sentir.
Ele afunda seu rosto em meu pescoço o mordendo como uma forma de implicância, tento sair de seus braços mas é a última coisa que de fato quero. Shawn continua me segurando pela cintura com seu corpo atrás de mim enquanto me guia para o quarto, eu tento escapar dele fazendo com que ele me erga por alguns segundos resultando nos meus pés debatendo no ar. Mas logo desisto e continuamos a andar com nossos corpos juntos.
—Não podemos entrar lá!—continuo relutando mas ambos sabemos que irei acabar dentro de sua banheira como ele pretende.
—Vamos lá....—quase me desmancho em seus braços quando sua voz soa arrastada e de bônus ganho uma mordisca no lóbulo da minha orelha.
—Não podemos, precisamos ir para o jogo da Aaliy e da Taila.
—Ainda falta quase duas horas.
—Shawn.
—Carlyn.—ele repete no mesmo tom, em seguida deixa um beijo em meu pescoço.—Será só um banho, podemos estimar um tempo de dez minutos e então iremos para Pickering.
—Você sabe que não será só um banho.
—Você que está imaginando coisas, eu já disse que será só um banho sua pervertida.—ele diz inocentemente, já seus beijos em meu pescoço não há nada de inocência.
—Então a conversa de algumas noites atrás sobre estrearmos a banheira, não tem nada haver?
—Absolutamente, será só um banho inocente.
—Você sabe que se entrarmos lá não saímos tão cedo.
—Você que está dizendo isso.
—Não tentará nada?—arqueio a sobrancelha mesmo ele não podendo ver.
—Prometo, respeito sua decisão de não querer atrasar para o jogo delas. Podemos estrear ela no quesito sexo em outro momento.—sorrio por ele ser compressivo e aprecio a honestidade em suas palavras mas também me decepciono pois adoraria que fizéssemos mais do que apenas tomarmos um banho.
Shawn enche a banheira enquanto dispo minha roupa o que demora um pouco por conta dos três casacos que uso e a calça jeans que não é tão fácil de retirar. Quando vou para o banheiro que há dentro do seu quarto, o encontro apenas com uma boxer justa ao seu corpo enquanto ele está ao lado da pia mexendo em seu celular que está em cima. Sorrio caminhando em sua direção enquanto admiro seu corpo morosamente, eu não sei se é o fato de estar apaixonada ou se tem alguma outra explicação plausível mas não consigo pensar em alguém que chegue à altura da beleza dele. Eu poderia passar horas apenas o olhando e ainda imploraria por mais pois jamais se tornaria entediante, não há palavras para descrever o quanto me sinto atraída por ele. Não apenas por seu corpo, mas por todo ele. Por seu sorriso que há diferentes formas, uma hora malicioso e outra doce mas o meu preferido é com certeza o quando ele está tão feliz que não consegue se conter e automaticamente me sinto igual. Por seus olhos que transmitem tudo o que preciso saber quando ele não diz com palavras, a forma que eles se espremem quando um sorriso sútil surge em seus lábios e ele fica me olhando com adoração fazendo com que eu me sinta a pessoa mais especial do mundo. Por sua personalidade que sem dúvida alguma é a parte mais bonita de todo o seu ser, sua forma de ser gentil com todos em sua volta, quando ele é prestativo e carinhoso fazendo com que absolutamente todos se sintam amados.
Apoio minhas mãos em suas costas sentindo elas contraídas por conta dos músculos formados pela malhação mas elas ficam lá por questão de segundos sentindo sua pele, percorro elas por sua coluna as levando para a frente do seu corpo e o abraço por trás. Apoio minha testa em suas costas ao mesmo tempo que repouso minhas mãos em seu abdômen, sinto os gominhos formados nas pontas dos meus dedos e deixo um beijo sútil em sua pele.
—Por que você não tem nenhuma manchinha em suas costas, além da marca de nascença, é claro?—pergunto observando sua pele lisa e apenas com alguns pequenos caroços devido aos cravos.
—Eu deveria ter uma resposta para essa pergunta?—ironiza.
—Claro, são suas costas.
—Nunca pensei em perguntar para as minhas costas o motivo de não ter vindo com marchinhas.
—Idiota.—bato de leve com minha mão em seu abdômen e então escuto sua risada.—O que você está fazendo?
—Procurando minha playlist que normalmente usava para dormir, são músicas relaxantes.
—Usava? Por que?
—Sempre tive dificuldade em dormir, na maioria das vezes por conta da ansiedade ou fuso horário então música me ajudava. Mas não preciso mais, você meio que me ajuda a dormir com facilidade.
—Fico feliz em saber que te ajudo a dormir, tenho dormido melhor também quando durmo com você.
—É mesmo?
—Sim, eu sempre ficava acordando no meio da noite mas agora isso raramente acontece.
—Eu vi que contato de pele auxilia no sono, então deve ser isso.
—Provavelmente.
Ele parece encontrar a playlist pois o banheiro é preenchido pelo som de um violão tocando e em seguida uma voz feminina que nunca escutei se introduz. Sigo até a banheira no canto do cômodo e primeiramente introduzo minha perna esquerda sentindo a água morna, a temperatura perfeita, logo entro por completo fazendo a espuma que cobria toda a água ser afastada mas não por muito tempo pois logo ela volta a ficar em uma camada em minha volta.
Shawn desce a cueca enquanto faço um coque em meu cabelo com as próprias mechas dele.
—Você acha que nos tornamos dois adultos entediantes?—ele pergunta após afundar na água, franzo minhas sobrancelhas confusa por seu questionamento.
—Por que?
Shawn não responde de início, ele se encontra focado em formar uma concha com sua mão pegando um pouco de água e jogando em minhas coxas que ficaram acima da superfície da água, ele acaricia elas e de vez em quando deixa beijos em meus joelhos. Sorrio apoiando minha cabeça na parede atrás de mim.
—É domingo e estamos presos em um apartamento enquanto tomamos banho como um casal de meia-idade. Todos da nossa idade estão provavelmente em alguma boate bebendo todas as bebidas alcoólicas e fumando.
—Você quer fazer isso? Sair para uma boate e beber até encher a cara?—levo um pouco de água para seus ombros fazendo ela cair por seus braços, lavo seus ombros e vejo ele torcer o nariz com minha pergunta.
—Na verdade, não.
—Então não há motivos para sairmos para uma boate. Não é como se tivéssemos deixado de frequentar, não faz tanto tempo que fomos à uma.
—Você tem razão.
—E...estamos nos divertindo, certo? outros jovens veem diversão em ir para boates e nós também mas não hoje. Além de que...estamos nus, o que poderia ser mais divertido do que isso?—ele sorri maliciosamente.
—Fato.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, apenas relaxando ao som da trilha sonora que ele escolheu e lavando o outro porém não exatamente lavando já que não usamos sabonetes. Desencostei-me da parede ficando no meio da banheira e então passei minhas pernas por cima das suas entrelaçando elas em sua cintura mas sem sentar em seu colo. Ficando mais próxima dele, pude levar seu cabelo. Joguei água nele e o penteei para trás pois com a água entrando em contato, seus cachos acabaram por desmanchar caindo em sua testa.
Desço minhas mãos posicionando uma delas atrás do seu pescoço continuando a massagear uma parte de seu cabelo e a outra levei até seu rosto percorrendo meu indicador por sua pele, demorando um pouco mais na região da bochecha e na sobrancelha direita. Ele fica me olhando carinhosamente assim como eu o olho e não precisamos preencher o silêncio com palavras pois nossos olhares já estão em uma conversa.
Ainda não sei exatamente, mas acho que ter me apaixonado por ele pode ter sido uma das melhores coisas que já me aconteceu ou talvez tenha sido um grande problema que lá na frente precisarei resolver e não será o tipo de bagunça que gostarei de concertar. Shawn me faz bem de uma forma que nenhuma outra pessoa com quem já me relacionei fez e é isso que me assusta pois quando a pessoa é perfeita pra você, temos a tendência a nos apegar e esperar por um futuro com ela e não sei se teremos o privilégio de termos um junto.
—Você é tão linda.—ele sussurra pra mim enquanto acaricia meu cabelo com seus dedos, sorrio fraco pela calma em meu corpo mas sei que ele ver o carinho em minha expressão.—Não sorria assim.
—Por que não?
—Porque causa sensações em meu coração que não deveria sequer existir.
—Então acho que devo continuar sorrindo assim.—ele captura minha mão que estava em sua nuca entrelaçando com a sua.—Me sinto tão feliz, é normal isso?
—Acho que sim porque estou tão feliz quanto você.
Solto sua mão e a levo até seu rosto o segurando entre minhas mãos ao mesmo tempo em que escorrego minha bunda na banheira até termos nosso corpo juntos, ele estica suas pernas me fazendo sentar em cima dele.
—Acho que se você quiser que eu continue mantendo minha promessa de termos apenas um banho, é melhor se distanciar.—ele diz já levando suas mãos até meu quadril o que imagino que seja pra me tirar de cima dele mas o mesmo apenas pousa elas lá.
—Talvez eu queria mais do que um banho.—sussurro contra seus lábios.
—Eu sabia! Sua pervertida...—ele diz em um tom acusatório me levando a apoiar minha testa em seu ombro enquanto rio.
—Você me pegou, sou uma pervertida.
— Ah querida...agora sim eu vou te pegar.
Sorrio quando ele leva uma de suas mãos até minha nuca me puxando em sua direção e em segundos ele captura minha boca. Massageio seu ombro enquanto ele introduz sua língua em minha boca, sinto seus dedos apertarem minha pele do quadril e ele me puxa em sua direção fazendo com que eu me mexa em cima dele e o sinta em baixo de mim semi-ereto. Adoro em como ele sempre está com um sabor de pastilha de menta me dando mais vontade ainda de explorar sua boca sem parar.
Eu pensava que com o decorrer do tempo, você vai se acostumando com a presença da pessoa que gosta e deixando de estar nervosa mas basta os lábios dele me tocarem para que meu coração se descontrole e eu não saiba ao certo o que fazer.
Mexo meu quadril em cima dele enquanto seguro firmemente os fios do seu cabelo os puxando para trás e outras vezes apenas acariciando, isso faz ele suspirar e aumentar a pressão dos seus dedos em meu quadril, tenho certeza que deixará alguma marca.
—Encosta na parede.
O oriento já que estamos juntos no meio da banheira e logo meu namorado tem suas costas apoiadas na parede fazendo assim com que eu movimente meu quadril cada vez mais sem fazer com que escorreguemos sob a superfície da banheira. Seu membro ereto já faz pressão contra minha intimidade e propositalmente me pressiono contra ele. Shawn geme e em seguida sinto sua mão na parte da frente do meu pescoço o segurando para assim ter controle sob o beijo, normalmente eu não costumo gostar dessa ilusão de enforcamento mas ele fazendo é simplesmente erótico de mais, principalmente quando sua outra mão está segurando um punhado do meu cabelo.
Estou tão molhada e não é apenas por estar na água, sei que se ele levar seu dedo até o meio das minhas pernas irá deslizar facilmente e é o que ele faz. Meus músculos se apertam em volta do seu dedo e quando vejo não estamos mais nos beijamos pois não consigo permitir que meus lábios se concentrem em apenas beijar.
—Eu amo ver seu rosto quando meu dedo está dentro de você.
Estou gostando e não escondo minhas expressões, meus olhos estão fechados apenas para me concentrar na sensação de ter dois dos seus dedos se movendo dentro de mim e também porque não tenho forças para mantê-lo aberto e é impossível manter meus lábios fechados quando tem tantos gemidos escapando de mim.
—Deus...você é maravilhosa.
Ele continua me enchendo de elogios enquanto me masturba mas não tenho forças para dizer algo de volta, estou tão perto. Começo a mover meu quadril, literalmente cavalgando em cima da sua mão e nos breves segundos que abro meus olhos vejo o olhar dele sob mim e ninguém nunca me olhou com tanta admiração como ele, me sinto como uma deusa quando estou com ele.
Seguro firmemente seus ombros e minhas unhas fazem uma leve pressão contra sua pele, preciso evitar gemer pois no momento o banheiro está sendo preenchido pelos sons que sai de mim. Meu rosto cai de encontro ao seu pescoço e arrasto meus lábios deixando beijos nessa área sensível dele, também quero fazê-lo sentir prazer mas infelizmente não tenho forças o suficiente para levar minha mão até seu membro e mover ela, deixo mais do que beijos e quando me afasto vejo a vermelhidão dos chupões em sua pele que é clara demais então a cor acaba se intensificando.
O plano não era deixar ele me fazer chegar ao orgasmo com os dedos pois sabemos que isso é apenas uma rapidinha mas quando percebi já estava implorando pra ele não parar e tremendo em cima do seu corpo até sentir todos os meus músculos relaxarem porém minha intimidade continuou pulsando pela excitação que não vai embora no mesmo momento. Permiti que minha cabeça se apoie em seu ombro apenas para controlar minha respiração e recuperar-me da exaustação que o orgasmo proporcionou, enquanto isso sinto uma de suas mãos acariciando minhas costas e a outra meu cabelo.
Me arrastei novamente até seus lábios deixando alguns beijos desleixados por ainda estar sem fôlego mas logo recuperei o ritmo e começamos a nos beijar com intensidade mais uma vez, sua língua explora todo o interior da minha boca e é bom demais. Consigo sentir ele em baixo de mim e o mesmo está duro pra caramba, suas bolas com certeza estão doendo e ele já deve ter respirando fundo milhares de vezes para aguentar essa tortura que não é se aliviar.
—Preciso de você.—suspiro interrompendo o beijo.
Minha resposta vem com ele me beijando com mais força ainda e quando seus dedos apertam em volta do meu pescoço mais uma vez, concluo que é uma das minhas coisas favoritas. Sinto seu membro pressionado contra mim e a cabecinha dele tentando entrar, isso parece lembrá-lo:
—Amor, a camisinha.
—Tenho tomado anticoncepcional já faz um tempo, tudo bem pra você?
Shawn se afasta do meu pescoço para olhar melhor meu rosto, suas sobrancelhas estão franzidas mas não sei se é de confusão por eu estar sugerindo que façamos sexo sem proteção pela primeira vez ou se apenas está pensando que sou louca.
—Eu faço exames a cada seis meses então estou limpa.
—Eu também estou, mas você tem certeza disso?—ele leva sua mão até a minhas nuca acariciando com seus dedos.—Espero que não esteja sugerindo isso apenas por pensar que vai me agradar.
—Eu tenho cara de alguém que faz algo que não está afim apenas para agradar alguém?—arqueio minha sobrancelha em deboche o fazendo sorrir e negar.
—Não, você não é assim.
—Se estou sugerindo é porque quero mas se você não estiver...
—Eu quero, Deus...eu quero muito.—noto o desespero em sua voz me fazendo sorrir.
—Ótimo porque eu quero isso pra caramba.
Sua resposta vem com ele se aproximando de mim, sinto seus dedos agarrarem sutilmente meus fios da nuca e empurrar minha cabeça contra sua boca e ele me beija com tanta força que penso ser capaz de derreter em seus braços. Minha intimidade pulsa loucamente mas não por muito tempo. Sinto sua glande ser introduzida fazendo ambos suspiramos contra a boca um do outro, ele me penetra devagar pois embora eu esteja molhada, a água não ajuda muito. E quando sinto ele por completo dentro de mim é extraordinário. Nunca fiz sexo sem proteção, com ninguém, e não imaginava que seria tão bom assim senti-lo sem nenhuma barreira entre nós.
Seguro seus ombros e logo ele começa a investir com as estocadas e é simplesmente...surreal.
(...)
—Você está vendo elas?—pergunto ficando nas pontas dos pés e varrendo todo o ginásio com meu olhar a procura das nossas mães.
Shawn se ergue nos pés como se já não fosse alto o suficiente mas então entrelaça nossas mãos e começa a me puxar na direção das duas enormes arquibancadas o que me faz crer que ele encontrou nossa família. Subimos e temos que passar por aquela situação constrangedora de "com licença, estamos passando" que durou quase dois minutos pelas pessoas estarem concentradas no jogo que acontece. Avisto minha mãe e os pais de Shawn sentados e assim que nos ver acenam.
—Faz muito tempo que o jogo começou?—me sento ao lado da minha mãe pois é o espaço vago e logo Shawn se senta ao meu lado.
—Não muito, uns dez minutos.—Manny responde com o olhar preso no jogo.
São muitas jogadoras deslizando pelo gelo e não consigo identificar minha irmã e Aaliyah de início mas a busca facilita pois sei que o uniforme delas é azul, a cor temática da escola enquanto a do time adversário é verde. Procuro primeiro minha irmã, sei que o número dela é o 91 e no momento em que a encontro é quando uma jogadora do time adversário a empurra pelo ombro fazendo Taila se desequilibrar e perder o disco, de mediato a adversária consegue capturar o disco mas não por muito tempo já que uma das jogadoras do time azul captura o disco e joga para Taila novamente que sai em disparada na direção do gol, pensei que ela seria quem marcaria o ponto mas então uma garota alta do time verde surge em sua frente, imagino que seja a defesa, e logo Taila finge lançar o disco para o gol mas joga para uma garota também do seu time do outro lado do gelo e então a garota lança já que não há nenhuma defesa em sua frente. A arquibancada vibra, todos gritando à espera do gol ser mercado mas infelizmente a goleira do time adversário consegue capturar o disco impedindo do ponto ser marcado.
—Quanto está o placar?—Shawn grita para seu pai pois o ginásio está sendo preenchido por gritos.
—As meninas estão perdendo, dois pontos atrás.
Suspiro pois sei o quanto esse jogo é importante pra elas mas também acabou de começar então ainda tem muito tempo pela frente. Apoio minha cabeça no ombro de Shawn pelos próximos cinco minutos pois o jogo se estabiliza, nenhuma emoção, envolve apenas nos dois times tentando chegar ao gol mas então o outro time consegue impedir antes que chegue perto. Procuro Aaliyah mas não consigo encontrar de forma alguma, o número dela é o 37 se não me engano e esse número não está no gelo.
—Onde está Aaliyah?
—Verdade, estou procurando ela e não consigo encontrar.—Shawn acrescenta.
—Está no banco, como reserva. Ela está tentando convencer o treinador a entrar mas ele não deixa por causa da mão dela, tem medo que ela machuque novamente.—Karen responde em um suspiro frustrado.
O jogo se arrasta sem nenhum dos times fazer mais gols até o primeiro tempo terminar. Quando as jogadores saem do gelo para descansarem e beberem água, avisto Taila indo na direção do seu treinador e eles começam a conversar, vejo minha irmã revirando os olhos umas três vezes enquanto seu treinador gesticula com as mãos e não parece nenhum pouco feliz enquanto ela tenta lhe explicar algo. Eles ficam nessa conversa durante uns dois minutos enquanto as outras jogadoras bebem água, até que o treinador se vira na direção do banco dos reservas onde está Aaliyah e lhe chama fazendo ela ir até Taila e ele.
—Acho que Taila está dizendo para Aaliyah entrar no jogo.—Manuel diz.
Todos nós acompanhamos a conversa tentando entender o que eles dizem. Tudo o que sabemos é que Taila continua tagarelando e indicando Aaliyah enquanto o treinador parece relutar, a conversa apenas se encerra quando o segundo tempo volta e o treinador vai até o juiz dizendo algo para ele. Quando todas as jogadoras regressam para o gelo, Aaliyah é uma delas e o juiz anuncia que o número 48 foi substituída pelo 37 e logo todos nós gritamos alto o nome de Aaliyah comemorando enquanto toda o restante das pessoas permanecem em silêncio, Aaliyah olha na direção dos gritos e mesmo com o capacete consigo ver que a garota está corando fortemente.
Eu já vi alguns jogos dela e sei que ela sempre foi boa por conta de sua dedicação mas no momento em que suas lâminas tocam o gelo é simplesmente fenomenal, ela é rápida e ágil com os patins enquanto minha irmã é mais ágil com o taco e em fazer gols.
Tenho certeza que agora o treinador está se culpando por não ter adicionado antes Aaliyah ao time pois em apenas dois minutos de jogo ela faz parte da jogada que resulta em uma garota do time delas marcando um gol, é Aaliyah que faz toda a jogada mas uma garota lhe empurra e ela é rápida em passar o disco para outra garota que já está próxima do gol e então ela marca o gol.
—Vai lá Aaliyah!—meu namorado coloca as mãos em volta de sua boca e então grita entre elas. Sua irmã olha na direção e apenas balança a cabeça reprovando a atitude dele, acabo rindo.
—É tão prazeroso fazer elas passarem vergonha.—sorrio apoiando novamente minha cabeça em seu ombro.
—Está afim de matar elas de vergonha?
Gargalho ao ver seu sorriso malicioso e não demora muito para sermos um dos únicos de pé na arquibancada gritando pelos nomes das nossas irmãs.
—Taila! Você consegue!—grito quando minha irmã pega o disco e diferente de Aaliyah ela não cora, apenas sorri fazendo o mesmo movimento de balançar a cabeça que a outra fez.
—Vocês são incríveis!—meu namorado grita dessa vez e a voz dele é mais alta.
—Gente, sentem! Eu quero ver.—minha mãe me puxa pelo casaco me forçando a sentar já que estou atrapalhando uma parte da visão dela.
O jogo continua e então o time da nossa antiga escola e a atual de Taila e Aaliyah marcam mais um ponto empatando o jogo. As coisas se tornam intensas quando uma jogadora do time verde está correndo na direção do gol e então Taila vem atrás dela em disparada, as duas estão próximas das paredes e embora esbarrões sejam considerados normais no gelo, empurrar um jogador contra a parede é falta cometida e é isso que minha irmã faz. Eu não sei se minha irmã joga na posição de atacante mas caso contrário ela deveria pois a mesma é agressiva no jogo e nenhum pouco cautelosa. Minha irmã comete um board checking, ao jogar a jogadora violentamente contra a parede e logo o juiz desliza até elas apitando. Ele diz algo em sua direção e Taila não parece relutar muito, ciente que cometeu um erro, a mesma patina até a entrada da pista e se retira indo sentar no banco. O narrador diz que ela cometeu uma falta e ficará fora do jogo pelos próximos 6 minutos.
—Elas estão ferradas.—Shawn diz do meu lado.
E ele está certo, fico apreensiva e com razão. O time adversário aproveita o fato do outro time agora estar com uma jogadora a menos e ainda mais a melhor jogadora do time, pensei que a capitã não pudesse ser expulsa do jogo. Os próximos seis minutos são intensos, o time verde se torna mais agressivo ainda e diversas jogadoras da nossa antiga escola vão parar no chão, uma delas precisa ser substituída ao torcer o tornozelo. Todavia, o time verde não consegue marcar nenhum gol embora as tentativas tenham sido muitas, o time azul não consegue nem ao menos chegar ao gol do outro time para marcar ponto pois estão ocupadas de mais segurando o disco.
Quando Taila volta para o jogo, a maior parte da arquibancada vibra já que elas estão jogando em casa enquanto o outro time tem apenas alguns torcedores. Vejo um sorriso maldoso nos lábios de Taila por de trás do capacete e durante os próximos minutos ela passa empurrando a jogadora de número 30 contra o gelo, cujo é a mesma que ela empurrou contra a parede e fez ela ter levado a falta. É visível para todos que as duas tem um desentendimento entre elas e percebo que a menina do time verde começa a se frustrar pois toda vez que a mesma tem posse do disco, minha irmã vem e lhe joga no gelo, tudo entre as regras aparentemente pois o juiz não interfere.
—Cara...ela está com sangue nos olhos.—Shawn comenta e logo concordo mordendo minhas unhas apreensivas.
Não sei o que a outra jogadora fez para Taila ou se as duas apenas tem uma intriga por conta de serem as capitães mas algo me diz que não é de hoje que elas se desentendem. Taila consegue posse do disco e vejo a jogadora que ela passou os últimos minutos derrubando, correndo em sua direção também com sangue nos olhos, imagino que ela quer se vingar e é um péssimo momento pra isso já que minha irmã está próxima do gol e precisa conseguir fazer esse ponto. A menina do time verde estende o taco na direção de Taila e sei que não é para capturar o disco mas sim para derrubar minha irmã o que é uma falta, se ela fizesse isso seria suspensa por alguns minutos mas também impediria um gol e ainda poderia machucar Taila intensamente. Aaliyah parece estar ciente disso pois a mesma praticamente voa na direção da garota e se joga em cima dela lhe empurrando contra o gelo fazendo ambas caírem, as pessoas gritam e penso que vou chorar de orgulho por elas estarem se protegendo. Com um sorriso no rosto, Taila lança o disco contra a rede na parte de cima fazendo a goleira tentar pegar em baixo e então todos gritamos comemorando o gol e sabendo que agora estamos à frente.
—Meu deus, ela é muito boa.—Karen elogia minha irmã.
Sempre pensei que ela não merecesse muito a vaga de capitã, sempre soube que ela era boa mas na época que ela foi eleita estava ciente que Aaliyah era bem melhor mas vejo que minha irmã melhorou pois embora Aaliyah seja fenomenal no gelo, Taila é calculista antes de fazer uma jogada e o talento dela para os gols é perfectível para todos.
O jogo acontece por apenas mais uns minutos mas é o suficiente para o time da nossa escola marcar outra ponto, dessa vez por Aaliyah que faz a jogada sozinha apenas desviando dos defensores e então o juiz apita fazendo o jogo chegar ao fim e assim as meninas se classificando para a final.
As meninas se retiram do gelo indo para o vestiário enquanto as pessoas vão saindo da arquibancada e o ginásio vai se esvaziando aos poucos exceto pelas pessoas que permanecem sentadas, à espera das jogadoras como nós. Depois de quase 10 minutos, Aaliyah e Taila saem do vestiário juntas com suas bolsas e de cabelos lavados e logo nos apressamos para descer a arquibancada indo na direção delas. As duas param para conversar com o treinador e o professor...
—Aquele é o professor Gregory Ciek?—meu namorado pergunta estreitando os olhos para ver melhor se realmente é ele.
—O próprio.
Seus pés param enquanto nossos pais continuam andando na direção deles, paro junto com Shawn.
—Eu não posso ir lá, ele me odiava, você lembra?
—Você nunca veio até a escola depois de ter se formado?
—Eu já vim duas vezes, uma delas para pegar alguns documentos e em um jogo da Aaliyah mas em nenhuma dessas vezes o vi.
—Olha...relaxa, ele continua um babaca e você não precisa da aprovação dele.—seguro sua mão para lhe acalmar, Shawn respira fundo e então voltamos a andar na direção das nossas irmãs que estão conversando com nossos pais e o treinador enquanto Gregory Ciek se encontra um pouco afastado atendendo uma ligação.
Ele nos vê ainda enquanto está na ligação e percebo o mesmo arquear a sobrancelha em confusão, íamos passar reto por ele mas a ligação do homem se encerra e ele fica nos encarando, seria falta de edução não o cumprimentar.
—Senhor Ciek.—o cumprimento com um aceno de cabeça já que Shawn parece nervoso demais para falar algo.
—Senhorita Olsen, Mendes.—ele me olha e então olha para Shawn.
—Como o senhor está?—pergunto apenas por educação pois não suporto o homem.
—Bem e vocês?
—Bem também.
O silêncio surge entre nós e seu olhar fica entre eu e Shawn mas então ele olha para o meu namorado permanecendo mais um pouco o olhar, Shawn engole em seco.
—Vi que está se dando bem.
—Sim.—meu namorado responde apenas.
—Realmente aconteceu como você diria, está fazendo sucesso com a música.—é visível para nós dois que suas palavras saem rasgando sua garganta e que ele precisou deixar seu orgulho de lado para dizer isso.
—Sim, estou.
—Mas não farei o que você disse, não pedirei nada para você.
—Não imaginei que fosse fazer isso.
—Ótimo.
—Perfeito.
Olho entre os dois homens da mesma altura que parecem prestes a soltarem fogos pelos olhos e se matarem a qualquer instante. Gregory desvia o olhar para mim e então fica olhando entre nós dois antes de dizer:
—Nunca pensei que vocês fossem conseguir continuar com a amizade por tanto tempo.
—Não conseguimos mas...estamos namorando agora.—digo e o vejo entreabrir os lábios em surpresa.
—Uau, eu de fato não imaginaria que isso fosse acontecer.
—Pois é mas aconteceu.—Shawn responde.
—Bem...desejo felicidade para os dois.—novamente vejo ele passando por cima do seu orgulho.
—Obrigada.—agradeço ao mesmo tempo que me despido e em seguida puxo Shawn para irmos até nossos pais.
—Meu Deus! O que acabou de acontecer?—meu namorado se vira em minha direção.
—Eu não sei, foi tão estranho.
—Eu odiava aquele homem.
—Acho que nem ele gosta de si mesmo.
Shawn ri me abraçando pelos ombros e vamos na direção da nossa família para comemorarmos juntos.
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Se segurem que os próximos capítulos vão chacoalhar e #forapyoong
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