"Mãos suaves
As pontas dos seus dedos fazendo mágica
Você não vê que eu te quero, baby?"
-Niall Horan

Atualmente,2018.

Shawn se encontrava conversando com Ian, ambos sentados no sofá. O segundo contava para Shawn em como tinha conhecido Melanie, a atual garota com quem estava se envolvendo. Shawn prestou atenção e interagiu no assunto até a parte em que Ian contou quando os dois saíram pela segunda vez em um encontro mas após Carlyn regressar para a sala e começar a dançar novamente ele passou apenas a concordar com o que o Ian dizia e sempre tentando olhá-la pelo canto de olho sem que Ian percebesse.
Shawn havia passado toda a noite tentando aproximar-se dela, para ter pelo menos uma conversa de cinco minutos mas todas as vezes em que estava andando na direção de Carlyn alguém chegava até ele e lhe interrompia. E quando não tinha ninguém tentando conversar com ele, alguém estava conversando com Carlyn e seria falta de educação se meter em uma conversa que ninguém lhe chamou. Shawn olhou novamente para Carlyn vendo ela agora dançando apenas com os pés pois não podia se movimentar tanto por conta de estar com bebida em mãos, dessa vez a garota ergueu o olhar e encontrou o dele lhe olhando fazendo com que a mesma lhe lançasse um sorrisinho. Logo em seguida Justin, um dos amigos do Shawn que é de sua equipe se aproximou dela fazendo com que a rápida troca de olhares fosse interrompida.

—Ei! Vamos lá pra fora fumar comigo.—ele gritou perto do seu ouvido por conta da música alta e logo Carlyn deu um passo para trás não querendo manter aproximação. O homem havia passado quase toda a festa tentando se aproximar dela e Carlyn não é boba, sabe quando um homem lhe olha com desejo e está claramente tentando lhe levar pra cama. Mas Carlyn não estava interessada em Justin. 1)ele tinha idade para ser seu pai 2)ele não é bonito ao ponto dela se interessar 3)ele estava forçando sendo que Carlyn já tinha deixado bem claro que não tinha interesse.

—Obrigada mas não. Eu não fumo.—ela disse alto o suficiente para ele escutar e tentou manter seu tom educado mas já estava sem paciência com ele a todo instante tentando se aproximar.

—Então só vamos lá pra fora, está mais tranquilo para podermos conversar.—a garota apenas negou lhe lançando um sorriso amarelo e olhou em volta para ele notar que não pretendia lhe dar atenção.—Qual é! Vamos lá...você está aqui sozinha, vamos nos divertir.—ele sorriu sugestivamente enquanto percorreu seu dedo indicador pelo braço descoberto de Carlyn que logo ao sentir o toque tratou de se afastar.

—Não me toque e não, eu não quero ir. Não preciso de você, me divirto o bastante sozinha.—dessa vez seu tom saiu mais irritado porém não explosivo.

—Okay gatinha.—ele sorriu erguendo suas mãos como se tivesse aceitado que perdeu e se retirou de perto dela indo para a parte externa sozinho. Carlyn bufou em frustração e revirou os olhos.

Com Justin por perto, Shawn passou a olhar ela a cada dois segundos. Conhecia o amigo o suficiente para saber que ele não aceita muito bem o não de uma garota. O rapaz não é tão próximo de Justin como é dos outros membros de sua equipe todavia ele sempre se encontra nas festas que ele vai e que dar em seu aparamento. O homem é um bom amigo para se divertir mas Shawn sabe que ele é um grande babaca quando se trata de garotas, às ver como um pedaço de carne e não percebe quando uma delas não está interessada. Shawn já sentou com ele para conversar e dizer que essas suas atitudes não são legais porém o Justin continuou fazendo.

—Tá bom, pode ir lá.—Ian explodiu interrompendo a si mesmo já que ele estava contando sobre sua nova garota mas percebeu que Shawn não prestava atenção e apenas confirmava como se cada informação entrasse no ouvido dele e saísse pelo outro.

—O que? Ir aonde?

—Até a Carlyn.—ele disse como se fosse óbvio, Mendes franziu as sobrancelhas se fazendo de confuso.—Eu sei que você está tentando conversar com ela desde o final do show. Então aproveite que agora você pode.

—Eu..eu não estou tentando falar com ela desde o começo da festa.—novamente o moreno tentou disfarçar para não ficar tão óbvio mas Ian o olhou debochado como se não estivesse acreditando que ele ainda tinha a cara de pau de mentir. O barbudo acabou por rir negando.

—Ainda continua gostando dela.—Ian negou não acreditando e com um sorriso nos lábios, incrédulo que depois de todos esses anos seu amigo ainda continua olhando para Carlyn da mesma forma que a olhava na adolescência.

—Não, o que?! Não, somos amigos.—Shawn respondeu sem tardar com uma feição horrorizada no rosto que fez Ian sorrir mais ainda, Shawn sempre foi péssimo em mentir.

—Serem amigos não te impediu de se apaixonar por ela antes.

—Eu não estou,cara. Fica tranquilo.

—Tudo bem mas olha...tente tirar esse sentimento de dentro de você logo, você está a tanto tempo com esse sentimento por ela e nós dois sabemos que de fato você nunca tentou deixar de sentir. Você sabe o quanto se machucou no passado com essa paixão não correspondida, não cometa o mesmo erro.—o barbudo o aconselhou e por fim se retirou deixando um tapinha no ombro de Shawn.

Shawn suspirou, seu amigo basicamente disse "ela não gostava de você e continua não gostando, supere". Shawn não podia julga-lo por dizer a verdade, sempre foram sinceros um com o outro e Ian estava certo. Carlyn não sente nada por Shawn enquanto ele ainda tenta negar que não está voltando a gostar dela. O garoto suspirou decidindo que a partir de agora precisaria retirar esse sentimento de dentro dele e ver Carlyn apenas como amiga, sem ter esse sentimento de esperança de um envolvimento.

Deu mais um gole em sua cerveja, não havia bebido tanto esta noite pois seus pais estão presentes e sabe que sua mãe não gosta quando ele exagera porém até mesmo Karen estava gargalhando na cozinha de coisas que nem são engraçadas por conta do álcool em sua bebida. Shawn concluiu que se ele bebesse mais ela nem perceberia e foi isso que fez. Talvez beber fosse tudo o que ele precisava para relaxar.
Shawn olhou para o outro lado da sala e se surpreendeu ao flagrar Carlyn com o olhar preso nele enquanto ela bebia seu refrigerante, a garota não desviou o olhar e muito menos Shawn. Shawn notou um sorriso pequeno nos lábios dela atrás da latinha de refrigerante e ele acabou fazendo o mesmo enquanto levava a garrafa de cerveja até sua boca. Eles não viram pois ambos abaixaram o olhar envergonhados mas os dois riram baixinho ao mesmo tempo como se algo engraçado tivesse acontecido e apenas eles sabiam.

Shawn não sabia o porquê todo aquele sentimento ainda continuar dentro dele depois de tanto tempo. Durante os últimos 4 anos, o rapaz se envolveu com algumas garotas, a maioria sendo casos de uma noite, apenas Hailey que durou dois meses todavia o sentimento por Carlyn continuava lá. E isso lhe frusta pois não há nada que ele faça que seja capaz de tirá-la de sua cabeça e seu coração. Claro que ele não é mais apaixonado por ela como era antes mas não pode negar que ainda não a superou pois toda vez que ele chega perto dela suas mãos começam a tremerem, seu coração acelera, quando ele à olha não consegue desviar o olhar , é como se observar ela fosse seu maior divertimento, e desde que eles voltaram a se falarem ele tem essa necessidade de estar próximo dela, conversar algo mesmo que na maioria das vezes ele fale besteiras por conta do nervosismo, ele se sente a merda de um adolescente falando pela primeira vez com uma garota.

Com o decorrer dos anos , Shawn aceitou que ele continuava gostando dela e que talvez esse sentimento fosse algo que nunca iria embora, era fácil administrá-lo o sentimento pois não tinha ela por perto para se desiludir. Mas agora ela está de volta em sua vida e a cada minuto que se passa, o sentimento vai aumentando e ele não o quer mais em seu peito. O que acontecerá é óbvio pra ele, já vivenciou essa história uma vez e sabe que o final dele não acaba bem. Em certo momento esse sentimento estará tão mais tão forte que o desespero de não tê-la em seus braços irá chegar e então ele vai afastar ela como forma de proteger-se antes que o sentimento exploda e seja impossível dele disfarçar. E Shawn quer ela em sua vida e a única forma de tê-la é se livrando dos seus sentimentos.

—Vem!—ele foi tirado de seus pensamentos quando a voz de Carlyn soou e ele juntou as sobrancelhas em confusão por ela estar segurando sua mão na tentativa dele se levantar do sofá.—Vamos dançar.

—Não, você sabe que eu não danço.—o tom de Shawn saiu gentil e a garota apenas revirou os olhos em frustração.

—Não precisa ser um bom dançarino para dançar.—ela tentou o convencer mas Shawn sabe que sua dança se resume em mexer o pescoço e bater as mãos na coxa no ritmo da música, ele não considera isso dança.

—Mas eu sou péssimo e desengonçado!

—Não, é adorável.—ela continuou o puxando para ele levantar,o coração do rapaz parou por rápidos segundos ao ouvir as palavras dela.

—Você sabe que se eu for, vai acabar com você dançando e eu parado apenas escutando a música.—ela revirou os olhos e soltou um suspiro derrotado ao mesmo tempo que largou a mão dele. Queria passar um tempo com ele e seria engraçado vê-lo tentando dançar música agitada porém percebeu que nada convenceria ele a ir dançar. Por fim sentou-se ao lado dele no sofá branco e macio.

Shawn estava sentado com uma das pernas cruzadas em cima do sofá enquanto a outra estava pra fora, suas mãos se encontravam em cima das costas do móvel ao mesmo tempo que segurava a garrafa de cerveja. O corpo de Shawn estava virado para o lado fazendo com que ele e Carlyn ficassem de frente para o outro já que ela estava na mesma posição que ele.

—O que achou do show? Te surpreendi?Inclusive...caso eu tenha te surpreendido não precisa dizer nada sobre sua vida, eu estava brincando naquele dia.—ele perguntou finalmente e Carlyn percebeu pelo olhar dele que o mesmo estava com expectativas ao mesmo tempo que aparentava estar nervoso como se a opinião dela fosse de fato importante.

Carlyn sabia que eles haviam feito o trato dela contar algo importante de sua vida caso o show dele lhe surpreendesse e mesmo tendo aceitado, na última semana ela já havia decidido que não iria lhe contar. Mas ao vê-lo cantando a música sobre sua ansiedade a garota se sentiu motivada, se ele teve coragem de contar para todo o mundo que sofria de ansiedade então por que ela não poderia contar apenas para ele sobre a reabilitação?
Shawn foi corajoso em ter lhe dado os detalhes sobre sua ansiedade na semana passada então concluiu que seria justo dividir com ele também sobre seu vício.

—Eu fui para a reabilitação.—ela disse de uma vez por todas olhando nos olhos do rapaz, Shawn abriu seus lábios em surpresa e suas sobrancelhas se juntaram não compreendo então ela resolveu continuar já que ela não disse nada e parecia estar prestando atenção.
—Eu...quando Apólo morreu e meu pai se mudou para a Austrália eu entrei na faculdade meses depois, eu passei por um momento bem...obscuro, eu comecei a ir em festas e bebia todos os dias. Não estou dizendo beber como você está fazendo que bebe para descontrair ou como Brian que está jogado no chão, eu bebia ao ponto de nem ao menos saber quem era, de ver tudo girando e mesmo assim ainda não parava. Quando comecei a beber eu percebi que me fazia esquecer de tudo e isso era um alívio na época, então eu comecei a beber todas as noites. Chegou em um nível em que eu ia para as aulas bêbada pois meu café da manhã era tequila, perdi o meu emprego por um tempo por não chegar no horário e ir trabalhar sob efeito do álcool, discuti com sua mãe ao chegar no aniversário dela bêbada ao ponto de fazê-la passar vergonha, minhas notas despencaram, passei a frequentar os lugares parecendo uma drogada.—uma lágrima solitária caiu dos olhos dela ao se lembrar de como era quando a mesma estava sob efeito do álcool, Shawn passou a garrafa de cerveja para sua outra mão e a que estava apoiada no sofá levou até o rosto dela o segurando e secando a lágrima da garota com seu polegar.—Um dia, eu fui à uma festa e uma amiga minha me ofereceu dois comprimidos e eu aceitei, em seguida bebi muito, eu não sabia que tipo de droga era mas me fez ficar muito mal. Tudo girava ao meu redor, lembro-me que desmaiei dentro da piscina e fiquei dois minutos afogada, a sorte é que um amigo me tirou de lá, depois disso eu continuei bebendo na festa, as pessoas que estavam na festa disseram que eu rolava pelo chão e que cheguei a tirar a roupa mas não me lembro disso. Em algum momento eu comecei a tremer e desmaiei, foi quando me levaram ao hospital. Depois disso, Karen e minha mãe me colocaram em uma reabilitação.—ela fez novamente uma pausa ao sentir sua voz falhando, Shawn se encontrava com as sobrancelhas decaídas não conseguindo acreditar pelo que ela passou.—Lembra da garota que disse que me apaixonei?—Shawn confirmou lembrando que ela havia dito na boate em que foram a semanas atrás.
—Eu conheci ela na reabilitação o que era proibido pois não podemos ter nenhum vínculo emocional lá dentro, um dos funcionários era amigo dela e ele forneceria drogas pra ela enquanto fornecia bebidas pra mim, eu sabia que deveria tentar melhorar mas eu simplesmente não conseguia ficar sem. Os enfermeiros descobriram do nosso relacionamento e das bebidas e transferiram ela, depois disso eu comecei a melhorar.—a garota desviou seu olhar dele olhando pra cima na tentativa de fazer as lágrimas não caírem.—Foi horrível, ver minha mãe, seus pais, Aaliyah e Taila indo me visitar e os olhares decepcionados ao descobrirem que...eu estava a mais de cinco meses lá dentro e aquele tempo todo eu não estava nem buscando melhorar.—dessa vez mais de uma lágrima caiu dos seus olhos ao mesmo tempo e logo Shawn limpou.—Fiquei quase um ano lá até de fato superar a bebida. Eu pensei que o mais difícil seria passar pela abstinência mas o pior foi quando sai da reabilitação e precisei limpar toda a bagunça que causei em minha vida ao mesmo tempo que tinha que assistir meus amigos com bebidas em mão e me controlar para não procurar algo que continha álcool, dentro da clínica era fácil pois eles não me davam mas quando você sai é você por contra própria.

—Eu sinto muito, eu realmente sinto.—ele sussurrou ainda desacreditado de sua história, Carlyn lhe lançou um sorriso triste para lhe confortar e dessa vez ela mesma limpou suas lágrimas.

Shawn passou a se perguntar onde ele estava enquanto ela passava por isso tudo. Será que ele estava feliz em cima do palco? Será que ele estava realizado? Será que ele estava ganhando dinheiro? Se sentiu egoísta ao pensar que enquanto ela sofria, ele estava vivendo uma vida boa. A culpa de não ter estado com ela quando isso aconteceu estava o corroendo.
Agora entendia o porquê dessa nova Carlyn não ser mais tão doce e ingênua como costumava ser, ela passou por tanto coisa que seria praticamente impossível continuar sendo a mesma pessoa. Shawn sentiu seu peito apertar ao imaginar que se sua mãe e Rosie não tivesse lhe internado na reabilitação talvez algo pior pudesse ter acontecido com ela, talvez até mesmo se viciar nas drogas.
I
—Tudo bem, eu estou bem agora.—ela garantiu sorrindo pro mesmo.—Você está com uma garrafa de cerveja literalmente em minha frente, a noite toda foi assim com bebidas para todos os lados e em nenhum momento eu me peguei pensando em beber então...eu estou bem.

—Obrigada por ter me contado, você não precisava ter feito isso.

—Eu sei que não mas seu show me surpreendeu.—ela disse com o tom divertido na tentativa de melhorar o clima pesado e funcionou já que Shawn sorriu.

—Realmente?—seu olhar brilhou em expectativa.

—Realmente, até que foi legal passar uma hora escutando você cantar sobre garotas não te querendo.—ela brincou implicando com ele e em seguida Shawn revirou os olhos e a olhou sem humor.

—Em minha defesa as pessoas gostam de me ver sofrendo porque minhas músicas mais famosas são as que estou cantando sobre coração partido.

—Alguma garota já partiu seu coração?—ela perguntou interessada pois para escrever sobre aquilo ele precisava ter tido.

Shawn ficou tenso, não teve exatamente seu coração partido. O mais próximo que chegou a isso foi quando tomou a decisão de ir embora deixando Carlyn porém ela não quebrou seu coração, foi ele que fez isso consigo mesmo. Quando Lauren terminou com ele, ele não estava mais tão apaixonado por ela mas ter de fato ficado mal. E quando Hailey começou a sair com o Justin ainda sem ter dado um ponto final no "relacionamento" que tinha com Shawn não deixou ele devastado, ele ficou decepcionado pois até então pensava que eles estavam tendo algo e em seguida ela foi vista com outro porém em menos de duas semanas ele já estava bem de novo.

—Não porque nunca me apaixonei.—era uma mentira, ele sabia que uma vez já foi apaixonado por Carlyn todavia estava seguindo seu plano de tirar ela de seu coração e o primeiro passo era passar a agir como se o sentimento por ela nunca tivesse acontecido.

—Ah não! Fala sério, e Lauren?

—Não era paixão, na época eu acreditava que sim mas eu era apenas um adolescente pensando que sabia o que era amar uma garota. Quando cresci percebi que aquilo era apenas gostar de uma pessoa e se sentir bem estando com ela. E você? Já se apaixonou?—a garota assentiu então Shawn esperou ela contar.

—Três vezes. Ian foi o primeiro, depois veio a garota que conheci na reabilitação e então um carinha da minha aula de costura. As três vezes acabaram muito mal.—ela fez uma careta sofrida que fez Shawn rir.

—Eu sei como o dos dois primeiros terminou e o outro carinha?

—Hum...vejamos.—ela começou a contar e acabou por pousar seu braço nas costas do sofá onde o braço dele também se encontrava.—Eu comecei a gostar muito dele, foi logo depois que sai da reabilitação então ele meio que me ajudou a permanecer nos trilhos. Começamos a nos envolver e em um meses eu me apaixonei, um dia enquanto estávamos no apartamento dele o telefone dele começou a tocar e ele pediu pra eu atender pois estava no banheiro, eu atendi e em seguida resolvi pesquisar a previsão do tempo no Google só que...sem querer eu abri o histórico de pesquisa, busco outra cerveja pra você se conseguir acertar o que encontrei.—ela disse sorrindo divertida. Shawn tentou pensar em tudo que poderia ser porém não encontrou nada coerente.

—Não faço a menor ideia.

—Pornô.

—Ah....mas tudo homem e mulher assiste pornô, até mesmo aqueles que estão em um relacionamento.

—Pornô gay.—ela acrescentou o que fez Shawn abrir a boca em surpresa.

—Por favor me diga que tenho permissão para rir.—ele pediu já rindo baixinho.

—Não ria do meu coração partido!—ela deixou um tapa no braço dele pois o mesmo estava gargalhando com a história.—Em fim...vamos continuar a história, para de rir Shawn!—Carlyn acertou sua mão no braço dele novamente, o rapaz se encontrava com a cabeça jogada pra trás de tanto rir e seu rosto estava vermelho. Ela também ria embora estivesse pedindo ele para não fazer isso. Depois de alguns segundos a risada do rapaz foi parando.
—Continuando....meu amigo Charlie deu em cima dele quando saímos uma vez os três juntos para um pub. Eu que pedi Charlie pra fazer isso pois precisava tirar aquela dúvida, fui ao banheiro e deixei os dois sozinhos. Conclusão: meu amigo apenas flertou com ele e o Kyle avançou no Charlie para beijá-lo, ele nem ao menos teve o respeito, sabia que eu estava no banheiro e ainda com meu amigo!—ela terminou gesticulando com a mão e Shawn riu do tom indignado dela.

—Essa é uma boa história pra contar pros seus filhos.

—Tenho certeza que sim.

Um silêncio confortável se instalou entre eles pois o assunto havia acabado e nenhum dos dois se sentiu pressionado a introduzir outro assunto. Carlyn apoiou sua cabeça em cima do seu braço que estava por cima das costas do sofá e enquanto Shawn dava um gole na garrafa de cerveja ela olhou para a mão dele próxima da sua e em como seus dedos estavam próximos, a mão dele tinha diversas tatuagens pequenas exceto pela andorinha. Discretamente ela se moveu no sofá para ficar mais próxima dele até que seus dedos tocaram a ponta dos dele, quando Shawn sentiu arregalou os olhos levemente e o líquido ficou preso em sua garganta todavia continuou bebendo como se nada tivesse acontecido. Carlyn não sabia porque estava fazendo aquilo mas queria sentir o toque da pele dele, ela percebeu que ele ficou nervoso e isso era simplesmente adorável o que a fez sorrir discretamente. Seus dedos começaram a acariciar os dele de forma recatada até que Shawn também perdeu a timidez e mexeu seus dois dedos para acariciar os dela o que a fez sorrir, o rapaz repousou a garrafa de cerveja na mesinha do centro e encostou sua cabeça em seu braço da mesma forma que ela fazendo com que os dois ficassem se olhando. Shawn ergueu mais sua mão e Carlyn fez o mesmo, em seguida a mão de ambos se entrelaçaram. Era um ato pequeno porém bastante íntimo e isso fez o coração de Shawn acelerar e Carlyn sentiu medo por eles estarem se aproximando mais embora o ato viesse dela.

No fundo, Carlyn sabe que estar o perdoando aos poucos e isso lhe aterroriza pois ela não sabe se quer de fato perdoar ele. Perdoar alguém significa dar a completa liberdade para lhe machucar quando quiser e ela não quer isso novamente. E a garota está estranhando seus sentimentos, quando está próximo dele seu coração parece que vai sair pela boca de tanto nervosismo e quando eles eram amigos ela se sentia inteiramente confortável perto dele por isso nunca sentiu esse aceleramento no coração. Concluiu que talvez o nervosismo fosse por conta do medo da aproximação deles.

O olhar de ambos se encontravam presos nas mãos deles talvez por vergonha de olharem nos olhos um do outro enquanto acontecia um ato íntimo.

—Me fale sobre suas tatuagens.—ela pediu quase em um sussurro.—Karen tem o mesmo elefante.—ela comentou ao perceber a tatuagem de animal no dedo do meio dele.

—Fizemos juntos, eu sempre quis fazer algo com ela e a única coisa que ela tatuaria seria um elefante porque...

—Ela é obcecada por elefantes.—Carlyn completou ao se lembrar que após Karen ter visto um elefante ela ficou completamente obcecada por eles e pesquisando sobre o animal. Shawn sorriu concordando, ele ama o fato de Carlyn ser tão próxima de sua mãe.

—Essa eu fiz com a...Hailey, estávamos bêbados e acabamos indo parar em um estúdio de tatuagem, eu não lembro o que ela tatuou mas eu tatuei o número 8 por causa da minha data de nascimento.

—8 do 8 de 1998, você é louco.—Shawn sorriu ao saber que ela ainda se lembra da data de aniversário dele.

—Eu sei, me arrependo de ter feito, a sorte é que foi pequena.—ele riu baixinho.—Essa eu fiz junto com o Brian, fazemos yoga juntos e a meditação foi uma forma que encontrei para diminuir minha ansiedade.

—É fofa.—ela disse passando o dedo em cima do pulso dele onde fica a tatuagem, adicionou um lembrete em sua cabeça para observar a tatuagem no Brian e buscar saber em qual local do corpo tatuou.

—Essa é uma andorinha. Ela sempre está dando a volta no mundo mas não importa o que aconteça ela sempre voltará para casa e não se esquece de onde veio, está sempre passando por obstáculos junto com seu bando, a andorinha sou eu. Passo muito tempo longe de casa e tatuar esse pássaro foi a forma que encontrei para lembrar que Pickering é a minha real casa e que sempre estarei de volta, me ajuda a lembrar também que não estou sozinho e que quando passo por uma dificuldade sempre terei meus amigos, família e fãs junto comigo.—ele explica olhando para a tatuagem enquanto Carlyn acaricia seu dedo em cima dela.

—É a minha preferida.—ela confessou, a tatuagem fica simplesmente perfeita na mão dele e Carlyn admitiu pra si mesma que nunca viu mãos tão atraentes como as deles.

—Essa é um violão, não preciso explicar porquê.—ele soltou um sorrisinho e Carlyn confirmou até porque é óbvio.—É o reflexo da floresta que forma o violão e as ondas sonoras são meus pais e Aaliyah dizendo "eu te amo", foi a minha primeira tatuagem e eu queria uma conexão entre meu trabalho, lar e família. É a minha preferida.

—É perfeita.—ela percorreu seu dedo sobre o braço dele onde fica a tatuagem e foi inevitável o garoto não se arrepiar com o toque, Carlyn percebeu que a pele dele reagiu então apenas parou.

—Essa...—ele retira seu braço do sofá para erguer o braço e mostrar a última tatuagem que fica atrás do braço.
—Foi a segunda, eu queria tatuar algo relacionado ao meu segundo álbum que se chama Illuminate então pedi para meus fãs criarem, acredite eles são muito talentosos. Uma garota me enviou a ideia de uma lâmpada então eu fiz adicionando flores copo de leite azuis dentro que são as preferidas da minha mãe.

—Uau...é linda.—Carlyn se aproximou mais dele para segurar o braço e ver já que ele está meio de costas pra ela poder ver a tatuagem.

—E você? Tem alguma?—ele perguntou assim que voltaram para a posição que antes estavam, os dedos deles voltaram a se acariciarem.

—Não, nunca encontrei algo muito especial para fazer. Mas pretendo um dia...estava pensando em uma rosa, amo rosas.

Shawn sorriu, sabia que a flor preferida dela são rosas vermelhas tanto que quando eles ainda eram amigos, o garoto escreveu uma música expressando seus sentimentos na época em que Carlyn estava se relacionando com Ian e mais tarde essa música veio a estar incluída em seu segundo álbum.

—Eu estou fissurado  por flores ultimamente, tanto que é o conceito do meu novo álbum. Estava pensando em colocar uma flor gigante no palco B nos shows da turnê e ela iria mudando de acordo com as músicas mas não sei se será possível.

—Ficaria perfeito, quando a turnê vai começar?

—Em quatro meses, março.

—Está ansioso?

—Mais do que tudo, não vejo a hora de voltar para os palcos. Amo estar em Toronto mas também sinto tanta falta quando estou fora dos palcos e quando estou no palco sinto tanta falta da minha família.—ele riu ao perceber que foi confuso o que ele disse.

—Nunca temos tudo o que queremos ao mesmo tempo.

—Não, não temos.—ele sorriu tristonho.

—Acho que nunca te vi tão feliz como você estava em cima daquele palco.—ela comentou, a voz de ambos se tornaram fracas por conta do sono.

—O que você achou do show? Disse que te surpreendeu mas não disse de fato o que achou.—ele perguntou curioso.

—Seu ego leonino precisa ser alimentado?—ela arqueou as sobrancelhas irônica, Shawn jogou a cabeça pra trás rindo alto. Sentiu falta das piadinhas dela referente ao seu signo.

—Cara...onde tem um balde? O Jon está vomitando no seu sofá.—Preshan chegou na sala interrompendo os dois. Carlyn fez uma careta de nojo e Shawn apenas revirou os olhos pois já está acostumado a presenciar seus amigos vomitando em cada cômodo de seu apartamento.

—Lá no armário embaixo da pia.—ele apontou para a cozinha e logo Preshan saiu correndo.

—Então...o que eu achei. Foi..insano, você estava tão feliz e toda a arena se encontrava em uma energia tão boa, todos pareciam saber cada palavra das músicas. O mais incrível foi a diversidade do público, você literalmente agrada todo mundo e também o fato de como eles se conectavam com as músicas. Eles dançaram nas animadas e choraram nas que tocaram seus corações, foi perfeito.

—Eu amo tocar em Toronto, meu coração aquece, é como se eu tivesse sendo abraçado pelo meu lar.—enquanto ele dizia, Carlyn acabou por fechar os olhos por conta do peso de suas pálpebras porém escutava as palavras dele.—Quer ir deitar?

—Eu não sei se vamos voltar para Pickering.

—Falei com minha mãe, todos vão dormir aqui.

—E tem lugar para esse tanto de gente dormir?—Shawn riu baixinho ao vê-la conversando enquanto mantém os olhos fechados.

—O sofá grande onde estamos cabe duas pessoas, provavelmente colocarei Jon e Brian que são os dois bêbados. O pequeno cabe outra pessoa que pode ser o Ian, Matt e a Megan já foram embora e Preshan e a namorada vão daqui a pouco. Tenho dois colchões de casal onde eu posso dormir em um e sua mãe no outro, meus pais vão ficar na minha cama, Taila está dormindo em um dos quartos de hóspedes e a Aaliyah no outro, você pode dormir com Taila ou a Aaliyah, as camas dos quartos de hóspedes são de casais.

—Ok então, você vai dormir agora ou ainda vai ficar bebendo?

Shawn pensou, se ele vai dormir em um dos colchões então o colocará em um dos quartos de hóspedes e se for com ela talvez ela peça pra ele colocar o colchão no quarto em que for dormir e assim pelo menos ficarão no mesmo quarto.

—Vou.

Os dois se levantaram do sofá e foram na direção do corredor de quartos, Shawn na frente para guiar ela. Carlyn decidiu por dormir com Aaliyah pois assim sua mãe poderia dormir na cama com Taila e não precisaria usar outro colchão.

—Você quer algum moletom meu pra dormir?—o garoto perguntou sussurrando pois Aaliyah estava dormindo e não queria acordar sua irmã. Ele já havia puxado o colchão que havia de baixo da cama e estava prestes a ir em seu quarto para trocar de roupa e acabou por analisar Carlyn e concluir que não deveria ser confortável dormir de calça jeans, Aaliyah estava dormindo com um pijama dela pois a mesma tem várias roupas no closet de Shawn e o rapaz supôs que ela tenha emprestado uma para Taila também.

—Se não for incomodo.—ela sorriu na direção dele enquanto se sentava em cima da cama ao lado de Aaliyah.

Shawn se retirou do quarto e foi até o seu, o garoto não tomou banho pois após o show já havia tomado um no camarim então apenas vestiu uma calça  de pijama com estampa xadrez e um camiseta preta. Ele pegou o maior moletom que tinha em seu guarda-roupa pois não queria que ficasse curto no corpo de Carlyn e ela se sentisse desconfortável ou que pensasse que ele escolheu um moletom curto de propósito. Aproveitou para pegar seu travesseiro e coberta, e então regressou para o quarto de hóspedes. Ao entrar encontrou Carlyn prendendo seu cabelo em um coque e foi até ela lhe entregando o moletom na cor verde musgo.

—Nada da Gucci? Poxa Shawn Mendes.—ela disse brincando fazendo um Shawn rir baixinho. Ela se levantou da cama e foi até o banheiro do quarto para se trocar enquanto Shawn se acomodou no colchão ao lado da cama.

O rapaz destravou o celular e começou a ver as mensagens do Twitter pois até então não havia visto o que estavam falando do show, ele riu com alguns tweets engraçados de suas fãs que comentavam os vídeos e fotos dele bebendo na festa em seu apartamento, elas sempre diziam que toda vez que ele vai para Toronto é apenas para beber.  Tirou uma selfie sua e postou no Snapchat pois fazia tempo que não postava nada lá. Ele desligou o celular o colocando ao seu lado e seu olhar seguiu para a porta do banheiro todavia pensou que a porta estivesse fechada mas estava entreaberta possibilitando de ver Carlyn seminua, ela ainda se encontrava de calças mas tinha tirado a blusa que usava fazendo com que Shawn visse uma parte de suas costas nua, a sorte é que a porta estava fechada o suficiente impedindo ele de ver o reflexo dela no espelho já que ela estava de frente pois assim Shawn veria seus seios. Shawn sabia que era errado olhar mas seu cérebro não mandou sinais para seu corpo reagir e desviar o olhar, sentiu-se com raiva em como até mesmo as costas dela são sensuais. Por sorte Carlyn não retirou as calças na frente do espelho pois assim ele veria ela de calcinha, ela foi até o vaso sanitário onde havia posto o moletom. Assim que ela desapareceu de frente da brecha que estava aberta na porta, Shawn desviou seu olhar e passou as mãos em seu cabelo em forma de nervosismo e culpa por ter visto algo que não deveria.

Carlyn voltou alguns minutos dele e se deitou ao lado de Aaliyah, a garota desejou boa noite para o Shawn e ambos tentaram dormir todavia nenhum dos dois conseguia. Shawn por não conseguir tirar de sua cabeça a visão das costas nua da garota e Carlyn por querer conversar com ele embora estivesse com sono. Por fim a garota girou seu corpo na cama e apoiou seu braço na cama segurando sua cabeça com a mão de forma que pudesse ver Shawn no colchão que encontrava no chão, sorriu ao ver que ele se encontrava de olhos abertos.

—Você acredita em alienígenas?

Ela perguntou começando um assunto pois amava conversar com o rapaz e em como conversar com ele era fácil pois os assuntos fluíam. Shawn sorriu se acomodando no colchão para olhá-la e então deram início à uma longa conversa sobre seres sobrenaturais.

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Só queria dizer que até agora estou frustrada por provavelmente não termos um ato de abertura no show do Brasil, isso é muita injustiça