Eu ainda gosto dela
"Os abraços foram feitos para expressar o que as palavras deixam a desejar"
-Anne Frank
(CARLYN)
Atualmente,2018.
—Charlie...onde você está?—perguntei desesperada assim que meu amigo atendeu a chamada. Ele me respondeu mas a ligação estava falhando então andei mais para o lado em busca de um sinal melhor. Eu estava na parte mais alta do local em busca de sinal de telefone mas ainda estava ruim.
—Estou almoçando, por que?—consegui finalmente ouvir e ao longe também ouvia sons de talhares batendo.
—Eu preciso que vá agora no seu apartamento.—digo tendo conhecimento que ele almoça sempre no mesmo restaurante que fica à dez minutos a pé de seu prédio.
A verdade é que estou exaltada. Não posso fazer isso com Shawn. Não acredito que simplesmente joguei o batom que ele me deu no lixo. Me sinto angústia e atormentada por saber que o objeto não se encontra guardado no fundo da minha bolsa e o pior, me sinto culpada. Culpada por ter visto ele tão vulnerável na noite passada, vi ele sofrer enquanto a horas atrás eu queria que ele desaparecesse e em um momento de raiva joguei fora um presente tão importante que ele havia me dado.
Noite passada foi intensa. Quando o ataque de ansiedade dele finalmente cessou, Mendes chorou ao meu lado por exatos quarenta minutos, eu não me lembro de uma única vez em que o vi sentir tanta dor como ontem, não dor física mas emocional. Quando seu choro parou, eu o ajudei a se deitar na cama e fiquei deitada com ele até o mesmo finalmente dormir após duas horas em silêncio e então fui para o quarto de hóspedes onde estou ficando. Pela manhã, quando desci para tomar café, Karen e Manuel assim como Aaliyah estavam correndo de um lado para o outro com bagagens de roupas e comidas enquanto eu e Shawn que chegou depois estávamos perdidos com o que estava acontecendo.
De última hora, nossas famílias decidiram que iríamos passar dois dias na casa do lago que fica na cidade vizinha. Depois da primeira vez que passamos o ano novo nessa casa, o local se tornou especial para nós e sempre alugávamos para passar datas comemorativas até que dois anos atrás Shawn comprou o local facilitando nossa ida. Eu não gostava muito de vim para esse local, saber que estávamos ali por Shawn ter comprado a casa e ele não estar era estranho. Essa é a primeira vez que venho aqui e ele também está, o sentimento não é mais de estranheza mas sim de normalidade como se fosse o certo.
Passei a noite inteira repetindo o momento em que eu jogava o batom na lixeira do banheiro de Charlie na minha cabeça e o sentimento de arrependimento não me deixou dormir. Quando acordei não consegui fazer a ligação para meu amigo pois estava ocupada de mais em arrumar minhas coisas mas no momento em que cheguei corri para o único local em que a rede celular funciona e liguei para ele.
—Ir pra lá? Por que?
—Eu joguei algo importante no lixeiro de seu banheiro e sua empregada deve chegar lá pra limpar em uma hora. Você precisa ir lá e buscar o meu batom.—respondi sabendo que a Senhora Edwina chegaria em uma hora para limpar todo o apartamento e isso significa jogar fora de uma vez por todas o batom. Quando mencionei o que joguei fora, Charlie deixou escapar uma risada fazendo com que eu me exaltasse mais ainda.
—Qual é Carlyn...agora não dá, depois eu compro outro batom, basta me dizer a marca e a coloração.—seu tom era impaciente, não culpo, também não ficaria diferente se alguém me ligasse no meio do meu almoço dizendo que eu teria que interromper minha refeição para buscar algo no fundo de uma lixeira.
—Charlie! Você não está entendendo...esse batom não dar pra comprar em uma loja qualquer! Shawn me deu ele! Por favor... eu preciso que vá lá.—supliquei a ele.
—Agora está explicado porque é tão importante.—seu tom era debochado não me agradando nenhum pouco.
—Charlie por favor..—fechei meus olhos e respirei fundo para me controlar, não queria gritar com ele. Charlie soltou um suspiro como se finalmente compreendesse que eu não estou brincando e que o objeto é realmente importante.
—Ok,chego lá em cinco minutos.—ele disse por fim desligando a ligação me fazendo soltar a respiração que segurava.
Permaneci no mesmo local pelos próximos cinco minutos mesmo com o sol incomodando minha pele só fui capaz de me sentir de fato aliviada quando recebi a menagem de Charlie dizendo que estava com o batom em mãos e que me entregaria quando eu fosse buscar. Não que isso melhorasse o sentimento de culpa por ter jogado fora mas....quem eu quero enganar, melhorou sim, uma pequena parte.
Estava pronta para voltar para a enorme casa pois pretendia ajudar minha mãe e Manuel com o almoço já que a Karen se encontra deitada no andar de cima com dor de cabeça mas avistei Shawn ao longe sentado na grama em volta do lago. Comecei a andar em sua direção pois pretendo conversar com o mesmo.
Não tivemos tempo de conversar sobre o que aconteceu na noite passada e confesso que estou preocupada e curiosa.
Shawn só notou a minha presença quando me sentei ao seu lado em cima da toalha velha que usávamos para fazer Piquenique quando víamos para a casa em datas comemorativas. Senti seu olhar caindo em mim e pelo canto de olho vi suas sobrancelhas se juntarem provavelmente questionado a minha presença todavia continuei com meu olhar preso no lago à minha frente em busca de uma forma sútil de abordar o que houve ontem à noite.
—É a primeira vez que venho aqui em três anos.—ele se pronunciou fazendo com que eu o olhasse confusa.
—Pensei que vinha aqui quando eu ficava na Austrália.—Shawn apenas negou com seu olhar preso no lago e dessa vez era meu olhar que estava nele. Engraçado que nunca estamos nos olhando ao mesmo tempo.
Olhando pra ele percebi que ao jogar o batom no lixo foi uma tentativa de supererá-lo, provar para mim mesma que não preciso mais dele mas agora percebo que estava errada. Mesmo com ele a milhares de quilômetros de distância de mim nesses últimos anos, eu sempre continuei sendo ligada a ele, ele sempre me ajudou como costumava fazer quando éramos amigos mesmo ele não sabendo disso. Dar um fim nas coisas que me liga a ele não iria me fazer esquecê-lo porque não é de fato essas coisas que ainda nos mantém próximos mas sim o sentimento. Querendo ou não ele continua sendo uma pessoa importante em minha vida. Ao jogar o batom fora eu pretendia esquecer ele de uma vez por todas, pensava que no dia seguinte ele não me afetaria mais, não causaria essa raiva que sinto e muito menos esse sentimento de saudade instalado em meu peito, pensava que pra mim ele se tornaria um "tanto faz" mas estava tão errado. Só serei capaz de esquecê-lo quando ouvir seu nome e não ficar tensa, ou quando não precisar mais viajar para o outro lado do mundo todos os finais de ano apenas para não o encontrar, quando vê-lo e não sentir meu coração se acelerando. Até lá eu preciso conviver com o mesmo e aceitar que ainda me importo com ele.
Pensei que não, pensei que tudo o que sentia em relação a ele era raiva e se ele desaparecesse da minha vida de uma vez por todas me sentiria grata mas ontem percebi que não. Quando eu o vi jogado no chão do seu quarto com sua pele quente e seu corpo tremendo senti um pânico dominar todo o meu corpo, eu fiquei desesperada nos primeiros minutos quando notei que a sacola de papel não estava o ajudando a respirar, era como se ele fosse morrer sem oxigênio e isso me deixou aterrorizada. Não gostei desse sentimento. Nenhum pouco.
—Desde quando você tem ataques de ansiedade como aquele?—perguntei finalmente criando coragem e dessa vez não desviei meu olhar dele mesmo sabendo que ele me olharia, quero ver sua reação. Shawn mexeu o canto dos seus lábios em um sorriso murcho e ficou olhando para seus sapatos, só me olhou quando foi me responder.
—Eu não sei exatamente, acho que sempre tive a ansiedade, sempre fui muito nervoso mas só se intensificou quando comecei a cantar para grandes públicos. Mas lembro que a minha primeira crise intensa foi na noite anterior de tocar no Madison Square Garden.—ele explicou olhando pra mim agora e quando escutei sua resposta meus olhos se arregalaram e minha boca se abriu em surpresa.
—Você cantou no Madison Square Garden?!—falei mais alto do que deveria. Eu estou simplesmente incrédula não acreditando que ele realmente fez isso, Shawn confirmou enquanto soltou uma risadinha.—Eu não acredito nisso!—segurei seu ombro o chacoalhando, uma mania que sempre fazia quando ficava orgulhosa dele e Shawn fez o mesmo que fazia antes, abaixou seu olhar sorrindo envergonhado.
—Você disse para me lembrar que você foi a primeira pessoa que acreditou em meu talento quando eu estivesse tocando no Madison Square Garden, bem...eu toquei e pensei em você cada segundo daquele show.—pisquei atordoada ao ouvir suas palavras, ainda surpresa por ele ter de fato realizado um de seus sonhos e por se lembrar de algo que fazia anos. Éramos apenas duas crianças quando eu disse aquilo e por ironia estávamos nessa mesma casa.
—Deve ter sido...incrível.—consigo imaginar o quanto deve ter sido um momento importante em sua vida e o quando gostaria de estar lá, provavelmente Karen e Manuel foram assim como Aaliyah porém toda vez que eles viajavam eu não perguntava para onde iriam pois sabia que encontrariam com Shawn.
—Sabe Carlyn...eu nunca te agradeci por ter me incentivado à começar a filmar vídeos e por ter dito milhares de vezes que eu era bom cantando. Se hoje eu posso viver meu sonho todos os dias e me manter com isso é por sua causa. Você foi a primeira pessoa que realmente acreditou em mim, no meu sonho.—olhando em seus olhos eu soube que ele estava tirando aquele do seu coração e que ele realmente é grato.
—Pra você ver como a vida é irônica, e você me deixou pelo seu sonho.—eu não havia pensado quando as palavras saíram dos meus lábios e só fui perceber o que disse quando a expressão de Shawn ao meu lado mudou para uma cabisbaixa, no mesmo instante me arrependi de ter tido.—Desculpe...meu deus , isso foi muito cruel de se dizer. Eu não queria dizer eu...—comecei a dizer me sentindo nervosa por ter o magoado com minhas palavras.
—Tudo bem, eu mereci. Você queria dizer sim e tudo bem...você sempre foi sem filtros, nunca pensou muito no que diria apenas...dizia , era uma das coisas que eu mais admirava em você.—vi um sorriso surgir em seus lábios mas não era do tipo de sorriso que eu gostava de ver, é um sorriso envergonhado e triste.
—Não,e-eu...não deveria ter dito isso. Eu realmente sinto muito. Eu...—me auto interrompi pensando dessa vez no que diria, Shawn passou a me olhar atentamente.—Eu estou orgulhosa de você Shawn, por muito tempo fui egoísta desejando que você não estivesse fazendo sucesso pois pra mim não era justo você se dar bem na vida após me machucar como machucou. Eu fui uma cadela. Agora eu percebo que...você merece, você é a pessoa que mais merece isso porque eu me lembro de todas as suas noites em claro tentando alçar uma nota que pretendia para algum dos seus vídeos, lembro de seus dedos machucados por passar dias tentando acertar os acordes no violão, de você ficando sem voz por semanas apenas para cantar da forma que desejava, de você deixando de ir em festas apenas para decorar músicas que queria cantar e no final das contas você sempre conseguia o que queria porque não desistia. Então não diga que você só vive o seu sonho todos os dias por minha causa, você vive isso por sua causa, porque você nunca desistiu, o meu papel era apenas ficar do seu lado dizendo se estava bom ou não.—finalmente o sorriso de Shawn havia se alterado para um sorriso feliz e talvez fosse por conta do sol mas seus olhos estavam brilhando.—E...eu sinto muito por não estado lá com você quando você precisava.
—Está tudo bem..
—Não, não está. Você me machucou mas mesmo assim...algumas conquistas eram importantes pra você e eu não estava lá.—digo desviando meu olhar dele.
—Me responda: eu estive lá para você em suas conquistas e quando você precisou de mim?—ele perguntou trazendo meu olhar de volta para o mesmo, apenas neguei.—Exatamente e...eu não te odiava, então não posso te culpar por não ter estado lá após eu ter feito tudo aquilo.
Concordei com o mesmo. Tenho essa parte de mim que sempre se sente culpada por tudo. Sim, fui egoísta com ele em muitos momentos mas isso não quer dizer que ele não tenha me machucado. E sim eu não estive o apoiando em sua carreira mas e daí? Não posso me sentir culpada por isso. Não é como se ele ou eu esperasse que eu continuasse o amando e o apoiando após ter me tirado de sua vida.
Ambos ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas olhando para o lago porém me lembrei de outra dúvida que me rodeava sobre a noite passada então resolvi acabar com ela.
—Por que você teve um ataque de ansiedade ontem? Eu sei que muitos ataques de ansiedade não tem um motivo ou aparenta não ter mas no fundo algo te atormenta para se sentir ansioso.—Shawn estava com seu olhar na água mas o levou até seus sapatos e senti seu corpo se tornar tenso.—Pode dizer.—eu desconfio do motivo, agora tenho quase certeza devido à sua reação. Ele relutou para não dizer, negou com sua cabeça e permaneceu não me olhando até que eu levei minha mão até seu maxilar e o guiei para me olhar e assim o mesmo fez.
—Você.—ele respondeu finalmente fazendo com que um suspiro escapasse de mim, grata por ele ter sido sincero.
—Eu sinto muito por ter sido a causa do que aconteceu ontem.—respondi sinceramente.
—Eu sinto muito por ter te machucado intencionalmente.—ele disse levando sua mão até a minha em seu maxilar e a apertou em um gesto carinhoso, em resposta lhe lancei um sorriso sem mostrar os dentes.
Ao longe escutei alguém gritando em comemoração fazendo eu e Mendes nos olharmos confusos, juntos olhamos na direção da voz masculina encontrando Brian na frente da casa com os braços erguidos em comemoração.
—Eles se resolveram, galera!—ele gritou em direção à casa fazendo com que mais um coro em comemoração fosse ouvida.
Eu ri sentido minhas bochechas esquentarem assim como Shawn por saber que Brian estava observando nossa reconciliação e só ao olhar para Mendes o encontrando rindo ao ponto de jogar sua cabeça para trás foi que percebi que minha mão ainda está posta em seu maxilar, rapidamente retirei ela do local me sentindo constrangida por ter feito tal contacto.
(...)
(SHAWN)
Lembro-me bem de quando eu e Carlyn ficávamos a tarde inteira deitados em minha cama e ríamos de coisas idiotas em meu quarto, na época, eu sabia que eram momentos bons mas só foi depois que aqueles momentos acabaram que percebi a real importância e o quanto eram momento incríveis. Na minha última tour quando eu participava do Q&A—um momento da tour onde meus fãs fazem perguntas para mim e eu respondo— muitos deles perguntavam qual era o meu momento preferido, eu não era totalmente honesto com eles e me sinto culpado por isso, eu normalmente respondia momentos em alguns shows ou alguma viajem que eu já fiz. Mas o que eu queria realmente dizer eram momentos com Carlyn, aqueles momentos em que meus fãs olhariam pra mim e falariam: "é isso?" de tão que o momento não tem nada de mais, pelo menos não para eles mas pra mim significam tudo. Pequenos e simples momento em que eu faria de tudo para voltar e aproveitar mais.
Mas felizmente agora estamos tendo outros momentos. Esse momento com certeza é um deles que vou dar valor lá na frente.
Taila e Carlyn estão sentadas no maior sofá da sala mas Carlyn se encontra "levemente" alterada e acabou ficando de joelhos no sofá enquanto gesticula escandalosamente na direção do Brian que está de pés em cima do tapete entre os sofás, e eu e Aaliyah estamos sentados no sofá menor, minha irmãzinha as vezes se interfere na discussão deles mas eu continuo apenas rindo achando graça da situação e uma vez ou outra discordo com algum deles apenas para eles se irritarem mais.
—Não! Você não está entendendo o conceito do filme!O filme fez bem em matar ela no final!—Carlyn rebateu novamente para Brian que revirou os olhos.
—Não! Eles mereciam ser felizes!—Brian rebateu incrédulo.
—Mas qual seria o sentido? Você não está compreendo a mensagem que o filme passou.—ela levou as mãos até sua cabeça em um gesto para fazer ele entender de uma vez por todas e novamente ri da forma que ela está frustada por Brian não ter gostado do filme que acabamos de assistir porque a menina morre no final.
—Ela foi burra em ter parado de fazer a Quimioterapia mas pensei que após ela se apaixonar pelo garoto iria voltar a fazer.—Brian argumentou.
—Onde que você não entendeu que ela estava sofrendo?! Ela desistiu de fazer a Quimio mesmo sabendo que deixaria pra trás seus pais e seu irmão por que a chegada de um cara iria mudar a opinião dela?
—Porque eles se apaixonaram! O papel dele era fazer ela mudar de opinião.—Carlyn entreabriu sua boca em surpresa e o olhou horrorizada como se não estivesse acreditando no que ele disse.
—Arg! O papel dele era fazer ela conhecer o amor romântico antes de morrer e não fazer ela voltar a fazer a Quimio e passar o resto da vida sofrendo, não estou dizendo que as pessoas que sofrem câncer deveria desistir como ela fez mas ela estava com dor e foi a decisão dela parar de fazer.
—Mas por que a merda do filme não deixou eles juntos?—Brian perguntou gritando me fazendo rir assim como Aaliyah por seu drama como se sua vida dependesse que o casal ficasse juntos enquanto Taila apenas revirava os olhos pelo drama dos dois e continuava a mexer em seu celular.
—Porque assim não passaria a mensagem do filme! Senta aqui.—ela se levantou do sofá indo até Brian e o empurrando pelos ombros na direção do sofá, olhei para minha irmã e rimos novamente com Carlyn respirando fundo como se estivesse prestes a explicar algo para uma criança.—A mensagem é fazer as pessoas entenderem que na maioria das vezes ficamos reclamado de coisas fúteis ao invés de vivermos enquanto tem pessoas que apenas querem viver intensamente mas não tem oportunidade por conta de alguma doença terminal. O Adam tem uma vida inteira pela frente, poderia estar estudando em uma universidade ótima mas está preso com sua mãe porque se convenceu que ela precisa de ajuda quando ela mesma já disse que ele precisa ir viver sua vida e correr atrás de seus sonhos. Enquanto isso temos a Tessa, uma garota que apenas quer viver intensamente mas não pode por conta dos sintomas de sua doença e acaba por decidir que vai parar de lutar para ter seus últimos dias de forma intensa. A menagem é que temos duas pessoas, uma com uma vida inteira pela frente mas que não à vive enquanto a outra quer viver mas sua vida está em estágio terminal. Sim Brian, o romance deles foi lindo, mas se fosse possível ela voltar a fazer a Quimioterapia não passaria uma mensagem com o filme, mostraria que todos temos um final feliz e sabemos que não é assim que a vida funciona.—ela explicou calmamente e dessa vez eu e Aaliyah ficamos em silêncio ouvindo suas palavras, por fim ela suspirou como se tivesse acabado aquela discussão não importando se Brian debatesse de volta.
—Mas eu só queria que eles ficassem juntos, eles eram tão bonitinhos.—Brian respondeu cruzando seus braços e com a cara emburrada me fazendo rir e até mesmo Carlyn.
—Então vá procurar assistir um filme da Disney.—a garota o aconselhou dando de ombros e se retirou da sala indo para a cozinha justificando que iria lavar a louça do almoço.
—Você concorda comigo, certo Shawn?—Brian perguntou em minha direção após Carlyn se retirar. Eu apenas deu de ombros rindo o fazendo revirar os olhos.
—A vida é um grande campo de batalha onde ou você luta ou morre...tudo isso aqui é uma merda, aceite isso e supere.—Taila disse para Brian ainda com seu olhar preso no aparelho telefônico.
—Vai pro inferno Taila!—Brian disse irritado se levantando e se retirando da sala também. Aaliyah olhou pra mim e juntos começamos a rir novamente.
—Ele se irritou?—ela sorriu travessa olhando para nós dois.
—Um dia ele supera, ele odeia quando a Carlyn tem a razão.—Aaliyah respondeu. Ele sempre odiou, acabo por sorrir com a lembrança de nós três adolescentes, sempre era assim, os dois discutiam por algo e eu tinha que escolher um lado, normalmente eu apenas ria achando graça ou ficava do lado de Carlyn porque...bem, Brian nunca teve senso.
(....)
Meu pai havia pedido para Taila ir chamar a Carlyn para jantar mas a adolescente mal humorada como de costume apenas revirou os olhos e inventou uma desculpa qualquer então ele me pediu e assim fiz. Subi as escadas até o quarto onde ela costumava ficar quando víamos para o sítio quando pequenos mas ao chegar lá encontrei as bolsas de Aaliyah e Taila, resolvi seguir para o quarto onde eu costumava ficar já que dessa vez minha mãe disse que eu ficaria no quarto do sótão então presumi que ela tenha ficado com o meu antigo. Ela sempre discutia para tê-lo.
Quando cheguei no quarto, encontrei a porta aberta e estava prestes a bater meus dedos na madeira para anunciar minha chegada mas ao invés disso apenas me apoiei na porta cruzando os braços. Carlyn se encontra sentada na cama de casal que há no meio do cômodo e está levemente inclinada para o chão pois está calçando os tênis pretos em seus pés, subi meu olhar por suas longas pernas levemente bronzeadas até chegar no seu quadril vendo a mesma vestida com uma saia justa na cor jeans e uma camiseta preta por dentro da sala. Carlyn sempre foi muito vaidosa, não importava se estávamos apenas entre família ou amigos, ela sempre estava com roupas bonitas e bem maquiada. Seus cabelos um pouco a baixo dos ombros estão molhados me fazendo tirar a conclusão que ele acabou de sair do banho. Merda, ela continua tão bonita.
Eu ainda gosto dela.
Odeio isso.
Quando comecei minha carreira e fiquei um tempo afastado de Pickering, fui embora crendo que esqueceria aquele sentimento que sentia por ela e por um tempo eu consegui ou pensei que havia conseguido. Eu costumava pensar nela 24 horas por dia, não importava o que eu estivesse fazendo, ela continuava em meu consciente e quando voltei para o natal naquele mesmo ano havia me decidido que não importava se eu continuava apaixonado por ela, eu permaneceria em sua vida pois não conseguia ficar com ela, mas quando à encontrei ela estava diferente e não queria mais me ter em sua vida, depois daquele final de ano eu coloquei o plano "esquecer Carlyn" em prática. No primeiro ano foi difícil, continuei loucamente apaixonado por ela mas eu consegui superar, meu empresário dizia que se eu colocasse meus sentimentos para fora de alguma maneira eu começaria a esquecê-la e então eu encontrei a minha própria forma. Escrevi muitas músicas sobre os meus sentimentos pela Carlyn, algumas até cheguei a lançar o que me proporcionou um bom dinheiro, outras são tão pessoais que as vezes não tenho coragem de ler nem pra mim mesmo. No segundo ano sem vê-la eu comecei a de fato esquecê-la, andava tão ocupado que não tinha tempo nem mesmo para pensar nela. Eu a esqueci depois de um tempo embora as vezes ainda era assombrado por aquele sentimento, quando passava na rua por alguma garota que parecia com ela ou quando alguém usava o mesmo perfume dela me cumprimentava, quando minhas fãs me faziam perguntas que me lembravam à ela. Com o passar dos anos, ela se tornou apenas uma pessoa que costumava ser muito especial em minha vida mas que agora não estava mais presente e eu tinha que conviver com o sentimento de saudade, foi isso que Carlyn se tornou, um pequeno sentimento em meu peito que era intensificado quando algo me lembrava à ela.
E agora ela está aqui em minha frente e não tenho mais tanta certeza se ela se tornou mesmo apenas um sentimento. Tenho essa curiosidade de querer me reaproximar dela para poder conhecê-la melhor pois sinto que a Carlyn que eu conheci não é mais a mesma garota porém continua sendo ela, isso não faz sentido. Carlyn é apenas...é ela, de seu jeito peculiar.
E embora eu não conheça mais a mesma, continuo com esse sentimento de carinho por ela e tenho certeza que quando a olho meus olhos brilham assim como eu sorrio igual um idiota.
Meu tempo de admirá-la termina quando a mesma ergue seu olhar me encontrando parado na porta,acabo por piscar os cílios e desviar sutilmente meu olhar dela, seus lábios se entreabrem levemente em surpresa, provavelmente por não ter notado minha presença até então.
—Você sempre discutia comigo para ficar com esse quarto, queria ver o amanhecer do sol pela janela.—digo enquanto um sorriso surge em meus lábios ao me relembrar das milhões de discussões que tínhamos por conta disso.
—E você nunca deixava.—ela revirou os olhos e sorri mais ainda quando vi um pequeno sorriso em seus lábios.
—Mas no final das contas eu sempre te chamava para você vim ver o amanhecer comigo.—retruco arqueando uma sobrancelha.
—Deus! Como eu odiava quando você me acordava de madrugada apenas para ir pro seu quarto ver o sol nascer.—ela diz em um tom dramático como se eu precisasse entender a intensidade da raiva que ela sentia ao ser acordada por mim, acabei por soltar uma risadinha.—Mas valia a pena....é o nascer do sol mais bonito que eu já cheguei a ver.—um sorriso enorme estava posto em seus lábios enquanto ela olhava fixamente para um ponto fixo, sei que ela está relembrando.
Esse quarto já presenciou muitos momentos nossos mas um deles se destaca. Lembro-me que tínhamos por volta de 11 anos, ocorreu em um dos meses em que nós dois tínhamos a mesma idade mas não por muito tempo já que ela em breve faria 12 anos. Tivemos nossa primeira dança juntos no meio desse quarto, exatamente a cinco passos à frente de onde estou parado, não sei exatamente se foi a nossa primeira dança, talvez já tínhamos dançado em alguma festa de família mas foi naquele dia que eu senti pela primeira vez meu coração palpitar por conta dela. E isso é completamente insano, porque eu era uma criança de apenas 11 anos de idade. Pelo menos é a primeira memória que surge a respeito de primeira dança especial. Por mais que eu estivesse ensaiando com ela para poder dançar com outra garota, foi aquele momento que se tornou especial em minha vida.
Meus pés começaram a dar passos na direção do corpo dela ainda sentado na cama, eu quero reviver aquele momento novamente. Preciso sentir meu corpo junto ao dela novamente, ter nossas mãos juntas, se eu não sentir nada estarei aliviado em saber que qualquer estúpida intenção romântica não existe mais em meu coração.
Carlyn juntou suas duas sobrancelhas finas e sua testa enrugou-se ao me ver parado em sua frente oferecendo minha mão na sua direção.
—O-O que?—sua voz falhou ao me ver lhe convidando para levantar.
—Dance comigo.—pedi sorrindo sem mostrar os dentes para a mesma. Carlyn me olhou surpresa porém logo em seguida um sorriso tímido também surgiu em seu lábios.
—Como nos velhos tempos?!—seu tom soou divertido embora fraco.
—Como nos velhos tempos. Ainda sou um desastre dançando.—dei de ombros e torci os lábios como se pedisse desculpas por isso, ela riu antes de levantar-se da cama e ficar em minha frente. Carlyn fez uma teatral reverência segurando a borda de sua saia jeans e em seguida cobriu minha mão estendida com a sua fazendo com que eu segurasse a respiração por breves segundos.
Carlyn parece tomar o controle pois ela tem a atitude de me puxar pela mão na direção do espaço vazio que há entre a cama e a porta onde dançamos à anos atrás.
—Sem música?—sua voz suave pergunta enquanto apoia sua outra mão em meu ombro.
—Como nos velhos tempos.—volto a repetir ainda sorrindo.
Permaneci parado apenas esperando ser guiado por ela, acompanhei atentamente seus atos e assim ela nos aprontou para dançarmos mantendo seu olhar preso no meu e dessa vez não desviei. Desde que nos reencontramos eu não consigo olhar para seus olhos por mais de cinco segundos, Carlyn parece ter facilidade com isso mas eu não, eu me sinto intimidado, seu olhar é tão intenso e sedutor. Ela guiou minha mão direita levando-a até sua fina cintura e fiz um grande esforço para deixar minha mão leve como se eu mal estivesse tocando a região pois ainda sinto que ainda não estamos prontos para tanto contato físico, Deus sabe o quanto desejo abraçá-la. Sua mão esquerda se apoiou em meu ombro e eu também mal senti seu toque de tão leve que sua mão se encontra, enquanto isso nossas mãos livres encontraram-se, a dela ficando por cima da minha.
—Ainda se lembra como faz?—ela perguntou com um sorriso debochado no canto dos seus olhos, lhe lancei um olhar tedioso e a mesma riu dando de ombros.
—Eu sei me virar.—me defendi começando a balançar meu corpo e logo ela seguiu o ritmo juntando o seu no meu.
—Teve a melhor professora.—ela disse em um tom convencido e novamente ri baixinho.
Mentalizei um ritmo calmo aleatório em minha cabeça e comecei a me mover nesse ritmo e Carlyn me acompanhou, isso mal pode se chamar de uma dança, somos duas pessoas apenas balançando seus corpos de um lado ao outro.
Lembro-me bem que da última vez que dançamos nesse local, ela se encontrava calma enquanto eu tinha meu coração tão acelerado que pensava que a qualquer momento ela fosse ouvir porém ela nunca percebeu. Já agora, meu coração se encontra com as batidas mais estáveis embora estejam alteradas, afinal não sou mais um garotinho assustado com seus sentimentos, ou talvez seja, eu não sei mais. Mas dessa vez eu não sou o único a estar assim, Carlyn e eu nos encontrávamos em uma distância ridícula para duas pessoas que estavam dançando todavia aos poucos fomos nos aproximando mais até ter seus seios fazendo pressão em meu peitoral e com o silêncio no cômodo consegui sentir seu coração batendo tão forte como o meu. Percebi que essa nova Carlyn está bastante receosa em me deixar se reaproximar dela e qualquer mínimo gesto de intimidade entre nós faz ela se apavorar.
Com o decorrer do tempo fomos nos aproximando cada vez mais e fui pego de surpresa quando ela retirou sua mão que estava posta sob a minha, de início meu coração apertou por pensar que ela iria se afastar e acabar com a dança mas nos segundos seguintes ela retirou sua outra mão também do meu ombro e senti seus braços abraçando meu pescoço, assim fazendo com que meu coração se acelerasse mais e de repente eu me tornei no garoto de 11 anos assustado em tê-la tão perto.
—Você mudou um pouco mas continua sendo o mesmo Shawn, eu não sei explicar como isso é possível mas...hoje eu percebi que você continua sendo o mesmo garoto bondoso que coloca as pessoas na frente de si.—ela iniciou uma conversa ainda enquanto nos balançamos, franzi minhas sobrancelhas em confusão e então ela continuou.—Quando estávamos no lago...eu estava me sentindo mal por não ter te apoiado em suas grandes conquistas e mesmo tendo sido minha culpa, você fez com que eu me sentisse como se não tivesse motivos para me sentir assim, mesmo que talvez eu tenha machucado você em não estar lá.—aos poucos fui sentindo um dos seus dedos indicadores acariciar a parte de trás do meu pescoço e por breves segundos fechei os olhos para sentir o carinho.
—Machucou.—confessei, sua expressão mudou para uma com olhos decaídos e uma linha fina nos lábios.—Porque....eu só queria que você estivesse lá. Eu sonhei por anos como seria cantar para milhares de pessoas ou ganhar determinado prêmio, cantar com meus ídolos, no entanto, parecia não valer a pena porque eu não estava com você.Por um bom tempo, não fazia sentido e no momento da conquista eu ficava esfuziante mas quando todos os parabéns e abraços acabavam....eu me encontrava sozinho em algum quarto de hotel pensando no único parabéns e abraço que eu queria, o seu.
Teve uma época em que senti raiva de você por não estar lá mas aí eu percebi que era a coisa mais egoísta e ridícula que eu poderia sentir pois você não tinha culpa, eu cometi um erro e sofri as consequências dele. Não poderia te culpar por algo que eu havia feito, você não estar lá era consequência da minha falta de maturidade quando fui embora.—expliquei para a mesma sendo sincero com minhas palavras e esperando que ela não se machucasse com nada do que eu disse. Carlyn deixou escapar um sorriso murcho e olhou para baixo piscando seus cílios, quando seu olhar se encontrou com o meu novamente percebi que seus olhos estão levemente marejados.
—Por que foi embora, Shawn?—ela refez a pergunta que tanto temo. O que está mais me deixando aterrorizado é saber que ela tem o conhecimento que não fui embora apenas para seguir meu sonho, ela sabe que tem mais motivos e não estou pronto para revelar pra ela, talvez nunca estarei e com certeza não será agora que estamos voltando a nos dar bem depois de 4 anos. Desvio meu olhar dela enquanto umedeço meus lábios com a língua, buscando uma resposta para sua pergunta, há uma única resposta e não darei à ela.
—Carlyn...—imploro pra ela não começar isso novamente, discutimos no parque da pista de patinação justamente por isso e ela quer recomeçar com isso de novo logo agora que sinto que nos resolvemos.
—Eu sei Shawn, não quero discutir novamente como da última vem que te fiz essa pergunta. Eu só preciso que você me responda algo que não seja meu nome.—em seu olhar notei a urgência que ela tem para saber o motivo de ter deixado ela. Não deixei minha família para trás, nem a família dela, nem Brian e meus outros amigos, deixei Carlyn em específico e ela sabe disso.
—Eu não posso te dizer.—disse a verdade. Ela apenas soltou um suspiro cansado e pressionou seus lábios enquanto concorda com sua cabeça como se compreendesse o que me deixou bastante confuso.
—Tudo bem, um dia você vai me dizer e até lá continuarei perguntando.—ela diz sussurrando, foi a minha vez de confirmar em silêncio.
Talvez um dia.
Daqui muitos anos quando esse sentimento que tenho tiver desaparecido por completo.
Depois disso voltamos a ficar em silêncio e fui pego novamente de surpresa quando Carlyn deu um passo para frente e seu rosto se aproximou do meu pescoço assim como eu meu também se aproximou do dela. Seus braços me puxaram mais para si fazendo com que oficialmente estivéssemos nos abraçando.
Depois de 4 anos.
Eu estou abraçando ela novamente.
Não teve controle suficiente para me impedir de apertar minhas mãos em volta de sua cintura e de puxar ela contra meu corpo para preencher todo o espaço que ainda havia entre nós. Minhas mãos soam levemente mas por sorte sua cintura está coberta impedindo que ela sinta, puxo todo o ar dos seus cabelos e um sorriso gigantesco rasga meus lábios ao constatar o aroma de framboesa, não estou surpreso que ela use shampoo da sua fruta preferida.
—Esqueci como é bom estar abraçado com você.—confessei e em resposta vi um sorriso em seu rosto.
Escutei o baixo barulho de seus lábios sendo umedecidos.
Não olhe para os lábios dela!
Não olhe! Não cometa esse erro novamente!
Eu olhei. Meu olhar caiu para baixo por conta da pequena diferença de altura e vi agora ela mordendo o canto do seu lábio inferior com os dentes, ela fazia isso quando estava nervosa. Ela está nervosa. Meus lábios se tornaram entreabertos por conta da minha respiração levemente acelerada, tenho o conhecimento de que se eu respirar apenas pelo nariz meu peitoral vai começar a subir e descer e então ela notara o quão nervoso estou, minha barriga está se remexendo e só tenho essa sensação antes de subir ao palco para um dos meus shows.
Duvido muito que ela tenha notado mas uma de suas mãos desceu para meu ombro largo e posteriormente apertou o local fazendo com que uma sensação relaxante me alcançasse, eu não quero pensar nisso mas o simples ato foi sexy pra caramba.
Nosso momento foi interrompido quando ouvimos uma batida na porta e quase que no mesmo instante nos afastamos um do outro como se nossos corpos tivessem sido eletrocutados. Por sorte é Brian que se encontra parado na porta com um olhar confuso todavia é evidente o pequeno sorriso malicioso que há em seu rosto.
—Hum...eu vou descer para o jantar.—Carlyn foi a primeira a se pronunciar e mesmo que um de nós tivemos algo para dizer ela não deu oportunidade por saiu rapidamente do quarto passando por Brian e pedindo licença.
—Ela pediu licença pra mim? Uau! Ela estava realmente nervosa.—Brian disse entre uma risada enquanto eu me encontro soltando um suspiro e levando minha mão até meus cabelos. Deus, o que aconteceu aqui?! Ela tava sentindo o que eu tava sentindo? Por que eu juro que se o Brian não tivesse chegado eu seria capaz de jogá-la naquela cama.
Brian vendo meu estado frustado voltou com seu sorrisinho malicioso mas dessa vez maior.
—Não ouse falar nada.—o amacei indo até o mesmo e passando por ele dirigindo-me para o corredor.
—Falar? Eu? Falar o que? Sobre em como vocês estavam coladinhos dentro de um quarto em um andar onde não tem ninguém além dos dois?—ele perguntou sugestivamente vindo atrás de mim e não preciso nem olhá-lo para saber que o mesmo se encontra com um sorriso zombeteiro nos lábios.
—E além do mais, qual é o lance da dança sem música? Vocês estavam literalmente apenas dançando no silêncio.
—É coisa nossa.—rebati irritado não querendo entrar nesse assunto. Brian é meu melhor amigo e entrar no assunto de Carlyn fará com que ele tire a conclusão que continuo gostando dela, se já não tirou.
—Tia Karen ficará tão feliz quando eu contar que vocês estavam tendo um momento romântico.—ele disse eufórico e no mesmo instante parei no meio do corredor girando meu corpo e ficando em sua frente.
—Não estávamos tendo um momento romântico, o que você viu foi dois ex amigos se reconciliando. Eu e Carlyn estamos regressando a nossa amizade então por favor não estrague isso com suas piadinhas e não conte à ninguém!—Brian continuou com seu sorrisinho no rosto como se estivesse se divertindo muito.
—Se não foi um momento romântico então por que não quer que ninguém saiba?—ele perguntou zombateiro. Entre abri meus lábios três vezes para responder e no final não disse nada.
—Vamos jantar.—disse por fim lhe dando as costas.
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