Esclarecimento
(CARLYN)
Atualmente,2019.
Na manhã seguinte, acordei com o humor melhor, não me encontro mais tão nervosa como na manhã anterior. Talvez fosse apenas o medo de reencontrar Edward depois de quase um mês sem vê-lo e a forma que o vi pela última vez não foi uma das melhores mas até que ocorreu tudo bem ontem, dentro do possível é claro.
Ou talvez meu humor seja devido a estar acordando pela primeira vez em minha cama depois de semanas dormindo no quarto de hóspedes dos Mendes, não que o colchão de Karen seja ruim, na verdade, não tem muita diferença do meu todavia nada se compara ao conforto de acordar em meus próprios lençóis, de ter a imensidão azul das paredes do meu quarto, dos raios solares atravessando as persianas. Está perfeito.
Mas quando meus pés tocam o quente carpete, puxo o ar e o familiar cheiro de café italiano que já estava ficando acostumada não me alcança. Só então lembro que minha família voltou para a Itália como era seus planos, por parte fico agradecida por não ter mais Karolina se hospedando em meu quarto mas logo afasto esse pensamento pois é algo extremamente egoísta. Sentirei tanta falta dos meus avós, talvez eu os convença um dia a se mudarem oficialmente para o Canadá, quando futuramente tiver meu apartamento farei questão de convidá-los a morar comigo ou então eles resolvam ficarem na casa da minha mãe com a saída de mais uma pessoa.
Antes de ir ao banheiro, alcanço meu celular no criado-mudo e o retiro do corredor, tenho o hábito de deixá-lo carregando durante toda a noite embora minha mãe sempre está repetindo que não é algo recomendável a se fazer. A mais recente mensagem é de Brenna, dona do ateliê onde trabalho e obviamente minha chefe, ela me enviou agora de manhã.
BRENNA: estou ansiosa para você voltar ao trabalho amanhã, Xx
É claro que está, penso comigo mesma. Ela deu férias para três de seus funcionários por conta das festas de final de ano e os outros três ficaram lhe ajudando por conta do dinheiro extra que precisavam embora ela tenha conseguido se virar com apenas três funcionários trabalhando, tenho certeza que ela não vê a hora de voltarmos. Respondo de volta com um coração e dizendo que também estou ansiosa, não minto, eu realmente adoro tê-la como minha chefe.
A próxima mensagem foi enviada durante o início da madrugada e vejo que é meu mais recente número salvo.
LESLIE: ei, só queria agradecer pelo lance que aconteceu mais cedo. Se tiver alguma forma de retribuir, me deixe saber
A garota de trancinhas azul e eu passamos a maior parte da aula do Professor Edward conversando baixinho e confesso que foi a primeira aula em um bom tempo dele que não passei cada segundo pensando que um meteoro poderia facilmente cair sob nós interrompendo a voz daquele homem. Trocamos números depois que a aula se encerrou. Lhe respondo dizendo que tenho certeza que ela faria o mesmo e sugeri que poderíamos almoçarmos juntas antes da nossa última aula, a mesma logo me respondeu aceitando o convite.
Por último, vejo uma de Shawn que mandou durante o início da noite mas como meu celular havia descarregado durante o jantar o coloquei pra carregar e só estou mexendo nele agora pela manhã.
SHAWN: você está bem?
Franzo minhas sobrancelhas estranhando sua pergunta, não somos o tipo de pessoas que trocamos mensagens de cumprimento então pra ele me perguntar algo assim significa que algo lhe faz crer que eu esteja realmente mal. Logo respondo que estou bem e pergunto o motivo do questionamento. A conversa fica aberta no contato dele por longos cinco minutos mas ele não fica online, só então me lembro que em Los Angeles é apenas cinco da manhã enquanto aqui em Pickering é oito da manhã, ele provavelmente está dormindo e não responderá tão cedo. Desligo o celular e caminho até meu banheiro afim de tomar uma ducha pois em menos de uma hora Zoe passa aqui para irmos para a faculdade.
Após um banho de dez minutos, gastei mais trinta para vestir uma roupa e passar maquiagem em meu rosto, o demorando não foi a roupa pois escolhi uma calça jeans e um suéter facilmente, a demora mesmo foi ao passar as dezenas de cosmético em meu rosto. Após tudo isso peguei minha bolsa e desci com o intuito de comer o que for que minha mãe tenha feito para o café, enquanto desço as escadas meu celular apita com uma menagem de Zoe dizendo que chega em dez minutos então logo me apresso.
Quando desço as escadas e ando na direção da cozinha é praticamente impossível passar reto pelo balcão alto de mármore sem visualizar um buquê de rosas azuis posto no local, ao passar pelo buquê que contém as rosas, um sorriso malicioso surge em meus lábios e logo levo meu olhar até mamãe que se encontra sentada a mesa junto com Taila.
—Hum...parece que alguém tem um admirador.—digo sorrateiramente sorrindo na direção da mais velha porque acho bem difícil que seja pertencente à Taila, na verdade, eu até acredito que ela possa ter recebido pois minha irmã é encantadora mas lhe conheço para saber que se for dela a mesma já tinha dado um jeito de jogá-las no lixo.
Me sinto extremante animada ao pensar que minha tem alguém interessado nela. Tanto eu, como Taila e Karen sabemos o quanto temos tentando insistir que ela saía em encontros através do Tinder pois a mesma não se relaciona desde o papai e isso já faz muito tempo.
—Quem é o cara?—pergunto curiosa ao me sentar na mesa junto com elas, Taila me olha com divertimento por cima da xícara de café.
—Ninguém porque essas flores são pra você.—minha mãe responde levando um bolinho até a boca.
Franzo minhas sobrancelhas me sentindo extremamente confusa. 1)não há motivo para eu estar recendo flores 2)não consigo pensar em alguém que tenha mandado 3)É A PRIMEIRA VEZ QUE RECEBO FLORES!
A última razão me faz levantar da cadeira eufórica e ir até o balcão pegando as flores que agora parecem ter ganhado uma beleza a mais pra mim ao saber que são minhas. Não sei como não havia notado antes, são das minhas cores preferidas o que significa que quem mandou me conhece bem. A primeira pessoa que penso é em Shawn mas ele está em Los Angeles e então penso em Charlie mas não há razão para ele me mandar flores.
—Há um cartão, dentro das rosas.—Taila diz com a boca cheia.
Olho pra dentro da embalagem de cor branca em busca de um cartão e logo encontro um pequeno pedaço de papel rígido na cor prateado, está dobrado em duas vezes e meu nome está escrito em uma das partes com uma letra desmaiada bonita para ser masculina.
"Um passarinho me contou que você está ou estava(dependendo de quando receber isso) tendo um péssimo primeiro dia de volta às aulas. Você não respondeu minha mensagem então espero que você esteja melhor e caso não esteja que isso faça seu dia melhorar.
Ps: feliz por saber que sou o primeiro a te presentear com flores.
Ps2: ainda não acredito que nenhum(a) idiota tenha te enviado flores!"
É inevitável. Simplesmente inevitável que o maior sorriso que eu poderia pensar ser possível não surgisse em meus lábios ao terminar de ler as palavras boba de Shawn. Ele não o assinou com seu nome e muito menos tem sua letra mas tenho certeza que foi ele que me mandou, nenhuma outra pessoa sabe que nunca recebi flores pois ninguém uma vez teve a curiosidade de perguntar. Ele está em outro país e mesmo assim foi prestativo ao se preocupar com meu dia e encontrar uma forma de estar perto de mim. Isso me faz pensar que talvez, se o que temos evoluir para algo a mais, talvez der certo mesmo com ele viajando com sua turnê pois no momento me sinto extremamente amada e como se ele estivesse na casa ao lado.
—Hum...gosto do sorriso que vejo, qual o motivo dele?—minha mãe é mais sútil ao perguntar, já Taila não se preocupa nenhum pouco com sutileza ao praticamente gritar:
—Quem te mandou as flores?
—Vocês não leram o bilhete?—pergunto curiosa e aliviada ao mesmo tempo, de qualquer forma se elas tivessem lido não seria possível saber de quem foi. Bastante inteligente da parte dele não pedir que a floricultura assinasse seu nome.
—Podíamos ter feito isso?—Taila parece surpresa e também decepcionada consigo mesma por não ter feito.
—Não! Não poderiam!—me apresso ao dizer.
—De quem é?—minha mãe volta ao assunto com um sorriso malicioso brilhando em seus lábios. Dou de ombros em resposta deixando as rosas em cima do balcão e voltando a me sentar na cadeira ao lado da mesa.
—Carlyn...é sua obrigação nos contar.
—Não lembro de ter alguma lei onde diz que tenho que contar tudo pra minha irmã enxerida.—lhe olho em deboche e em seguida lhe estiro a língua, um ato bastante infantil da minha parte mas não me importo pois estou tirando a paciência da minha irmã mais nova.
—Arg. Você é tão chata.
—Garotas...parem agora! E Carlyn...responda o que sua irmã quer saber.—minha mãe responde como se não fosse curiosidade dela.
—Não está assinado.—digo de uma vez, não estou mentindo.
—Então o que está dizendo?—minha irmã pergunta em curiosidade.
—Nada.—estalo minha língua no céu da boca.
—Mãe!—Taila grita em frustração, jogo minha cabeça pra trás rindo.
—Carlyn...responda o que sua irmã está perguntando.
—Isso não é justo, você só está dizendo isso porque também quer saber.
—Então no caso são duas contra uma.—minha mãe diz como se tivesse o melhor argumento de todos os tempos.
Não respondo de volta e apenas ponho uma torrada na boca evitando responder o que for que elas perguntem.
—Eu vou ler.—minha irmã ameaça se levantar e ir até o balcão fazendo com que eu arregalasse os olhos, não há nada que entregue Shawn no cartão mas ainda sim não quero que elas leiam.
—Você não ousaria.
Tudo o que sei é que Taila pula da cadeira e corre na direção do balcão, como estou na ponta da mesa de costas para o balcão enquanto ela estava na outra ponta basta que eu me levante e alcance o bilhete. Não tenho muito tempo de raciocinar antes que ela o tente arrancar das minhas mãos então tudo o que sei é faço pedacinhos do papel.
—Carlyn!—minha mãe me adverte.—O pobre rapaz ou moça se esforçou para escrever e você o rasga assim?
—Tenho certeza que ele não irá se incomodar.
—Então é um homem...—Taila ao meu lado estreita o olhar de uma forma que sinto como se ela estivesse enxergando todos os meus segredos.
Solto um suspiro em derrota. Conheço minha irmã e sei que ela é de fato a pessoa mais curiosa em minha vida, todo mundo da família sabe que ela guarda o segredo de todos, de alguma forma ela sempre encontra uma forma de descobrir as coisas antes de todos e não duvido nada que ela tente investigar minha vida em busca de saber com quem estou saindo.
—Vocês querem saber quem enviou? Ok!—gesticulo escandalosamente para as duas mulheres com quem vivo, minha mãe se ajeita na cadeira como se estivesse se preparando enquanto Taila apenas pisca os olhos em curiosidade.
—É um cara que conheci semanas atrás, em uma boate que fui com Shawn e Brian.
—Quero conhecê-lo.—minha mãe se apressa em dizer.
—Ele não mora aqui, a boate é da cidade vizinha, a que fica próxima da casa do lago. Saímos algumas vezes depois disso, o bilhete continha uma mensagem íntima que não queria que ninguém lesse.—crio a primeira história que surge em minha cabeça.
—Vocês estão namorando?—minha irmã pergunta voltando a se sentar na mesa.
—Não, é algo casual.
—Pra surpresa de ninguém.—ironiza Taila, arqueio minha sobrancelha em questionamento.—Não me olhe assim, você nunca está com alguém sério.
—E desde quando isso é um problema?
—Não é, só estou dizendo que você começar a namorar seria uma surpresa.
—Pois bem...não deveria.—inflo meu peitoral senti-me ofendida com suas palavras, nem ao menos sei o motivo.
—O que sua irmã está querendo dizer é que você nunca namorou de verdade. Teve aquele carinha, como era o nome dele? Kellan? Kelley? Kaio?
—Kyle.—corrijo.
—E teve Gwen mas nenhum dos dois foi um relacionamento sério, você e o Kyle não saíam, apenas ficavam trancados no apartamento dele e Gwen foi dentro de uma reabilitação e durou apenas meses tanto que nunca chegamos a conhecer ela.—Taila diz.
—Eu nunca cheguei a conhecer nenhum dos dois.—minha mãe acrescenta.
—E eu só conheci Kyle por uma coincidência de ter ido em sua faculdade justo quando ele estava almoçando com você.
—Se eu não namoro é porque não quero.—digo esperando que elas deem por encerrado a conversa mas estamos falando das mulheres Olsen.
—Exato e você não deveria querer? Já vai completar 22 anos e nunca namorou sério, em sua idade as mulheres já estão pensando em se casar.
—Desculpa se não tenho planos de encontrar um marido e ter filhos.—ironizo. Na verdade tenho planos ter filhos mas obviamente não por agora.
—Não estou dizendo que você tem que casar agora, apenas que acho que você deveria parar de festejar um pouco e tentar encontrar alguém especial para passar um tempo.—suspiro em frustração pelo que minha mãe diz.
—Podemos encerrar a conversa?
—Você vai nos apresentar o rapaz das flores?—Talia rebate a pergunta, bem que ela estava quieta demais.
—Ele não é grande coisa!—exclamo irritada.
—Você sorriu quando leu o que estava escrito.
—Porque era algo engraçado.
—Não venha com essa.
—Ouçam, estou vendo alguém, saímos apenas alguma vez então não é sério, não nos conhecemos direito e muito menos estamos no momento de apresentação de família. Eu não quero namorar por agora então mamãe...eu ficaria muito grata se parasse de dizer que preciso começar a pensar em relacionamento, não estou a procura de um mas se acontecer...ótimo! Estamos entendidas?—revezo o olhar entre as duas curiosas. Minha mãe encolhe os ombros como se agora estivesse se sentindo culpa enquanto Taila empina o nariz porém permanece em silêncio.
Sussurro um "ótimo" antes de me sentar na mesa novamente. O café da manhã fica um silêncio durante alguns minutos mas logo o gelo é quebrado com minha mãe olhando pra Taila e perguntando de forma cautelosa o que me fez jogar a cabeça pra trás rindo alto:
—E você?
(SHAWN)
Brian tagarela sobre sentir falta de jogar uma boa partida de hóquei e logo concordo pois também faz tempo que não faço isso.
—Eu acho muito violento.—Connor comenta fazendo Teddy do outro lado da mesa confirmar em concordância.
—O que a senhora considera um esporte que não seja violento?—o ruivo arqueia a sobrancelha em deboche.
—Eu posso listar dezenas de esportes que não arrancam a cabeça do adversário.
—Faça-me o favor frangote, uma partida de jogo só tem graça com brutalidade.
—Bem...faço parte do grupo "todos em paz".—o mais novo se encosta na cadeira como se o debate não importasse muito pra ele.
—Hóquei não precisa ser necessariamente agressivo.—entro na conversa.—Claro que é um pouco agressivo igual futebol americano mas depende muito de como cada time joga, alguns treinadores optam pela tática agressiva e outras são mais pacíficos além de que depende muito da posição em que você joga. Por exemplo, goleiro não joga corpo a corpo, os mais agressivos são os jogadores de defesa.
—Você parece entender do que fala, já jogou?—Connor pergunta, em seguida Brian solta uma gargalhada como se o que ele falasse fosse uma piada.
—Entenda uma coisa Connor: todos que moram no Canadá tem a obrigação de pelos menos uma vez na vida participar de uma partida de hóquei.—meu amigo diz e reviro os olhos, claro que é o esporte principal do Canadá mas não é uma regra todos que moram lá já ter jogado.
—Eu não vejo graça nesse esporte.—Teddy diz e logo o loiro concorda com ela.
Connor começa a dizer o motivo de vôlei ser melhor que hóquei e eles discutem por longos minutos até o rapaz acrescentar que melhor que vôlei e hóquei é apenas basquete e logo eles têm um assunto em comum para concordarem já que basquete é tanto meu esporte favorito como o de Brian. Conversei um pouco e dei minha opinião sobre os Raptors ganhar esse campeonato até porque é o time de Toronto mas então Andrew chega até nossa mesa me avisando que a entrevistadora que fará a entrevista para a Billboard chegou e que já está me esperando em um dos quartos de hotel que prepararam justamente para ocorrer a entrevista.
Assim que acordei nessa manhã, tomei um longo banho e segui para a academia do hotel onde me exercitei por duas horas e em seguida sai para correr. Os fãs fora do hotel diminuíram consideravelmente por conta de Jake ter avisado que eu não iria atender mas acabei tirando foto com dez fãs que havia no local. Depois que fiz minha corrida matinal pelas ruas de Los Angeles, parei em uma cafeteria e tomei um chá com bolinhos, conhecer as cafeterias das cidades por onde passo provavelmente é uma das coisas que mais adoro fazer. Logo em seguida voltei para o hotel onde tomei um banho e já me vesti adequadamente para receber a entrevistadora então desci para o restaurante onde tive um segundo café da manhã com minha equipe.
—Shawn, essa é a Senhorita Joline Quier.—meu empresário disse assim que passamos pela porta do quarto reservado justamente para a entrevista.
Joline, a entrevistadora, é uma mulher bastante bonita , as discretas rugas nos cantos dos olhos entregam a idade chegando e ouso dizer que ela tem quase quarenta mas sua aparência mesmo é de uma mulher de trinta. Seus cabelos estão bastante escovados e é pintado em um procedimento que não sei o nome mas os faz ter mechas loiras que não são naturais de seu cabelo, seja o que for minha mãe também tem isso nos cabelos mas as mechas dela são em uma cor mais caramelo e loiro escuro enquanto o da mulher a minha frente são em uma tonalidade de loiro que chega quase a ser branco. Seus olhos brilham em um bonito cor de avelã, muito parecido com os meus todavia os meus são mais puxados para o castanho enquanto os dela para o verde.
—Apenas Joline, é um prazer te conhecer Shawn.—ela se levanta da cadeira com um sorriso juvenil que logo retribuo apertando sua mão estirada no ar.
—O prazer é meu, sente-se por favor.—digo me sentando na cadeira do outro lado da mesa, logo ela volta ao seu assento enquanto Andrew vai até a cama um pouco distante para nos dar privacidade e se senta.
—Podemos começar ou você prefere ler o roteiro antes?—apenas faço um gesto com a mão dispensando.—Ótimo, então creio que podemos começar, certo?
—Claro.
—Você pode me falar um pouco sobre como será a sua nova turnê?—ela faz a primeira pergunta enquanto posiciona seus dedos em cima das teclas do notebook que ela trás, pronta para digitar cada palavra que eu digo.
—Até então, essa é a maior turnê que farei pois mais países foram adicionados nas datas. Minha intenção é todas as noites fazer um show onde pessoas de todas as idades estejam dispostas a assistirem e se divertirem pois creio que esse é o poder da música, tocar as pessoas independente de qual a idade dela ou o gênero. Estamos contando com uma equipe bastante extensa que estão cuidando de cada detalhe desde o visual como sonora.—respondo não podendo falar muito sobre os detalhes pois ontem Andrew já havia me instruído a não falar muito e tenho esse problema de acabar contando as surpresas.
—E o que teremos de novo nessa turnê, algo que não vimos nas anteriores?
—Teremos muita coisa nova, na anterior criamos a estrutura de uma lua onde a colocávamos no teto o que sempre era bonito de se ver pois parecia uma noite estrelada quando o público ascendia as lanternas dos celulares. Dessa vez criamos algo semelhante porém ao mesmo tempo totalmente diferente.—ela arqueia a sobrancelha me desafiando a dizer mais.—Posso dizer que é referente ao álbum.—digo bem humorado fazendo ela soltar uma risadinha e digitar minhas palavras, satisfeita com minha resposta.
Os próximos dez minutos é preenchido por ela me fazendo perguntas sobre a turnê e meu mais recente álbum, também tocou no assunto da minha ansiedade, futuras parcerias de música que pretendo e até alguns momentos que aconteceu no último ano. Respondi tudo satisfeito com minha resposta e sem precisar da interrupção de Andrew pois normalmente quando é entrevistas assim que não vão ao ar logo de início ele interrompe e pede para deixar de fora da entrevista quando digo algo que ele pense que vá cair mal pra mim ou simplesmente algo que eu não deveria ter dito. Eu estava tranquilo e até tinha deixado minhas costas relaxarem contra a cadeira mas minhas mãos começaram a soar no momento que ela disse:
—Agora iremos entrar no assunto de sua vida pessoal, tudo certo?—ela perguntou e aprecio sua gentileza de checar se eu ainda gostaria de falar sobre isso mas não poderia dar pra trás após dizer a Andrew que poderia permitir esse tipo de pergunta. Em resposta confirmei.—Recentemente você foi fotografado ao lado de uma garota além de fotos e vídeos que seus amigos e fãs postaram na internet, pelo que eu pesquisei você já conhecia essa garota, certo? Carlyn...—ela acrescentou o nome apenas para nos deixar ciente de quem estamos conversando.
—Sim, conheço Carlyn desde meus 7 anos de idade quando a família dela se mudou da Itália para Pickering, minha cidade natal, a casa dela era e continua sendo ao lado das dos meus pais então fomos vizinhos durante toda a nossa infância e adolescência.—digo já sabendo que ela usará isso que acabei de dizer para fazer a introdução sobre os recentes rumores.
—Desde o começo do ano está circulando diversos boatos que vocês estariam namorando.
—Não estamos.—digo quando ela não acrescenta ou não pergunta mais nada.
—Ok...—ela para para ler uma folha ao lado do notebook.—As pessoas estão bastante curiosas sobre o fato de vocês estarem sendo vistos juntos apenas agora em dezembro sendo que pelo que você disse vocês se conhecem desde crianças.
—Nos distanciamos, passamos um tempo sem nos falarmos.
—Você poderia explicar o que hoje para vocês estarem se revendo apenas agora?—concordei respirando fundo pois já planejava contar todo meu passado com Carlyn, claro que ocultando algumas partes.
—Carlyn e eu fomos melhores amigos por anos, muitas pessoas pensam que éramos apenas amigos por conta das minhas antigas postagens nas redes sociais mas a verdade é que ela era a pessoa que eu mais confiava nesse mundo, inclusive...algo que não sabem é que meu primeiro violão foi um presente dela, ela foi a pessoa que incentivou que eu fizesse música e só postei meu primeiro cover porque ela insistiu muito.—fiz uma pausa sorrindo ao me lembrar do quando eu era inseguro com minha música e ela sempre estava ali sendo teimosa e dizendo que eu tinha talento com o canto.—Eu recebi uma proposta para participar de um grupo chamado Magcon e...antes que eu começasse a viajar eu e ela tivemos uma briga que resultou no fim da nossa amizade.
—Uma briga?—arqueou a sobrancelha, um gesto que notei só fazer quando está interessada em saber mais.
—Sinto muito mas não direi o motivo da briga.—esclareço em um tom de lástima pois não quero que ela pense que estou irritado com sua pergunta pois não estou. Ela concorda em compreensão.
—Como foi os meses depois que a amizade de vocês chegou ao fim?
—Foi um dos momentos mais conturbados da minha vida, tanto no sentido bom como ruim. Eu...estava conseguindo o que sempre quis, estava me apresentando por toda a América e as pessoas estavam começando a me reconhecer e isso foi incrível pois foi o começo da minha carreira mas também foi quando eu precisei me acostumar a não tê-la em minha vida, passávamos todo o dia um com o outro durante 10 anos e então simplesmente cortamos os laços, foi difícil se adaptar...não ter ela comigo, me apoiando e estando do meu lado nos momentos ruins.—soltei um suspiro me lembrando o quanto aquela fase da minha vida foi complicada, a mulher loira me lança um olhar que se aproxima a pena antes de fazer a próxima pergunta.
—Como vocês reataram a amizade?
—Eu e Carlyn ficamos sem não ver durante 4 anos.—vejo ela arregalar os olhos levemente em surpresa—Eu apenas ia até Pickering uma vez ao ano que era passar o mês de dezembro enquanto isso ela viajava para passar esse mês com o pai dela, uma estratégica que encontramos para não nos encontrarmos, e as outras vezes que eu ia para o Canadá meus pais se locomoviam até Toronto. Mas isso mudou esse ano pois ela não teve como viajar até a casa do seu pai o que fez com que tivéssemos que passar o mês de dezembro juntos.
—Como ocorreu a reaproximação de vocês?—ela apoia o rosto na mão e seus olhos brilham parecendo estar entretida com a história. Não sei se ela apenas gostou da história ou se apenas está entusiasmada de ter em primeira mão eu me abrindo pela primeira vez sobre Carlyn após todos os rumores de que estou namorando a garota.
—Quando brigamos éramos apenas adolescentes e dissemos e fizemos muitas coisas de cabeça quente então foi só após nos vermos depois de 4 anos que percebemos que ambos estávamos mudados. Foi difícil, no início...voltar a ter a confiança mas acho que não importava quanto tempo havia passado ou a distância pois sempre seríamos especial um para o outro afinal foram anos como melhores amigos, é impossível apagar isso de um dia para o outro. Passamos a gostar da companhia um do outro e iniciamos uma nova amizade.
—Vocês não estão namorando, certo?—nego em resposta—Mas você não pode negar que a forma que vocês agem é bastante...suspeita, a forma que demonstram carinho em público.
—Sim, concordo. Mas eu e ela crescemos juntos então sempre fomos como irmãos.—a frase "como irmãos" sai rasgando por minha garganta, sempre odiei quando ele dizia isso pra mim e agora estou usando—Desde pequenos éramos muito amorosos um com o outro então agora não está muito diferente, eu sou uma pessoa que demonstra muito o carinho através do toque então sempre estou abraçando ou tocando nas mãos ou no cabelo, já Carlyn é mais contida com isso porém ela aceita bem as carícias.
—Os boatos sobre o relacionamento afetam a amizade de vocês? Como estão com toda essa atenção?
—Na verdade, os comentários afetam mais a mim do que ela. Carlyn é bastante confiante então ela se preocupa muito pouco com a opinião alheia enquanto eu já me preocupo demais embora seja algo que estou tentando mudar. E nossa amizade não é tão afetada assim, as vezes ficamos "deveríamos demonstrar menos afeição em público?" ou "será que precisamos mudar o nosso jeito de agir?" mas então apenas vemos o quanto isso é bobo porque não deixaremos nos privarem de algo com medo do vão pensar, as pessoas podem pensar o quiserem que sejamos mas apenas o que importa é que sabemos que somos amigos e não deixaremos comentários interferir nisso.
Me sinto a pessoa mais ridícula do mundo mentindo assim na cara dura e sabendo que em poucos dias todos terão conhecimento das minhas palavras. Me pergunto se algum dia chegar a acontecer deu e Carlyn darmos um deslize e formos fotografados em uma situação impossível de dizer que somos apenas amigos, me chamarão tanto de mentiroso.
—Acho que é apenas isso.—ela sorri enquanto fecha o notebook.—Muito obrigada por nos escolher para esclarecer algo assim tão importante sobre seu passado.
—É um prazer e obrigada por ter sido tão profissional.
Finalmente sinto meu corpo relaxar na cadeira sabendo que não falei nada de errado mas ainda sei que não conseguirei dormir nas próximas noite de ansiedade para a publicação e sobre como reagirão perante a entrevista. Antes que ela saia, esclareço que quero que me enviem a matéria antes de publicar pois eu sei quantas revistas já distorceram minhas palavras.
(...)
Me encontro dentro do elevador junto com Brian para descermos para jantar com o pessoal quando meu celular começa a vibrar no bolso de trás, logo o pego e um gigantesco sorriso vai se formando em meus lábios ao ver quem está ligando, Brian não precisa pergunta para já saber quem é.
—Pensei que eu seria o ocupado mas na verdade é bem difícil conversar com você.—digo assim que deslizo o dedo para receber a chamada, a primeira coisa que escuto dela é uma gargalhada que não percebi que está me fazendo falta até ouvir.
—Desculpa...passei a tarde com a Maya e pela manhã estava na faculdade, só agora estou me deitando pra dormir e pegando no celular.—ela geme do outro lado demonstrando o quanto está cansada.
—Está tudo explicado, ela é um pequeno furacão.—digo sobre a garotinha que inclusive me afeiçoei muito rápido.
—Sim.—consigo sentir o sorriso em sua voz demonstrando o quanto ela ama a garota—A propósito, obrigada pelas flores.—seu tom soou extremante encantado e não preciso estar vendo ela pra saber que a mesma contém um enorme sorriso no rosto assim como eu.
—Você gostou?
—Claro que eu gostei, elas estão em um vaso com água ao lado da minha cama, triste pois pela manhã já terão murchado.
—Eu não sabia que flores comprar então acabei comprando a mais clichê de todas, desculpa por isso.
—Só pra você saber, eu adoro rosas e não me importo se são as mais clichês. E foi bem diferente você ter escolhido as azuis...obrigada por isso, sei que você escolheu por causa de minha cor favorita.
—Eu achei que mandar as vermelhas seria algo um pouco comum e você não é...nada comum.—digo a última parte mais baixo por ser algo mais íntimo porém Brian escuta e logo faz um coração com as mãos me zoando, lhe lanço um olhar o advertindo para ele parar.
—A propósito...quem foi o passarinho que disse que eu estava tendo um mal dia?—ela muda de assunto o que me faz sorrir divertido, ela sempre faz isso quando digo algo romântico.
—Zoe.
—Aquela filha da puta.—solto uma gargalhada.—Como isso aconteceu?
—Eu já estava planejando te enviar flores então mandei uma mensagem pra ele lhe perguntando se ela tinha alguma suspeita se você tinha preferência a alguma flor e ela respondeu que não e que seria uma ideia leal pois você não estava tendo um dia muito bom. Quer falar sobre isso?—pergunto cautelosamente pois não quero lhe pressionar a falar nada.
—Não era nada, só um professor idiota agindo como um professor idiota.—ela diz vagamente, não insisto no assunto pois percebi que seu tom mudou para um desconfortável.—Mas suas flores mudaram meu humor de imediato, tive um ótimo dia e tenho certeza que você é o culpado.—o sorriso volta para meu rosto fazendo Brian continuar com os gestos de amor em zoação.
—Fico feliz, mal posso esperar pra te ver amanhã.
—Que horas você chega em Toronto?
—Ainda não sei, provavelmente antes do dia escurecer, por volta da tarde.
A porta do elevador se abre e logo saímos na direção do restaurante que não é muito longe.
—Ei babe, preciso desligar agora.—anuncio em um tom decepcionado, ouço ele suspirar me fazendo crer que ela também não gosta de ideia.
—Tudo bem, tenha uma boa noite.
—Você também, dorme bem. Nos falamos amanhã por mensagem.—digo antes de encerrar a ligação.
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